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PESSOAS E BENS 04/08/2021 Princípios e Conteúdo do Direito Civil - Na época do Direito Romano, era o direito de cada cidade que guiava a vida dos cidadãos independentes. Esse direito da cidade continha normas de direito penal, administrativo, processual... - Já na ERA MEDIEVAL o direito civil identificou-se com o direito romano, contido no “Corpus Juris Civilis” (ou seja, “Corpo De Direito Civil”), que sofria concorrência com o Direito Canônico, em razão da autoridade legislativa da Igreja. - Com o tempo, o Direito Civil passou a ser um dos ramos do DIREITO PRIVADO – o mais importante por ter sido a primeira regulamentação da relação entre os particulares. Divisão do Código Civil: 1. PARTE GERAL: apresenta normas concernentes às PESSOAS aos BENS, aos fatos jurídicos, atos e negócios jurídicos, desenvolvendo a teoria das nulidades e os princípios reguladores da prescrição e decadência. 2. PARTE ESPECIAL: que contém normas atinentes à: 2.1 – Direito das OBRIGAÇÕES; 2.2 – Direito de EMPRESAS; 2.3 – Direito das COISAS; 2.4 – Direito de FAMÍLIA; 2.5 – Direito das SUCESSÕES. PRINCÍPIOS que norteiam todo o conteúdo do Direito Civil: 1. Princípio da PERSONALIDADE: - Todo ser humano tem direito à sua existência reconhecida; - Isso lhe acarreta atribuição de direitos e obrigações. 2. Princípio da AUTONOMIA DA VONTADE: - Capacidade da pessoa humana de PRATICAR ou ABSTER-SE DE PRATICAR CERTOS ATOS, de acordo com sua vontade. 3. Princípio da LIBERDADE DE ESTIPULAÇÃO NEGOCIAL: - Garante-se o livre arbítrio do indivíduo em relação à outorga de direitos e aceite de deveres, nos limites legais. - Isso dá início a um negócio jurídico qualquer. 4. Princípio da propriedade individual: - Defende a ideia de que o homem, devido ao seu trabalho ou pelos meios permitidos a ele pela letra da lei, tem o direito de exteriorizar a sua personalidade em bens móveis e imóveis; - Tais bens passam a constituir o seu patrimônio. 5. Princípio da intangibilidade familiar: - Reconhece a importância da existência do núcleo familiar para o desenvolvimento humano. 6. Princípio da legitimidade da HERANÇA e do direito de TESTAR: - Garante a faculdade do indivíduo de dispor de seus bens do modo como assim determinar; - Liberdade de planejar a maneira como os bens serão transmitidos a seus herdeiros. 7. Princípio da igualdade social: - Defende o perfeito equilíbrio entre o ganho do particular e a saúde da sociedade como um todo; - Pretende evitar ao máximo as desigualdades e injustiças sociais. 8. Princípio da solidariedade social: - Atenta para a importância da função social da propriedade e dos negócios jurídicos. - Visa a conciliação das necessidades da coletividade e dos interesses particulares. 1. Codificação: - Primeiramente, importante abordar o conceito de CÓDIGO. - A ideia é de coordenar e classificar de maneira metódica as normas concernentes às relações jurídicas de uma só natureza, criando princípios harmônicos. - A codificação nada mais é do que um processo de ORGANIZAÇÃO. - Antes da declaração de Independência do Brasil, a ordem é que todo o sistema normativo adotado em Portugal fosse aplicado em nosso território. - Por conta disso, mandou a Lei de 20 de Outubro de 1823 que se continuasse a aplicar a legislação portuguesa no Brasil, até que se elaborasse um código; - A Constituição Imperial de 1824, em seu Artigo 179, nº. 18, mandou organizar, O QUANTO ANTES, os Códigos Civis e Criminal, fundados em sólidas bases da “justiça e equidade”; - Em 1830 fora editado o Código Criminal e em 1850 o Código Comercial. Porém, o caminho até chegarmos ao Código Civil foi bastante longo. - Em 1855, o governo imperial entendeu que ANTES DA CODIFICAÇÃO, seria preciso tentar confeccionar uma CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS CIVIS, que se encontravam esparsas, e para tanto encarregou Teixeira Freitas, que em 1858 obteve aprovação de sua Consolidação, que possuía 1.333 artigos. - No ano de 