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Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina Clínica Cirúrgica - Desnutrição aumenta em 3x o risco de complicações pós- operatórias e 4x maior de óbito quando comparado com pacientes eutróficos - > aumento da morbimortalidade - Procedimentos cirúrgicos podem proporcionar desnutrição global ou específica - Prevenção de complicações no pós-operatório imediato ou tardio Perda de peso ≥ 20% + Diminuição da albumina (21 dias) OU Pré-albumina (14 dias de aporte nutricional) DESNUTRIÇÃO -> Desvios do estado nutricional, como obesidade ou deficiência de micronutrientes Cicatrização -> diminuição da força tênsil de suturas Resposta Imunológica Catabolismo/ Energia Reserva funcional -> hipoproteinúria → NUTRIÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA → ANTROPOMETRIA - Peso - Altura - Músculo bucinador consumido (bochechas) -> musculatura estriada está sendo digerida, levando a uma diminuição das proteínas viscerais AUMENTA O RISCO DE DIMINUI Infecções Mortalidade Morbidade Tempo de hospitalização Tempo de convalescença Custos Processo de cicatrização Motilidade intestinal Força muscular Proteínas (albumina -> edema) Força inspiratória Capacidade vital Capacidade residual funcional Oxigenação - Diminuição da ingesta oral - Aumento do catabolismo nitrogenado - Aumento da morbimortalidade → DESNUTRIÇÃO X CICATRIZAÇÃO - Desnutrição causa um impacto importante na síntese do colágeno, dificultando a cicatrização no pós-operatório → CAUSAS DE DESNUTRIÇÃO CALÓRICA PÓS-OPERATÓRIA - Baixa ingesta via oral - Alto catabolismo nitrogenado (Produção < Quebra de proteínas) - Desnutrição pré-operatória - Complicações pós-operatórias → EFEITOS NO PÓS-OPERATÓTIO - Diminui a cicatrização -> diminui a força tênsil das suturas -> Processo inflamatório deficitário -> Formação deficitária das redes de fibrina - Desnutrição grave -> Edema -> Alças intestinais -> Íleo paralítico → DEPLEÇÃO PROTEÍCA Saúde (100% de nitrogênio proteico) X Morte (70% do nitrogênio corpóreo) Massa muscular (estriada) Proteína visceral (albumina) Resposta imune (linfócitos, leucócitos e anticorpos) Cicatrização (resposta ao trauma) Função orgânica Adaptação reduzida → SÍTIOS DE ABSORÇÃO - Estômago -> cálcio, ferro, monossacarídeos, vitaminas, eletrólitos, gorduras, proteínas, água e magnésio - Cólon -> água, eletrólitos e ácidos graxos de cadeia curta → INÍCIO DA TERAPIA NUTRICIONAL Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina 7-10 dias de espera de resposta à nutrição - Obs: iniciar terapia nutricional 10 dias antes da intervenção cirúrgica (pré-operatório) 2 a 3 dias Sem modificações prognósticas 5 a 7 dias Reduz complicações 7 a 10 dias Reduz morbimortalidade → INÍCIO DA TERAPIA NUTRICIONAL X EVOLUÇÃO - Nutrição enteral precoce relaciona-se com menor resposta catabólica e maior força da cicatriz - Não há eficácia em paciente cirúrgico eletivo - Em caso de trauma, há indicação de nutrição enteral precoce → PRÉ-OPERATÓRIA - Correção/ prevenção da desnutrição pré-operatória tem a capacidade de reduzir a frequência das complicações e a mortalidade no pós-operatório → CIRURGIA Balanço nitrogenado (quebra menor ou igual a produção de proteínas) Proteínas viscerais Massa magra (produção e manutenção da musculatura) Defesa imunológica → PRÉ-OPERATÓRIA - Desnutrição grave em pacientes que farão intervenção cirúrgica de grande porte → PÓS-OPERATÓRIA - Pacientes não desnutridos, sem ingestão VO por mais de 5 dias (jejum prolongado) - Pacientes não desnutridos que não apresentam vantagem quanto a reposição glico-hidroeletrolítica convencional Precoce Tardia Evitar complicações imediatas relativas ao procedimento Prevenir e