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Noções Introdutórios do Direito Tributário Unidade 3

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NOÇÕES 
INTRODUTÓRIAS 
DO DIREITO 
TRIBUTÁRIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer o Direito Tributário como ramo do Direito Público.
 > Distinguir Direito Tributário de Direito Orçamentário e Direito Financeiro.
 > Definir os principais conceitos utilizados no Direito Tributário.
Introdução
O tributo possibilita que o Estado cumpra os fins constitucionalmente previstos 
sem a necessidade de intervir na economia, ou, ao menos, que o faça de forma 
reduzida. Nos Estados em que o governo detém os meios de produção, não há a 
necessidade de tributos para custear as despesas estatais. Os tributos são a condição 
de possibilidade para a livre iniciativa, e o Direito Tributário regula a atividade fiscal.
Neste capítulo, apresentaremos as diferenças entre o Direito Tributário e 
os Direitos Financeiro e Orçamentário, assim como noções introdutórias aos 
principais conceitos de Direito Tributário, para que você fique familiarizado 
com a linguagem do ramo. Por fim, será apresentada a estrutura da admi-
nistração tributária federal.
O Direito Tributário como ramo do Direito 
Público
As diferentes teorias que tentam explicar a origem e o fundamento do Direito 
como realidade, sejam essas teorias naturalistas ou positivistas, concordam 
Noções introdutórias 
ao Direito Tributário
Eduardo Kucker Zaffari
que o Direito serve como fundamental instrumento de regulação social. Ao 
elencar os fatos regulados, o Direito Positivo prescreve o que é licito ou ilícito, 
não adentrando na esfera da justiça dos regramentos prescritos. A observância 
das condutas permitidas, determinadas ou proibidas, é uma necessidade 
para que as individualidades possam coexistir em sociedade, o que apenas 
é possível mediante a concordância de seus cidadãos de renunciar a parte 
de sua liberdade em favor da segurança social. 
Aliando a noção de autonomia à ideia de formação do Estado como meio 
de prover segurança, proposta por Thomas Hobbes, o filósofo Immanuel Kant 
prescreveu, no ano de 1797, que “[...] qualquer ação é justa se for capaz de co-
existir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal, ou se na sua 
máxima de liberdade de escolha de cada um puder coexistir com a liberdade de 
todos de acordo com uma lei universal” (KANT, 2007, p. 46–47). Compreendendo 
o Direito além do mero texto constante no Direito Positivo, cujas prescrições 
são observadas nas modalidades de lícito e ilícito, Kant fundamentava o ato 
justo na moralidade das ações e na possibilidade de coexistência. 
O filósofo prussiano Immanuel Kant, após exaurir a investigação 
sobre a experiência sensível, abordou o Direito como experiência 
metafísica no livro Introdução ao Estudo do Direito: doutrina do Direito, de 1797. 
Observe que o Direito, como sistema, é uno, dividindo-se em diferentes ra-
mos (Direito Civil, Direito Penal, Direito Tributário, etc.) para fins metodológicos 
e para que a especialização de cada um desses ramos permita a aproximação ao 
rigorismo da linguagem que a ciência usualmente exige. Sacha Calmon Navarro 
Coelho afirma que os diferentes ramos do Direito se complementam, pois:
[...] essa divisão do Direito em ramos é, a um só tempo, funcional e didática, nada 
mais. Serve apenas ao pragmatismo, na regulação dos múltiplos aspectos da 
vida social, instituindo princípios e diretivas adequadas aos objetos regulados, e 
facilita no plano didático o ensino e compreensão do Direito (COÊLHO, 2008, p. 33). 
Nesse sentido, quando consta, no Código Penal brasileiro, que será punido 
o crime de furto, que consiste na subtração de coisa móvel alheia, será no 
Direito Civil que se buscará o conceito de coisa móvel. Da mesma forma, ao 
prescrever a incidência de tributo causa mortis quando da partilha a partir da 
abertura da sucessão, é o Direito Civil que prescreve quando se dá a abertura 
da sucessão e a forma de realização da partilha de bens. Conforme Leandro 
Paulsen (2017, p. 29):
Noções introdutórias ao Direito Tributário2
O Direito Tributário guarda íntima relação com quase todos os ramos do Direito. 
E, como todos os outros, é parte do Sistema Jurídico. Aliás, há muito já se desmi-
tificou a ideia de que se poderia ter qualquer ramo marcado por uma autonomia 
que se pudesse confundir com isolamento ou independência. O Direito é um só, 
ainda que contemple tratamento específico das diversas áreas por ele regidas.
