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1 Aluna: Vanessa Dobler Maggi Data: 13/11/2020 MÓDULO: INCIDÊNCIA E CRÉDITO TRIBUTÁRIO SEMINÁRIO DE CASA SEMINÁRIO VI - ISS Questões 1. Construa a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do ISS. Antecedente: Critério Material - Prestação de Serviços enumerados no anexo da LC 116/2003 Critério Espacial - Âmbito territorial do município, que pode ser no do prestador, no do tomador do serviço, ou onde o serviço fora realizado, dependendo da natureza do mesmo e o enquadramento em lei. Critério Temporal - Instante da prestação do serviço Consequente: Critério Pessoal - Sujeito Ativo é o Município, Sujeito Passivo é o prestador do serviço e em alguns casos, o tomador. Critério Quantitativo - Base de Cálculo, preço do serviço, alíquota (2% a 5%) de acordo com o Município 2. Há um conceito constitucional de “prestação de serviço tributável por meio do Imposto sobre Serviços”? Para fins de definição da materialidade tributável por meio do ISS, é possível afirmar que o constituinte adotou os conceitos de “contrato de prestação de serviço” e de “obrigação de fazer” do Direito Civil (em oposição ao conceito de “obrigação de dar”)? Ou seria necessário afirmar que essa dicotomia está superada e o que deve ser adotado para a definição dessa materialidade é o chamado “conceito econômico de serviços”? Vide o voto do Ministro Relator Celso de Mello no julgamento do RE 446.003 AgR/PR, a Súmula Vinculante n.º 31 do STF e a ementa do RE 651.703/PR. O Supremo Tribunal Federal que editou a Súmula Vinculante nº 31, definiu que é inconstitucional a incidência do ISS em operações de aluguel de bens móveis dissociados da prestação de serviços, chegou, assim, a essa posição justamente pela razão da nomenclatura do imposto trazer o objeto da tributação, fazendo-se inviável adotar outro critério para interpretar sem fugir as regras exigidas pela Constituição Federal. Já, para melhor interpretar a questão como um todo, faz-se 2 necessário uma observação do conceito de serviço da lista da LC com diretrizes do direito privado, que considera o serviço não como uma obrigação de dar, mas sim de fazer. 3. Com relação à lista de serviços anexa à Lei Complementar n. 116/03, pergunta-se: a) Qual é o seu papel na definição da materialidade tributável por meio do ISS? Essa lista é taxativa, exemplificativa ou extensiva? Seu papel na definição da materialidade é a própria conceituação do que é ou não passível de incidência de ISS. Conforme posicionamento do STF, a lista de serviços que incide o ISS é taxativa, contudo, é admissível a interpretação extensiva aos serviços congêneres. b) Lei Municipal pode prever a cobrança de ISS sobre prestação de serviço que não conste nessa lista? O município não pode tributar serviços que não estejam previstos na lista, pois ela é taxativa, estando assim, o município vinculado por expressa determinação constitucional. c) A Lei Complementar n.º 157/2016 ampliou a competência tributária dos Municípios ao incluir novas atividades na lista? É constitucional a inclusão de novas atividades? Os Municípios são obrigados a alterar suas leis municipais para poder tributar essas novas atividades ou é possível iniciar essa tributação com fundamento direto na nova lista da LC n.º 116/2003? Justifique (vide anexos I, II e III). Sim, houve alterações na lista de atividades tidas como prestações de serviços tributáveis por meio de ISS. Foram alterados e incluídos novos itens ampliando a competência dos municípios. Considerando que a constituição definiu à lei complementar a possibilidade de previsão da incidência do ISS e que houve a ampliação em respeito à forma definida no texto constitucional, a alteração ocorreu de forma constitucional. Porém, para que o município possa começar a exigir o ISS sobre o exercício de qualquer uma dessas novas atividades, é preciso que altere a legislação municipal que atualmente cuida das cobranças do ISS em seu território e inclua, em seu texto, a previsão dessas novas atividades. Pois, uma vez que, a publicação da LC 157/16 apenas definiu quais as novas atividades que passaram a fazer parte do campo de atuação dos municípios e do DF na cobrança do ISS, mas não instituiu a cobrança desse imposto municipal sobre essas atividades. 