A diluição do sujeito - artigo de opinião AVA2

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
BARRA 
PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM PUBLICIDADE 
 
 
 
 
ISABELLA MARTINS DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A DILUIÇÃO DO SUJEITO 
A FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO PÓS-MODERNO DIANTE DAS REDES 
SOCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro – RJ 
2020 
A partir da criação das cidades, há o surgimento de sociedades, em que seu 
conceito simboliza a necessidade do homem de se relacionar entre si, pois se refere a 
um agrupamento de pessoas que vivem de acordo com determinada norma ou 
regulamento, compartilhando interesses em comum. Diante disso, a socialização se 
torna relevante, pois é capaz de desenvolver a personalidade de um indivíduo e integrá-
lo na sociedade a partir do momento em que este é inserido em contextos e em grupos 
sociais diferentes. Desse modo, as sociedades produzem diferentes visões a respeito do 
mesmo mundo, assim as ações do sujeito são ditadas por crenças, valores e motivações 
diversas, moldando, então, sua identidade. 
Seguindo essa perspectiva, assim que nasce o sujeito passa pelo processo de 
socialização primária, em que quando inserido em um ambiente social, recebe um nome 
e sobrenome por meio de sua família, além de ser ensinado, por meio dela, as mais 
básicas rotinas e normas presentes no mundo atual, dando início ao seu 
desenvolvimento histórico, cultural e social. Ainda nesse pensamento, há também o 
processo de socialização secundária. Nesta, o indivíduo tem contato com diferentes 
realidades, que começa na infância e continua na vida adulta, confrontando e 
transformando sua ótica. Assim, por meio de influências concebidas desde o 
nascimento, sua personalidade e o seu comportamento são moldados e, 
consequentemente, sua identidade é formada. 
Com base nos processos citados, torna-se evidente que a identidade do sujeito, 
até certo ponto, é imposta. Porém, no decorrer do tempo, ela é diluída à medida que o 
indivíduo avança lado a lado com a sociedade e seus padrões, passando a ser uma 
questão pessoal proveniente de escolhas individuais. Como exemplo disso, tem-se o 
youtuber Klébio Damas, de 22 anos e filho de mãe protestante, que, ainda jovem, se 
descobriu como bissexual. Como ele foi criado seguindo os ensinamentos de sua mãe, 
todo o processo de autoaceitação foi difícil, pois, durante toda a sua infância e 
adolescência, ele ouviu que isso era errado. Quando tinha 20 anos, sua irmã contou para 
sua mãe sobre um caso que ele teve com um rapaz de sua cidade, e, ao chegar em casa, 
ele viu seus familiares chorando. Sua mãe lhe disse que descobriu o que aconteceu e os 
dois tiveram uma conversa. Com isso, depois de um tempo, sua mãe aceitou sua 
sexualidade, e agora ele vive com seu marido em SP. 
Com o passar do tempo, a tecnologia se tornou um meio que auxilia na 
construção da identidade, pois, por meio dela, há o encurtamento do espaço-tempo, 
obtendo como resultado a integração global. Graças a esta, há um maior 
desenvolvimento nas relações interpessoais, que, antes das inovações tecnológicas, eram 
mais restritas. A partir disso, surgem as redes sociais, contribuindo para a construção da 
identidade do sujeito por meio da interatividade. Sendo assim, no ambiente virtual, o 
indivíduo recebe o poder de ser quem quiser ser e de consumir aquilo que deseja, 
buscando nesse ambiente, pessoas que apresentam conteúdos que o representam. 
Portando, a família deixa de ser a principal formadora de identidade e passa a ser apenas 
mais uma que contribui para o seu processo. 
Segundo Lívia de Pádua Nóbrega, graduada em jornalismo pela PUC de Goiás, 
em seu artigo “A construção de identidades nas redes sociais” (2010, p. 6): 
 
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo 
de recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não 
como uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente 
as formas de relacionamento na sociedade. 
 
Logo, uma pessoa no Brasil pode se comunicar facilmente por meio das redes sociais 
com uma que está em outro país, reduzindo assim o impasse da localização. Isso se 
torna perceptível quando há um collab entre artistas de diferentes países, por exemplo, a 
música “Boy with Luv” do grupo sul-coreano BTS com a cantora e compositora norte-
americana, Halsey. 
Essa interatividade virtual tem se tornado constante, pois muitas vezes, por meio 
das redes sociais, é possível ter uma maior conexão com outras pessoas quando 
comparada as relações que temos pessoalmente. Entretanto, as pessoas conseguem 
desvincular-se com mais facilidade uma das outras por meio de um “desfazer amizade” 
ou simplesmente por meio da opção “bloquear”, tornando, assim, essas relações mais 
frágeis. Diante desse contexto, o sociólogo polonês Bauman diz em seu livro 
“Modernidade líquida” (2001, p. 7,8 e 9): 
 
„Fluidez‟ é a qualidade de líquidos e gases. (…) Os líquidos, 
diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. (…) Os 
fluidos se movem facilmente. Eles „fluem‟, „escorrem‟, „esvaem-se‟, 
„respingam‟, „transbordam‟, „vazam‟, „inundam‟ (…) Essas são razões para 
considerar „fluidez‟ ou „liquidez‟ como metáforas adequadas quando 
queremos captar a natureza da presente fase (…) na história da modernidade. 
 
Para o sociólogo, o conceito de modernidade líquida substitui o de pós-
modernidade devido à inconstância e a vulnerabilidade presentes nas relações atuais. 
Assim, devido ao avanço tecnológico e, consequentemente, o uso exacerbado das redes 
sociais, as relações sociais e afetivas entre os indivíduos passam a ser consideradas por 
Bauman como “conexões”. Essas relações, antes estáveis e duradouras, agora, graças a 
essa liquidez, passam a ser volúveis e curtas. Como exemplo, tem-se Perrie Edwards, 
da girl group Little Mix, e Zayn Malik, ex-integrante do One Direction, que tiveram 
seu relacionamento de quatro anos rompido por mensagem de texto. 
Como resultado desses aspectos presentes nas relações, há uma transformação de 
mentalidade, em que o individualismo se sobrepõe. Devido aos muitos rompimentos nas 
relações interpessoais causados pela instabilidade, o sujeito passa a ter um sentimento 
de solidão e acaba recorrendo às redes sociais como uma forma de lidar com a carência 
emocional. Com isso, a realidade do sujeito é alterada, visto que ele passa a ter um olhar 
mais individual, estimulando o egoísmo e enfraquecendo a solidariedade para com o 
outro. 
Por meio de todos os contextos apresentados no decorrer do texto, fica evidente 
que a identidade é mutável, pois, além de sofrer uma mediação de sua família, o sujeito 
é inserido em diferentes configurações no mundo, iniciando o seu processo de 
transformação pessoal. Ademais, o surgimento das redes sociais contribui para a 
formação da identidade do sujeito por meio de “conexões” criadas entre as pessoas, seja 
por meio da profissão de influencer ditada pelo instagram ou até mesmo por vídeos 
disponibilizados por pessoas nos canais do YouTuber, entre outros. Então, aplicando a 
crítica que Bauman levanta a respeito da pós-modernidade, é notável que as identidades, 
possuindo uma influência direta das redes sociais em que até a forma de se vestir é 
alterada conforme os conhecidos looks são apresentados nelas, se tornaram fluidas como 
os líquidos, possuindo como tendência a fragmentação constante. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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