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Planejamento Financeiro - Turma 2022A 2.3 Financiamento de curto e longo prazo Vimos que as empresas precisam tanto de capitais para o pagamento das despesas de curto prazo (despesas do dia a dia), bem como precisam de financiamentos mais longos para novos investimentos visando ao crescimento da empresa. Agora, vamos falar das fontes de financiamento de curto e longo prazo, para entendermos quais são elas e como os empresários podem recorrer a elas quando necessitam de recursos. Os Financiamentos de Curto Prazo Os financiamentos de curto prazo servem para cobrir deficiências de fundos quando as entradas de caixa são insuficientes para cobrir aumentos repentinos de despesas. O objetivo é captar fundos temporariamente em antecipação a futuras entradas de caixa que possibilitarão à empresa recursos para o pagamento da dívida. De acordo com Groppelli e Nikbakht (2002), as empresas podem obter empréstimos de curto prazo de duas maneiras: “1. Empenhando-se na captação de recursos a curto prazo com a emissão de seu próprio título; 2.Captando recursos externamente por meio de intermediários financeiros”. Os capitais próprios para financiamento externo de curto prazo são aqueles aportados nas empresas via patrimônio líquido e podem ser fonte de recursos para as empresas pela subscrição e integralização de capital social. A empresa pode buscar, também, em fontes internas de autogeração de recursos e respectivo investimento, os recursos para financiamento de curto prazo. Existe a possibilidade de se recorrer a capitais externos de terceiros para o financiamento de curto prazo, que são representados pelo endividamento das empresas. Portanto, como pertencem a terceiros, exigem o pagamento de encargos financeiros que seriam uma espécie de aluguel por sua utilização. As fontes de recursos de curto prazo utilizadas para financiar o capital de giro das empresas estão divididas em duas categorias: crédito comercial e crédito bancário. O crédito comercial é fruto do crédito de fornecedores, de impostos e obrigações sociais ou de outros créditos operacionais. Os créditos de fornecedores são obtidos pelas empresas através da realização de compras a prazo que fornecem crédito comercial para financiamento de capital de giro. O mesmo ocorre com créditos de impostos e obrigações sociais, já que normalmente as empresas têm prazo para recolher os impostos. Esses prazos constituem crédito sem ônus para as empresas, sendo importante fonte espontânea de cobertura de capital de giro. Outra fonte de créditos comerciais são alguns créditos operacionais como pagamento de salários, por exemplo, já que a legislação oferece prazo de cinco dias úteis, após o mês, para pagamento dos salários. O crédito bancário é também uma fonte de captação para recursos de curto prazo, que são obtidos através de operações de empréstimo. Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005), as condições contratuais das operações de crédito bancário englobam: 1. O valor da operação; 2. Os custos da operação; 3. Os encargos tributários; 4. Os prazos da operação; e 5. As garantias exigidas pelo emprestador. As principais modalidades de crédito bancário são os descontos de títulos (operações comuns realizadas pelas empresas junto a bancos comerciais) e os créditos rotativos (operações facilitadoras e simplificadoras da utilização de empréstimos junto a bancos). Os Financiamentos de Longo Prazo De acordo com Groppelli e Nikbakth (2002), algumas das razões pelas quais as empresas se comprometem em financiamentos de longo prazo são as seguintes: 1. Os aumentos esperados nas vendas futuras requerem fundos para área de marketing e demais funções de apoio para manterem-se competitivas. 2. Com o crescimento da empresa, suas capacidades operacionais precisam aumentar. 3. Uma empresa deve continuar a se modernizar e a introduzir equipamentos mais eficientes. 4. Mudanças na demanda forçam a empresa a abandonar suas instalações obsoletas e a investir numa nova capacidade de produção. 5. O financiamento de longo prazo de projetos de pesquisa e desenvolvimento promove um ciclo de vida sustentável. 