4. Analise os fatos jurídicos seguintes, identificando e fundamentando quais são passíveis de incidência do ISS: (i) serviços notariais (vide anexo IV e V); (ii) restaurantes (vide anexo VI); (iii) disponibilização de quarto ou apartamento próprio para aluguel por temporada em site especializado em turismo; ; (iv) estudo, análise e avaliação realizadas por instituições financeiras para abertura e concessão de crédito; (v) franquia ou franchising; (vi) locação de bem móvel com operador (vide anexo VII); (vii) participação em programa de fidelidade que oferece descontos na aquisição de ingressos para shows; ; e 3 (viii) carga e descarga realizada diretamente pelo transportador em caso de transporte interestadual e intermunicipal (anexo VIII); (ix) disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet (tais como Netflix e Spotify); (x) cessão de andaimes, palcos, coberturas e estruturas de uso temporário. - Serviços notariais: Deve incidir pois é um serviço de caráter privado, com fins lucrativos, o STF decidiu e está no item 21 da lista de serviços. - Restaurantes: Deveria incidir, pois é uma obrigação de dar e fazer, mas não incide pois não se encontra na lista de serviços, o tributo devido é de ICMS. - Disponibilização de quarto ou apartamento próprio para aluguel por temporada em site especializado em turismo: Não cabe ISS, pois não há previsão legal na LC 116/03, até porque o que se tributa não é o serviço e sim a prestação dele, inexistente no aluguel de bens imóveis. - Estudo, análise e avaliação realizados por instituições financeiras para abertura e concessão de crédito: Está elencado no item 15.08 da lista de serviços, mas envolve atividade tipicamente financeira, não suscetível a incidência de ISS e sim de IOF. - Franquia ou franchising: Foi decidido pelo STF que sim, se encontra na lista no item 17.08, e há uma prestação de serviço, pois tem obrigação de dar e fazer. - Locação de bem móvel com operador: Incide no valor total somente se não houver identificação clara das duas atividades, separação do valor que remunera cada atividade para tributar apenas a prestação de serviço, sendo assim, a súmula vinculante nº 31 do STF não pode ser aplicada. - Participação em programa de fidelidade que oferece descontos na aquisição de ingressos para shows: Com fundamento na súmula nº 457 do STJ, os descontos desse tipo não poderão compor a base de cálculo do ICMS, mas não há previsão legal acerca da possibilidade ou não incidência de ISS, de modo que não haverá incidência. - Carga e descarga realizada diretamente pelo transportador em caso de transporte interestadual e intermunicipal: Depende da atividade fim e atividade meio, se houver distinção de valores no contrato sobre a carga e descarga e sobre o transporte, será cobrado o ISS somente sobre a carga e descarga, que se encontra no item 11.04 da lista de serviços. Mas se não houver discriminação dos serviços não incide. - Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdo de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet (tais como Netflix e Spotify): Sim, é uma prestação de serviço, pois ele personaliza o conteúdo para cada pessoa de acordo com seu gosto. - Cessão de andaimes, palcos, coberturas e estruturas de uso temporário: Incide, pois está elencado no item 03.05 da lista de serviços, mas não pode ser somente a cessão deles, e sim, a cessão combinada com a montagem, gerando assim uma prestação de serviço. 4 5. A prestação de serviços cumulada com o fornecimento de produtos está sujeita ao ISS, ao ICMS ou a ambos? Pode o fisco segregaras operações para fins de incidência tributária? Qual a base de cálculo do ISS nesses casos? (Vide anexo IX, X, XI, XII). A prestação de serviços cumulada com o fornecimento de produtos esta sujeita a ambos os tributos. Esse serviço terá que estar revisto no anexo da LC 116/03, e o seu fornecimento, poderá ser tributado por meio do ICMS, caso tenha previsão legal. Além disso, a LC 116/03 em seu art. 1º, §2º indica que os serviços mencionados não se sujeitam ao ICMS, salvo as exceções expressas. O fisco deve segregar as operações para fins de incidência tributária, pois as duas materialidades não se confundem, considerando as disposições constitucionais e de acordo com a lei. A base de cálculo é o preço do serviço. 6. Tendo em vista a previsão do art. 12 do Decreto-lei n. 406/68 e do art. 3º da Lei Complementar n. 116/03, bem como a jurisprudência do STJ, pergunta-se: a) Onde é devido ISS: (i) no local do estabelecimento prestador; ou (ii) no local da efetiva prestação do serviço ?Vide anexo XIII, XIV). Em regra geral, o ISS é devido no local do estabelecimento do prestador, conforme previsto no art. 3º da LC 116/03. Já a jurisprudência do STJ, interpreta o presente artigo como se a competência para a cobrança do ISS fosse do município da efetiva prestação do serviço, no qual ocorreu o fato gerador. Considerando as informações, deverá o fisco analisar onde de fato o serviço foi prestado, onde se encontra os elementos necessários para sua execução, e apenas aplicar o local do domicílio do prestador, quando não for possível identificar onde houve a prestação de serviço. b) Que é estabelecimento para fins de ISS? Há algum requisito formal? Se um prestador de serviço (pessoa jurídica), sediada em Município X, aloca alguns poucos funcionários em uma pequena sala, situada um Município Y, sem qualquer inscrição perante órgãos públicos, pode o Município Y considerar que há estabelecimento prestador para fins de exigência de ISS? E se esses funcionários atuarem, por dois anos, dentro da sede de um cliente específico, situado no Município Y, o estabelecimento em tal Município ficaria configurado? Estabelecimento para fins de ISS é o local onde se encontra os ativos da empresa, isto é, no local onde estão os subsídios para a prestação dos serviços pela empresa ou pessoa física. A alocação de funcionários em uma sala pode cumprir os requisitos para incidência de ISS ou não, conforme o tipo de serviço prestado. Se for prestado integralmente no local, poderá haver incidência. Mas caso seja uma atividade meio, não haverá tributação. 7. Prevê o §1º do art.1º da LC 116/03 que (vide anexos XV e XVI): “§ 1º O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País”. Considere o seguinte 5 caso: Uma empresa de arquitetura, domiciliada na França, é contratada por um empresário brasileiro, residente no Rio de Janeiro, para realizar o projeto de sua nova casa, em Angra dos Reis. Pergunta-se: Há importação de serviço ?Em caso positivo, para qual Município será devido o ISS? Justifique e fundamente sua resposta. Se o prestador de serviço realizou o projeto na França, nenhum município brasileiro teria competência para a instituição do tributo, por conta do princípio da territorialidade. Entretanto, conforme dispõe os artigos 1º, §1º, e inciso I, do art. 3º da LC 116/03 , incide ISS sobre serviço proveniente do exterior ou do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do país e que, o serviço considera-se prestado, e o imposto devido no local do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço, ou na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado. Em analise a doutrina em confronto com a LC, considera-se inconstitucional a norma que estabelece que as prestações de serviços realizadas em território estrangeiro sejam tributadas no país, pois pode significar uma violação ao princípio da territorialidade das leis tributarias e desrespeito a soberania dos demais países que fazem parte da ordem jurídica internacional. 8. Qual é a base de cálculo do ISS? O que pode ser considerado como “preço do serviço”? Apenas os materiais fornecidos pelo prestador de serviço de construção civil podem ser deduzidos da base de cálculo ou qualquer outro valor que não corresponda à remuneração pela prestação do serviço também pode ser deduzido? Justifique suas respostas. Conforme art. 7º da LC 116/03, “base de cálculo do imposto é o preço do serviço”. Mesmo que, o §2º do mesmo artigo aponte que “não se incluem na base de cálculo do ISSQN: I – o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar.” Portanto, a única base de cálculo para o ISS é a própria remuneração do serviço prestado, considerando que é o único valor estritamente vinculado com a materialidade do evento. A respeito das deduções da base de cálculo do imposto, sobre o §2º do art. 7º desta Lei, os insumos e materiais utilizados devem ser excluídos, pois possivelmente já houve a respectiva tributação antes de ser utilizados no serviço.
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