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Glomerulonefrites Anatomia Renal → Os componentes renais são: néfrons, túbulos coletores e a microvasculatura exclusiva. → O glomérulo renal, também conhecido como corpúsculos renais, pertence ao néfron, que se localiza na medula renal, correspondendo a unidade funcional dos rins, sendo um emaranhado de capilares que ficam ancorados ao mesângio e são envolvidos pela cápsula de Bowman. Essa unidade é responsável por realizar a filtração do sangue e eliminar os resíduos metabólicos pelos túbulos renais. ↪ Dentre esses resíduos, vamos ter os nitrogenados, aminoácidos, hormônios, água e sais minerais. → Para entender a filtração, devemos entender que o liquido a ser filtrado passa por três barreiras: ↪ Endotélio: na síndrome nefrítica, há a inflamação do endotélio glomerular, isso gera uma lesão das alças capilares e por isso ocorre hematúria e proteinúria. ↪ Mesângio; ↪ Podócitos: são prejudicados na síndrome nefrótica devido ao seu achatamento e consequente separação do espaço de filtração, gerando proteinúria. → A partir daí, todas as três camadas são responsáveis por filtrar e impedir que as proteínas plasmáticas sejam transferidas para o espaço de Bowman e consequentemente, excretadas. → A urina é transferida para o espaço de Bowman, que irá para o túbulo proximal e será excretada. Glomerulopatias → As glomerulopatias são o nome dado pelas doenças que irão acometer os glomérulos, elas podem ser primarias (lesão restrita ao rim) ou secundárias (doença sistêmica que atinge vários órgãos, inclusive os rins): ↪ Primária: glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), glomerulonefrite membranosa (GNM), glomerulonefrites por lesões mínimas (GNLM), glomeruloesclerose segmentar focal (GESF), glomerulonefrites Membranoproliferativa (GNMP) e nefropatia por IgA. ↪ Secundárias: glomerulonefrite lúpica, nefropatia diabética, amiloidose, síndrome de Goodpasture, poliartrite nodosa, granulomatose de Wegener, purpura de Honoch- Schönlein e endocardite bacteriana. → Independente do mecanismo de acometimento, essa lesão é acompanhada de alteração de função, estrutura e permeabilidade do glomérulo, desencadeando passagem anormal de proteínas e outros elementos, além de reduzir a filtração glomerular e gerar distúrbios na excreção de sódio e água. → Dentre os sintomas teremos: ↪ Proteinúria: aumento da permeabilidade; ↪ Hematúria: inflamação da parede capilar; ↪ Oliguria ou anuria: inflamação e queda do ritmo de filtração; ↪ Elevação de uréia e creatinina: queda no ritmo de filtração; ↪ Hipertensão: retenção de fluido pelo rim. → Os pacientes acometidos por glomerulopatias podem ser tanto aqueles portadores de HAS e que apresentam edema, hematúria ou proteinúria, quando os que possuem uma doença fulminante com injúria renal aguda. → As glomerulopatias estão associadas a DM, HAS, amiloidose, lúpus, vasculites e causas familiares. → Dentre os medicamentos que podem desencadear uma glomerulopatia estão os AINEs, penicilamina, ciclosporina e contraceptivos orais. → Além disso, doenças infecciosas agudas ou persistentes também possuem relação com a condição, dentre elas, podemos destacar infecção por estreptococos, endocardite infeciosa e infecções virais. Síndrome Nefrótica → É uma síndrome clínico-laboratorial causada pelo aumento da permeabilidade às proteínas plasmáticas. Sendo patognomônica de doença glomerular. → Pacientes nessa condição podem apresentar função renal dentro da normalidade, mas também podem apresentar insuficiência renal sobreposta a síndrome nefrótica prolongada. → É caracterizada por proteinúria maciça, hipoalbuminemia, edema generalizado, hipercolesterolemia e lipidúria. → Ela pode ser considerada em casos que ocorre a proteinúria acima de 3,5g/24 h. → Podemos encontrar nessa síndrome distúrbios relacionados a hipercoagulabilidade devido a perda de fatores inibidores de coagulação. → Dentre as principais causas encontramos a glomerulopatias de lesões mínimas, GESF e glomerulonefrite membranosa, glomeruloesclerose diabética. Hipoalbuminemia → Como há a perda de albumina pela urina, o fígado tenta compensar sintetizando mais o aminoácido, sendo que esse mecanismo compensatório pode se mostrar atenuado na síndrome nefrótica. → Essas variações de proteínas plasmáticas geram uma hipercoagulabilidade e hiperlipidemia. Edema → Os principais mecanismos envolvidos no edema nefrótico são o underfill e