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Faculdades Anhanguera de Dourados NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO ANIMAL Profª. Francielen Mª. Santi Alves Disciplina: Bromatologia e Nutrição Animal NUTRIÇÃO ANIMAL 1. INTRODUÇÃO A nutrição animal adequada visa atender a todos os nutrientes que os animais exigem para que estes expressem todo o seu potencial produtivo. Atualmente, a aplicação da nutrição animal deve obedecer a regras bem definidas e baseadas em fatores como: a ecologia (sustentabilidade ambiental), a qualidade (aceitabilidade e segurança alimentar) e a responsabilidade (proteção humana, animal e ética). Isso porque na alimentação animal intensiva, é cada dia mais comum a utilização de aditivos na dieta dos animais que quando consumidos, podem causar efeitos deletérios à saúde humana, como o aparecimento de doenças e de infecções com microorganismos resistentes aos antimicrobianos. Portanto, a sociedade está cada dia mais preocupada com a segurança dos alimentos que ingere e também com o bem estar animal. Por estes motivos, os sistemas de criação e alimentação tem evoluído para atender as necessidades dos animais e dos consumidores. No sistema de produção agroecológico é constante a busca por alimentos alternativos, isentos de contaminantes e que possam trazer um bom desempenho aos animais e saúde ao consumidor de carnes e ovos. No entanto, cada espécie animal tem características digestivas peculiares e para saber como o fornecimento de um alimento poderá atuar sobre o desempenho do animal é necessário conhecer o funcionamento do sistema digestivo de cada espécie. A análise de alimentos é uma área muito importante no ensino das ciências que estudam alimentos, pois ela atua em vários segmentos do controle de qualidade, do processamento e do armazenamento dos alimentos processados. Muitas vezes, o termo análise de alimentos é substituído por outros temos como química de alimentos´ e bromatologia, que se consagraram na literatura.A palavra Bromatologia deriva do grego: Broma, Bromatos significa dos alimentos; e Logos significa Ciência. Portanto, por extensão dos termos BROMATOS e LOGOS, pode-se definir Bromatologia como a ciência que estuda os alimentos. Nesta apostila pretende-se apresentar de forma simples o sistema e o processo digestivo de monogástricos e ruminantes com o objetivo de tornar os alunos capazes de distinguir as diferenças digestivas entre as espécies e assim saber como alimentá-las eficientemente. 2. GENERALIDADES SOBRE ALIMENTOS Definiremos, a seguir, alguns termos que julgamos pertinentes: ALIMENTOS: toda a substância ou mistura de substância, que ingerida pelo homem fornece ao organismo os elementos normais à formação, manutenção e desenvolvimento. Outra definição seria aquela que diz que alimento é toda a substância ou energia que, introduzida no organismo, o nutre. Devendo ser direta ou indiretamente não tóxica. ALIMENTOS COMPOSTOS: São substâncias de composição química variada e complexa, de origem animal ou vegetal, ou formada por uma mistura de alimentos simples (leite, carne, frutas,etc). ALIMENTOS APTOS PARA O CONSUMO: São aqueles que respondendo às exigências das leis vigentes, não contém substâncias não autorizadas que constituam adulteração, vendendo-se coma denominação e rótulos legais. Também são chamados de alimentos GENUÍNOS. Alimentos NATURAIS são aqueles alimentos que estão aptos para o consumo, exigindo-se apenas a remoção da parte não comestível (in natura). A diferença entre alimentos genuínos e naturais radica em que sempre os alimentos genuínos devem estar dentro das regulamentações da lei; no entanto, nem sempre o alimento natural pode ser genuíno, como por exemplo uma fruta que está com grau de maturação acima da maturação fisiológica permitida. 3. IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE ALIMENTOS Indústrias - controle de qualidade, controle de processos em águas, alimentos, matérias-primas, produto acabado, embalagens, vida-de-prateleira, etc); Universidades e Institutos de pesquisa - desenvolvimento de metodologia, controle de processos em pesquisas, prestação de serviços, etc. Órgãos Governamentais - registro de alimentos, fiscalização na venda e distribuição, etc 4. CLASSIFICAÇÃO DA ANÁLISE DE ALIMENTOS Existem três tipos de aplicações em análise de alimentos: Controle de qualidade de rotina É utilizado tanto para checar a matéria prima que chega, como o produto acabado que sai de uma indústria, além de controlar os diversos estágios do processamento. Nestes casos, de análises de rotina, costuma-se, sempre que possível, utilizar métodos instrumentais que são bem mais rápidos que os convencionais. Fiscalização É utilizado para verificar o cumprimento da legislação, através de métodos analíticos que sejam precisos e exatos e, de preferência, oficiais. Pesquisa É utilizada para desenvolver ou adaptar métodos analíticos exatos, precisos, sensíveis,rápidos, eficientes, simples