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Rivana Farias – Odontologia – T12 Patologia pulpar - Se a resposta imunológica não consegue eliminar o agente agressor, ela, pelo menos e na grande maioria das vezes, consegue controlá-lo, confinando-o ao local da agressão. - A agressão à polpa e ao ligamento periodontal apical e lateral pode ser de origem biológica, física (térmica ou mecânica) ou química. - A lesão perirradicular geralmente é caracterizada por reabsorção óssea, que permite ao osso recuar estrategicamente para longe da zona infectada, sendo substituído por um tecido inflamado. Polpa dentária Funções: formativa, sensitiva, nutritiva, defensiva. DEFESAS DO HOSPEDEIRO CONTRA A INFECÇÃO – VISÃO GERAL PATOLOGIA PULPAR PATOLOGIA PULPAR Resposta da Polpa à Agressão - Bactérias em lesões de cárie são a principal fonte de agressão à polpa. - A necrose total da polpa é resultante da acumulação gradual de focos de necrose. Após a necrose de um compartimento de tecido pulpar, o biofilme bacteriano avança no tecido pulpar em direção apical. Consequentemente, o tecido imediatamente adjacente à região infectada vai ser agredido e reagir da mesma forma. - Em resumo, estes eventos de agressão bacteriana, inflamação, necrose e infecção ocorrem na polpa por incrementos de tecido que se aglutinam e migram apicalmente até que toda a polpa esteja necrosada e infectada. Dinâmica dos processos patológicos pulpar e perirradicular tendo como início um processo de cárie. A, Pulpite reversível. B, Pulpite irreversível. C, Pulpite irreversível e necrose parcial. D, Necrose e infecção de praticamente toda a polpa radicular. E, Estabelecida a infecção na porção mais apical do sistema de canais radiculares. F, O processo inflamatório se estende para os tecidos perirradiculares e uma lesão osteolítica se estabelece. Pulpite Reversível - É por definição uma leve alteração inflamatória da polpa, em fase inicial, em que a reparação tecidual advém uma vez que seja removido o agente desencadeador do processo. - Dor provocada - Não há exposição pulpar - A polpa encontra-se geralmente organizada. Diagnóstico Sinais e sintomas - A pulpite reversível geralmente é assintomática. Contudo, em determinadas situações, o paciente pode acusar dor aguda, Rivana Farias – Odontologia – T12 rápida, localizada e fugaz, em resposta a estímulos que normalmente não evocam dor. Esta cede imediatamente ou poucos segundos depois da remoção do estímulo. A dor ao frio é a queixa mais comum por parte do paciente. - Não há dor espontânea nesta fase do processo inflamatório da polpa. Inspeção - Pelo exame visual, detecta-se restauração ou lesão de cárie extensa. Não há ainda exposição pulpar. Entretanto, deve-se ter em mente, que em alguns casos, mesmo antes de haver exposição da polpa, pode haver o desenvolvimento de uma pulpite irreversível. Testes Pulpares Calor: em casos de normalidade pulpar, o paciente acusa dor tardia à aplicação inicial do estímulo. Frio: evoca dor aguda, rápida, localizada, que passa logo ou poucos segundos após a remoção da fonte estimuladora. Esta resposta é bastante similar à de uma polpa normal. Com a manutenção da aplicação do estímulo, a dor diminui até desaparecer. A dentina normalmente é mais sensível ao frio do que ao calor. Endoice (positivo, leve alteração). Elétrico: igual ou levemente inferior a de um dente normal. Testes Perirradiculares Percussão e palpação: estes testes apresentam resultado negativo na pulpite reversível, uma vez que não há comprometimento dos tecidos perirradiculares. Achados Radiográficos - Radiograficamente, verifica-se a presença de lesões cariosas ou restaurações extensas, próximo à câmara pulpar. Tratamento - O tratamento da pulpite reversível consiste, basicamente, na remoção da cárie ou da restauração defeituosa (e/ou extensa) e na aplicação de um curativo à base de óxido de zincoeugenol, que é dotado de efeito analgésico e anti-inflamatório. O paciente é remarcado para, pelo menos, 7 dias depois, quando o caso é reavaliado, considerando-se a possibilidade de restaurar o dente definitivamente. Pulpite Irreversível - Quando a polpa é exposta, uma área de contato direto desta com os microrganismos da cárie é estabelecida. - A polpa radicular pode permanecer viável por dias a anos. - É imperioso ressaltar que, em alguns casos, a pulpite irreversível pode se instalar mesmo sem haver exposição da polpa à cavidade oral. - Dor pulsátil, excruciante, lenta, lancinante e espontânea, característica de pulpite irreversível. - Em estágios avançados de inflamação pulpar, a polpa apenas responde a altas correntes do teste elétrico e não responde positivamente ao teste térmico de frio. Quando o calor é aplicado, a dor é exacerbada. Isso ocorre porque o calor causa vasodilatação, potencializando a pressão tecidual. O frio pode causar alívio