overfill. ↪ O primeiro é mais comum em crianças com doença de lesão mínima devido a albumina sérica baixa, que gera uma diminuição da pressão oncótica e faz com que o fluido saia para o espaço extracelular e há a redução do volume sanguíneo circulante e uma resposta compensatória faz com que haja o estimulo no sistema renina-angiotensina, gerando uma retenção de sódio no túbulo distal. Esse método compensatório piora o edema por gerar uma baixa pressão oncótica e altera o equilíbrio das paredes dos capilares e favorece a pressão hidrostática, fazendo com que o fluido vá para o espaço intersticial. ↪ O mecanismo de overfill acontece em alguns pacientes nefróticos, pois estes possuem um defeito no néfron distal em excretar sódio, como resultado disso, ocorre um aumento do volume sanguíneo, gerando uma hipertensão. Balanço Nitrogenado Negativo → Devido a proteinúria, há um consequente balanço nitrogenado negativo que é medido pela albumina sérica. → Como consequência disso, os pacientes perdem grande quantidade de massa magra, que é mascarada pelo edema. → O aumento da ingestão proteica não melhora o metabolismo da albumina, pois a albumina eleva a pressão glomerular, elevando a perda de proteína pela urina. → Por outro lado, a redução da ingesta de proteína irá acarretar, a longo prazo, uma diminuição na síntese da albumina, aumentando o risco de balanço nitrogenado negativo. Principais Lesões que Cursam para Síndrome Nefrótica → Glomerulopatias de lesões mínimas; → GESF; → Glomerulopatia membranosa; → Glomeruloesclerose nodular; → Glomerulonefrites membranoproliferativa; → Nefropatia por IgA; → Glomerulonefrites fibrilar ou imunotactoide. Síndromes Nefríticas → Caracterizada por hipertensão, edema, hematúria e proteinúria. → Na síndrome nefrítica vemos uma inflamação glomerular, desencadeando uma proteinúria não nefrótica, edema e HAS devido a retenção de sódio, associada a hematúria com cilindros hemáticos. → A apresentação mais clássica é aquela vista na glomerulonefrite pós-estreptocócica aguda em crianças. ↪ Vemos um início súbito de oliguria, ganho de peso e edema generalizado. Albumina sérica, geralmente, se apresenta normal. Além disso, vemos uma hipertensão e edema pulmonar. → Ela é caracterizada por edema, HAS, hematúria, graus variáveis de insuficiência renal e proteinúria pouco intensa, com menos de 3g/dia. Etiologia → É mais desafiadora do que a nefrótica, pois algumas doenças são identificadas pela histologia como a nefropatia por IgA, outras pela sorologia e histologia como a vasculite associada a nefrite lúpica e outras pela etiologia como a GN pós-infecciosa. → Dentre os achados, teremos a presença de hemácias dismórficas (primeira e segunda imagens) e cilindros hemáticos (terceira imagem). Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP) → É uma condição clínica que o comprometimento glomerular é tão grave e agudo que a função renal se deteriora em questão de dias/semanas. → Ocorre a ruptura da membrana basal glomerular, ocorrendo a proliferação das células para o espaço de Bowman. → Temos como quadro clinico a urgência urêmica, síndrome nefrítica não autolimitada e rápida progressão para falência renal. → Porém, nem todos os pacientes que apresentam sedimento urinário nefrítico e IRA irão apresentar sintomas. Alterações Urinárias Assintomáticas → Exames de urina que apontam proteinúria ou micro- hematuria são a primeira evidencia de doença glomerular. ↪ A doença glomerular deve ser considerada quando houver uma micro hematúria quandohouver mais de 5% dos eritrócitos acantócitos. → Entretanto, o rastreio não é indicado pois não se é realizado biópsia e intervenções quando a função renal está preservada. → O rastreio de microalbuminuria deve ser feita em populações de alto risco como diabéticos, hipertensos, história familiar de doença renal ou com doenças cardiovasculares. → Pacientes que apresentam macro hematúria associada a proteinúria assintomáticas tem muito maior risco de desenvolver lesão glomerular significativa. ↪ A macro hematúria se apresenta da cor marrom ou acinzentada. Proteinúria Assintomática → A excreção normal de proteína pela urina deve ser inferior a 150mg/24 horas, sendo que dessas, 20 a 30 mg de albumina. → Entretanto, a proteinúria assintomática não nefrótica é aquela abaixo de 3,5 gramas/dia. → Dentre as causas para essa proteinúria estão: ↪ Transbordamento: é a excreção de cadeias leves. Vista no mieloma e outras