A divisão entre Direito Público e Privado advém do Direito Romano, que 
distinguia ambos em decorrência de sua finalidade. Segundo lecionava Gustav 
Radbruch (2004, p. 54), os romanos prescreviam que “publicum ius est quod ad 
statum rei Romanae spectat, privatum quod ad singulorum utilitatem” ou seja, 
Direito Público é aquele que se refere ao Estado romano, enquanto o privado é 
o relativo à utilidade da pessoas. Porém, essa distinção, durante a Idade Média, 
não era reconhecida, ante as características absolutistas da época. Nos países 
socialistas, o Direito Público era predominantemente reconhecido. Tampouco 
se pode afirmar uma exata divisão entre ambos (Direito Público e Privado), 
conforme se demonstra pela relação entre os diferentes ramos do Direito, que, 
por questões metodológicas, desconsideram a unicidade do Direito. 
O jurista e filósofo Hans Kelsen confirmou que não havia se definido, 
satisfatoriamente, a correta distinção entre Direito Público e Privado. Se-
gundo o jusfilósofo, o Direito Privado representa uma relação entre sujeitos 
em posição de igualdade, ou seja, de sujeitos com igual valor para o Direito. 
Por sua vez, o Direito Público apresentara uma relação entre um sujeito hie-
rarquicamente superior a um subordinado. Em suas palavras “[...] a relação 
típica de Direito Público é a que existe entre Estado e o súdito” (KELSEN, 
2003, p. 310). Kelsen (2003) lecionava que, à época, costumava-se contrapor 
as relações privadas como “relações de Direito” em distinção às relações de 
Direito Público, consideradas “de domínio” ou de “poder”. Mas a característica 
destacada é que, nas relações de Direito Público, os órgãos de Estado podem 
obrigar os administrados por meio de manifestações unilaterais de vontade 
(comandos). Nos dizeres de Kelsen (2003, p. 311):
[...] apresenta-se como típica relação de Direito Privado o negócio jurídico, especial-
mente o contrato, pelo qual as partes contratantes são juridicamente vinculadas 
a uma conduta recíproca. Enquanto aqui os sujeitos que hão se ser vinculados 
participam na criação da norma vinculante — nisto reside precisamente a essên-
cia da produção contratual do Direito —, o sujeito que vai ser obrigado não tem, 
relativamente ao comando do administrativo de Direito Público, qualquer espécie 
de participação na criação da norma vinculante.
A Constituição de 1988 prescreve que o Estado brasileiro deverá promover 
a dignidade da pessoa humana, fomentando os direitos individuais e as res-
Noções introdutórias ao Direito Tributário 3
pectivas garantias. Embora o Brasil não tenha chegado a se caracterizar como 
Estado Social, que importaria na observância dos direitos mínimos e básicos 
de todos os cidadãos, o País adotou a configuração de Estado Democrático 
de Direito, que lhe determina o cumprimento das exigências de um Estado 
Social, associadas à participação do cidadão em todas as esferas de Poder. 
Ou seja, um Estado Democrático de Direito deve resguardar o cidadão e sua 
participação (BRASIL, 1988). 
Entre outras obrigações, a União, os estados, os municípios e o Distrito 
Federal têm atribuições previstas no art. 23 da Constituição, que incluem:
I — zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e 
conservar o patrimônio público;
II — cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência;
III — proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV — impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de 
outrosbens de valor histórico, artístico ou cultural;
V — proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, 
à pesquisa e à inovação;
VI — proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII — preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII — fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX — promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições 
habitacionais e de saneamento básico;
X — combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo 
a integração social dos setores desfavorecidos;
XI — registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e 
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII — estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito 
(BRASIL, 1988, documento on-line).
Por essa razão, a Constituição Federal outorga, aos entes federados, a 
competência constitucional para instituir tributos e legislar sobre Direito 
Tributário, na forma do art. 24 da Constituição (BRASIL, 1988). Os municípios 
têm competência tributária prescrita no art. 30, III, da mesma Carta. No 
entanto, como leciona Paulsen (2017), pagar tributos não se trata de uma 
mera submissão do cidadão à vontade estatal, mas de uma nova realidade, 
em que a liberdade se coaduna com participação social e solidariedade, em 
que a tributação passa a ser instrumento de fortalecimento das instituições 
estatais para que possam promover os fins do Estado Democrático de Di-
reito. Em outras palavras, a existência de um Estado que possa promover 
os cidadãos e, ao mesmo tempo, permitir a livre iniciativa e a propriedade, 
Noções introdutórias ao Direito Tributário4
necessita ser custeado por meio da tributação. Se o Estado não se financiar 
por meio dos tributos, terá que se apropriar dos meios de produção para a 
realização de seus fins.