1881, Felício dos Santos apresentou NOVO PROJETO denominado APONTAMENTOS, com 2.602 artigos, que novamente recebeu PARECER CONTRÁRIO da comissão que era responsável pela sua análise; - Em 1889, um pouco antes da PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA – já éramos república e sequer tínhamos leis próprias – o então Ministro da Justiça Cândido de Oliveira nomeou nova comissão, que, com o ADVENTO DA REPÚBLICA, também não apresentou qualquer projeto de codificação. - Já era o ano de 1890 – ou seja, já haviam se passado 66 anos desde que a Constituição havia determinado que os códigos fossem elaborados – e nada havia ocorrido; - Foi então que o Ministro da Justiça da época (Campos Salles), INCUMBIU Coelho Rodrigues da feitura de novo projeto, que, finalmente concluído em 23 de fevereiro de 1893, TAMBÉM NÃO CONSEGUIU SER TRANSFROMADO EM LEI. - O Ministro da Justiça – Campos Salles - ocupou agora o cargo de Presidente da República, em 1899 nomeou o Clóvis Bevilácqua para esta “árdua tarefa”; - No final do ano de 1899, Clóvis Bevilácqua apresentou um NOVO PROJETO, que após 16 anos de debate FINALMENTE TRANSFORMOU-SE NO CÓDIGO CIVIL, promulgado em 1º de Janeiro de 1916, vigente a partir de 1º de Janeiro de 1917; Alterações que surgiram após a promulgação do Código Civil de 1916: Pacta sunt servanda é um brocardo latino que significa "os pactos devem ser respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos". - No seu sentido mais comum, o princípio pacta sunt servanda refere-se aos contratos privados, enfatizando que as cláusulas e pactos e ali contidos são um DIREITO ENTRE AS PARTES, e o não-cumprimento das respectivas obrigações implica a quebra do que foi pactuado. - Com o tempo, ocorreu a derrogação desta norma, necessitando da interferência estatal para resolução de vários contratos que prejudicavam uma das partes. Outra situação que se alterou foi a questão da LOCAÇÃO DE SERVIÇO, situação que deu lugar aos CONTRATOS DE TRABALHO – os quais geravam mais direitos e garantias aos trabalhadores; A PROPRIEDADE, que no Código Civil apresentava-se de cunho individualista, passa a ter uma função social efetiva. - A FUNÇÃO SOCIAL da propriedade é um princípio que está vinculado a um projeto de sociedade mais igualitária. - Isso se deve em razão de submeter o acesso e o uso da propriedade ao interesse coletivo; Com relação ao DIREITO DE FAMÍLIA, várias foram as mudanças que exigiram a revisão do Código Civil de 1916: 1. Reclamou-se a alteração das condições da MULHER CASADA – que sequer era considerada CAPAZ, não tomava decisões sozinhas, dependendo exclusivamente do marido para tudo. 2. A inclusão dos preceitos legais sobre SEPARAÇÃO JUDICIAL e DIVÓRCIO, ocorrido no ano de 1977, através da Lei do Divórcio. - Até esse ano, não havia possibilidade do rompimento do vínculo conjugal. Com a lei, inicialmente após TRÊS ANOS da separação judicial, era possível requerer o divórcio. 3. Maior atenção à questão da UNIÃO ESTÁVEL, que sequer possuía previsão legal; A união estável foi regulada somente em 1994, pela Lei 8.971, que reconhecia como união estável a convivência comprovada entre homem e mulher, solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, convivência esta que precisava ser por mais de CINCO anos. - Em 1996, através da Lei 9.278, alterou-se a previsão legal com a exigência de tempo mínimo para reconhecimento da união estável, dando à união estável status de casamento. 