tratar complicações tardias referentes ao procedimento Sondas SNE (Nasoenteral) Estomias Faringostomia Gastrostomia Jejunostomia → ESCOLHA Tempo disponível Gravidade do caso Impacto cirúrgico preivsto → MELHOR VIA - Pós pilórica -> evitar refluxo e broncoaspiração (gástrica ou jejunal) - Jejuno reservado para casos de intolerância gástrica - Dieta contínua é mais bem tolerada NUTRIÇÃO ENTERAL NUTRIÇÃO PARENTERAL - Menor custo e risco de complicações sépticas - Manutenção da integridade da mucosa intestinal e pulmonar - Menor tempo de internação e melhor cicatrização - Diminui mortalidade séptica após trauma ou pancreatite - Maior custo e complicações sépticas → DIETA IMUNOMODULADORA - Reduz complicações infecciosas e tempo de internação - Iniciar, se possível, antes da lesão (pré-operatório de pacientes desnutridos por 7-10 dias) → GLUTAMINA E FUNÇÕES METABÓLICAS - Feito por sonda - Substrato: células endoteliais, enterócitos e túbulos renais - Metabolismo energético - Integridade intestinal - Síntese de proteínas e glicogênio - Identificar e quantificar uma comorbidade que possa causar complicações no resultado operatório - Determinada de acordo com o procedimento planejado (risco baixo, médio ou alto), a técnica anestésica e ambiente pós- operatório (ambulatório, enfermaria ou assistência intensiva) - Base de preparo: anamnese e exame físico, avaliação funcional, avaliação nutricional, preparo e cuidados → ANAMNESE E EXAME FÍSICO - HDA e tratamento - Tolerância ao exercício - Última visita ao clínico - Medicações em uso e alergias - História social - Condições de doença crônica - Antecedentes anestésicos e cirúrgicos - Sangramento e cicatrização Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina - Via aérea - História anestésica familiar - Acesso venoso - Local de punções - Exames laboratoriais → FATORES RELACIONADO AO PACIENTE - Idade - Doenças associadas - Estado geral - Tabagismo - Obesidade → AVALIAÇÃO FUNCIONAL PRÉ-OPERATÓRIA → ÍNDICE DE LEE → EXAMES COMPLEMENTARES - < 40 anos -> nenhum 1- ECG, hemograma e coagulograma (+ 40 anos e comorbidades) 2- Bioquímica (glicose, ureia, creatinina e eletrólitos) -> idoso e comorbidades 3- EAS (urina) + cultura (cirurgia urológica, gestante, paciente sintomático, idoso e tabagista) 4- Radiografia de tórax (idoso, tabagista e cirurgia em andar alto do abdome) → ESTADO NUTRICIONAL - Paciente desnutrido não opera AP% = peso atual x 100/peso ideal - 80-90% desnutrição leve - 70-80% desnutrição moderada - Menor 70% desnutrição grave - Proteínas . 2,8-3,5 g/dl depleção leve . 2,2-2,7 g/dl depleção moderada . Menor 2,2 g/dl depleção grave → MEDICAMENTOS 1- ANTICOAGULANTES -Cumarínicos: 5 dias - HNF: 6hrs antes + 24 hrs depois - HBPM: 24 hrs antes + 24 hrs depois 2- ANTIPLAQUETÁRIOS - AAS: manter no alto risco e suspender no baixo risco (7 a 10 dias antes da cirurgia) - Clopidogrel: suspende por 5 dias e inicia heparina (paciente de alto risco) 3- ANTIDIABÉTICOS E INSULINA - Suspende anti-hipoglicemiantes e faz conforme DEXTRO - Manhã da cirurgia: NPH: 2/3 dose a noite + ½ manhã HGT: 6/6hrs + insulina R esquema 4- MANTER - Corticoides - Anti-hipertensivos - Estatinas - Beta-bloqueadores → TRICOTOMIA E PREPARO DA PELE - Não é obrigatório - Só pode ser feita na sala de cirurgia, já na mesa - Lesar o menos possível -> microlesões são porta de entrada para bactérias → CATETERISMO - Vesical: apenas se nescessário (útil, tiro abdominal, cirurgia demorada/oncológica) - Nasogástrico: aspirar/filtrar o estômago (não é para alimentação) . Dieta zero → ANTIBIOTICOPROFILAXIA - Cefazolina: se cirurgia > 4 horas repete dosagem - Obs: profilaxia se faz 30 min antes, não 24 horas antes → SUPORTE NUTRICIONAL - Perda