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Página 1 de 8 IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS Módulo II: Incidência e Crédito Tributário Seminário IV: ISS Aluno: Gabriel de Sousa Lopes 1. Construa a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do ISS. A Regra Matriz de Incidência Tributária do ISS: Antecedente: (I) Critério Material: Prestação de Serviços com previsão na Lista Anexa da LC nº 116/03; (II) Critério Espacial: Poderá ser o local do estabelecimento do prestador, ou o local do domicílio do prestador, ou o local do estabelecimento do tomador ou, ainda, o local da prestação do serviço; (III) Critério Temporal: Momento da efetiva prestação do serviço; Consequente (IV) Critério Pessoal: Sujeito Ativo (Município) e Sujeito Passivo (Prestador de Serviço); (V) Critério Quantitativo: Base de cálculo (Valor do serviço) e a Alíquota (entre 2% e 5%). 2. Há um conceito constitucional de “prestação de serviço tributável por meio do Imposto sobre Serviços”? Para fins de definição da materialidade tributável por meio do ISS, é possível afirmar que o constituinte adotou os conceitos de “contrato de prestação de serviço” e de “obrigação de fazer” do Direito Civil (em oposição ao conceito de “obrigação de dar”)? Ou seria necessário afirmar que essa dicotomia está superada e o que deve ser adotado para a definição dessa materialidade é o chamado “conceito econômico de serviços”? Vide o voto do Ministro Relator Celso de Mello no julgamento do RE 446.003 AgR/PR, a Súmula Vinculante n.º 31 do STF e a ementa do RE 651.703/PR. Página 2 de 8 O ISS tem previsão expressa no artigo 156, III, da CF/88, onde o próprio texto constitucional já traz uma pequena delimitação de quais seriam os serviços tributados pelo ISS, mas determina que serão definidos por meio de lei complementar, veja-se: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; Com base nos artigos supramencionados, percebe-se que a Constituição determinou que não incidirá ISS sobre os serviços compreendidos no artigo 155, II, CF/88 (ICMS), mas delegou a Lei Complementar a especificação dos serviços que serão tributados pelo ISS. Com relação as definições trazidas pelo Direito Civil sobre serviço, destaco os apontamentos dos Doutrinadores Paulo de Barros Carvalho e Aires Barreto, ao fazerem a distinção entre dar e fazer, veja-se: A norma constitucional contida no artigo 156, III, tem pois, eficácia limitada, reduzida, isto é, produz efeitos desde a entrada em vigor da Constituição, porém, deixa a tarefa da normatividade específica ao legislador infraconstitucional, que será competente para integrá- la, dando-lhe plena eficácia. A distinção entre dar e fazer como objeto de direito é matéria das mais simples. Basta – aos fins a que nos propusermos – salientar que a primeira (obrigação de dar) consiste em vínculo jurídico que impõe ao devedor a entrega de alguma coisa já existente; por outro lado, as obrigações de fazer impõem a execução, a elaboração, o fazimento de algo até então inexistente. Consistem, estas últimas, num serviço a ser prestado pelo devedor (produção, mediante esforço humano, de uma atividade material ou imaterial). No Supremo Tribunal Federal, por exemplo, por muito tempo vigorou a teoria civilista, de acordo com o leading case relativo à locação de bens móveis (guindastes), no RE 116.121, da relatoria do Ministro Marco Aurélio, que, em síntese, decidiu que não incidiria ISS na hipótese, pois a locação seria a “obrigação de dar”. 3. Com relação à lista de serviços anexa à Lei Complementar n. 116/03, pergunta-se: Página 3 de 8 a) Qual é o seu papel na definição da materialidade tributável por meio do ISS? Essa lista é taxativa, exemplificativa ou extensiva? Conforme determinação expressa da Constituição Federal, prevista no art. 156, III, compete aos municípios a instituição do ISS desde que definidos em Lei Complementar. Sendo assim, há uma clara limitação à competência municipal, que fica restrita à Lista Anexa da LC nº 116/2003 e, por isso, o seu papel na definição da materialidade é a própria conceituação do que é ou não passível de incidência do ISS, de modo que é taxativa. b) Lei Municipal pode prever a cobrança de ISS sobre prestação de serviço que não conste nessa lista? Não, em razão da taxatividade da Lista Anexa da LC 166/2003, o Município não pode tributar serviços que não estejam previstos na lista. c) A Lei Complementar n.º 157/2016 ampliou a competência tributária dos Municípios ao incluir novas atividades na lista? É constitucional a inclusão de novas atividades? Os Municípios são obrigados a alterar suas leis municipais para poder tributar essas novas atividades ou é possível iniciar essa tributação com fundamento direto na nova lista da LC n.º 116/2003? Justifique (vide anexos I, II e III). A LC nº 157/2016 provocou alterações na lista de atividades consideradas como prestações de serviços tributáveis por meio do ISS, que consta anexa à LC 116/2003, alterando e adicionando diversos itens. Destaca-se a legalidade da inclusão de novas atividades, uma vez que fora realizada de acordo com o artigo 156, III, da Constituição Federal, sendo utilizada Lei Complementar para as inclusões. Entretanto, para que os municípios possam exigir o ISS sobre as novas atividades, é necessário que altere a legislação municipal que atualmente cuida da cobrança do ISS em seu território. A referida medida é necessária, uma vez que a LC nº 157/16 apenas definiu novas atividades a serem enquadradas como prestação de serviço, mas não instituiu a cobrança desse imposto municipal sobre os novos serviços. 4. Analise os fatos jurídicos seguintes, identificando e fundamentando quais são passíveis de incidência do ISS: Página 4 de 8 (i) serviços notariais (vide anexo IV e V); Nos termos do julgado no RE n. 756.915, há a incidência do ISS, uma vez que não se aplica a imunidade recíproca neste caso, sendo devida a cobrança do referido imposto sobre os serviços notariais. (ii) restaurantes (vide anexo VI); A Súmula nº 163, editada pelo Superior Tribunal de Justiça, determina que não haverá a incidência de ISS e sim de ICMS. (iii) disponibilização de quarto ou apartamento próprio para aluguel por temporada em site especializado em turismo; Não há a incidência de ISS, pois não existe prestação de serviço no presente caso, uma vez que trata-se de aluguel de bem imóvel. (iv) estudo, análise e avaliação realizados por instituições financeiras para abertura e concessão de crédito; Trata-se de atividade constante no Item 15 da Lista Anexa da LC nº 116/2003, dessa forma há a incidência do ISS. (v) franquia ou franchising; Trata-se de atividade constante no Item 17.08 da Lista Anexa da LC nº 116/03, portanto há a incidência do ISS. (vi) locação de bem móvel com operador (vide anexo VII); Trata-se de exceção à Súmula Vinculante nº 31, uma vez que a locação do bem móvel é realizada juntamente com o serviço do operador, portanto há a incidência do ISS. (vii) participação em programa de fidelidade que oferece descontos na aquisição de ingressos para shows; Não há prestação de serviço, portanto não há a incidência do ISS. Página 5 de 8 (viii) carga e descarga realizada diretamente pelo transportador em caso de transporte interestadual e intermunicipal (anexo VIII); Trata-se de hipótese de incidênciado ICMS, portanto não há incidência do ISS, haja vista a realização da operação de transporte intermunicipal e interestadual, destacando-se que a atividade de carga e descarga é inerente à atividade principal, que é a de transporte intermunicipal e interestadual. (ix) disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdo de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet (tais como Netflix e Spotify); Trata-se de cessão de uso com contraprestação pecuniária, portanto não há a incidência do ISS. (x) cessão de andaimes, palcos, coberturas e estruturas de uso temporário. Nos termos da Súmula Vinculante nº 31, não há incidência do ISS, veja-se: Súmula Vinculante nº 31 - É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza - ISS sobre operações de locação de bens móveis. 5. A prestação de serviços cumulada com o fornecimento de produtos está sujeita ao ISS, ao ICMS ou a ambos? Pode o fisco segregar as operações para fins de incidência tributária? Qual a base de cálculo do ISS nesses casos? (Vide anexo IX, X, XI, XII). A prestação de serviço cumulada com o fornecimento de produtos, via de regra estará sujeita a cobrança do ISS, com base no § 2º, do artigo 1º, da LC nº 116/03, que determina que os serviços nela mencionados se sujeitam ao ICMS, salvo as exceções expressas na Lista Anexa. Porém nas exceções trazidas pela Lista Anexa, deve o fisco segregar as operações visto que suas materialidades não se confundem. Com relação a base de cálculo do ISS, será o valor da prestação do serviço. 