4. Revisão dos REGIMES DE BENS: - Existia, à época, o REGIME DOTAL: aquele em que o conjunto de bens, designado dote, é transferido pela mulher ao marido, para que este, dos frutos e rendimentos desse patrimônio, retire o que for necessário para fazer frente aos encargos da vida conjugal, sob a condição de devolvê-lo com o término da sociedade conjugal. - Este regime acabou sendo revogado com a entrada em vigor do novo código civil, o ano de 2003. Com relação ao DIREITO OBRIGACIONAL:exigia-se que se alargasse a noção de responsabilidade civil; Os DIREITOS DA PERSONALIDADE exigiam que lhes fosse dado maior atenção, com uma construção da legislação a seu respeito, pois no Código de 1916 não havia nada a respeito do tema; O DIREITO DAS SUCESSÕES sofreu uma pressão do Direito Previdenciário para que acolhesse o direito do companheiro à herança. - Com o surgimento de tais necessidades, o Governo Brasileiro resolveu colocar em prática um PLANO DE REFORMA, encarregando alguns juristas para REDIGIR UM ANTEPROJETO DE CÓDIGO DAS OBRIGAÇÕES separado do Código Civil; - Tal ideia não foi aprovada pelos juristas, e então em 1961, com o objetivo de elaborar um ANTEPROJETO DO CÓDIGO CIVIL, o Governo nomeou Orlando Gomes, Caio Mário da Silva Pereira e Sílvio Marcondes. - Porém, iniciou-se novamente a série de reprovações do Anteprojeto, sendo este RETIRADO DE VOTAÇÃO pelo Governo em razão de FORTES REAÇÕES CONTRÁRIAS. - Em 1967 o Ministro da Justiça nomeia NOVA COMISSÃO para rever o Código Civil. - Em 1972, a comissão nomeada apresenta novo ANTEPROJETO que procurou manter a estrutura básica do Código Civil, reformulando os modelos normativos conforme os novos valores éticos e sociais da legislação que havia sido criada, e também com base na JURISPRUDÊNCIA da época. - Em 1984 foi publicada no Diário do Congresso Nacional a REDAÇÃO FINAL do Projeto de Lei 634-B/75 que acabou recebendo inúmeras EMENDAS em razão da promulgação da NOVA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988) → 26 anos de tramitação → Aprovado em 2001 → Publicado em 2002 → Entrou em vigor em 2003 - O Código Civil de 2002 atendeu melhor aos reclamos da nova realidade, reservando os pormenores às leis especiais – mais expostas as variações dos fatos da existência cotidiana e das exigências sociocontemporâneas. Princípios Norteadores do Código Civil: a) Princípio da Socialidade: - O interesse coletivo prevalece sobre o interesse individual. É o sentido social das relações. - Código de 1916: prevalecia o “pacta sun servanda” – ou seja, vale o que estiver no contrato, independente se isso prejudica uma das partes; - Código de 2002: prevalece o princípio da SOCIALIDADE, dando possibilidade de discussão de cláusulas que prejudiquem uma das partes. Exemplos: Art. 1.228, § 1º e § 4º - “posse trabalho” – desapropriação. Art. 1.242, parágrafo único - redução dos prazos da usucapião, que é o modo de aquisição da propriedade mediante a POSSE prolongada, cumprindo determinados requisitos. Artigo 1.240-A: Usucapião FAMILIAR. Possibilidade do cônjuge que permanece no lar após a saída do outro, ficar com toda a propriedade do imóvel. Necessário permanecer no imóvel por dois anos, ser imóvel urbano e possuir, no máximo, 250m², não possuir outro imóvel. Artigo 421 – CONTRATOS. Previsão com relação aos contratos de ADESÃO, onde não há consenso e onde não se possibilita a discussão das cláusulas. A imposição da vontade de uma das partes à outra é traço característico deste contrato, marcado pela mitigação da vontade da parte aderente. Surgiu com o contínuo avanço e modernização de setores que necessitaram contratar diariamente com um grande número de pessoas, sem desperdiçar tempo e dinheiro; Com o advento do novo Código, a FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO se apresenta como poderoso princípio a ser empregado no combate às iniquidades nestes contratos: 1. Plena possibilidade de discussão das cláusulas. 2. Trata-se de fonte de desequilíbrio contratual; 4. Impõe vontades, não permitindo às partes negociar. Artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor b) Princípio da Eticidade → Respeito a dignidade da pessoa humana → Prioriza a boa fé – Prioriza o critério ético, a boa-fé e a equidade. Também afeta os contratos em cheio (arts. 422 do Código Civil) Efeitos: maior valorização às tratativas e pré contratos; Evitar o locupletamento e desequilíbrio contratual. Prestigia aquele que está de boa-fé e penaliza aquele que age de má-fé A boa-fé objetiva está aliada a deveres anexos, os quais