ponderal > 10% em 6 meses ou 5% em 1 mês - Previsão de jejum > 7 dias - Proteínas que refletem o estado nutricional Pré- albumina: 3-5 dias Transferrina: 7 diasAlbumina: 14-18 dias → AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA - Transfusão pré-operatório Hb < 6 Hb 6 a 10 + comorbidades ou previsão de sangramento ativo Hb > 6 + sangramento ativo - Transfusão de plaquetas História de previsão de sangramento Plaquetopenia < 50.000 → PROFILAXIA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) E TROMBOEMBOLISMO PULMONAR (TEP) - Deambulação precoce, recrutamento vias aéreas - Meias compressivas - Fisioterapia Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina → EXAME FÍSICO DIÁRIO - Nível de consciência - Ausculta cardíaca - Estado hemodinâmico - Abdome - Grau de hidratação - Ferida operatória - Urina - Drenos - Aparelho respiratória - Panturrilha → PRESCRIÇÃO MÉDICA 1- Medicamentos (reposições, analgesia, profilaxias e tratamento das doenças de base) 2- Cuidados pós-operatórios (dieta, cateteres, drenos e curativos) 3- Nutrição - Manipulação cirúrgica x peristalse - Retorno: gástrico (24-28 hrs) | cólon (48 hrs) - Reintrodução da alimentação: enteral x parenteral 4- Sintomáticos - Antieméticos . Metoclopramida: uso cuidadoso (síndrome extrapiramidal) . Ondansetron: casos mais acentuados → ESPECIFICIDADES - Cirurgia eletiva: tratar doenças de base antes da cirurgia, paciente tem que ser: estável, tratado e compensado - Tabagismo: cessar 8 semanas antes da cirurgia (atrapalha cicatrização e aumenta secreção pulmonar), paciente tem pior pós-operatório - HIV +: precisa de CD4 alto, carga indetectável e laudo do infectologista - Renal crônico: realizar diálise 1 dia antes → CICATRIZAÇÃO: processo que depende de uma sequência de eventos moleculares e celulares que interagem com o objetivo de restaurar o tecido lesado - Limita o dano tecidual e permite o restabelecimento da integridade e função dos tecidos afetado - Não há retorno por completo ao estado prévio, uma vez que o processo tem como característica deposição de tecido conjuntivo específico → REGENRAÇÃO: restauração por completo da arquitetura de um tecido, ou seja, não há formação de cicatriz - Únicos tecidos onde a cicatrização “caminha” para a regeneração são os embrionários e aqueles pertencentes a órgãos internos, como fígado e osso Agudas Crônicas Processo cicatricial ocorre de forma ordenada e em tempo hábil, determinando resultado anatômico e funcional satisfatório Cicatrização não ocorre de forma ordenada, estacionando na fase inflamatória, o que impede sua resolução e a restauração da integridade funcional do tecido lesado → FECHAMENTO PRIMÁRIO/ POR PRIMEIRA INTEÇÃO - Mecanismos de fechamento 1- Aproximação de seus bordos através de sutura 2- Utilização de enxertos cutâneos 3- Emprego de retalhos - Caracteriza-se por rápida epitelização e mínima formação de tecido de granulação, apresentando melhor resultado estético - Recomendada em ferida sem contaminação e localizada em área bem vascularizada → FECHAMENTO SECUNDÁRIO/ POR SEGUNDA INTEÇÃO/ ESPONTÂNEO - Ferida é deixada propositadamente aberta, sendo a cicatrização dependente da granulação e contração para a aproximação das bordas - Recomendado em algumas situações como biópsias de pele tipo punch, cirurgias em canal anal ou margem anal e feridas com alto grau de contaminação → FECHAMENTO PRIMÁRIO TARDIO/ POR TERCEIRA INTEÇÃO - Ferida inicialmente é deixada aberta, geralmente por apresentar contaminação grosseira - Em seguida, a infecção local é tratada com desbridamentos repetidos, somados ou não à antibioticoterapia - Após alguns dias, a ferida é fechada mecanicamente através de sutura, enxertos cutâneos ou retalhos → FASE INFLAMATÓRIA - Resposta imediata à lesão consiste em inflamação, também conhecida como fase reativa, que tem como objetivo inicial limitar o comprometimento do tecido Vasoconstrição Hemostasia -> Matriz inicial (fibrina/ trombo) Permeabilidade vascular -> Polimorfonucleares (PMN) Citocinas () - Dominada por dois processos: hemostasia e resposta inflamatória aguda - Objetivo: limitar a extensão da lesão tecidual através da interrupção do sangramento, do combate à contaminação bacteriana e do controle do acúmulo de debris celulares Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina - Estímulo que deflagra o processo de cicatrização é a lesão do endotélio vascular, com exposição de fibra subendoteliais de colágeno do tipo IV e V que promovem adesão plaquetária, seguida de ativação e agregação - Ativação do sistema de coagulação, tanto pela via intrínseca como pela extrínseca -> objetivo formar a fibrina, que envolve e estabiliza o tampão plaquetário - Após a hemostasia ser atingida com a formação do trombo, componentes do complemento e leucotrieno promovem aderência e quimiotaxia de neutrófilos para a ferida -> aumento da permeabilidade capilar facilita a passagem dos PMN para o sítio da lesão - Desbridamento precoce de feridas infectadas diminui o estímulo quimiotáxico, fenômeno que resulta em um menor recrutamento de neutrófilos, com uma menor quantidade destas células, a resposta inflamatória passa a ser mais branda e o resultado é uma cicatrização mais rápida e com melhor resultado estético - 24-48 horas da lesão: monócitos circulantes são recrutados da circulação para participar do processo de reparo das lesões teciduais . Uma vez no sítio lesado, diferenciam-se em macrófagos, células fundamentais no controle da fase inflamatória e proliferativa . Macrófagos induzem apoptose dos PMN - Macrófagos são considerados o tipo celular predominante na fase inflamatória -> dão continuidade às funções de “limpeza” da ferida operatória e são responsáveis pela liberação de diversas citocinas que regulam o processo de síntese dos componentes do tecido cicatricial - IL-1 é uma citocina pró-inflamatória de fase aguda, se comportando como pirogênio endógeno e ocasionando uma resposta febril . Aumenta a atividade da colagenase, regula as moléculas de adesão e promove quimiotaxia . Age também na fase proliferativa, promovendo o crescimento de fibroblastos e queratinócitos e estimulando a síntese do colágeno - TNF-alfa é detectado na ferida por volta de 12 horas e atinge um pico por volta de 72 horas -> estímulo à aderência dos PMN ao endotélio, estímulo à hemostasia, aumento da permeabilidade capilar e aumento da proliferação endotelial - Linfócito T é recrutado para a ferida por volta do quinto dia da lesão, estando em maior quantidade em sete dias -> são encontradas em grande número em feridas com contaminação bacteriana importante, com presença de corpos estranhos ou com grandes quantidades de tecido desvitalizado → FASE PROFILFERATIVA/ REGENERATIVA - Caracterizada por angiogênese, fibroplasia e epitelização - Continuidade tecidual é restabelecida - Células endoteliais e os fibroblastos são os últimos tipos celulares a infiltrarem a ferida - Fibroplasia -> migração, ativação e proliferação de fibroblastos, responsáveis pela síntese de MEC, principalmente colágeno - Fibroblasto, considerado o principal tipo celular da fase proliferativa, tem origem a partir da diferenciação de células mesenquimais do tecido conjuntivo, o que leva cerca de três a cinco dias para acontece - Incialmente colágeno tipo III -> Posteriormente colágeno tipo I - Em aproximadamente duas a três semanas após o início do processo cicatricial o acúmulo de colágeno é máximo - Queratinócitos assumem configuração mais colunar e iniciam proliferação em direção vertical (de baixo para cima), arrastando consigo tecidos necróticos e corpos estranhos, separando-os da ferida - Assim que a integridade da camada epitelial da ferida é alcançada, as células formam hemidesmossomas (junções firmes e impermeáveis) e iniciam a produção de queratina → FASE DE MATURAÇÃO/ REMODELAMENTO - Formação do tecido de granulação, que consiste em leito capilar,fibroblastos, macrófagos e um arranjo pouco consistente de colágeno, fibronectina e ácido hialurônico - Formação do tecido cicatricial propriamente dito, que histologicamente consiste em tecido pouco organizado, composto por colágeno e pobremente vascularizado - Processo de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a degradação do colágeno, na redução da vascularização e na diminuição da infiltração de células inflamatórias, até que se atinja a maturação da ferida - Pode ser avaliado clinicamente através da força tênsil da ferida, indicador da quantidade de tração que o tecido cicatricial consegue suportar - Contração da ferida -> ocorre por movimento centrípeto pelos miofibroblastos de toda a espessura da pele em torno da ferida, aproximando progressivamente suas bordas e reduzindo a quantidade de cicatriz desorganizada - Em alguns casos, a contração da ferida pode levar a deformidade estética e funcional, fenômeno conhecido como contratura LOCAIS SISTÊMICOS - Infecção - Perda tecidual - Local do trauma - Isquêmicos (hipóxia tecidual e anemia) - Angiovasculares - Desnutrição - HPP/ HPS (DM, idade, uso de glicocorticoides, quimioterapia, radioterapia) Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina → DEFINIÇÃO – REMIT: conjunto de reações de natureza endócrina, metabólica e imunológica desenvolvidas pelo organismo para tentar manterá homeostasia em circunstâncias relacionadas a traumas de etiologias diversas e desencadeadas por vários componentes, como perda sanguínea, lesão tecidual, ansiedade, dor e outros - Precisa desencadear estratégias que visem: 1- Geração de energia 2- Manutenção do volume intravascular 3- Hipermetabolismo - Diante disso, há necessidade de promover ao paciente: 1- Estabilidade hemodinâmica 2- Preservação do aporte de oxigênio 3- Mobilização de substratos calóricos (glicose) 4- Redução da dor e manutenção da temperatura - A sobrevivência do paciente depende da qualidade do atendimento (reconhecimento da magnitude do trauma) e a capacidade de resposta orgânica do indivíduo (possível controlar as respostas ao trauma através da modulação das vias involuntárias dos receptivos órgãos efetores) REMIT está diretamente relacionada ao tamanho da agressão, ou seja, quanto maior o trauma, maior será a resposta e vice- versa TODA resposta ao trauma é CATABÓLICA -> degradação de macromoléculas para produção de energia - Reação do organismo a esta agressão será mais significativa quanto mais grave for a intensidade da lesão - Resposta endócrina e humoral (inflamatória) observada terá correlação direta com a extensão da lesão tecidual - Suporte cirúrgico, nutricional e de terapia intensiva são essenciais para melhorarmos o prognóstico do paciente → FISIOPATOLOGIA DO TRAUMA OPERATÓRIO 1- EFEITOS DELETÉRIOS DA RESPOSTA EXARCEBADA - Em vítimas de lesões acidentais graves, o desgaste da proteína muscular é mais acelerado -> estado catabólico mais intenso - Proteólise descontrolada leva a um comprometimento da musculatura diafragmática utilização contínua de aminoácidos para a gliconeogênese -> prejuízo a dinâmica respiratória, e a perda de proteínas viscerais - Persistência da lipólise pode determinar a formação de microêmbolos gordurosos, agravada pelo decúbito dorsal