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Sanidade Animal Camilla Teotonio Pereira COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO Patógenos que acometem as vias aéreas superiores e inferiores, ocular e oral. AGENTE ETIOLÓGICO Agentes virais são frágeis fora do hospedeiro e muito suscetível aos efeitos de desinfetantes comuns. HERPES VÍRUS FELINO (HVF-1) Vírus com filamento duplo de DNA, envelopado (glicoproteína e lipídeo) e pouca variação em termos de cepas. Pode sobreviver até 18 h em ambiente externo úmido e menos em condições secas. Também é relativamente estável em aerossol. Induz doença mais grave que o CVF. Desinfecção com solventes de gorduras álcool 70%, formalina glutaraldeído e hipoclorito. CALICIVÍRUS FELINO (CVF) Gênero Vesivirus da família dos calicivírus, que pode infectar gatos domésticos e outros membros da família Felidae Vírus pequeno de filamento único de RNA, não envelopado e há grande número de cepas diferentes do CVF com pouca variação na antigenicidade e na patogenicidade, embora todas apresentem reação cruzada suficiente para serem classificadas como um sorotipo. Um um pouco mais resistente que o HVF1, sobrevivendo no ambiente externo por vários dias a várias semanas em superfícies secas à temperatura ambiente e por mais tempo em condições frias úmidas. O vírus não é suscetível como o HVF1 aos efeitos de desinfetantes,36 mas um desinfetante útil contra ambos é a água sanitária doméstica (hipoclorito de sódio a 5,25%), 1:30 de água com acréscimo de detergente. CHLAMYDOPHILA FELIS Bactéria gram negativa intracelular obrigatória com inclusões citoplasmáticas. Baixa sobrevivência no ambiente. Os desinfetantes ideias são formalina glutaraldeído, hipoclorito e água oxigenada. TRANSMISSÃO Transmissão aerógena por contato direto de secreções. Contato indireto do ambiente em gaiolas, nos recipientes de comida e de dejetos dos animais, bem como nas pessoas que cuidam deles. EPIDEMIOLOGIA Estão razoavelmente disseminados na população geral de gatos, com prevalência geralmente alta em casas onde há vários gatos, abrigos e também entre animais jovens. PATOGENIA HVF-1 Localizado nas secreções oronasais e conjuntivais, com a replicação viral ocorrendo predominantemente nas mucosas do septo nasal, turbinados, nasofaringe e tonsilas. Pode-se detectar eliminação viral em swabs da orofaringe e nasais 24h após a infecção, em geral persistindo por 1 a 3 semanas. Período de incubação média de 2 a 6 dias, podendo chegar a 17 dias. O HVF1 permanece latente nos gânglios trigêmeos dos portadores, embora também tenha sido detectado em outros tecidos pela PCR. Provavelmente o estado de portador latente dure toda a vida do gato, mas ocorre uma fase refratária de vários meses após o período de eliminação viral, quando os animais ficam menos propensos a ter outro episódio de reativação. Infecção persistente o estresse com tto com glicocorticoide, do parto e da lactação gatas (os) latentes podem reativar o vírus e começar novamente sua replicação viral entre 3 a 14 dias. O gato pode apresentar manifestações clínica e eliminação viral no ambiente. A infecção resulta em áreas de necrose epitelial multifocal, com infiltração de neutrófilos e exsudação com fibrina. Nas infecções iniciais, podem ser vistos corpúsculos de inclusão intranucleares. O dano causado pelo vírus também pode acarretar alterações osteolíticas nos ossos turbinados. A resolução das lesões normalmente leva 2 a 3 semanas para ocorrer, embora haja possibilidade de o dano ósseo aos turbinados ser permanente. Pode ocorrer acometimento pulmonar primário, mas é raro. Infecção bacteriana secundária pode acentuar o efeito patogênico do HVF1, sendo possível haver sinusite ou pneumonia. CVF Localizado nas vias oronais nos tecidos tonsilares e outros orofaríngeos dos portadores, com a replicação viral ocorre principalmente nos tecido bucais e respiratórios, embora seja possível encontrar algumas diferenças entre as cepas, umas têm predileção pelos pulmões, enquanto outras têm sido encontradas em macrófagos na membrana sinovial de articulações (processo inflamatório articular – deposição de imunocomplexos) com resposta adaptativa humoral para neutralização viral. Embora o mecanismo exato da persistência não esteja esclarecido, é provável que inclua a pressão de seleção imune determinando a variação antigênica na proteína do capsídeo viral, o que possibilita ao vírus escapar da resposta imune do hospedeiro, mas sem dúvida outros fatores do hospedeiro, virais e do ambiente também desempenham um papel. Restante dos