Direito Civil - Pessoas e bens (Slide 9)

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Curso de Direito da Faculdade Pitágoras
Disciplina: Direito Civil – Pessoas e Bens
Tema: Unidade de Ensino III, Seção III
Docente: Ricardo Oliveira Rotondano
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Das pessoas jurídicas
Há o reconhecimento estatal da personificação jurídica do conjunto de pessoas ou de bens, constituído legalmente para objetivos comuns
“Pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as para serem sujeitos de direitos e obrigações”
A personalidade da pessoa jurídica é distinta dos indivíduos que a compõem
Teorias negativistas (minoritárias): negam a existência das pessoas jurídicas
Das pessoas jurídicas
Teorias afirmativistas (majoritárias): procuram explicar a existência das pessoas jurídicas
Teoria da ficção legal: a pessoa jurídica constitui uma criação fictícia da lei, para justificar que se atribuam direitos a um grupo de pessoas físicas
Teoria da ficção doutrinária: semelhante à teoria anterior, atribuindo tal construção à doutrina
Críticas: teorias não explicam o Estado como pessoa jurídica / se o Estado é ficção legal ou doutrinária, o direito também o é
Das pessoas jurídicas
Teoria da realidade objetiva ou orgânica: pessoa jurídica é fruto da realidade sociológica, e nasce por imposição das forças sociais
Teoria da realidade jurídica ou institucionalista: pessoas jurídicas são tidas como organizações sociais cujo objeto é um serviço ou ofício
Teoria da realidade técnica: “a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados”
Das pessoas jurídicas
O reconhecimento da personalidade jurídica provém, então, do Estado, cumprindo-se os requisitos por ele estipulados
Requisitos para constituição da pessoa jurídica:
a) vontade humana criadora, que se materializa com o ato constitutivo, que deve ser escrito, de duas ou mais pessoas;
b) elaboração do ato constitutivo, que é requisito formal legalmente exigido, podendo ser estatuto (associações), contrato social (para sociedades simples e empresárias), escritura pública ou testamento (no caso de fundações)
Das pessoas jurídicas
c) ato constitutivo deve ser levado a registro para que se inicie legalmente a existência da pessoa jurídica (CC/02, art. 45)
*caso não ocorra, esta será sociedade de fato ou sociedade não personificada
d) objetivo deverá ser lícito, além de determinado e possível, sendo a ilicitude/nocividade causas de extinção da pessoa jurídica (CC/02, art. 69)
- objetivo nas sociedades em geral, civis ou comerciais, é o lucro proveniente da atividade
- objetivo nas associações: de natureza cultural, educacional, esportiva, religiosa, filantrópica, etc.
Das pessoas jurídicas
- objetivo nas fundações: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas (art. 62)
Das pessoas jurídicas
A existência das pessoas jurídicas de direito público é regida pelo próprio direito público (direito constitucional e administrativo)
A manifestação de vontade para a criação da pessoa jurídica se configura no estatuto ou no contrato social, sendo estes atos constitutivos
Contrato social: convenção entre duas ou mais pessoas, obrigando-se a conjugar esforços para a consecução de um objetivo comum, mediante bens ou serviços (CC/02, art. 981) [M]
Deve-se observar os requisitos de validade dos negócios jurídicos (CC/02, art. 104)
Das pessoas jurídicas
A declaração de vontade pode se revestir de forma pública ou particular (CC/02, art. 997)
Fundações somente podem ser criadas por escritura pública ou testamento (CC/02, art. 62)
Determinadas pessoas jurídicas necessitam de autorização da União para existirem, como agências de seguros, instituições financeiras, sociedades de exploração energética ou mineral
A existência das pessoas jurídicas de direito privado começa com o registro do seu ato constitutivo no órgão competente (art. 45)
Das pessoas jurídicas
Registro de contratos sociais das sociedades empresárias: Junta Comercial
Registros dos estatutos e demais atos constitut. das pessoas jurídicas de direito privado: Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas
Sociedades simples de advogados: OAB
Capacidade jurídica adquirida com o registro não se limita à esfera patrimonial, estendendo-se para todos os campos do direito
Elementos que devem constar no registro da pessoa jurídica (CC/02, art. 46):
Das pessoas jurídicas
I – a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II – o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III – o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV – se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V – se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI – as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso
Das pessoas jurídicas
Atuação das pessoas jurídicas se dá mediante órgãos previstos no contrato social ou estatuto, como a diretoria e a assembleia geral
Como a pessoa jurídica não é incapaz, tais órgãos não a representam, e sim a “presentam”
O cancelamento do registro da pessoa jurídica somente ocorrerá integralmente com o fim da sua liquidação (CC/02, art. 51)
Sem que haja o registro, a pessoa jurídica será considerada irregular, como sociedade de fato, sem personalidade jurídica
Das pessoas jurídicas
A partir do seu registro, a pessoa jurídica passa a ser sujeito de direitos, com vida própria e patrimônio distinto dos seus membros
Regularização da sociedade de fato não produz efeitos pretéritos ao período em que a pessoa jurídica era irregular
Na sociedade de fato, os sócios que atuarem como representantes direitos respondem de forma solidária e ilimitada pelas obrigações [M]
O benefício de ordem (CC/02, art. 1.024) só será aplicado aos sócios que não atuarem de forma direta na contratação de obrigações
Das pessoas jurídicas
A prova da existência da sociedade deve ser feita, pelos sócios, entre si ou perante terceiros, somente por escrito
Os terceiros poderão provar a existência da sociedade por quaisquer meios
Os bens da sociedade respondem por atos de gestão praticados por quaisquer sócios, exceto no caso de pacto limitativo de poderes
O pacto limitativo somente terá eficácia contra terceiro se este o conhecesse ou se devesse conhecê-lo (CC/02, art. 989)
Das pessoas jurídicas
A representação da sociedade irregular em juízo será feita, ativa e passivamente, por pessoa a quem couber a administração dos seus bens
Não poderá o devedor arguir a irregularidade da sociedade para se esquivar do pagamento, enriquecendo ilicitamente
Sociedades de fato não constam como parte em contratos de compra e venda, posto que o Registro Imobiliário não procederá o registro
O foro competente para acionar a sociedade de fato como ré é do lugar das suas atividades 
Exercício de fixação
 Geisa, Paula e Taise decidem abrir uma empresa de aluguel de roupas para festas. Geisa atua na linha de frente, adquirindo os produtos para estruturar a empresa; Paula toma cursos no SEBRAE para atuar internamente, no planejamento e gestão da empresa; Taise age diretamente com o atendimento dos clientes e o gerenciamento dos funcionários. No primeiro ano, a empresa começa a funcionar, angariando alguns clientes e crescendo aos poucos. Após tal período, as amigas decidem enfim regularizar a empresa;entretanto, antes disso, ocorre a pandemia de covid-19, e a empresa teve que fechar.
Ante o cenário descrito, responda aos quesitos a seguir:
a) Quem responderá pelas dívidas contraídas ao longo do funcionamento da empresa?
b) Poderá alguma das sócias se negar ao pagamento das dívidas, alegando não ser sócia por não ter sido efetuado o registro?
c) A averbação do registro de dissolução societária põe fim à empresa das amigas?
Referências
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 1: parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, v. 1. 15. ed. Salvador: JusPodium, 2017.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil, v. I: parte geral. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.