Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Geovana Sanches, TXXIV DOENÇAS CIRÚRGICAS DOS INTESTINOS ANATOMIA DO CÓLON O cólon é anatomicamente dividido em: cólon ascendente (espaço retroperitoneal), cólon trasverso (espaço intraperitoneal), cólon descendente (espaço retroperitoneal), cólon sigmoide (livre na cavidade) e reto (espaço pélvico). O cólon ascendente abriga conteúdo líquido, enquanto o cólon descendente abriga conteúdo sólido. Vascularização • A artéria mesentérica superior passa por cima do duodeno; • As veias e os linfonodos acompanham o trajeto arterial • A artéria retal vasculariza o reto. o Artéria retal superior: ramo da artéria mesentérica inferior o Artéria retal média: ramo da artéria hipogástrica o Artéria retal inferior: ramo da pudenda Drenagem venosa • A veia cava inferior passa por trás do fígado, mas não se relaciona com a circulação portal • A veia mesentérica inferior desemboca na esplênica Hábito intestinal adequado Um hábito intestinal adequado diminui constipação, diverticulose e câncer de cólon. • Fermentação de proteínas (putrefação) • Fenóis, indóis e aminas (potencialmente tóxicos) • Ácidos graxos de cadeia curta • Ânios (acetato, propionato e butirato) • Reciclagem da ureia (bactérias são ricas em uréase) • Absorção: 1000 a 1500 mL de líquido no ceco, 100 a 150 mL líquido nas fezes ADENOCARCINOMA DE CÓLON E RETO Os adenocarcinomas de cólon e reto são os tumores mais frequentes no país (INCA, 1015), sendo que cerca de 90% dos casos ocorrem em pacientes com mais de 50 anos. Característica Formas hereditárias • Mutação específica em todas as células do indivíduo • Polipose adenomatosa familiar o 100% de risco de aparecimento de câncer • Câncer colorretal não relacionado a pólipos Formas esporádicas • Mutações limitadas ao tumor • Esporádica, sem história familiar • Estima-se que o tumor demore cerca de 6 meses para crescer em um quarto da luz do cólon • Forma mais comum de câncer colorretal • Maior acometimento de pacientes entre 60 e 80 anos • Cólon esquerdo: mais obstrutivos, constipação progressiva (parede mais espessa e menor diâmetro) Geovana Sanches, TXXIV • Cólon direito: anemia, melena (aumento da incidência) Formas familiares • Risco aumentado caso ocorra antes dos 50 anos o Adiantar 5 anos de exames profilático, com início de colonocopia e endoscopia aos 45 anos • Familiar do primeiro grau com o tumor • Número de membros da família acometidos (até 2x a população geral) Genética do câncer colorretal • Progressão do pólipo adenomatoso benigno para carcinoma invasivo Vias moleculares e genéticas • Genes de supressão tumoral (produzem proteínas que inibem a formação do tumor e regulam atividade mitótica) • Genes de reparo do não pareamento do DNA (“genes guardiões) • Proto-oncogenes o RAS cromossomo 12: sua mutação estimula o crescimento celular • Mutações específicas do gene APC (da polipose adenomatose coli) Síndrome de câncer hereditário: Síndrome de Peutz-Jeghens • Doença autossômica dominante • Lesões pigmentadas na pele • Pólipos hamartomatosos no TGI • Risco aumentado de cânceres Patogênese • Sequência adenoma à carcinoma • Pólipo adenomatoso: adenoma tubular maior que 3 cm tem 35% de chances de se tornar um câncer • Adenoma viloso: maior que 2 cm possui 50% de chance de virar um câncer Classificação dos pólipos benignos Os pólipos colorretais podem ser pediculados ou sésseis (base larga). Caso sejam adenomatosos, devem ser considerados como precurssores de câncer. Adenoma tubular (65 a 80%) Adenoma viloso (5 a 10%) • Longas hastes, semelhantes a dedos • Risco extremo para o desenvolvimento de câncer Adenoma tubuloviloso (15 a 25%) Pólipos com câncer • Nível 0: in situ • Nível 1: invade a muscular da mucosa (limitado