e imobilidade do paciente - Vasoconstrição microcirculatória mantida (aumento persistente do tônus adrenérgico) pode ocasionar uma hipóxia plégica com abertura de shunts e má perfusão celular 2- FASE DE BAIXO FLUXO (EBB) - Débito cardíaco diminui, a resistência vascular aumenta e o volume circulatório se encontra depletado - Alterações são determinadas por perda de volume do compartimento intravascular - Queda na temperatura central e hipometabolismo 3- FASE DE REFLUXO (FLOW) - Inicia-se a partir da restauração da volemia por meio da infusão de cristaloides - Intenso hipermetabolismo - Febre pós-traumática -> ocasionada por uma intensa produção de citocinas (IL-1) - Alteração do metabolismo proteico e mobilização de aminoácidos a partir do músculo esquelético se faz de modo intenso -> Proteólise acelerada - Glutamina -> substrato para a gliconeogênese hepática -> utilizada como combustível para os enterócitos - Ciclo de Felig -> proteólise faz com que a alanina seja liberada do músculo, ganhe a circulação e seja “transformada” no fígado em glicose - Ciclo de Cori -> glicose é preferencialmente utilizada pelo sistema nervoso central, rins e por células especializadas (leucócitos, macrófagos e fibroblastos) localizadas na região do trauma -> Neste último local, a glicose é consumida através de um metabolismo anaeróbico, dando origem ao lactato -> Lactato retorna ao fígado para ser utilizado como substrato para a gliconeogênese Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina - Com o tempo, caso o paciente permaneça em jejum ou com os suprimentos calóricos abaixo de suas necessidades diárias, sobrevém a cetose -> corpos cetônicos são utilizados pelos rins, músculo esquelético e cardíaco como fonte energética → CARACTERÍSTICAS DAS FASES EBB e FLOW → EFEITOS DAS CITOCINAS NA RESPOSTA AO TRAUMA → CONSEQUÊNCIAS METABÓLICAS DA LIBERAÇÃO HORMONAL DE CATECOLAMINAS E GLICOCORTICOIDES → RESPOSTA METABÓLICA AO HIPERMETABOLISMO → DEFINIÇÃO: agressão do trato urinário por patógenos - Presente em todas as faixas etárias - Bebês < 1 ano (fimose) e idosos (aumento da próstata) -> sexo masculino - Infância, adolescência e idade adulta -> sexo feminino (10 a 20X mais) → ITU DE REPETIÇÃO - > 3 episódios/ ano ou > 2 episódios/6 meses - Sinais e sintomas: disúria, dor supra púbica e polaciúria - Mulheres (4:) , Vida sexual (proximidade ânus/ uretra) . Hipoestrogenismo . Constipação intestinal (proliferação e translocação bacteriana) . História familiar/ infância . DM . Gravidez - Fisiopatologia? → MULHERES- CAUSAS - Pré-menopausa . Atividade sexual . Uso contínuo de espermicidas/ diafragma . Uso repetido de antibióticos (resistência e alteração da flora) - Pós-menopausa . Alteração anatômica da pelve • Flacidez • Retração da bexiga • Prolapso uterino • Outros . Alterações funcionais da pelve • Perda urinária (uretra curta) . Alterações estrogênicas → DIAGNÓSTICO - Sintomas - Urina tipo 1 -> jato médio . Leucocitúria . Hematúria . Nitrito positivo (produto da degradação das bactérias quando atacam os ureteres) - Urocultura > 100.000 UFC/ml . Suspeita de pielonefrite (dor lombar e febre) . Cistite persistente ou recorrente (4 semanas) . Sintomas atípicos . Grávidas - Outros métodos: UCM (uretrocistografia miccional e retrógrada), USG, TC e UDN (urodinâmica) → URO PATÓGENOS - E. coli - S. saprophyticus - Klebisiella spp. - Proteus spp. Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina - Pseudomonas - Enterococcus → TRATAMENTO - Complicada X Não complicada (mulher, não grávida e pré- menopausa) - Homem X Mulher - Presença ou não de febre - Paciente fazendo uso de sonda e idosos -> tratar se sintomas - Grávidas (Macrodantina e Cefalexina) e antes de procedimentos urológicos -> tratar sempre - Antibioticoterapia - Medidas gerais: ingerir bastante líquido para aumentar a micção → PREVENÇÃO - Ingestão hídrica - Micção programada -> realização de higiene perineal e micção precocemente após o coito, além da ingesta abundante de líquidos visando aumentar o débito urinário, pode contribuir para redução do risco - Ato sexual (higiene e micção após) -> uso de diafragma, capuz cervical e espermicidas (mesmo preservativos masculinos contendo espermicidas) eleva o risco de ITU recorrente - Método contraceptivo - Hábitos de higiene (desencorajar ducha, limpeza íntima) - Obstipação intestinal→ MEDIDAS PROFILÁTICAS -> episódios de repetição - Antibioticoprofilaxia (1/4 a metade da dose 1x ao dia durante 3-6 meses) - Antibiótico pós-coital - Cramberry (rico em vitamina C e acidifica a urina) - Imunomodulador - Creme vaginal com estrógenos -> eficaz em reduzir o risco de recorrências. O hormônio tópico reestabelece a flora vaginal normal, com redução do pH vaginal e menor potencial de colonização por enterobactérias - Cálculos renais habitualmente são indolores, porém necessitam de seguimento com o urologista - DOR -> cálculo uretral -> dilatação da cápsula . Localização (proximal, média, distal) . Tamanho (> 1cm -> tratamento cirúrgico -> dupla J ou nefrostomia) - Tumores (colo de útero) - Iatrogênicos - Sintomas típicos: doe em flanco +/- irradiação para FI e escroto/vagina - Sinais de alarme: febre, piora da função renal e derivado de cirurgias - Atenção para: . Características do cálculo (USG + RX/TC) . Febre (hemograma/ EAS/ urocultura) . Piora da função renal (ureia, creatinina, sódio e potássio) → TRATAMENTO CONSERVADOR - Terapia expulsiva - Analgésicos -> dipirona/ paracetamol - AINEs -> ibuprofeno/ cetoprofeno -> não usa se creatinina elevada - Analgésico de resgate -> tramal/ paco - Dilatadores -> doxazosina/ tansulina → TRATAMENTO CIRÚRGICO - Intervenção cirúrgica (derivação urinária) -> processo de duplo J ou nefrostomia * Independente do tamanho do cálculo . Pielonefrite (dor + febre) . Piora da função renal . Rim único . Ureterolitíase bilateral . Dor refratária . Tumores e causas iatrogênicas → CAUSAS - Litíase - HPB – Hiperplasia Prostática Benigna - Estenose - Câncer - Coágulos - Outros → TRATAMENTO - Sonda vesical de demora (número 16 ou 18) - HPB -> terapia combinada com Doxalosina/ Tansulosina + Finasterida/ Dutasterida (associados em próstatas maiores que 40g) - Hematúria -> SVD (número 20-22) 3 vias + lavagem . Iniciar irrigação contínua com SF 0,9% gelado pela SVD → ORQUIEPIDIDIMITE OU TORÇÃO? - Torção Testicular -> ENOVELAMENTO DO CORDÃO ESPERMÁTICO . Pacientes jovens . Cefalizado (testis redux) . Horizontalizado (sinal de Angel) . Não melhora à suspensão (Sinal de Prehn -) . Sem reflexo cremastérico (Sinal de Rabinowitz) . EMERGÊNCIA (< 6h) - Orquiepididimite -> DOPPLER VAI ESTAR “ACESO” -> INFLAMAÇÃO Hematúria Microscópica: duas ou mais hemácias por campo nos sedimentos da urina Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina . Aumentado e endurecido . Dor melhora à suspensão . Reflexo cremastérico presente - ULTRASSOM COM DOPPLER → TRATAMENTO - Orquiepididimite -> Ciprofloxacino 500mg 12/12h por 14 dias - Torção testicular -> CIRURGIA IMEDIATA . Distorção manual -> movimento de abrir um livro - Ereção > 4 horas - Baixo fluxo X Alto fluxo . Dor/ rigidez X Trauma perineal . pH ácido, Pco2 > 60 E Po2 < 30 -> gasometria da punção da base do pênis - Tratamento: punção e drenagem - Estrangulamento da glande pelo prepúcio - Tratamento: redução por compressão manual da glande e tração do prepúcio Clínica Cirúrgica Júlia Araújo Medicina
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