6. Tendo em vista a previsão do art. 12 do Decreto-lei n. 406/68 e do art. 3º da Lei Complementar n. 116/03, bem como a jurisprudência do STJ, pergunta-se: a) Onde é devido ISS: (i) no local do estabelecimento prestador; ou (ii) no local da efetiva prestação do serviço? Vide anexo XIII, XIV). Página 6 de 8 A regra geral dispõe que o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento do prestador, conforme determinado pelo artigo 3º da LC 116/03, porém a parte final do referido artigo traz algumas exceções a regra nos incisos do I ao XXV, onde o município competente para cobrar o tributo não será o local do estabelecimento do prestador. b) Que é estabelecimento para fins de ISS? Há algum requisito formal? Se um prestador de serviço (pessoa jurídica), sediada em Município X, aloca alguns poucos funcionários em uma pequena sala, situada um Município Y, sem qualquer inscrição perante órgãos públicos, pode o Município Y considerar que há estabelecimento prestador para fins de exigência de ISS? E se esses funcionários atuarem, por dois anos, dentro da sede de um cliente específico, situado no Município Y, o estabelecimento em tal Município ficaria configurado? Para fins de ISS o estabelecimento é o local onde encontra-se os ativos da empresa, ou seja, no local onde efetivamente estão os subsídios para a prestação dos serviços pela empresa ou pessoa física. O conceito de estabelecimento prestador delineado no artigo 1142 do Código Civil e no artigo 4º da LC nº 116/03, então, possui os seguintes critérios para caracterizar o estabelecimento, veja-se: (I) Uma unidade econômica ou profissional; (II) Onde são prestados os serviços; (III) De modo permanente ou temporário. Acrescente-se também, que o conceito de estabelecimento prestador deve ser examinado de acordo com a atividade econômica desenvolvida pela empresa. Tendo essa conceituação, no primeiro caso apontado pela questão, poderá ou não incidir o ISS, dependo da atividade econômica exercida pela empresa e do serviço prestado. Se ele for prestado for prestado de forma integral no local poderá haver a incidência, mas se for apenas uma atividade meio não haverá a incidência do imposto. Página 7 de 8 7. Prevê o §1º do art.1º da LC 116/03 que (vide anexos XV e XVI): “§ 1º O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País”. Considere o seguinte caso: Uma empresa de arquitetura, domiciliada na França, é contratada por um empresário brasileiro, residente no Rio de Janeiro, para realizar o projeto de sua nova casa, em Angra dos Reis. Pergunta-se: Há importação de serviço? Em caso positivo, para qual Município será devido o ISS? Justifique e fundamente sua resposta. No presenta caso, nos termos do §1º do artigo 1º da LC nº 116/03, que sobre o serviço proveniente do exterior, mas que é desenvolvido ou finalizado em território pátrio, há incidência de ISS. Portanto, é passível de incidência do ISS, pois o mesmo será desenvolvido em território brasileiro. Destaca-se que o município competente para cobrar o ISS será o do Rio de Janeiro, por ser o domicílio do tomador do serviço, pois o artigo 3º, I, da LC nº 116/03 8. Qual é a base de cálculo do ISS? O que pode ser considerado como “preço do serviço”? Apenas os materiais fornecidos pelo prestador de serviço de construção civil podem ser deduzidos da base de cálculo ou qualquer outro valor que não corresponda à remuneração pela prestação do serviço também pode ser deduzido? Justifique suas respostas. Via de regra, a base de cálculo do ISS será o preço do serviço, nos termos do artigo 7º da Lei Complementar nº 116/03, podendo também ser uma base de cálculo determinada pelo entre tributante, independentemente do valor do serviço prestado. Nestes termos, entende-se por preço do serviço, o valor auferível em moeda da obrigação de fazer prestada. Levando-se em consideração o disposto no artigo 7º, §2º, da Lei complementar nº 116/03, somente o valor dos materiais fornecidos pelo prestador de serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços poderão ser deduzidos da base de cálculo Página 8 de 8 do ISS, por se tratar de custo do serviço e não de preço do serviço, bem como por se referir a produtos que já foram tributados anteriormente pelo ICMS, assim, até mesmo em respeito ao princípio da não cumulatividade, sobre o valor dos materiais não incide o ISS.
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