Dessa forma, concluímos que o Direito Tributário é o ramo do Direito em 
que há uma relação jurídico-tributária que tem o Estado como credor e o 
contribuinte como devedor de uma obrigação pecuniária, com deveres, ga-
rantias formais, procedimentais e processuais. Os fins desse ramo do Direito, 
sejam constitucionais ou filosóficos (como o direito/dever de participação 
na construção do Estado e dignificação da pessoa humana), determinam que 
se situe o Direito Tributário como ramo do Direito Público, em que o cidadão 
não participa diretamente da confecção das normas que lhe obrigarão ao 
pagamento dos tributos, podendo o Estado usar de seu poder coercitivo 
para obrigar o cidadão ao pagamento de impostos, taxas e demais exações.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar nº 101, de 4 de 
maio de 2000, prescreve limites ao gasto público conforme a capa-
cidade de arrecadação de tributos de cada ente federado, punindo os gestores 
públicos negligentes (BRASIL, 2000).
A distinção entre Direito Tributário, 
Orçamentário e Financeiro
Aliomar Baleeiro, um dos maiores juristas que o País teve, em sua grande 
obra Direito Tributário Brasileiro, costumava comentar que, nos países de-
mocráticos, a atividade financeira estatal se desdobra dentro de um campo 
institucional delimitado pelo Direito Público. O jurista referia que “[...] nos 
países de Constituição rígida e de controle judicial da constitucionalidade e 
legalidade dos atos dos governantes, como o Brasil, os Estados Unidos e a 
Argentina, a sujeição da atividade financeira aos moldes jurídicos é a mais 
enérgica do que nos demais” (BALEEIRO, 2009, p. 1). 
A atividade financeira pelo Estado não é apenas a obtenção de receita 
para a realização de seus fins. A atividade financeira do Estado se desdobra 
em receita, despesa, orçamento e crédito público, competindo ao Direito 
Financeiro disciplinar essas atividades. Embora o Direito Financeiro seja 
mais próximo do Direito Administrativo, a maior parte dos doutrinadores 
contemporâneos o consideram como ramo autônomo em relação aos demais, 
Noções introdutórias ao Direito Tributário 5
haja vista a existência de princípios jurídicos específicos, de obras jurídicas 
próprias e de jurisprudência sobre seu conteúdo. 
No entanto, não é apenas a existência de uma doutrina específica, 
de princípios e de jurisprudência próprios que determina ser o Direito 
Financeiro autônomo. Consta, na Constituição Federal de 1988, art. 24, 
que “Compete à União, estados e ao Distrito Federal legislar concor-
rentemente sobre: I — Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário [...]” 
(BRASIL, 1988, documento on-line). Dessa forma, pode-se afirmar que 
o Direito Financeiro é o ramo autônomo que trata e disciplina sobre 
a receita pública, a despesa pública, o orçamento público e o crédito 
público. Observe, porém, que não se deve confundir com a ciência das 
finanças, que trata dos mesmos objetos, mas sob o viés científico (filo-
sófico, sociológico, etc.). O Direito Financeiro disciplina esses objetos 
sob o espectro prático de sua realização. 
O Direito Tributário engloba regras de processo administrativo, em 
que o contribuinte poderá discutir a relação jurídico-tributária e, 
eventualmente, tornar inválida a cobrança do tributo. O processo administrativo 
tributário federal tem previsão expressa no Decreto nº 70.235, de 6 de março 
de 1972 (BRASIL, 1972). 
No exercício de suas atividades, e para atender seus fins, o Estado 
poderá obter receitas originárias ou derivadas. Nas receitas originárias, o 
estado abdica de suas vantagens em relação aos particulares decorrentes 
do Direito Público e age de forma semelhante aos particulares, obtendo 
receitas patrimoniais e empresariais. Um exemplo de receita originária é 
dado por Ricardo Alexandre, ao referir a receita decorrente de um contrato 
de aluguel, em que o particular, pagando o aluguel, adere à locação de 
um imóvel do Estado, não sendo necessária a manifestação de vontade 
estatal, o qual receberá o aluguel decorrente da locação (ALEXANDRE, 
2017). Nas receitas derivadas, o Estado agirá utilizando suas prerrogativas 
de Direito Público, editando leis e obrigando os particulares a praticarem 
determinados atos ou a se colocarem em certas situações que os obri-
guem a entregar valores aos cofres públicos. Um exemplo típico é o dever 
de pagar tributos. As receitas públicas podem ser divididas conforme 
o Quadro 1.
