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@emanuellycardoso Ortopedia Pediátrica – Trauma INTRODUÇÃO • Fise (placa epifisária): estrutura característica do osso imaturo, e seu fechamento indica o final do crescimento ósseo • Evolução não simultânea • Causas de lesão: a) Traumática b) Infecciosa c) Tumorais d) Iatrogênicas Anatomia • Fise: estrutura responsável pelo crescimento longitudinal do osso através do processo de ossificação endocondral • RX: área linear de maior radiotransparência entre a epífise e a metáfise • Intra-articulares: a) Fêmur b) Úmero proximal c) Rádio proximal PLACA DE CRESCIMENTO • Zona de Repouso ou Reserva: acumula lipídios para nutrição • Zona proliferativa: produção de matriz + proliferação celular + maior taxa de O2 + metabolismo aeróbio • Zona Hipertrófica (3 subzonas): maturação + degeneração + calcificação provisória (avascular + baixa taxa de O2 + metabolismo anaeróbio) • Zona de Calcificação LESÃO FISÁRIA • Alteração do crescimento • Adolescência fise de crescimento mais frágil • Exposição maior ao trauma TRAUMA • A maioria das fraturas está relacionada a quedas no ambiente doméstico, afetando em maior proporção os membros superiores (clavícula, punho, antebraço e cotovelo) Epidemiologia • Lesões musculoesqueléticas: 15% das lesões na criança • Fraturas da fise: 20% a 30% dos pacientes • Mais em crianças de maior idade = zonas de fragilidade, sujeitas a forças de cisalhamento ou compressivas • Nas crianças menores as lesões costumam ocorrer na metáfise • Fises distais são mais propensas que as proximais Sintomas • Sintoma mais importante da fratura = dor imediata + acentua-se com movimento ou com compressão da região • Criança evita movimentar o membro fraturado = impotência funcional • Presença de movimento ativo não afasta a possibilidade de fratura • Fratura em MMII = criança evita apoiá-los no chão ou manca + pode aparecer deformidade aparente + edema é comum + hematomas (sangramento interno) • Em certas situações, verifica-se uma movimentação anormal do osso no local da fratura, acompanhada de barulho ou sensação de raspar (crepitação) @emanuellycardoso TIPOS DE FRATURA • Fratura fechada: não há lesão da pele • Fratura aberta ou exposta: há, na pele, uma ferida que se comunica com o hematoma fraturário + pode ser de qualquer dimensão, inclusive se resumindo a um ponto • Fratura patológica: ocorre num osso afetado por problemas prévios que o enfraqueceram (como doenças congênitas, infecções e lesões benignas ou malignas) • Fratura por estresse: ocorre em ossos submetidos a esforço contínuo + sua incidência vem se elevando devido à disseminação da prática esportiva intensa pelos jovens • Fratura desviada: os fragmentos do osso se deslocam • Fratura articular: há acometimento da articulação • Descolamento epifisário: atinge a placa de crescimento • Fratura em “galho verde”: o osso é “lascado” ou “trincado”, sendo que um lado dele permanece íntegro • Fratura subperiostal: ocorre sob o periósteo, membrana resistente que envolve o osso Fratura por compressão Fratura em galho verde Patológica • “Toro- cano de bambu - subperiostal • Periósteo íntegro • Deformação elástica > criança • Convexo: fratura • Côncavo: deformação plástica DIAGNÓSTICO • Suspeita clínica • Cuidado com a sintomatologia variável • Radiografias: ➢ Comparativas ➢ Sinais indiretos (casos em que o centro de ossificação não apareceu ainda) ➢ Desvio metafisário ➢ Aumento das partes moles • Outros exames: US + TC + RNM + cintilografia óssea • Lembrar das lesões compressivas – difícil diagnóstico • Principalmente joelho e tornozelo CLASSIFICAÇÃO – SALTER E HARRIS TIPO I Mais frequente nas crianças de baixa idade TIPO II Triângulo de Thurston-Holland Corresponde a 75% das fraturas da fise Normalmente em crianças acima de 10 