a cabeça do pólipo) • Nível 2: invade o colo do pólipo • Nível 3: invade a haste do pólipo Geovana Sanches, TXXIV • Nível 4: invade a submucosa do intestino Localização do câncer colorretal • Cólon direito (30%) • Cólon transverso (10%) • Cólon esquerdo (15%) • Cólon sigmoide (25%) • Reto (20%) Tratamento operatório • Ressecção do cólon • Vascularização e planejamento operatório • Ressecção com critérios oncológicos • Local onde deve ser feito as ligaduras Colectomias • Retiram em torno de 10 cm de cólon • Baseiam-se na vascularização à Classificação • Parcial (segmentar) o Direita (ceco + transverso) o Transversa (ascendente + descendente) o Esquerda (sutura-se o transverso no reto) • Subtotal: 2 ou mais segmentos • Total: todo o intestino grosso, menos o reto (realizado em processos inflamatórios, polipose difusa) o Proctocolectomia total: ileostomia definitiva o Retocolectomia abdomonino- perineal § Anastomose colorretal (imediata ou retardada) § Continência mantida: 4 a 6 cm de mucosa retal § Com abaixamento retrorretal do cólon (Duhamel Haddad; Megacólon congênito ou chagásico) o Colo reta: fechamento na reflexão peritoneal à Indicações • Tumores benignos e malignos • Polipose familiar • Processos inflamatórios • RCUI, Tbc, DDC, Cronh • Ferimentos • Distúrbios mecânicos (volvo, invaginações) • Megacólon (transverso reto anastomose) • Lesões isquêmicas Ressecções • Ressecção anterior do retossigmoide (sigmoide + reto proximal) • Ressecção abdominoperineal (sigmoide, reto e ânus) o Neoplasias do reto ou que o invadem o Adenomatose múltipla e degeneração maligna (proctocolectomia total e ileostomia definitiva) o Retocolite ulcerativa e Chron (formas graves – colostomia terminal definitiva) • Opções atuais: radio e quimioterapia Operação de Hartmann • Fechamento colo retal na reflexão peritoneal e preserva o reto e canal anal para reconstrução • Colostomia proximal • As colostomias são divididas em temporárias e definitivas. • Há colostomia terminal (coloca a boca do colo direto na parede abdominal). Tem também a colostomia em alça. Geovana Sanches, TXXIV Anastomose coloanal • Preservação do mecanismo esfincteriano (continência) o Se possível, acima da linha pectínea que é o limite da anastomose (se o tumor invadir a linha não tem como) • A anastomose se colo baixa aso limitadas pela continência • Estomias de “proteção” • Continência mantida: 4 a 6 cm mucosa retal • Anastomoses abaixo de 3 cm da borda anal: incontinência (anastomoses mecânicas) o Anastomoses mecânicas (apenas anastomoses abaixo do anoderma, preservando o mecanismo esfincteriano) o “Grampeadores”: circular (cólon 33mm) ou linear cortante • Bolsa (pouch) ileal em J • Reconstrução: colectomia total e anastomose ileoanal Estadiamento patológico de Dukes Ressecção tumoral • R0: ressecção tumoral completa, margens negativas • R1: ressecção incompleta, comprome- timento microscópico da margem • R2: ressecção incompleta, tumor residual macroscópico não ressecável Classificação TNM • T1: mucosa • T2: muscular • T3: até serosa • T4: invadiu toda a parede do cólon e começa a atingir órgãos adjacentes Câncer retal O câncer retal é comum e grave, de forma que é necessário instituir estratégias de rastreamento (existem lesões precursoras e o crescimento é lento). Dentre os exames disponíveis para o rastreio estão a pesquisa de sangue oculto nas fezes e os exames endoscópicos. Sintomas O sangramento é o sintoma mais comum, mas também pode ocorrer cuco, tenesmo, alteração do hábito intestinal. Tratamento O tratamento é realizado previamente com quimioterapia e radioterapia para diminuição do tumor. Dificuldades especificas (continência anal) • Proximidade com esfíncteres anais • Determinar extensão da invasão e disseminação