Noções introdutórias ao Direito Tributário6
Quadro 1. Divisão das receitas públicas
Tipo de receita Regime jurídico
Principal 
característica Exemplo
Receitas 
originárias 
(advindas do 
patrimônio do 
Estado)
Regras de Direito 
Privado
O Estado explora 
seu próprio 
patrimônio
Empresas 
públicas ou 
aluguéis de bens 
públicos
Receitas 
derivadas 
(advindas do 
patrimônio do 
particular)
Regras de Direito 
Público
O Estado obriga 
os particulares a 
contribuir para as 
receitas públicas
Tributos, multas 
e reparações de 
guerra
O orçamento é uma peça que contém a aprovação prévia da despesa e da 
receita para determinado período. Segundo Kiyoshi Harada, “[...] atualmente, 
o orçamento deixou de ser mero documento de caráter contábil e administra-
tivo, para espelhar toda a vida econômica da Nação, constituindo-se em um 
importante instrumento dinâmico do Estado a orientar sua atuação sobre a 
economia” (HARADA, 2018, p. 109). Em outras palavras, o orçamento público 
prescreve um plano de ação governamental que representa os anseios sociais 
de certo povo. Aliomar Baleeiro (1969, p. 397) afirmava que:
[...] o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza 
ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao 
funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econô-
mica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei. 
Discute-se em relação à natureza jurídica do orçamento, pois há correntes 
doutrinárias que afirmam que o orçamento é um ato administrativo quanto às 
despesas públicas (uma vez que se trataria de mera operação administrativa)e 
uma lei material em relação às receitas tributárias, pois criaria obrigações aos 
contribuintes genericamente. Harada, ainda, afirma que (HARADA, 2018, p. 111):
[...] a lei orçamentária difere das demais leis, caracterizadas por serem genéricas, 
abstratas e constantes ou permanentes. Ela é, na verdade, uma lei de efeito con-
creto para vigorar por um prazo determinado de um ano, fato que, do ponto de 
vista material, retira-lhe o caráter de lei. Exatamente, essa peculiaridade levou 
parte dos estudiosos a sustentar a tese do orçamento como ato-condição. Sob o 
enfoque formal, no entanto, não há como negar a qualificação de lei.
Noções introdutórias ao Direito Tributário 7
Porém, se o Direito Financeiro versa sobre a receita pública, a despesa 
pública, o orçamento público e o crédito público, e o Direito Orçamentário 
versa sobre a prévia aprovação das despesas e receitas públicas, é importante 
definir o campo do Direito Tributário. Aliomar Baleeiro afirmava, ao definir 
o Direito Tributário, que “[...] o Direito Fiscal, sinônimo de Direito Tributário, 
aplica-se contemporaneamente e a despeito de qualquer contraindicação 
etimológica, ao campo restrito das receitas de caráter compulsório” (BALE-
EIRO, 2009, p. 5). Assim, temos que o Direito Tributário é o ramo do Direito 
que disciplina e trata, especificamente, das receitas derivadas e, mais es-
pecificamente, dos tributos. 
Ao lecionar sobre a separação desse ramo do Direito do Direito Financeiro, 
Leandro Paulsen (2017) leciona que, no último século, houve a evolução de 
tratamento sistemático e específico das questões atinentes à tributação, 
identificando-se princípios e institutos próprios, com a especificidade 
focada na imposição e arrecadação de tributos. Eduardo Sabbag (2013, p. 
39), em extensa obra, define que o “[...] Direito Tributário é ramificação 
autônoma da Ciência Jurídica, atrelada ao Direito Público, concentrando o 
plexo de relações jurídicas que imantam o elo ‘Estado versus contribuinte’, 
na atividade financeira do Estado, quanto à instituição, fiscalização e ar-
recadação de tributos”.
Em apertada síntese, constata-se que o Direito Tributário, o Direito Fi-
nanceiro e o Direito Orçamentário estão ligados entre si como conjunto das 
prescrições das despesas e receitas estatais, tratando de pontos específicos 
da atividade financeira do Estado. Suas regras, seus princípios e seus institutos 
ganham especial relevo em razão dos fins a serem alcançados pelo Estado, 
sobretudo em razão da obrigação estatal de realização do bem comum e da 
participação democrática.