anos Cursa com distúrbio de crescimento em 10 a 30% TIPO III Fratura intra-articular Pouco frequente: tíbia proximal, distal e falanges TIPO IV Fratura intra-articular e instável Redução anatômica mandatório Mais frequente na porção lateral do úmero TIPO V Lesões provocadas por forças compressivas Prognóstico ruim, e evolui com deformidade secundária e progressiva Fechamento prematuro da cartilagem TIPO VI RANG Produzida por traumas locais, avulsões de partes moles ou queimaduras Corresponde a lesão do anel pericondral e pode resultar em ponte óssea entre a epífise e a metáfise levando a deformidade angular progressiva @emanuellycardoso TRATAMENTO • Quando instituído precocemente torna-se mais fácil • Redução incruenta: se necessário, sob anestesia + manobras suaves (evita traumatismos maiores) + 2 manobras no máximo • Redução cruenta: casos de irredutibilidade → interposição de partes moles • Fraturas tipo I e II: aceita algum desvio angular devido à: capacidade de remodelação + não acometimento da camada germinativa • Fraturas do tipo III e IV: necessitam de redução anatômica por acometeram a camada germinativa → resultados insatisfatórios + no acesso cirúrgico deve-se ficar atento com a vascularização local Fixação: • Indicações: articulações grandes (joelho e quadril – submetidas a muitas forças deformantes) + edema grande + lesões cutâneas + complicações vasculares + politrauma + sempre que houver necessidade de redução cruenta • Método: síntese mínima complementada com aparelho gessado ➢ Evitar transfixação da placa epifisária ➢ Se for necessário, usar fios lisos, não ultrapassando o seu diâmetro em 9% da área total da fise e evitar a periferia (pode lesar o anel pericondral) ➢ Retirar após a consolidação Criança engessada: sinais de alerta → procurar ajuda médica em caso de: • Dor intensa, acima do normal, progressiva, sem resposta ao uso de analgésico • Edema em dedos • Palidez dos dedos ou extremidades roxas • Dedos frios • Parestesia ou alteração de sensibilidade • Dedos muito dobrados e dificuldade para movimentar os dedos • Esses sintomas indicam que pode estar havendo uma compressão capaz de lesionar nervos e músculos, que, se não for tratada prontamente, pode deixar sequelas graves Complicações • Causas: gravidade da lesão (quanto maior a energia, pior o prognóstico) + tratamento inadequado + intercorrência durante o tratamento • Tipos: ➢ Infecção ➢ Sobrecrescimento ➢ Hipoplasia: lesão da camada germinativa ou lesão vascular ➢ Retardo de consolidação e pseudo-artrose ➢ Rigidez articular: incomum ➢ Desvios articulares: maus resultados ➢ Formação de barra óssea a) Leva a deformidades angulares progressivas b) Tratar com desepifisiodese com osteotomias corretivas c) Quando a lesão ultrapassar 40% a 50% da área da fise, realizar epifisiodese definitiva para evitar a progressão da deformidade + correção da discrepância residual PRONAÇÃO DOLOROSA DO COTOVELO • Idade: 2-6 anos • Causa: elevação da criança com membro superior estendido • Patologia: desproporção da cabeça do rádio e ligamento anular • Clínica: membro doloroso em pronação fixa • Redução: flexão com supinação SÍNDROME DA CRIANÇA ESPANCADA • História inconsistente • Exame clínico • Múltiplas fraturas → diferentes estágios de consolidação • Manifestações clínicas na pele (nádegas, períneo, tronco, cabeça, pescoço, região posterior dos MMII) + ferimentos corto-contusos+ queimaduras + equimoses → diferentes estágios • Fraturas = presentes em cerca de 36% dos pacientes vítimas do abuso físico • Suspeita = solicitar radiografia completa do esqueleto (principalmente nas crianças < 2 anos → objetivo: de avaliar lesões antigas - recorrência dos traumas é frequente) • Abordagem na ortopedia = suspeita de diagnóstico → documentação e internação → equipe multidisciplinar