estão implícitos em todos os negócios jurídicos, dispensando expressa previsão. - Como deveres anexos, Flávio Tartuce, ao invocar as lições de Judith Martins-Costa e de Clóvis do Couto e Silva, elenca: a) Dever de cuidado em relação à outra parte negocial; b) Dever de respeito; c) Dever de informar a outra parte quanto ao conteúdo do contrato – como ocorre no contrato de honorários advocatícios, por exemplo; d) Dever de agir conforme a confiança depositada; e) Dever de lealdade e probidade; f) Dever de colaboração ou cooperação; g) Dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão. c) Princípio da Operabilidade (Operatividade) Buscou-se simplificar o direito material para que a eventual relação jurídica material seja mais simples. Uso de conceitos vagos para a melhor aplicação do Código. Facilitar a interpretação e a aplicação dos institutos previstos no Código; SIMPLICIDADE; EFETIVIDADE do Direito Civil Para Finalizar: Adiciona-se aos princípios a ideia do NOVO SISTEMA: um sistema aberto, de natureza publicista, chamado de “cláusulas gerais”. Um exemplo disso é o que consta no Artigo 186: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Código Civil – O INÍCIO DA PERSONALIDADE NATURAL 1. De acordo com o artigo 2º do Código Civil, tem-se como marco inicial da personalidade o nascimento com vida. 2. Verifica-se o nascimento com vida por meio da RESPIRAÇÃO. Se ficar comprovado que a criança respirou, então houve nascimento com vida. - Caso venha a falecer em seguida, serão lavrados dois assentos: o de nascimento e de óbito. (Lei dos Registros Públicos) Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. (Renumerado do art. 54, com nova redação, pela Lei nº 6.216, de 1975). § 1º No caso de ter a criança nascido morta, será o registro feito no livro "C Auxiliar", com os elementos que couberem. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). § 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). No Direito português (art. 66, n. 1, do Código Civil – o antigo exigia a figura humana), no Código Civil alemão (§ 1º), no Código Civil suíço (art. 31) e no Código Civil italiano (de 1942, art. 1º). Por exemplo, pelo art. 30 do Código Civil espanhol, só se considera nascido o feto que tiver figura humana e viver 24 horas, depois de completamente separado do ventre materno. Admite-se, aí, a tese da viabilidade do recém--nascido, como também no sistema italiano anterior ao Código Civil de 1942, no Código Civil francês (art. 314, 3º ) e no holandês (art. 3º ter condições de vida. Pelo Código Civil argentino (art. 7º). Pela viabilidade, a criança deve ), a personalidade ocorre com a concepção, conforme influência de Teixeira de Freitas. 1. Perante o nosso direito, a única exigência é que a criança RESPIRE. Se vier a falecer no segundo seguinte, não importa, desde que tenha respirado. - Assim, respirou, adquiriu personalidade. - Tal situação pode ser de suma importância em situações em que se discutem direitos sucessórios, por exemplo. UM EXEMPLO é o seguinte: o pai da criança era casado pelo regime da separação total de bens e falece, deixando a mãe grávida. Se a criança adquiriu personalidade, ou seja, SE NASCEU COM VIDA, e logo em seguida veio a falecer, os bens que eram do genitor, automaticamente foram herdados por ela, e transmitidos para a mãe. Caso não tenha nascido com vida, ou seja, se ficar constatado que não chegou a respirar, os bens que eram do genitor,consequentemente passarão aos seus pais (avós paternos da criança) em concorrência com o cônjuge. Exame chamado DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO. - Baseia-se essa prova no princípio de que o feto, tendo respirado, inflou de ar os pulmões. - Extraídos do corpo da criança falecida, e colocados na água, eles boiam. Já os pulmões que não respiraram, por estarem ainda com as paredes coladas, afundam. - Mas tal matéria deverá ganhar novos contornos e estudos em um futuro próximo, pois a possibilidade de reprodução humana assistida, com