Principais conceitos utilizados pelo Direito 
Tributário
A Constituição Federal de 1988 é o principal instrumento norteador de todo 
o sistema tributário nacional. É na Constituição Federal que constam as limi-
tações ao poder de tributar e estão elencadas as competências tributárias. A 
competência tributária constitui um rol taxativo constante entre os artigos 
145 a 149-A (BRASIL, 1988). Isso significa que, em um sistema rígido como o 
brasileiro, apenas se poderão instituir tributos expressamente previstos na 
Constituição Federal. 
Noções introdutórias ao Direito Tributário8
Perfeitamente recepcionado e atual, o art. 6º do Código Tributário 
Nacional observa que “A atribuição constitucional de competência tribu-
tária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limi-
tações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados 
e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado 
o disposto nesta Lei” (BRASIL, 1966, documento on-line). Pela redação 
do art. 6º, entende-se que a competência tributária é uma atribuição 
legislativa, pela Constituição, às pessoas de Direito Público interno, para 
instituir tributos. 
Ao referir “competência legislativa plena”, o art. 6º do Código Tribu-
tário quis representar que se trata de uma possibilidade, não de uma 
imposição, que compreende a possibilidade de instituição do tributo e 
sua regulamentação. As normas gerais de Direito Tributário não substitui-
rão a competência constitucionalmente outorgada à União, aos estados, 
aos municípios ou ao Distrito Federal. Caso algum ente federal deixe de 
instituir algum tributo cuja competência lhe outorga a Constituição, não 
poderá outro ente substituir o omisso e instituir o tributo em seu lugar. 
A competência se dá no limite atribuído pela Carta Magna, seja exclusiva 
ou concorrente.
Os tributos estão submetidos ao princípio da legalidade estrita, o 
que significa que deverão conter, obrigatoriamente, os elementos 
constantes em lei, conforme consta no art. 97 do Código Tributário Nacional, 
como a alíquota, a base de cálculo, o sujeito passivo, a multa e fato gerador 
(BRASIL, 1966).
Além da Constituição Federal, o segundo instrumento legislativo mais 
importante é o Código Tributário Nacional, denominado CTN. 
O Ministro da Fazenda Osvaldo Aranha, em 1953, solicitou ao professor 
Rubens Gomes de Souza, então professor da Universidade de São Paulo, que 
redigisse um anteprojeto de Código Tributário Nacional, o que foi realizado 
e converteu-se no Projeto de Lei nº 4.834, de 1954. Após longo trâmite, e 
com ajustes realizados pelo próprio Rubens Gomes de Souza e Gilberto 
Ulhoa Canto para adaptação à então vigente Emenda Constitucional nº. 
18, o anteprojeto converteu-se na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. 
O Ato Complementar nº 36, de 14 de março de 1967, denominou-a “Código 
Tributário Nacional”. 
Noções introdutórias ao Direito Tributário 9
O CTN é uma lei nacional, não federal. Isso porque se aplica não 
somente ao ente federal, mas à União Federal, aos estados, aos 
municípios e ao Distrito Federal. É considerada recepcionada pela Constituição 
Federal de 1988 em tudo aquilo que não for incompatível com a Constituição, 
recepcionada como lei materialmente complementar.
A administração tributária tem como especial protagonista a Fazenda 
Nacional, em que o Estado realizará suas políticas financeiras. Segundo 
Leonardo Carneiro da Cunha (2018, p. 33):
A expressão Fazenda Pública identifica-se tradicionalmente como a área da Ad-
ministração pública que trata da gestão das finanças, bem como da fixação de 
políticas econômicas. Em outras palavras, Fazenda Pública é a expressão que se 
relaciona com as finanças estatais, estando imbricada com o termo Erário, repre-
sentando o aspecto financeiro do ente público. 
A essa completa definição, acrescenta-se o prescrito na Constituição 
Federal, incisos XVIII e XXII do art. 37, em que a administração tributária são 
“[...] atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servi-
dores de carreiras específicas” e que “[...] a administração fazendária e seus 
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, 
precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei” (BRASIL, 
1988, documento on-line).
Em âmbito federal, a administração tributária é exercida pela Se-
cretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), competindo às respectivas 
Secretarias de Fazenda dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. 