6. No longo prazo, grande parte do capital circulante torna-se permanente e deve ser financiado como tal. A necessidade de financiamento de longo prazo depende do quanto as empresas pretendem crescer, devendo-se considerar se esses financiamentos estão ligados a investimentos em novos produtos, à modernização de linhas de produção ou à busca por novas técnicas de produção, dentre outras opções. A definição de um plano de longo prazo é importante para orientar as ações da empresa buscando a maximização de sua riqueza. Aqui no Brasil, alguns fatores têm influenciado as empresas na busca de melhores alternativas de captação de recursos. O primeiro é a globalização que tem trazido grande impacto nos mercados locais. Outro fator são as modificações feitas nos sistemas financeiros internacionais, o que facilitou em muito a transferência de recursos entre países, empresas e investidores. Por último, há que se levar em conta o desenvolvimento da informática e o avanço da internet, criando novos e sofisticados instrumentos financeiros. A maioria dos investimentos de longo prazo são feitos pela emissão de ações e de títulos. Mas, onde as empresas devem buscar os financiamentos de longo prazo? A busca por investimentos de longo prazo precisa ser feita junto ao Sistema Financeiro Nacional. Na composição deste sistema, estão os bancos (comerciais, de investimentos ou múltiplos), os operadores de mercado de capitais (bolsas, corretoras, distribuidoras e agentes autônomos de investimento). Destacamos que o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica Federal representam bancos especiais do sistema, já que operam tanto no sistema normativo como no mercado financeiro, captando e concedendo empréstimos. Na tabela a seguir, demonstramos a estrutura do Sistema Financeiro Nacional Tabela 1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional A. SISTEMA NORMATIVO Conselho Monetário Nacional Banco Central do Brasil Comissão de Valores Mobiliários Superintendência de Seguros Privados Banco do Brasil BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Caixa Econômica Federal B. SISTEMAS DE INTERMEDIAÇÃO Mercado Financeiro e de Capitais A. SISTEMA NORMATIVO MERCADO FINANCEIRO MERCADO DE CAPITAIS Bancos Comerciais Bolsa de Valores Bancos Múltiplos Bolsa Mercantil de Futuros Caixas Econômicas Sociedades Corretoras Banco de Desenvolvimento Sociedades Distribuidoras Bancos de Investimentos Agentes Autônomos de Investimentos INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO BANCÁRIAS INSTITUIÇÕA NÃO FINANCEIRAS Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos Sociedades de Fomento Comercial – factorings Sociedades de Arrendamentos Mercantil Seguradoras Cooperativas de Crédito Empresas de Capitalização POUPANÇA E EMPRÉSTIMO Sociedades de Seguro e Saúde Fundos de Pensão Administradoras de Cartões Sociedades de Créditos Imobiliários Consórcios Associações de Poupança e Empréstimos Fundos de Investimentos Fonte: Lemes Júnior, Rigo e Cherobim. (2005) Falamos das instituições que fornecem financiamento de longo prazo. Veremos na tabela a seguir as características e tipos de financiamento de longo prazo disponíveis. Tabela 2 - Características e Tipos de Financiamento de Longo Prazo Instituições Tipos de financiamentos Bancos Comerciais Raramente concedem financiamento de longo prazo. Fazem, no entanto, concessão de crédito rotativo, que pode atender necessidades permanentes de capital de giro Bancos de Desenvolvimentos Empréstimos de longo prazo, a custos menores que o do mercado Bancos de Investimentos e Bancos Múltiplos Liberam ou participam de lançamento de debêntures e ações. Fazem repasses do BNDES, de recursos captados no exterior, laise-back, financiamentos com recursos próprios Financeiras Empréstimos para compra de máquinas e equipamentos. No Brasil, operam no financiamento de bens duráveis para pessoas físicas Arrendamentos Mercantil Operações de leasing de bens decapital, novos, usados, nacionais e importados Factoring Operações de compra de contas a receber das empresas. No Brasil, operam também negociando cheques pré datados Fundos de Pensão Compra de Debêntures. Instituições Tipos de financiamentos Fundos de Investimentos Compra de Debêntures. Fonte: Lemes Júnior, Rigo e Cherobim. (2005) Referências: GROPPELLI, A. A.; e NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. LEMES JÚNIOR, Antônio Barbosa, RIGO, Cláudio Miessa e CHEROBIM, Ana Paula Mussi Szabo. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. Este material foi baseado em: SANTOS; Francisco Rodrigues dos. Planejamento Financeiro. Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2015. Última atualização: quarta, 23 jun 2021, 14:53 ◄ 2.2 Fontes internas e externas de financiamento Seguir para... 2.4 Resumo ► https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=236712&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=236712&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=236712&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=236714&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=236714&forceview=1