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Curso de Direito da Faculdade Pitágoras Disciplina: Direito Civil – Pessoas e Bens Tema: Unidade de Ensino II, Seção II Docente: Ricardo Oliveira Rotondano 1 Individualização da pessoa natural Elementos de individualização da pessoa natural: nome, estado, domicílio Nome: “designação ou sinal exterior pelo qual a pessoa identifica-se na família e na sociedade” Relevância do nome: interesse estatal na correta identificação das pessoas na sociedade Nome como direito de reconhecimento da pessoa ante a sociedade Deve-se garantir o direito de repelir abusos de terceiros contra seu nome Individualização da pessoa natural Ações relativas ao nome: a) retificadora, preservando o nome verdadeiro; b) contestadora, evitando o uso indevido ou a exposição vexatória por terceiro. CC/02, art. 17: “o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória” CC/02, art. 18: “sem autorização, não se pode usar nome alheio em propaganda comercial” Individualização da pessoa natural O nome civil é um direito personalíssimo, sendo inalienável (pessoa natural) O nome comercial é propriedade incorpórea, podendo ser cedido (pessoa jurídica) CC/02, art. 19: “o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome” A tutela do nome alcança o pseudônimo, na proteção e eventual direito à indenização Natureza jurídica de direito sui generis: constitui um direito da personalidade Individualização da pessoa natural CC/02, art. 16: “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome” Gêmeos ou irmãos devem ser registrados com nome diverso, de modo a se distinguir Prenome: é o próprio nome, servindo para distinguir os membros da mesma família Proibição dos oficiais de registro de registrar nomes que exponham o portador ao ridículo Em caso de insatisfação dos pais, o oficial remeterá o caso ao juiz Individualização da pessoa natural Sobrenome: sinal que indica a sua filiação, característico da sua família Diferente do prenome, o sobrenome não é escolhido, advindo dos seus genitores Caso o declarante não indique nome completo, o oficial registrará com sobrenomes dos pais Prazo para registro: 15 dias após o nascimento (+45 dias para a mãe, caso não efetivado) Imutabilidade do nome, comportando exceções: erro gráfico ou expor o portador ao ridículo Erro gráfico pode ser retificado no próprio cartório, após anuência do Ministério Público Individualização da pessoa natural Em caso de exposição ao ridículo, efetiva-se por procedimento judicial de retificação de nome Apelido público e notório pode ser integrado ao nome ou mesmo substituí-lo Sentença concessiva de adoção: confere o nome do adotante ao adotado, podendo seu prenome ser substituído Possibilidade de tradução de nome estrangeiro para facilitar a adaptação (apenas o prenome) Pode-se mudar o sobrenome, por cartório, no primeiro ano após atingida a maioridade Individualização da pessoa natural Sobrenome somente pode ser alterado em casos excepcionais Exclusão do sobrenome por abandono paterno (jurisprudência) Inclusão do sobrenome por afinidade afetiva com o padrasto (jurisprudência) Outras situações: união estável, casamento, divórcio O caso das pessoas transgêneras: há direito à mudança de nome? Individualização da pessoa natural Estado: “soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos” Estado individual: aspectos e particularidades da sua constituição orgânica *idade, sexo, altura, cor, sanidade Estado familiar: situação na família, em relação ao matrimônio e à consaguinidade Estado político: posição do indivíduo na sociedade política, nacional e estrangeiro *nacionalidade: nato ou naturalizado Individualização da pessoa natural São brasileiros natos (CF/88, art. 12, I): a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Individualização da pessoa natural São brasileiros naturalizados (CF/88, art. 12, II): a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Individualização da pessoa natural Lei 6.815/80, art. 95: “o estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e das leis” Cidadania: qualidade de possuir e de exercer direitos políticos Os estrangeiros possuem cidadania? Atributos do estado: a) indivisibilidade, posto que não se pode ter mais de um estado; b) indisponibilidade, não sendo possível renunciar ou alienar o próprio estado; Individualização da pessoa natural c) imprescritibilidade, não sendo adquirida e nem perdida pelo decurso do tempo. Domicílio: localidade escolhida ou legalmente atribuída à pessoa para que seja encontrada, emanando daí os seus efeitos legais Visa atender uma exigência legal, para que a pessoa responda pelas suas obrigações A determinação do domicílio é crucial para a identificação do foro no direito processual O domicílio é onde a pessoa fixa residência e/ou exerce as suas atividades Individualização da pessoa natural CC/02, art. 70: “o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo” Aspecto objetivo: residência, estado de fato Aspecto subjetivo: ânimo definitivo, intenção de fixar-se de modo permanente Pluralidade domiciliar: diversas residências onde a pessoa alternadamente viva (CC/02, art. 71) CC/02, art. 72: “é também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida” Individualização da pessoa natural Teoria do domicílio aparente: pessoa que não tem residência determinada, mas que age como se tal local fosse sua residência Mudança de endereço, a partir da intenção manifesta de o mudar (CC/02, art. 74) Domicílio voluntário geral ou comum: livre escolha da pessoa natural Domicílio especial: pode ser contratual ou o foro de eleição Credor pode acionar devedor em seu domicílio, mesmo tendo-se eleito outro foro (STJ) Individualização da pessoa natural Inaplicabilidade das cláusulas de eleição de foro em contratos de adesão pelo STJ: a) quando constitui obstáculo ao aderente; b) é abusiva, resultando em dificuldade à parte; c) se não foi concedida oportunidade de debate de cláusula microscopicamente impressa. Domicílio necessário ou legal: determinado pela lei, em razão da condição da pessoa CC/02, art. 76: domicílio necessário do incapaz, do militar, do marítimo, do presidiário Individualização da pessoa natural Domicílio da pessoa jurídica: domicílio especial, eleito em seu estatuto ou atos constitutivos Omissão: será o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações Tendo a pessoa jurídica diversos locais, cada um será considerado domicílio para atos neles praticados (CC/02, art. 75, §1º) Atos de registro civil se destinam à anotações de dados sobre fatos relevantes das pessoas Promove a publicidade sobre a situação jurídica de cada um frente a terceiros Individualização da pessoa natural Registros públicos: a) Registro civil de pessoas naturais; b) Registro civil das pessoas jurídicas; c) Registro de títulose documentos; d) Registro de imóveis. CC/02, art. 9º: atos sujeitos a registro público: I. Os nascimentos, casamentos e óbitos; II. A emancipação, por outorga ou sentença; III. A interdição por incapacidade absol. ou relat.; IV. Sentença declaratória de ausência ou de morte presumida. Referências GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 1: parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, v. 1. 15. ed. Salvador: JusPodium, 2017. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil, v. I: parte geral. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
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