nascimento de filhos muito depois da morte dos pais, obrigará, certamente, uma revisão de conceitos, inclusive para fins de direitos hereditários. - Os seres gerados pela INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL com material preservado do marido ou companheiro e aqueles gerados de embriões congelados obrigarão novos estudos, que terão implicações éticas e religiosas, além de uma profunda reformulação jurídica. - Nascituro é aquele ser humano que está em fase de desenvolvimento e PRESTES A NASCER. - É ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. A lei não lhe concede personalidade, a qual só lhe será concedida se nascido com vida. - Possui regime protetivo tanto no Direito Civil quanto no Penal, muito embora não tenha ainda adquirido personalidade. - Assim, mesmo não sendo ainda considerado pessoa, tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. CONCEITO: Nascituro “é pessoa condicional, pois a aquisição da personalidade depende do nascimento com vida. A rigor, o nascituro, à exceção do direito de nascer, não tem direito adquirido, mas apenas expectativas de direitos”. (BARROS, 2005, p. 65). - No entanto, o legislador preferiu assegurar direitos ao nascituro como EXCEÇÃO, vez que A REGRA é possuir direitos apenas a partir do nascimento com vida. Porém, em sua redação, o Código Civil deixou uma questão bastante duvidosa: - Se somente é considerada PESSOA (e por isso adquire direitos e deveres) aquele que efetivamente NASCE COM VIDA. 1. Como dito acima, o Código Civil torna bastante confusa a situação do nascituro. - Para discutir essa situação “indefinida” do nascituro, criaram-se TRÊS CORRENTES publicadas e defendidas por doutrinadores, que tentam explicar a situação do nascituro: Teoria Natalista: - Para esta teoria, o nascituro NÃO PODERIA SER CONSIDERADO PESSOA, pois é o próprio Código Civil que exige – para a existência de personalidade civil – o nascimento com vida. - Os defensores desta teoria sustentam que a personalidade jurídica inicia COM O EFETIVO NASCIMENTO COM VIDA, e não antes disso. Não havendo personalidade, não haveria o que se falar em direitos. - Com isso, concluem que o nascituro não é pessoa, pois ainda não nasceu – e sequer se pode saber se vai ou não nascer com vida. PROBLEMAS DA TEORIA NATALISTA: A teoria natalista não consegue DEFINIR o que é nascituro, pois se não é uma pessoa (mesmo que condicional), seria uma coisa? A teoria natalista está completamente distante das novas técnicas de reprodução assistida e de proteção aos direitos do embrião – que inclusive já possuem, há muito tempo, proteção pela Lei da Biossegurança (Lei 11.105/2005); A teoria natalista NEGA ao nascituro todos os direitos que lhe são assegurados por lei, como o direito à vida, direito ao reconhecimento da paternidade, aos alimentos, ao nome e até a imagem. NASCITURO Teoria da Personalidade Condicional: - Essa teoria acaba se confundindo com a TEORIA NATALISTA. - Defende que, em razão da personalidade civil começar com o nascimento com vida, os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição SUSPENSIVA, ou seja, são direitos eventuais. - A condição é justamente o nascimento com vida. - O problema dessa corrente é que ela foca mais nos direitos PATRIMONIAIS do nascituro, não se preocupando e nem dando atenção ao apelo dos direitos pessoais ou da personalidade a favor do nascituro. - Os direitos da personalidade NÃO podem estar sujeitos a uma condição, termo ou encargo. Teoria Concepcionista: - Tal teoria acredita que o início da vida humana ocorre no momento da fertilização do ovócito pelo espermatozoide, ou seja, desde a concepção. - Diz Moura (2013, p. 14) que. - Sob influência do direito francês, e com adeptos da envergadura de Teixeira de Freitas e Clóvis Beviláqua, a presente corrente de pensamento defende que a personalidade começa antes do nascimento, sendo que com a concepção já deve assegurar os interesses do nascituro. Vale afirmar que, mesmo nesta corrente, o nascituro