da sintomatologia, graças ao seu efeito vasoconstrictor ou anestésico. - O aumento de pressão tecidual é o principal responsável pela dor de origem pulpar e perirradicular. Cumpre salientar, entretanto, que a dor em pulpite irreversível nem sempre está presente, podendo ser considerada exceção, e não regra. Rivana Farias – Odontologia – T12 - Em determinadas situações, a inflamação aguda da polpa pode tornar-se crônica, sem progredir diretamente para a necrose. - Em dentes de pacientes jovens, a inflamação crônica da polpa pode resultar na formação de um pólipo, condição conhecida como pulpite hiperplásica (pulpite irreversível assintomática- pólipo pulpar) Em suma, uma polpa agredida por bactérias torna-se inflamada. A inflamação poderá ser aguda e/ou crônica, dependendo de uma série de fatores, e, se o agente agressor não for eliminado, invariavelmente, progredirá para a necrose do tecido. Uma vez que a necrose e a colonização bacteriana se estendem para a porção mais apical do canal, aproximando-se do forame apical, a agressão e a resposta passam a envolver os tecidos perirradiculares. Diagnóstico Sinais e Sintomas - A maioria dos pacientes que são acometidos por pulpite irreversível não se queixa de dor. - Quando presente, a dor associada a uma inflamação aguda da polpa, em estágios intermediários, pode ser provocada, aguda e localizada e persiste por um longo período de tempo após a remoção do estímulo. - Dor espontânea. - Dor em mudanças posturais. - Analgésicos e anti-inflamatórios não tem efeito Testes Pulpares Calor: o resultado do teste é positivo. Frio: nos estágios iniciais da pulpite, pode haver resposta positiva. Entretanto, nos estágios mais avançados da inflamação pulpar, geralmente, não há resposta positiva, existe um alívio com o frio. Elétrico: em geral, observa-se que a polpa apenas responde a altas correntes do teste elétrico. Cavidade: a resposta geralmente é positiva. Testes Perirradiculares Percussão: geralmente negativo, pois não se chegou ao periápice. Palpação: a palpação da mucosa ao nível do ápice gera resposta negativa. Achados Radiográficos - Pela radiografia, podem ser detectadas lesões cariosas e/ou restaurações extensas, geralmente sugerindo exposição pulpar. O espaço do ligamento periodontal (ELP) apresenta-se normal ou, algumas vezes, ligeiramente espessado. Tratamento - O tratamento consiste na remoção do tecido pulpar, total (tratamento endodôntico convencional) ou parcial (tratamento conservador pulpar). Necrose Pulpar - Morte celular do tecido. - Para se ter lesão periapical, precisa que a polpa esteja necrosada. Rivana Farias – Odontologia – T12 Dependendo da causa, a necrose pulpar pode ser classificada como: a) Necrose de liquefação: comum em áreas de infecção bacteriana (cárie); b) Necrose de coagulação: geralmente é causada poruma lesão traumática, com interrupção do suprimento sanguíneo pulpar, ocasionando isquemia tecidual; c) Necrose gangrenosa: quando o tecido que sofreu necrose de coagulação é invadido por bactérias que promovem a liquefação. Ocorre em dentes traumatizados, cujas polpas sofreram necrose de coagulação asséptica e que se tornaram infectadas posteriormente. Os modelos de coagulação e liquefação coexistem na gangrena pulpar. Diagnóstico Sinais e Sintomas - A necrose pulpar geralmente é assintomática, sendo que o paciente pode relatar episódio prévio de dor. Entretanto, dependendo do status dos tecidos perirradiculares, a dor pode estar presente, como nos casos de periodontite apical aguda ou abscesso perirradicular agudo. Inspeção - Pelo exame clínico-visual detecta-se a presença de cáries e/ou restaurações extensas que alcançaram a polpa. Em outras situações, quando a causa de necrose foi traumática, a coroa dentária pode estar hígida. A necrose pulpar também pode promover o escurecimento da coroa. Testes pulpares Calor: negativo. Frio: a resposta à aplicação de frio é sempre negativa. Elétrico: não há resposta à corrente elétrica por parte da polpa. Cavidade: é um teste também bastante eficaz para diagnosticar necrose pulpar. A resposta é negativa. Testes Perirradiculares Percussão e palpação: podem evocar resposta positiva ou negativa, dependendo do status dos tecidos perirradiculares. Achados Radiográficos - Pela radiografia de diagnóstico, observa-se a presença de cárie, coroa fraturada e/ou restaurações extensas. Se a causa de necrose foi traumática, a coroa dentária pode apresentar-se hígida ou com pequenas restaurações. O ELP pode apresentar-se normal, espessado ou uma lesão perirradicular caracterizada por reabsorção óssea pode estar presente. Tratamento - O tratamento da necrose pulpar consiste na remoção de todo o tecido necrosado, e possivelmente infectado, medicação intracanal e obturação do sistema de canais radiculares.
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