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© Hematopoese O sangue é um tipo de tecido conjuntivo especial, cuja matriz extracelular é liquida, assim divide-se em plasma e elementos figurados. O primeiro corresponde a cerca de 55% do sangue, sendo constituído por água, sais minerais e proteínas. Já os elementos figurados são as células sanguíneas propriamente ditas, dentre elas: eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Nesse sentido, a hematopoese é o processo de formação das células sanguíneas, podendo ser subdividida em eritropoese (formação dos eritrócitos ou hemácias), mielopoese (formação dos leucócitos) e trombocitopoese (formação das plaquetas). O primeiro local hematopoiético do organismo é o saco vitelínico, entretanto, a hematopoese definitiva deriva de precursores - hemangioblastos - oriundos da região AGM (aorta-gônada-mesonefros). Os hemangioblastos são capazes de dar origem as células endoteliais e hematopoéticas, e posteriormente (em torno da 6° semana) se agrupam no fígado e no baço, para depois migrarem para a medula óssea. A partir dos 6 meses de vida fetal, a medula óssea é o principal local de produção das células sanguíneas, mas em casos patológicos essa função pode voltar a ser executada pelo baço e o fígado (mas não na mesma escala da medula óssea). Até dois anos pós-nascimento a medula de todos os ossos é hematopoiética, entretanto, com o passar dos anos, uma parte da medula é substituída por tecido adiposo. Assim, a região de medula hematopoiética no adulto se restringe ao esqueleto axial e as extremidades do fémur e do úmero. O que confere a medula óssea a capacidade regenerativa das células sanguíneas por tantos anos é a presença de células-tronco pluripotentes, que ao se multiplicarem podem se autorrenovar ou diferenciar-se em células precursoras de linhagens distintas, os chamados progenitores hematopoiéticos comprometidos. Um exemplo é o primeiro precursor mieloide misto, capaz de dar origem a granulócitos (neutrófilo, eosinófilo e basófilo), eritrócitos, monócitos e megacariócitos, que se denomina CFU-GEMM. O que determina qual célula madura se originará dos precursores multipotentes é a quantidade e a combinação dos fatores de crescimento hematopoiéticos que podem aumentar ou suprimir a produção de uma linhagem celular de acordo com a demanda do organismo. A medula óssea, como mencionado anteriormente, é um espaço no interior dos ossos responsável por abrigar e fornecer nutrientes e direcionamento tanto para as células-tronco hematopoiéticas, quanto para as células em amadurecimento e as já maduras (prestes a sair da medula). É formada, além das células em maturação, por células estromais e por uma densa rede microvascular. Dentre as células estromais, podemos citar: células © tronco mesenquimais, adipócitos, fibroblastos, osteoblastos, células endoteliais e macrófagos. Estas, por sua vez, secretam moléculas extracelulares (colágeno, glicoproteínas - fibronectina e tromboespondina - e GAGs) que formam a matriz extracelular (MEC), assim como os fatores de crescimento e citocinas necessários para manutenção das células tronco. OBS: as células-tronco mesenquimais não são iguais as tronco hematopoiéticos, pois as primeiras são importantes para formação do estroma e as segundas das células sanguíneas. Durante a divisão da célula-tronco hematopoiética, além de outra célula-tronco, é gerada uma célula progenitora comprometida com a diferenciação que expressa níveis baixos de fatores de transcrição que podem as comprometer com linhagens especificas, à exemplo GATA-2 e NOTCH-1, essenciais para a sobrevivência destas células. A determinação da linhagem a ser seguida pode ocorrer por alocação aleatória ou por sinais externos, de acordo com as necessidades do organismo e a quantidade e ação sinérgica dos diferentes tipos de fatores de crescimento. Podemos citar os fatores PU.1 e a família CEBP que comprometem as células com a linhagem mieloide, enquanto GATA-1 e FOG-1 são essenciais para a linhagem eritropoética e megacariocítica. Assim, como mencionado anteriormente, esses fatores de crescimento interagem sinergicamente, de modo que o reforço de um programa de transcrição específico de uma linhagem suprime o da outra. Por conseguinte, os fatores de transcrição induzem a síntese de proteínas especificas para cada linhagem celular. Posteriormente, entram os fatores de crescimento de ação tardia (ex: G- CSF, M-CSP, eritropoetina, trombopoetina e IL-5). Os fatores de crescimento são moléculas glicoproteicas que podem agir na própria medula óssea ou podem circular no plasma sanguíneo, além disso, podem se ligar a MEC e formar nichos nos quais as células-tronco e progenitoras se aderem. Somando-se a capacidade de estimular a proliferação e a diferenciação, os fatores de crescimento podem estimular a maturação, prevenir a apoptose e afetar funções das células maduras. Desse modo, o mesmo fator de crescimento pode ter diferentes efeitos em uma mesma célula nas suas diferentes fases de amadurecimento. © As células do estroma da medula contribuem majoritariamente para a produção destes fatores, à exceção da eritropoetina e trombopoetina, sintetizadas em sua maior parte pelo rim e fígado, respectivamente. Os efeitos dos fatores de crescimento são mediados por receptores específicos nas células alvo, comumente levando a dimerização do receptor e a ativação de cascatas de sinalização intracelulares, cujas principais vias são as JAK-STAT, MAP e PI3K. ©
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