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@JESSICALECRIM Testes Diagnósticos 1. Introdução O diagnóstico da doença – seja por exame clínico, por exame laboratorial, por imagem ou por uma combinação de exames – precisa responder à pergunta: “O paciente está ou não está doente?”. A qualidade dos testes diagnósticos é fundamental. Muitas pesquisas são feitas com a final idade de melhorar as técnicas de diagnóstico. Testes diagnósticos resultam em positivo ou negativo. Porém, há possibilidade e o teste ter dado um resultado errado. O médico precisa ter uma estimativa de probabilidade de erro dos testes diagnósticos. 2. Tabela de contingência Também chamada de tabela 2x2, compara o teste padrão ouro (teste referência) com demais testes de interesse, com o objetivo de identificar se esse é um bom teste diagnóstico. A: verdadeiro positivo (VP), detecta a doença e tem a doença. B: falso positivo (FP), detecta a doença em quem não tem a doença. C: falso negativo (FN), não detecta a doença em quem tem a doença. D: verdadeiro negativo (VN), não detecta a doença e quem não tem a doença. Sensibilidade: bom percentual para reconhecer os verdadeiros positivos. Calculada por A/(A+C). ⬆ Reconhece bem os verdadeiros positivos mas pode acabar aceitando falsos positivos. Especificidade: bom percentual para reconhecer os verdadeiros negativos. Calculada por D/ (B+D). ⬆ Reconhece bem os verdadeiros negativos mas pode acabar aceitando falsos negativos. Escolhemos testes mais sensíveis quando não se pode correr o risco de não detectar a doença, quando é uma doença perigosa mas tratável ou quando o tratamento é pouco invasivo. Já os mais específicos são preferíveis quando um diagnóstico falso positivo pode ser muito impactante, no caso de doenças estigmatizantes → Ao considerar os resultados, podemos determinar se um teste é bom para diagnosticar uma doença apenas se considerarmos também o custo, a complexidade, a precisão, a aceitabilidade e se é ou não padronizável. → Teste de ras t reamento cons idera a sensibilidade, já o teste de confirmação da doença considera a especificidade. Valor preditivo: Na prática clínica, o que importa é o diagnóstico correto. O importante é saber a probabilidade de o paciente ter a doença, dado que o teste resultou positivo, e a probabilidade de o paciente não ter a doença, dado que o teste resultou negativo. Valor preditivo de um teste positivo (VPP): é a proporção de resultados positivos corretos no total de resultados positivos. Teste Y Teste X (padrão ouro) TOTALPositivo (doentes) Negativo (saudáveis) Positivo (doentes) A B A + B A/(A+B) Negativo (saudáveis) C D C + D D/ (C+D) TOTAL A + C B + D A + B + C + D A/(A+C) D/(B+D) MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM Valor preditivo positivo de um teste negativo (VPN): é a proporção de resultados negativos corretos no total de resultados negativos. → Valores preditivos são muito úteis para os clínicos, mas têm a desvantagem de depender da prevalência da doença (proporção de pessoas com a doença na população). Tradicionalmente, o teste X é utilizado para diagnosticar uma determinada doença, sendo considerado o melhor teste para ela (padrão ouro). Um pesquisador está testando um novo teste diagnóstico, Y. Ele deseja saber se o teste o teste Y é tão bom quanto o teste X. Ao testar 100 pessoas, o teste X deu positivo para 60 pessoas, e o teste Y deu positivo para 70 pessoas. Das 100 pessoas testadas, 50 foram positivas para ambos os testes. Com base nesses dados, faça os seguintes exercícios: 1. Construa uma tabela cruzando as informações dos testes, colocando o teste X nas colunas e o Y nas linhas. 2. Dentre as pessoas doentes pelo teste X, qual foi o percentual de pessoas que foram corretamente diagnosticadas como positivas para o teste Y? 50/60 x 100 = 83% 3. Dentre as pessoas saudáveis pelo teste X, qual foi o percentual de pessoas que foram corretamente diagnosticadas como negativas para o teste Y? 20/40 x 100 = 50% 4. Dentre as pessoas positivas pelo teste Y, quantas delas eram realmente doentes segundo o teste X? 50/70 x 100 = 71% 5. Dentre as pessoas negativas pelo teste Y, quantas delas eram realmente saudáveis segundo o teste X? 20/30 x 100 = 67% 6. Considerando estes resultados, você acredita que o teste Y é bom para diagnosticar esta doença? Depende do custo, da complexidade, da precisão, da aceitabilidade e se é ou não padronizável. Um estudo realizado com 200 pacientes portadores de Doença