titulariza somente direitos personalíssimos e os de personalidade, ficando os de conteúdo patrimonial a aguardar o nascimento Com vida. - Esta teoria é enfática em afirmar que a personalidade do homem começa a partir da concepção, porque, desde tal momento, o nascituro é considerado pessoa. - Com tal teoria se explica o fato de os nascituros poderem receber alimentos, herdar, ser parte em ações judiciais, entre outros e possam ter seus direitos resguardados, mesmo antes de nascerem. - Essa teoria reconhece – notadamente – os direitos da personalidade ao nascituro, sendo que os direitos propriamente patrimoniais, ficarão no aguardo do seu nascimento com vida para se efetivarem. - Enquanto o nascimento com vida não ocorre, o nascituro nada possui economicamente a não ser a EXPECTATIVA de direitos patrimoniais. 1. Direito à Vida: - O aborto é técnica punida pela legislação nacional, conforme previsão dos artigos 124 à 126 do Código Penal. - Porém, o ORDENAMENTO JURÍDICO permite o ABORTO em apenas duas situações excepcionais: a) O aborto para salvaguardar a vida da gestante; b) O aborto nos casos em que o produto da concepção resultou de estupro. - São estas as modalidades chamadas de ABORTO NECESSÁRIO. - A JURISPRUDÊNCIA nacional, por sua vez, tem adotado posicionamento favorável ao aborto nos casos em que o feto é portador da doença chamada ANENCEFALIA, ou seja, ausência de cérebro. - A essa modalidade de aborto é dado o nome de ABORTO EUGÊNICO, e é permitido a fim de evitar maiores sofrimentos à gestante, tendo em vista que o feto não sobreviverá. Objeto de reconhecimento VOLUNTÁRIO de filiação - Trata-se da previsão legal do Artigo 1.609 do Código Civil. - Além da previsão constante do Código Civil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 26, também traz a previsão legal de possibilidade de reconhecimento de filho ainda não nascido. Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. Alimentos Gravídicos - A lei 11.804/2008 acabou por solucionar um problema que há muito causava danos às gestantes não solteiras: a possibilidade de pleitear judicialmente o pagamento de pensão alimentícia ao nascituro. - Nos alimentos gravídicos a titularidade é, na verdade, DO NASCITURO e não da mãe; - A lei fora criada com o objetivo de respaldar direitos do nascituro a uma gestação saudável, nas suas condições mínimas do direito à vida. - Assim, nada obstante a Lei nº 11.804/08 expresse que “disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido” (art. 1º), sua finalidade está exposta, precisamente, no seu artigo 6º e parágrafo único. - Vejamos: Art. 6º. Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma daspartes solicite a sua revisão. - Tem-se, então, que grávida a mulher, a primeira palavra é a sua, em face do filho nascituro, para dizer quem é o pai,na demanda dos alimentos. - Não há qualquer necessidade ou exigência legal que haja prévio reconhecimento da paternidade ou de admissão voluntária daquele. - É nessa linha, o julgado a respeito, de 16.10.2014, pela 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: Indicações de romance, mensagens afetivas trocadas entre o casal, fotografias do par demonstrativas de afeto, justamente em época coincidente com a concepção - tais indícios são suficientes para que se tenha demonstrado o requisito para a fixação de alimentos gravídicos, ou seja, para obrigar o suposto pai a pagar a pensão alimentícia de ventre. É um chamado à responsabilidade parental. Nomeação de curador - O Código Civil, em seu artigo 1.779, prevê também a possibilidade de nomeação de curador ao nascituro se o pai falecer durante o período gestacional, e a mãe, por sua vez, perdeu o poder familiar de outros filhos. Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro. Beneficiário de doação feita pelos pais - Poderá o nascituro ser beneficiário de doações feitas pelos pais, doação esta que somente irá desfrutar após o nascimento com vida. - É a previsão legal do artigo 542 do Código Civil Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. O nascituro só é considerado pessoa depois que ocorre o nascimento. Porém depende, se for levado em consideração os direitos fundamentais, ela já adquiriu o direito de nascer (que por sua vez não é regra, mas sim exceção). Porém até não nascer (com vida) ele não é considerado pessoa. Pois o código civil exige que nasça com vida para se tornar pessoa. Porque ela só adquire personalidade depois de nascer, o nascituro tem apenas uma expectativa de direitos. Então não há possibilidade de resguardar direitos para o nascituro, mas devemos resguardar essa expectativa de direitos. A teoria natalista diz que o nascituro só deve adquirir direitos após o nascimento com vida (ao qual não é aplicada no brasil) Porém há um problema, a teoria natalista não consegue definir com clareza o que é um nascituro. Já a Teoria da Personalidade Condicional preocupa-se apenas com a expectativa de qualquer direito (de que adquirisse se nascesse com vida), basicamente a mesma coisa que a Teoria Natalista. A Teoria Concepcionista acredita que que o inicio da vida se dá através da fecundação, ou seja, desde a concepção. Como o nascituro tem uma expectativa de direitos, acredita-se que a vida comece mesmo antes de nascer. Essa teoria explica que o nascituro possa ter seus direitos resguardados (herança, alimentos, e ser parte em ações judiciais). Os direitos patrimoniais do nascituro deverão ficar no aguardo do seu nascimento com vida para se efetivarem, até não nascer com vida ele não possui nada economicamente a não ser uma expectativa de direitos patrimoniais. O Direito a vida é um direito do nascituro, porém o ordenamento permite o aborto em certos casos (risco à vida da mãe, estupro, e o feto ser anencéfalo), no caso de incapaz (menor de idade) cabe aos seus representantes decidir. Depois de nascida, não há pena que fira o Direito a Vida (salvo em caso de guerra declarada). O Direito de reconhecimento voluntário de filiação, pelo Art.1609 diz que os filhos fora do casamento podem ser registrados conjunta ou separadamente na hora de registro. Caso o filho seja registrado ainda antes do nascimento, mesmo assim trata-se de uma expectativa, caso o filho nasça sem vida, ele não adquire personalidade, mas nesse caso de registro prévio, caso o pai tenha uma doença gradativa, poderá registrar o filho não nascido para uma expectativa de herança, ao qual terá direito desde que nasça com vida. Em 2008 houve uma lei chamada Lei de alimentos gravídicos, ao qual retirava a titularidade da pensão recebida, da mãe, passando-a para o filho, essa lei foi criada para garantir o nascimento da criança e de haver uma gestação saudável. Essa pensão permanece mesmo depois do nascimento até que as partes solicitem sua revisão. Lembrando que a solicitação de alimentos gravídicos deve haver alguma ´´certeza`` da paternidade. A primeira palavra é da gestante, e ela deverá comprovar a paternidade da outra parte com provas como: Indicações de romance, mensagens afetivas trocadas entre o casal, fotografias do par demonstrativas de afeto, justamente em época coincidente com a concepção - tais indícios são suficientes para que se tenha demonstrado o requisito para a fixação de alimentos gravídicos, ou seja, para obrigar o suposto pai a pagar a pensão alimentícia de ventre. É um chamado à responsabilidade parental. O nascituro também tem direito a nomeação de curador, desde que este perca seus pais, ou se seus pais forem interditados, sendo determinado um curador, caso seus pais sejam interditados e um deles possuir um curador, após o nascimento, o curador do filho sera o mesmo que o curador de um dos pais. O nascituro também possui a chance de receber uma doação, já que a doação feita ao nascituro será recebida pela gestante, e após o nascimento, o nascituro poderá desfrutar desta doação. 