portadores a longo prazo parece apresentar ciclos de reinfecção, ou com uma variante da mesma cepa ou, em alguns casos, com uma cepa circulante diferente na mesma colônia. É interessante o fato de que alguns gatos nessas situações endêmicas pareçam ser resistentes à infecção, o que sugere mecanismos de resistência relacionados com a idade ou determinados geneticamente. A primeira infecção pode cessar em 30 dias ou 75 dias ou por longos períodos. O CVF sistêmico tem alta virulência e patogenicidade, que acomete pele, fígado, rins, pâncreas causando vasculite generalizada nos tecidos com possibilidade óbito entre 48h. CHLAMYDOPHILA FELIS Predominantemente um patógeno conjuntival (conjuntivite aguda a crônica), embora também possam ser observados sinais respiratórios. O corpo elementar (EB) da bactéria é a forma mais adaptada fora da célula, ocorre a transformação do EB em corpo reticular (RB), que fixa nas céls e sofre multiplicação por fissão binária. Transformação do RB em EB, responsável pela destruição celular. Período de incubação de 5 dias. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Qualquer que seja o patógeno respiratório, os sinais clínicos observados vão depender de vários fatores, como a dose infectante e a cepa do agente, a saúde geral e as condições de criação do gato, a natureza de sua flora microbiana e qualquer imunidade preexistente. Infecções concomitantes com vírus imunossupressores tais como o da imunodeficiência felina e o da leucemia felina podem acarretar doença mais grave. HVF-1 Os primeiros sinais incluem depressão, espirros acentuados, inapetência e pirexia, seguidas rapidamente por corrimentos serosos ocular e nasal. Esses sinais clínicos iniciais podem ser acompanhados por salivação excessiva com gotejamento de saliva. É comum haver conjuntivite, às vezes com hiperemia grave, edema conjuntival, blefaroespasmo e quemose, além de corrimento oculonasal abundante que se torna gradualmente mucopurulento, com possibilidade de ocorrer formação de crostas na parte externa das narinas e pálpebras. Nos casos graves também podem surgir dispneia e tosse. Ulceração bucal é possível, mas rara. Em alguns casos, pode haver infecções generalizadas e pneumonia viral primária, em particular em animais jovens ou debilitados; sinais neurológicos têm sido descritos com muita raridade. Em filhotes de gatos muito jovens ou gatos adultos imunodeprimidos, a taxa de mortalidade pode ser muito alta, mas em geral a mortalidade causada pelo HVF1 é baixa. Os sinais clínicos de infecção pelo HVF1 geralmente são resolvidos em 10 a 20 dias, mas em alguns gatos o dano agudo pode ser grave o bastante para acarretar lesão permanente de mucosas e dos turbinados, deixando os gatos propensos a rinite bacteriana, osteomielite dos turbinados, sinusite e conjuntivite. CVF A maioria das cepas induz uma síndrome discreta razoavelmente característica, salientada por pirexia, ulceração bucal e sinais respiratórios e conjuntivais leves. Contudo, algumas cepas do CVF não são patogênicas e outras são mais virulentas, chegando a induzir doença sistêmica mais grave. Os primeiros sinais incluem depressão e pirexia, embora os gatos costumem ficarmelhores do que aqueles com a infecção pelo HVF1. A ulceração bucal na língua, mas pode ocorrer na boca, lábios e nariz é o aspecto mais característico da infecção pelo CVF, espirros, conjuntivite e corrimento ocular e nasal. Algumas cepas podem causar pneumonia com dispneia associada. Na maioria dos casos, ocorre recuperação completa em 24 a 48 h e, daí por diante, não é mais possível encontrar evidência de quaisquer efeitos a longo prazo nas articulações. Também foi observada claudicação aguda após vacinação e, em alguns desses casos, é possível que os vírus originários vivos de vacinas estivessem envolvidos. CHLAMYDOPHILA FELIS Principal sinal clínico é a conjuntivite persistente acentuada. Manifestações oculares são edema conjuntival, hiperemia conjuntival e secreção ocular de forma mais grave. DIANGÓSTICO Pode-se tentar fazer o diagnóstico com base apenas nos sinais clínicos. Swabs conjuntiva, mucosa oral e nasal. Isolamento e cultivo bacteriano chlamydophila felis. PCR amostras de mucosas oculares, nasais e orais. Vacci check titulação de anticorpos. TRATAMENTO Vacinação tríplice, quadrupla ou quíntupla ambos não previnem infecção. HVF-1 Antiviral aciclovir é tóxico para gatos nos níveis terapêuticos de administração oral. Ganciclovir, cidofovir e penciclovir parecem ter maior eficácia in vitro contra HVF-1.
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