de Chagas revelou que 60% deles afirmavam a existência de barbeiros nas suas respectivas habitações. Uma equipe de técnicos visitou as 200 moradias e encontrou os referidos insetos em 140 delas. Das casas em que os técnicos encontraram o barbeiro, em 112 delas o morador também havia identificado os insetos. Construa a tabela 2x2 e responda: → Equipe técnica é o padrão ouro e moradores são o teste. A) Calcule a sensibilidade, a especificidade e os valores preditivos da informação prestada pelos pacientes. Sensibilidade = A / ( A + C ) → 1 1 2 / 1 4 0 = 0 , 8 = 8 0 % . Especificidade = D/(B+D) → 52/60 = 0,87 = 87%. VPP = VP/VP+FP → 112/112+8 = 0,93 = VPP = VP VP + FP VPN = VN VN + FN X TOTAL Y Positivo Negativo Y Positivo 50 20 70 Negativo 10 20 30 TOTAL X 60 40 X TOTAL Y Positivo Negativo Y Positivo 112 8 120 Negativo 28 52 80 TOTAL X 140 60 200 MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA REVISÃO @JESSICALECRIM 93,3%. VPN = VN/VN+FN → 52/52+28 = 0,65 = 65%. B) Você considera que a informação autorreferida pelo morador sobre ter o inseto pode ser considerada válida? Sim, já que o valor preditivo está acima de 90%, o que indica uma maior porcentagem de positivos. C) Caso a pessoa tenha dito ter visto o inseto em casa, qual a probabilidade de ele estar correto? Alta possibilidade, já que o VPP está alto. D) Caso a pessoa tenha dito que não viu o inseto em casa, qual a probabilidade de realmente não ter? Talvez não seja muito acurada, já que o VPN é baixo. Um estudo realizado com 300 pacientes portadores de Doença de Chagas revelou que 75% deles afirmavam a existência de barbeiros nas suas respectivas habitações. Uma equipe de técnicos visitou as 300 moradias e encontrou os referidos insetos em 200 delas. Das casas em que os técnicos encontraram o barbeiro, em 175 delas o morador também havia identificado os insetos. Construa a tabela 2x2 e responda: A) Calcule a sensibilidade, a especificidade e os valores preditivos da informação prestada pelos pacientes. Sensibilidade = A/(A+C) → 175/200 = 0,87 = 87,5%. Especificidade = D/(B+D) → 50/100 = 0,5 = 50%. VPP = VP/VP+FP → 175/175+50 = 0,78 = 78%. VPN = VN/VN+FN → 50/50+25 = 0,67 = 67%. B) Você considera que seria possível utilizar a informação autorreferida pelo morador como uma forma de “rastrear” a presença do inseto nas casas para posteriormente conformar com uma equipe de técnicos? Seria adequado pois a sensibilidade é alta, apesar o teste não ser adequado para a confirmação da doença. A melhor forma de obter a pressão arterial de uma pessoa é a aferição feita por um profissional de saúde treinado. Entretanto o gestor de uma unidade de saúde deseja diminuir o tempo de realização deste procedimento, e gostaria de saber se poderia utilizar um aparelho de aferição de pressão arterial digital, por ser mais rápido. Ele promove então uma pesquisa para verificar a validade da informação obtida por meio do aparelho digital, tendo um profissional bastante treinado e confiável como padrão ouro, obtendo os seguintes resultados: - O profissional aferiu pressão arterial elevada em 68 das 354 pessoas testadas. - O aparelho aferiu pressão arterial elevada em 85 das 354 pessoas testadas. - O número de pessoas que tiveram pressão arterial elevada tanto para o profissional quanto para o aparelho foi de 53. Com base nesses dado, construa uma tabela 2x2 eresponda: → Medição por profissional da saúde é o padrão ouro, medição feita por aparelho digital é o teste. A) Calcule a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo. Sensibilidade = A/(A+C) → 53/68 X TOTAL Y Positivo Negativo Y Positivo 175 50 225 Negativo 25 50 75 TOTAL X 200 100 300 X TOTAL Y Positivo Negativo Y Positivo 53 32 85 Negativo 15 254 269 TOTAL X 68 286 354 MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM = 0,78 = 78%. Especificidade = D/(B+D) → 254/286 = 0,89 = 89%. VPP = VP/VP+FP → 53/53+32 = 0,62 = 62%. VPN = VN/VN+FN → 254/254+15 = 0,94 = 94%. B) Você consideraria o aparelho adequado, pensando em uma triagem? Justifique, e aponte, pelo menos, duas vantagens que a u t i l i z a ç ã o d o a p a r e l h o t e r i a e m comparação ao padrão-ouro (utilização de profissionais de saúde treinados). Seria adequado, já que, apesar da sensibilidade ser baixa, a especificidade do teste é alta. A utilização do aparelho pouparia tempo dos profissionais da saúde treinados, podendo realocá-los para tarefas mais importantes. MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA