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APG 20 - Sofrimento Objetivos: Descrever a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia e fatores de risco do câncer de pulmão. Explicar as classificações, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento do câncer de pulmão. Entender o que é síndrome paraneoplásica. Entender a relação do tabagismo como câncer de pulmão. Câncer de pulmão Etiologia O câncer pulmonar (p. ex., carcinoma broncogênico) origina-se do epitélio respiratório. O câncer pulmonar é dividido em dois grandes grupos histológicos: câncer pulmonar de célula não pequena (CPCNP) e câncer pulmonar de célula pequena (CPCP). CPCNP é responsável por, aproximadamente, 85% de todos os cânceres pulmonares. Epidemiologia O câncer de pulmão é responsável por aproximadamente 13% de todos os tipos de câncer; mais de 1,1 milhão de casos de câncer de pulmão são diagnosticados anualmente e mais de 1 milhão de mortes são causadas por esta doença. Nos Estados Unidos, 28% de todas as mortes anuais por câncer (30% em homens, 26% em mulheres) ocorrem em função do câncer pulmonar; o câncer pulmonar é a principal causa de morte por câncer tanto em homens quanto em mulheres. Dados de 2018 mostram que no Brasil havia cerca de 2,1 milhões de casos de câncer de pulmão, e que nesse mesmo ano ocorreram 1,8 milhões de mortes devido à doença, Além disso, dados mostram que a sobrevida em 5 anos de pacientes com câncer de pulmão é de 18%, ou seja, em cada 100 diagnosticados, após 5 anos, apenas 18 estarão vivos. Fatores de risco Tabagismo (aumenta o risco do câncer em 20x) Fumantes passivos A OMS estima que o Câncer de Pulmão em Não Fumantes ocorra em 25% dos casos de câncer de pulmão no mundo (estimativa que cai para 10%-15% em países ocidentais). Esses tumores ocorrem com maior prevalência em mulheres, e a maioria é de adenocarcinomas. Apresentam alta ocorrência de mutações no EGFR, e quase nunca têm mutações KRAS. Ocupacional (pessoas que são expostas diariamente a poluentes como amianto, radônio, níquel, cromo etc..) Histórico familiar positivo para o câncer de pulmão. Infecções pulmonares de repetição Doenças pulmonares prévias como a DPOC Portadores de HIV Idade avançada Fisiopatologia O desenvolvimento de câncer de pulmão é o resultado de um processo em múltiplas etapas desde uma lesão pré-maligna até o câncer de fato, após vários anos. O cigarro e outros carcinógenos promovem alterações sequenciais genéticas e epigenéticas que resultam na perda do controle normal dos mecanismos de crescimento celular. Essas alterações afetam (1) os oncogenes, que são homólogos aos genes celulares normais e, quando sofrem mutação, resultam na ativação e ganho de função; (2) os genes supressores de tumor, que são genes “do câncer”, nos quais a perda de função por mutação remove a inibição do controle do crescimento celular e (3) os fatores de crescimento. Oncogenes Os oncogenes que desempenham um papel na patogênese do câncer pulmonar incluem: ras, a família myc, HER-2/neu (ERBB2) e Bcl-2. A família ras de oncogenes tem três membros primários (H-ras, K-ras e N-ras), um dos quais, o K-ras, é ativado por mutações pontuais no códon 12 das células do câncer de pulmão. A mutação ocorre em 30% dos adenocarcinomas de pulmão, mais frequentemente nos pacientes com histórico de tabagismo, mas não é observada nos CPCP (câncer pulmonar de células pequenas). Pacientes com mutação K-ras têm um prognóstico mais reservado, estágio por estágio. A amplificação e superexpressão dos oncogenes da família myc (a-myc, L-myc, N-myc) são observadas em 10% a 40% dos CPCP e em 10% dos CPCNP. O gene mais frequentemente alterado, contudo, é o c-myc, cuja amplificação nos tumores CPCP que recidivam está associada a menor sobrevida. Entretanto, a expressão aumentada do oncogene myc não está presente na maioria dos cânceres de pulmão, o que sugere que o aumento em sua expressão não é um evento primário. O gene HER-2/neu (ERBB2), que codifica o receptor para o fator de crescimento ou p185 neu (uma glicoproteína tirosina quinase), está ativado nos CPCNP, mas não nos CPCP. A expressão aumentada de HER-2/neu em pacientes com adenocarcinoma de pulmão pressagia uma sobrevida curta. Bcl-2, um oncogene que codifica uma proteína que inibe a morte celular programada (apoptose), também é superexpressado no câncer de mama, especialmente nos CPCP. Genes Supressores de Tumor Os genes supressores de tumor incluem p53, Rb e 3p. A mutação do p53 está correlacionada com o tabagismo e tem sido detectada em lesões pulmonares pré-neoplásicas. As mutações do p53 são comuns tanto no CPCNP (≈50%) como no CPCP (≈80%). No CPCP, Rb geralmente sofre mutação ou é deletado, então, a proteína Rb não é expressa em 90% no CPCP. No CPCNP, Rb é normalmente expressa, mas, quando Rb está fosforilada, a divisão celular descontrolada pode ocorrer no CPCNP. Uma das anormalidades mais precoces no câncer de pulmão ocorre com a deleção de material genético no braço curto do cromossomo 3(3p) (p14-p23). A deleção acontece em aproximadamente 50% dos CPCNP e 90% dos CPCP. O gene FHIT (tríade da histidina frágil) (3p14.2) está anormal em muitos cânceres de pulmão e pode funcionar como um gene supressor de tumor por suprimir o crescimento tumoral e induzir apoptose. Fatores de Crescimento Os fatores de crescimento secretados pelas células do câncer de pulmão podem refletir-se nas células adjacentes ou regionais (estimulação parácrina) ou produzir proliferação autônoma das células que os secretaram (estimulação autócrina). As células que são afetadas por essa estimulação autócrina secretam um fator de crescimento biologicamente ativo. Os anticorpos que se ligam a este fator de crescimento inibirão o crescimento celular. Os fatores de crescimento (peptídeos) autócrinos que são importantes no crescimento das células do câncer de pulmão, particularmente CPCP, incluem o peptídeo liberador de gastrina (GRP, do inglês, gastrin- releasing peptide), o fator de crescimento insulina-símile tipo I (IGF-I) e o fator de crescimento de hepatócito. O oncogene c-erB-1 codifica o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR, do inglês, epidermal growth factor receptor), uma glicoproteína tirosina quinase de 170 kDa. A ativação do EGFR inicia a autofosforilação do receptor e, eventualmente, induz a proliferação do ciclo celular. Em suma, as alterações epiteliais iniciam com hiperplasia das células basais, metaplasia escamosa, progredindo para displasia escamosa e carcinoma in situ até atingir o estágio de câncer invasivo. Os tipos histológicos com maior associação à exposição ao tabaco são carcinoma epidermoide e carcinoma de pequenas células. Manifestações clínicas Cerca de 15% dos pacientes nos quais o câncer de pulmão é diagnosticado são inicialmente assintomáticos. O diagnóstico, geralmente, é feito incidentalmente em uma radiografia torácica obtida por outras razões (p. ex., um exame pré- operatório). Entretanto, a maioria dos pacientes tem sintomas e sinais que são (1) causados pela lesão pulmonar propriamente dita - crescimento local do tumor, invasão ou obstrução; (2) intratorácicos - disseminação regional do tumor para os linfonodos e estruturas adjacentes; (3) extratorácicos - disseminação distante da doença e (4) síndromes paraneoplásicas. Sinais e sintomas inespecíficos de câncer de pulmão incluem anorexia em cerca de 30% dos pacientes, perda de peso, fadiga em um terço dos pacientes e anemia e febre em 10% a 20% dos pacientes. Mais de 80% dos pacientes têm, inicialmente, três ou mais sintomas ou sinais como resultado do câncer de pulmão. Esses carcinomas são geralmente silenciosos e, muitas das vezes, as lesões insidiosas se espalham demodo que se tornam irressecáveis antes mesmo de produzir sintomas. O curso clínico desta patologia inclui tosse, rouquidão, falta de ar, hemoptise, dor torácica e perda de peso. A tosse crônica e expectoração apontam para tumores localizados e ressecáveis, entretanto, existem alguns sinais que alertam para um prognóstico mais sombrio, podendo-se citar: Rouquidão; Dor/pressão torácica; Síndrome da veia cava superior; Derrame pericárdico; Atelectasia segmentar persistente; Pneumonia. Classificações A maioria (cerca de 95%) dos tumores pulmonares primários é de carcinomas originados dos tecidos pulmonares. Os casos restantes (5%) constituem um grupo diverso que inclui tumores carcinoides brônquicos (tumores neuroendócrinos), tumores das glândulas brônquicas, fibrossarcomas e linfomas. O pulmão também é um órgão acometido frequentemente por metástases de cânceres originados em outras partes do corpo. Há pouco tempo, os cânceres de pulmão passaram a ser classificados como tumores agressivos ou não agressivos, localmente invasivos, e metastáticos amplamente disseminados, oriundos do revestimento epitelial dos brônquios primários. Esses tumores começam como diminutas lesões da mucosa, que podem ter um dentre vários padrões de crescimento. As lesões podem formar massas intraluminares que invadem a mucosa brônquica e infiltram os tecidos conjuntivos peribrônquicos, ou podem produzir massas volumosas que se estendem aos tecidos pulmonares adjacentes. Alguns tumores volumosos sofrem necrose central e desenvolvem áreas localizadas de hemorragia, enquanto outros invadem a cavidade pleural e a parede torácica, e espalham-se para as estruturas intratorácicas adjacentes. Todos os tipos de câncer do pulmão, especialmente o carcinoma pulmonar de pequenas células, têm condições de sintetizar produtos bioativos e causar síndromes paraneoplásicas. Essas síndromes são resultado da produção ectópica de peptídios hormonais pelo tumor ou da formação de autoanticorpos liberados em resposta ao tumor. Em geral, as síndromes paraneoplásicas têm etiologia endócrina, neurológica e/ou imune. O câncer de pulmão geralmente é subdividido em quatro grupos principais, com taxas de incidência próprias em cada grupo. Isso inclui carcinoma pulmonar espinocelular (25 a 40%), adenocarcinomas (20 a 40%), carcinoma de pequenas células (20 a 25%) e carcinoma de células grandes (10 a 15%). Com as finalidades de estadiamento e tratamento, os cânceres pulmonares geralmente foram subclassificados em CPPC e CPCNP.9 A razão principal dessa classificação é que a maioria dos CPPC apresentava metástases por ocasião do diagnóstico e, consequentemente, não podia ser tratada cirurgicamente. Pode haver misturas de padrões histológicos, inclusive no mesmo tumor. Portanto, combinações de carcinoma de células escamosas e adenocarcinoma ou de carcinomas de pequenas células e de células escamosas ocorrem em aproximadamente 10% dos pacientes. A incidência do adenocarcinoma aumentou significativamente nas últimas 2 décadas. O adenocarcinoma é, atualmente, a forma mais comum de câncer de pulmão em mulheres, isso pode ocorrer devido ao aumento do número de mulheres tabagistas, ou de alterações no tipo de cigarro (pontas dos filtros, baixo alcatrão e nicotina) que levaram os fumantes a inalar mais profundamente e, consequentemente, a expor mais as vias aéreas periféricas e as células (com uma predileção pelo adenocarcinoma) a carcinógenos. Cânceres pulmonares de pequenas células Os CPPC caracterizam-se por um tipo celular distintivo, isto é, células redondas ou ovais pequenas com tamanho semelhante ao de um linfócito. As células proliferam em grupos que não demonstram organização glandular ou escamosa. Exames de microscopia eletrônica revelam a existência de grânulos neurossecretórios em algumas células do tumor, que são semelhantes aos encontrados no epitélio brônquico do feto ou do recém-nascido. Esses grânulos sugerem a possibilidade de que alguns desses tumores secretem hormônios polipeptídicos. Marcadores neuroendócrinos, como enolase específica dos neurônios, peptídio semelhante ao paratormônio e outros produtos hormonais ativos, sugerem que esses tumores podem ter origem nas células neuroendócrinas do epitélio brônquico. Esse tipo de célula está diretamente associado ao tabagismo e somente em casos raros é observado em indivíduos que nunca fumaram. Os CPPC são altamente malignos, tendem a causar infiltrados difusos, disseminam em estágios precoces de sua evolução e quase nunca são operáveis. Metástases cerebrais são especialmente comuns e podem ser as primeiras manifestações do tumor. Esse tipo de câncer pulmonar está associado a várias síndromes paraneoplásicas, inclusive síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético (SSIADH), síndrome de Cushing associada à secreção ectópica de hormônio adrenocorticotrófico e síndrome de Eaton-Lambert (um distúrbio neuromuscular). Cânceres pulmonares de células não pequenas Os CPCNP incluem carcinomas espinocelulares, adenocarcinomas e carcinomas de células grandes. Como também ocorre com os CPPC, esses cânceres podem sintetizar produtos bioativos e causar síndromes paraneoplásicas. Carcinoma espinocelular É diagnosticado mais comumente nos homens e está relacionado com a história de tabagismo. Esse tipo de carcinoma tende a originar-se dos brônquios centrais, como uma proliferação intraluminar e, por isso pode ser diagnosticado mais precocemente pelo exame citológico do escarro, em comparação aos outros tipos de câncer do pulmão. O carcinoma espinocelular busca disseminar-se centralmente aos brônquios primários e aos linfonodos hilares e, nos estágios mais avançados que com os outros cânceres broncogênicos, espalha-se para fora do tórax. O carcinoma espinocelular está associado às síndromes paraneoplásicas que causam hipercalcemia. As lesões precursoras que originam o carcinoma de células escamosas invasivo são bem caracterizadas. Frequentemente são precedidos por metaplasia escamosa ou displasia do epitélio brônquico, que então se transforma em um carcinoma in situ, uma fase que pode durar vários anos pois a lesão é assintomática e não detectável em radiografias. Quando aparece um carcinoma de células escamosas invasivo, o tumor pode, então, seguir uma variedade de caminhos. Ele pode crescer de forma exofítica dentro da luz brônquica, produzindo uma massa intraluminal. Com o aumento subsequente, o brônquio fica obstruído, causando atelectasia distal e infecções. O tumor também pode penetrar nas paredes dos brônquios e infiltrar o tecido peribrônquico, atingindo a carina ou o mediastino. Em outros casos, o tumor cresce ao longo de uma frente ampla para produzir massa intraparenquimatosa em forma de couve-flor, que empurra a substância pulmonar à sua frente. Como em quase todos os tipos de câncer de pulmão, o tecido neoplásico é branco- acinzentado e firme a endurecido. Especialmente quando os tumores são volumosos, as áreas focais de hemorragia ou necrose podem parecer produzir um pontilhado vermelho ou amarelo- esbranquiçado e ecimento. Algumas vezes, esses focos necróticos são cavitados. O tumor é caracterizado pela presença de queratinização e/ou pontes intercelulares. A queratinização pode assumir a forma de pérolas córneas ou células individuais com citoplasma denso e acentuadamente eosinófilo. Esses aspectos são proeminentes nos tumores bem diferenciados, são facilmente vistos, mas não são extensos em tumores moderadamente diferenciados, e são vistos focalmente nos tumores pouco diferenciados. A atividade mitótica é maior nos tumores pouco diferenciados. O tumor branco-acinzentado infiltra o parênquima pulmonar. Secções histológicas identificamesse tumor como carcinoma de células escamosas. Adenocarcinoma Hoje em dia, adenocarcinoma é o tipo mais comum de câncer de pulmão nos EUA. A associação desse tipo de câncer ao tabagismo é menos evidente que a do carcinoma espinocelular. O adenocarcinoma de pulmão é mais comum nas mulheres e em não fumantes. Os adenocarcinomas podem originar- se dos tecidos bronquiolares ou alveolares do pulmão. Esses tumores tendem a se localizar mais perifericamente que os carcinomas espinocelulares e, em alguns casos, estão associados a áreas de retração fibrótica. Essas áreas podem ser ocasionadas por infartos antigos, corpos estranhos metálicos, feridas e infecções granulomatosas, inclusive tuberculose. Em geral, os adenocarcinomas têm prognóstico mais desfavorável que os carcinomas espinocelulares nos estágios correspondentes. O Adenocarcinoma é um tumor maligno, bastante invasivo, que conta com diferenciação glandular ou produção de mucina por suas células. É o carcinoma pulmonar de células não pequenas mais prevalente. Em geral, têm crescimento lento e tamanho diminuído em comparação com outros tipos tumorais, mas tendem a sofrer metástase ainda nos estágios iniciais de desenvolvimento. Pode ocorrer disseminação para o cérebro (com maior frequência), para os ossos, fígado e para as adrenais. Classificado em: • Acinar: estruturas glandulares com formação de lúmen; glândulas redondas/ ovais invadindo o estroma (geralmente fibroso). • Lepídico: proliferação na parede alveolar; pouca complexidade arquitetônica; sem invasão linfovascular ou perineural. • Papilar: crescimento longo de eixo fibroconjuntivo; células cuboidais/colunares malignas substituem o revestimento alveolar; contém núcleos fibrovasculares. • Micropapilar: arranjo papilar sem eixo fibroconjuntivo; projeção/tufagem mal definida sem núcleos fibrovasculares (pior prognóstico). • Sólido: arranjo sólido com positividades para marcadores de pneumócitos à IH (TTF1, Napsin- A); camadas de células neoplásicas (pior prognóstico). • Mucinoso (variante): mucina intracitoplasmática. Anteriormente chamada bronquioloalveolar mucinosa; tende a se espalhar pelos espaços aéreos, formando tumores satélites. Estes podem surgir como nódulos solitários ou múltiplos, ou comprometer um lobo inteiro (menor probabilidade de cura por cirurgia). Adenocarcinoma in situ, subtipo mucinoso. O crescimento característico ao longo do septo alveolar preexistente é evidente, sem invasão. Carcinoma de células grandes Caracteriza-se por células poligonais volumosas. Esses tumores constituem um grupo de neoplasias altamente anaplásicas e difíceis de classificar como carcinomas espinocelulares ou adenocarcinomas. Os carcinomas de células grandes tendem a ocorrer na periferia dos pulmões e invadir brônquios segmentares e vias respiratórias mais calibrosas. Os tumores desse tipo têm prognóstico desfavorável, em razão de sua tendência a produzir focos metastásticos distantes em estágios iniciais de sua evolução.As células tipicamente apresentam núcleos grandes, nucléolos proeminentes e quantidade moderada de citoplasma. Variantes histológicas do carcinoma pulmonar. A, Adenocarcinoma formando uma glândula; o detalhe mostra a expressão do fator de transcrição da tireoide-1 (TTF-1), conforme detectado pela imuno-histoquímica. B, Carcinoma de células escamosas bem-diferenciado, mostrando queratinização (setas). O carcinoma de grandes células é um diagnóstico de exclusão, já que não expressa os marcadores associados com o adenocarcinoma (TTF-1, napsina A) e o carcinoma de células escamosas (p63, p40). Uma variante histológica é o carcinoma neuroendócrino de grandes células, que tem características moleculares similares àquelas que caracterizam o carcinoma de pequenas células, mas é composto por células tumorais de maior tamanho.Qualquer tipo de carcinoma pulmonar pode se estender à superfície pleural e, então, para o interior da cavidade pleural ou pericárdio. As metástases para os linfonodos traqueais, brônquicos e mediastinais podem ser encontradas na maioria dos casos. A frequência de envolvimento nodal varia discretamente com o padrão histológico, mas em média é maior do que 50%. C, Carcinoma de pequenas células. Há ilhas de pequenas células fortemente basofílicas e áreas de necrose. D, Carcinoma de grandes células. As células cancerígenas são pleomórficas e não mostram evidências de diferenciação glandular ou escamosa. Estadiamento Um sistema TNM uniforme para estadiamento de câncer em relação à sua extensão anatômica no momento do diagnóstico é útil, particularmente para comparar os resultados terapêuticos de diferentes centros. Curso Clínico O câncer de pulmão é uma das neoplasias mais insidiosas e agressivas do domínio da oncologia. Num caso usual, ele é descoberto em pacientes por volta dos 50 anos de idade ou mais, cujos sintomas têm vários meses de duração. As principais queixas de apresentação são tosse (75%), perda Em relação ao estadiamento: Pacientes do 0 até o IIB é recomendado o tratamento cirúrgico, sendo curativo na maioria das vezes. Pacientes do estadio IIIA é individualizado podendo ser realizado (quimioe após cirurgia ou a cirurgia sendo realizada primeiro e após isso a quimio, e também é recomendada a IMUNOTERAPIA) Pacientes do estadio IIIB: tratamento não cirúrgico (radio, quimio, imunoterapia) e tratamentos paliativos. de peso (40%), dor torácica (40%) e dispneia (20%). O tumor é descoberto pela sua disseminação secundária, durante a investigação de uma neoplasia suspeita primária ou metastática em outra localização. Os sintomas das metástases dependem do local, por exemplo, dores nas costas em metástases ósseas, dores de cabeça, hemiparesia, lesão do nervo craniano e convulsões em metástases cerebrais. Assim como outros tipos de câncer, o de pulmão causa sinais e sintomas inespecíficos como anorexia e emagrecimento. Uma vez que seus sintomas são parecidos com aqueles associados ao tabagismo e à bronquite crônica, tais queixas geralmente não são levadas em consideração. Muitos pacientes que se apresentam com indícios de um câncer de pulmão já têm metástases. Os sítios mais comuns dessas metástases são encéfalo, ossos e fígado. Diagnóstico e tratamento O diagnóstico do câncer de pulmão baseia-se na história e no exame físico detalhados, bem como em outros exames, incluindo radiografias do tórax, broncoscopia, exames citológicos do escarro ou lavados brônquicos, biopsia dos tecidos pulmonares por agulha percutânea e biopsia de linfonodo escalênico. TC (utilizada para avaliar se o câncer de pulmão está presente nos linfonodos do hilo ou mediastinais, fígado e glândulas adrenais, RM e ultrassonografia são usadas para localizar as lesões e avaliar a extensão da doença. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é uma alternativa não invasiva (usa a 2-[18F]fluoro-2-desoxi-D- glicose para identificar áreas de aumento de metabolismo de glicose nos tumores de pulmão, é mais sensível que a TC no estadiamento do câncer de pulmão; ela tem uma sensibilidade de 83%, especificidade de 96%) para detectar lesões metastáticas do mediastino ou de estruturas distantes. Os pacientes com CPPC também devem fazer TC ou RM do encéfalo para detectar metástases. Imagens diagnósticas: Tratamento - Esquema EGFR = receptor do fator de crescimento epidérmico; PFS-HR = proporção prejudicial da sobrevida livre de progressão *Todos os regimes de quimioterapia incluem cisplatina ou carboplatina. O segundo medicamento utilizado como parte doregime pode incluir etoposídeo, paclitaxel, docetaxel, vinorelbina, gencitabina ou irinotecano. A irradiação craniana profilática é recomendada para todos os pacientes com uma resposta completa para a terapia inicial. Síndrome Paraneoplásica Os carcinomas de pulmão podem ser associados a várias síndromes paraneoplásicas, algumas das quais podem preceder o desenvolvimento de uma lesão pulmonar detectável. Os fatores hormonais ou semelhantes a hormônios elaborados incluem: • Hormônio antidiurético (ADH, do inglês, antidiuretic hormone), induzindo