linfonodal • Desafio o Tumores nos 3 a 5 cm distais do reto o Proximidade de órgãos adjacentes Opções possíveis • Excisão local trasanal para tumores pequenose superficiais • Ressecção abdominoperineal com colostomia definitiva (Miles) • Ressecção anterior baixa com anastomoses mecânicas baixas • Ressecção abdominoperineal, preservação esfincteriana e anastomose coloanal • Reconstruções com bolsas em J em algumas situações INTESTINO DELGADO: DIVERTÍCULO DE MECKEL O divertículo de Meckel é a anomalia congênita mais frequente do intestino delgado (2% da população). • Borda antimesentérica do íleo • Fechamento incompleto do ducto ônfalo- mesentérico (vitelínico) • Células do ducto são pluripotenciais o Mucosa gástrica (50%) o Mucosa pancreática (5%) o Mucosa colônica • Maioria achado incidental • Pode haver sangramento ou obstrução intestinal (principalmente em crianças) Geovana Sanches, TXXIV • Tratamento operatório: ressecção (mesmo achado incidental em adultos) DISTÚRBIOS ANAIS BENIGNOS Hemorroidas • Internas: acima da linha denteada o Sangramento indolor, vermelho- vivo ou prolapso associado à defecação o Classificadas conforme a extensão do prolapso • Externas: abaixo da linha denteada o Vazamento mucoso e fecal, prurido o Dor geralmente não está associada a hemorróidas não complicadas Exame físico • Inspeção durante o esforço, exame retal digital e anuscopia • Avaliar fatores de risco para câncer do cólon Classificação da doença hemorroidária • Grau 1: hemorroida interna, que não saem para fora do ânus • Grau 2: podem sair para fora do ânus, mas voltam para dentro sozinhas • Grau 3: saem para fora do ânus e devem ser cuidadosamente empurradas para voltar para dentro • Grau 4: saem para fora do ânus e não voltam para dentro, provocando dor intensa Graduação e tratamento das hemorroidas internas O tratamento pode ser não operatório e por procedimentos ambulatoriais. Ele é de urgência quando ocorre trombose hemorroidária aguda. O tratamento operatório se dá por hemorroidectomias clássicas com grampeador (PPH), podendo ser realizado pela técnica de Milligan e Morgan ou pela técnica de Ferguson. Fissuras anais Fissura anal é uma úlcera linear na metade inferior do canal anal, geralmente na comissura posterior na linha média. Dentre os achados associados característicos estão a hemorroida sentinela ou plicoma externamente, e a papila anal hipertrófica internamente. Quadro clínico • Dor e ligeiro sangramento após evacuação • Dor intensa • Exame digital e proctoscópico podem ser protelados Patogênese provável Hipertonia do esfíncter anal e isquemia da mucosa. Tratamento • Clínico: correção da obstipação e aplicação tópica de hidrocortisona e lidocaína (diliazem 2%) Geovana Sanches, TXXIV • Operatório: esfincterotomia interna lateral parcial e excisão da fissura (atualmente pode não ser realizada) Abcessos anorretais Ao realizar o diagnóstico de abcesso anorretal, a indicação de drenagem é imediata. Como complicação, há o aparecimento de fístula anal após a drenagem do abcesso. São infecções devastadoras, que podem ocasionar necrose do períneo e serem letais - Síndrome de Fournier (gangrena de Fournier) Cuidados especiais • Imunodeprimidos • Diabetes • Tratamento para câncer • Imunossupressão medicamentosa crônica Classificação As fístulas anorretais são classificadas em quatro categorias anatômicas. Tratamento operatório • Identificar orifício interno: pode ser injetado azul de metileno para identificar o trajeto. • Fistulotomia primária • Fístulas anteriores em mulheres ou se trajeto envolve mais de 25% dos músculos esfincterianos: o Colocação de fio (seton / sedenho) - induzir fibrose o Operação em dois tempos (após 2 a 3 meses) o Preservar continência anal
Compartilhar