condições. ↪ Tubular: causada devido a doença tubulointersticial. ↪ Glomerular: dentro dela, teremos mais algumas classificações. → Funcional: é a proteinúria transitória e pode estar associada a febre, exercício, IC e estados hiperadrenérgicos e hiperreninemicos, é benigna e causada pelo aumento da pressão ou fluxo em um único néfron. → Ortostática: ocorre somente durante o dia, ou seja, na primeira urina do dia, não haverá perda de proteína. Exame Físico → A presença de edema depressível, pode ser indicativo de síndrome nefrótica, sendo que essa condição aparece mais frequentemente na região periorbital pela manhã. → Com a progressão da síndrome nefrótica, vemos um edema mais presente em órgãos genitais e parede abdominal, sendo que a última pode desencadear ascite e derrame pleural. ↪ O edema pode se tornar maciço quando cronificado. → Em crianças, a síndrome nefrítica pode desencadear um acumulo de líquidos. → A hipoalbuminemia crônica pode causar palidez ungueal, podendo indicar uma síndrome nefrótica transitória. → Xantelasmas podem estar presentes devido a hiperlipidemia ocasionada pela síndrome nefrótica de longa data. → Em relação aos pulmões, podemos ver a síndrome pulmão-rim, quando há uma combinação de hemorragia alveolar difusa, associada a glomerulonefrites (Síndrome de Goodpasture), patologia em que os anticorpos do colágeno se ligam a membrana basal alveolar e glomerular. Avaliação Laboratorial → Devemos avaliar a função renal, sendo necessário um exame cuidadoso da urina. → Além disso, testes sorológicos são uteis, dentre eles: ↪ Anticorpos Antinucleares e Anti-DNA para lúpus; ↪ Crioglobulinas e fator reumatoide sugerem crioglobulinemia; ↪ Anticorpo antimembrana basal glomerular (anti- MBG) sugere doença de Goodpasture; ↪ Anticorpo antcitoplasma de neutrófilo (ANCA) sugere vasculite; ↪ Antiestreptolisina O ou teste da estreptozima sugere glomerulonefrites pós-estreptocócica. → Podemos realizar eletroforese sérica e urinaria para diagnosticar amiloidose associada ao mieloma ou doença de depósito de cadeia leve. → Hemoculturas e testes para hepatite B e C e HIV. → Devemos mensurar a ativação da cascata do complemento através da dosagem sérica de C3, C4 e CH50. Imagem → Devemos realizar USG para verificar a presença de dois rins, além de descartar obstruções e anormalidade anatômicas. Biópsia Renal → Geralmente é solicitada para estabelecer qual tipo de doença estamos lidando. ↪ Em crianças: alta probabilidade de ser DLM; ↪ Síndrome nefrítica aguda: acontecimento pós- estreptocócica; ↪ Doença de Goodpasture: presença de lesão pulmonar; ↪ Vasculites: presença de vasculites sistêmicas; ↪ Diabéticos de longa data: nefropatia diabética. Tratamento → Antes de decidir a terapêutica, devemos confirmar que se trata de uma doença glomerular primaria. → Sabendo disso, o manejo irá ser feito de acordo com os sintomas. Hipertensão → Uso de altas doses de diuréticos e restrição dietética de sódio. → Melhores desfechos para pacientes com proteinúria com mais de 1 g/dia quando pressão mantida a 125/75 mmHg. → Uso de IECA e BRA como terapia de primeira escolha. → Os bloqueadores de canal de cálcio di-hidropiridínicos podem exacerbar a proteinúria por dilatar a arteríola aferente. Proteinúria → Deve ser mantida abaixo dos 0,5mg/dia. → Uso de IECA e BRA é indicado pois reduzem 40% a 50% da proteinúria. Hiperlipidemia → O tratamento deve seguir os protocolos de prevenção de pessoas com doença cardiovascular. → Uso de estatina para pacientes acima dos 50 anos com DCR em estágios precoces e mais avançados. → Para jovens, o uso de estatina fica restrito àqueles que apresentarem alguma doença coronária, diabetes melito, AVE. Evitar Substancias Nefrotóxicas → AINEs, agentes de radiocontraste, ATB aminoglicosídeos. Edema Nefrótico → Diuréticoterapia VO duas vezes ao dia associada a restrição moderada de sódio, indicado de 60 a 80 mmol/24h. → Quando houver um comprometimento importante do AGI por nefropatias graves, deve-se utilizar diuréticos EV. → A combinação de diurético de alça com tiazídico pode superar a resistência diurética. → A redução de peso deve ser de 1 a 2kg/dia Hipercoagulabilidade → O risco trombótico aumenta a medida que a albumina sérica diminui para menos de 2,5g/dl. → Dessa forma, é indicado a anticoagulação profilática em doses baixas. ↪ Heparina 5.000 unidades via subcutânea 2 vezes ao dia.
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