hiponatremia decorrente de secreção inapropriada de ADH. • Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, do inglês, adrenocorticotropic hormone), produzindo síndrome de Cushing. • Paratormônio, peptídio relacionado ao hormônio da paratireoide, prostaglandina E e algumas citocinas, todos implicados na hipercalcemia frequentemente observada no câncer de pulmão. • Calcitonina, causando hipocalcemia. • Gonadotrofinas, causando ginecomastia. • Serotonina e bradicinina, associadas à síndrome carcinoide. A incidência de síndromes clinicamente significativas relacionadas a esses fatores em pacientes com câncer de pulmão varia de 1% a 10%, embora uma proporção muito maior de pacientes exiba níveis séricos elevados destes (e outros) peptídios hormonais. Qualquer tipo histológico de tumor pode, ocasionalmente, produzir qualquer um desses hormônios, porém os tumores que produzem ACTH e ADH predominantemente são carcinomas de pequenas células, enquanto aqueles que produzem hipercalcemia na maioria das vezes são carcinomas de células escamosas. Outras manifestações sistêmicas do carcinoma de pulmão incluem a síndrome miastênica de Eaton- Lambert, na qual a fraqueza muscular é causada por autoanticorpos (possivelmente estimulados por canais iônicos do tumor) dirigidos contra o canal de cálcio neuronal; neuropatia periférica, geralmente puramente sensorial; anormalidades dermatológicas, incluindo acantose nigricans; anormalidades hematológicas, como reações leucemoides, estados de hipercoagulabilidade como a síndrome de Trousseau (trombose de veias profundas e tromboembolismo); e, finalmente, uma anormalidade peculiar do tecido conjuntivo chamada osteoartropatia pulmonar hipertrófica, associada ao baqueteamento digital. Os cânceres de pulmão apicais no sulco pulmonar superior tendem a invadir as estruturas neurais ao redor da traqueia, incluindo o plexo simpático cervical, e produzem um grupo de achados clínicos que incluem dor severa na distribuição do nervo ulnar e a síndrome de Horner (enoftalmia, ptose palpebral, miose e anidrose) no mesmo lado da lesão. Esses tumores também são chamados de tumores de Pancoast. Entender a relação do tabagismo como câncer de pulmão Estima-se que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 85% a 90% de todos os casos de câncer de pulmão, sendo 90% de casos em homens e 80% em mulheres. Já foram identificados mais de 40 carcinógenos no cigarro. O risco de desenvolvimento de câncer de pulmão está correlacionado com o número de cigarros fumados ao dia, duração do hábito no tempo de vida, idade de início do tabagismo, grau de inalação, conteúdo de alcatrão e nicotina nos cigarros e uso de cigarros sem filtro. Se uma pessoa que nunca fumou na vida tem uma taxa de risco relativo para o desenvolvimento de câncer de pulmão de 1, os fumantes que fumam menos de ½ pacote de cigarros/dia, a um pacote/dia, um a dois pacotes/dia e mais que dois pacotes/dia têm uma taxa de risco de 15, 17, 42 e 64, respectivamente. A taxa de risco para ex-fumantes é dependente da duração de abstinência do hábito de fumar; para alcançar uma taxa de risco de 1,5 a 2,0, é preciso uma abstinência de aproximadamente 30 anos. Fumar cachimbo e charuto também constitui fatores de risco para câncer de pulmão, mas acredita-se que este risco seja menor que aquele associado ao cigarro, possivelmente porque esses produtos do tabaco tenham a tendência a serem inalados menos profundamente que o cigarro. A exposição à fumaça de cigarro no ambiente (i.e., fumo passivo) por não fumantes, especialmente no local de trabalho, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão. A exposição a níveis de fumaça de cigarro no ambiente depende do tamanho do espaço fechado e da intensidade da fumaça de cigarro. Diagnósticos diferenciais: Pneumonia, tuberculose, infecção fúngica, abcessos pulmonares.
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