Observe que, usualmente, refere-se à Fazenda Pública em juízo como 
forma de personificar o Estado em sua função relativa à gestão das 
finanças públicas. A SRFB está subordinada ao Ministério da Fazenda, 
administrando tributos de competência da União e subsidiando o Poder 
Executivo Federal na formulação da política tributária do País, além de 
combatendo sonegação fiscal, contrabando, descaminho, pirataria, frau-
des comerciais, entre outras atividades relacionadas. Igualmente, a Re-
ceita Federal exerce o controle do tráfego aduaneiro. A Lei nº 11.457, de 16 
de março de 2007, é o principal instrumento jurídico que trata da Receita 
Federal (BRASIL, 2007).
A fiscalização tributária é realizada pelos auditores-fiscais, que têm como 
atribuições os seguintes atos administrativos (BRASIL, 2002): 
Noções introdutórias ao Direito Tributário10
 � constituir o crédito tributário e de contribuiçõesmediante lançamento 
tributário; 
 � elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo admi-
nistrativo-fiscal, bem como em processos de consulta, restituição 
ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de 
benefícios fiscais; 
 � executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos 
na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle 
aduaneiro, a apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, 
equipamentos e assemelhados; 
 � examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, 
órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes; 
 � proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação 
da legislação tributária; 
 � supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte. 
O analista-tributário exerce atividades técnicas e preparatórias em apoio 
às atribuições dos auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil.
A fiscalização tributária é realizada por meio de atos administrativos, 
os quais têm por principais atributos (que não excluem outros, como a 
revogabilidade, a estabilidade e a impugnabilidade) a presunção de legitimidade 
e veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade. 
Um conceito importante a ser compreendido é a obrigação tributária, 
que consta no art. 113 do CTN, o qual prescreve que “A obrigação tributária é 
principal ou acessória” (BRASIL, 1966). Baleeiro (2009) afirmava que o Direito 
Tributário se valia da construção conceitual do instituto realizada pelo Direito 
Privado em seu desenvolvimento. Sua ideia de que o Direito Tributário deve 
se servir do conceito de Direito Privado para obrigação vai ao encontro de seu 
entendimento de que a obrigação tributária consiste no dever de dar (dinheiro), 
fazer (declarações, informar, etc.), deixar de fazer (importação proibida, deixar 
de emitir notas ficais, etc.) e tolerar (o exame de livros fiscais, etc.). 
Misabel Abreu Machado Derzi aponta as características da obrigação 
tributária que a tornam diferenciada da obrigação civil. A primeira caracte-
rística advém da crítica do jusfilósofo do Direito Paulo de Barros Carvalho, 
para quem não se poderia atribuir às obrigações acessórias a designação de 
Noções introdutórias ao Direito Tributário 11
obrigação. A obrigação, para o Direito Privado, tem um cunho pecuniário, o 
que a obrigação acessória do Direito Tributário não tem (pois se trata apenas 
de um fazer, não fazer ou tolerar) (BALEEIRO, 2009).
Na relação jurídico-tributária, há que se reconhecer o sujeito ativo e o 
sujeito passivo da obrigação tributária. O sujeito ativo é o credor da obriga-
ção tributária, seja ela principal (receber dinheiro), seja ela acessória (exigir 
atitudes positivas ou negativas do sujeito passivo), o que lhe dá a prerrogativa 
de editar normas tributárias de fiscalização, cobrar os tributos, fiscalizar, 
constituir o crédito tributário, inscrever em dívida ativa e ajuizar execução 
fiscal. O sujeito passivo tem por dever um dar, um fazer, um deixar de fazer ou 
um tolerar, os quais consistem em obrigações principal ou acessórias. O não 
cumprimento de qualquer dessas obrigações, as quais devem sempre estar 
prescritas em lei, acarretará a responsabilização do sujeito passivo. É o art. 
121 do CTN que prescreve que o “[...] sujeito passivo da obrigação principal 
é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária” e o 
art. 122 que complementa que “[...] sujeito passivo da obrigação acessória é a 
pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto” (BRASIL, 1966).
Por derradeiro, o conceito de tributo, que se dividirá em impostos, ta-
xas, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições, 
encontra-se no CTN, art. 3º, em que consta que “[...] tributo é toda prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que 
não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante 
atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). Os tributos 
são a maior fonte de receita do Estado.
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no 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972; revoga 
dispositivos das Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 10.593, de 6 de dezembro de 
2002, 10.910, de 15 de julho de 2004, 11.098, de 13 de janeiro de 2005, e 9.317, de 5 de 
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