01/09/2021 CÓDIGO CIVIL – PERSONALIDADE E CAPACIDADE - O Código Civil disciplina as relações jurídicas privadas, que nascem da vida em sociedade e se formam entre as pessoas. - A PARTE GERAL do Código Civil é dividido em três livros: 1. Pessoas naturais e jurídicas: são os sujeitos da relação jurídica - O Direito regula a vida em sociedade; - A sociedade, por sua vez, é composta por PESSOAS, que são justamente os sujeitos da relação jurídica; - A relação jurídica - toda relação da vida social regulada pelo direito somente se constitui entre PESSOAS, que podem ser: a)Naturais: ser humano, pessoa física; b)Jurídicas: agrupamento de pessoas naturais (e/ou) jurídicas, que visam alcançar fins de interesse comum. - O título DAS PESSOAS NATURAIS, por sua vez, divide-se em três capítulos: 1. Personalidade e capacidade; 2. Direitos da Personalidade; 3, Ausência. Personalidade Jurídica: 1. Todo aquele que nasce com vida, torna-se uma pessoa, ou seja, ADQUIRE PERSONALIDADE. 2. A personalidade é uma qualidade ou atributo de ser humano, independentemente da sua condição de saúde, capacidade ou idade. 3. Trata-se de aptidão geral para adquirir direitos e contrair obrigações. 4. Atributo necessário para ser sujeito de direitos. 5. Nem sempre foi assim: no Direito Romano, o escravo era tratado como COISA, e não pessoa, e por isso não tinha personalidade. Era tratado como OBJETO. 6. O reconhecimento deste atributo, atualmente, está inserido no artigo 1º do Código Civil: Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 7. O direito reconhece também a personalidade a certas entidades morais, como a pessoa jurídica. Capacidade Jurídica: - Afirmar que a pessoa tem PERSONALIDADE é o mesmo que dizer que ela tem capacidade para ser titular de direitos e deveres. - o Artigo 1º do Código Civil ENTROSA o conceito de capacidade com o de personalidade, quando menciona que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. - Afirma que a pessoa possui PERSONALIDADE é o mesmo que dizer que ele tem CAPACIDADE DE SER TITULAR DE DIREITOS. 1. Capacidade de DIREITO (ou de gozo): - É a capacidade que todas as pessoas nascidas com vida têm. - É reconhecida a qualquer ser humano, sem qualquer distinção. - Estende-se até aos privados de discernimento e aos infantes em geral – INDEPENDENTE de seu grau de desenvolvimento mental. - Podem, por exemplo, herdar bens de seus pais, receber doações, independentementedo seu grau de desenvolvimento mental ou de sua idade. 2. Capacidade de FATO (ou de exercício): - Muito embora todas as pessoas nascidas com vida possuam personalidade e consequentemente capacidade de direito, nem todo ser humano possui a chamada CAPACIDADE DE FATO – que pode também ser chamada de capacidade de exercício. - Esta chamada capacidade de fato trata-se da aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. - Isso ocorre porque faltam a algumas pessoas alguns requisitos materiais, como: a) Maioridade – 18 anos completos ou emancipação; b) Saúde; c) Desenvolvimento mental. - Assim, para melhor entendimento, tem-se que todas as pessoas são capazes de direitos, porém, nem todos são aptos a praticar pessoalmente os atos da vida civil. - Por exemplo, os recém-nascidos ou aqueles que possuem algum problema mental que lhes retire o total discernimento, não terão capacidade de FATO, sendo que possuem apenas CAPACIDADE DE DIREITO. - Isso significa dizer que poderão receber doações ou herança em caso de falecimento de seus pais, mas por não possuírem capacidade de fato, qualquer movimentação dessa herança ou doação, ou qualquer ação judicial que seja necessário propor em razão de tais direitos, deverão ser representados ou assistidos no ato. - Assim, conclui-se que: Algumas pessoas possuem apenas capacidade de direito, em razão de não terem completado a maioridade ou em razão de possuírem alguma doença que lhes retire o total discernimento. Algumas pessoas – por já serem maiores e não possuírem qualquer problema que lhes prejudique o pleno discernimento e compreensão de seus atos, possuirão CAPACIDADE DE FATO – ou capacidade plena.
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