e de baixo custo na determinação de um dado componente do alimento 5. CLASSIFICAÇÃO DOS ANIMAIS DE ACORDO COM A ALIMENTAÇÃO De acordo com o tipo de alimentação, os animais classificam-se em : A) Carnívoros. São aqueles animais cuja alimentação é de origem animal. O cão e o gato são carnívoros por excelência. O trato gastrointestinal é proporcionalmente curto em relação ao comprimento do corpo (relação 1:5), sua alimentação consiste basicamente de alimentos ricos em nutrientes de alta digestibilidade. B) Herbívoros. São aqueles animais cuja alimentação é de origem vegetal. Dentre estes, destacam-se o cavalo, bovino, ovinos, caprinos e o coelho. Os herbívoros apresentam no tubo digestivo segmentos ampliados (estômago, intestino grosso), que são particularmente importantes para a decomposição dos componentes da parede celular (celulose, hemicelulose, etc.) C ) Onívoros Os onívoros são colocados em posição intermediária, pois sua alimentação pode ser tanto de origem vegetal quanto animal. O homem e o suíno são considerados representantes desta classe. O trato gastrointestinal dos onívoros é consideravelmente mais longo do que o dos carnívoros. Nos animais carnívoros e onívoros, a digestão é basicamente química (enzimática). O suíno adulto, em condições de campo, pode ter um pouco de digestão microbiana. Nos herbívoros a digestão é microbiana e enzimática. 6. SISTEMA DIGESTÓRIO DOS ANIMAIS Compreende o aparelho digestório (também chamado de trato gastrointestinal),todos os órgãos, desde a boca até o ânus e algumas glândulas acessórias como as glândulas salivares, fígado e pâncreas. De uma forma geral o trato gastrointestinal e suas glândulas acessórias tem três funções fundamentais, nas quais os alimentos são transformadas em substâncias simples. São elas: - DIGESTÃO – consiste na quebra do alimentos para que possam ser aproveitados pelo animal. - ABSORÇÃO – após quebrados os alimentos são absorvidos pela parede intestinal pelas fezes e excreta. - EXCREÇÃO - e os resíduos não aproveitados eliminados. De acordo com sistema digestório os animais podem ser considerados como monogástricos ou ruminantes. - Monogástricos: são os animais não ruminantes que apresentam um estômago simples (mono=1 gastrico= digestão), com uma capacidade de armazenamento pequena e portanto o fornecimento de alimentos deve ser constante. Existem monogástricos carnívoros como o cão e o gato; herbívoros como o coelho e o cavalo; e onívoros como as aves e os suínos. - Ruminantes: são mamíferos herbívoros que possuem vários compartimentos gástricos, por isso também denominados de poligástricos. O estômago dos ruminantes possuem quatro compartimentos o rúmen, retículo, omaso e abomaso. O termo ruminantes vem do fato destes animais ruminarem, isto é, ingerem rapidamente o alimento e após um período eles tornam a regurgitar o alimentopara a boca, onde ele é de novo mastigado e deglutido. 7. SISTEMA DIGESTÓRIO DOS MONOGÁSTRICOS 3.1.1 Sistema digestório dos suínos O sistema digestório dos suínos é composto pela boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Possui ainda como acessórios os dentes, glândulas salivares, fígado e pâncreas. - Boca: contém quatro grupos acessórios: 1. Lábios – são responsáveis pela apreensão do alimento; 2. Língua – é responsável pela apreensão, mistura e deglutição do alimento além do sentido do gosto; 3. Dentes - são responsáveis apreensão e mastigação: 4. Glândulas salivares - três pares de glândulas que secretam a saliva que serve para umedecer o alimento e facilitar o processo digestivo. A saliva também possui a enzima amilase salivar qua auxilia no processo de digestão de carboidratos. FIGURA 1. Sistema digestório dos suínos. - Esôfago: Responsável pelas ondas peristálticas, ou seja, movimento muscular que leva o alimento até o estômago. - Estômago: É um órgão digestório oco, em forma de pêra. Estoca por algum tempo e tritura mediante contrações musculares, o alimento ingerido. Secreta o suco gástrico também conhecido como ácido clorídrico que auxilia na digestão das proteínas do alimento. - Intestino delgado: É um órgão subdivido em três seções: duodeno, jejuno e íleo. Embora se pense que o processo digestivo ocorre no estômago, a maioria dos nutrientes serão digeridos e absorvidos nas suas diferentes porções do intestino delgado. - Intestino grosso: É composto pelo ceco, cólon e reto. O ceco e cólon normalmente será bem desenvolvido em monogástricos herbívoros como o cavalo e coelho. O intestino grosso é considerado como câmara de fermentação microbiana, pos nesta porção dointestino tem uma grande quantidade de microrganismos que realizam a digestão dos alimentos fibrosos e síntese de vitaminas K e algumas do complexo B. Também nesta porção do intestino ocorrerá a reabsorção da água dos alimentos e formação das fezes. Com relação ás glândulas acessórias temos ainda: - O fígado contribui para a síntese de bile, necessária à emulsificão das gorduras e absorção de compostos lipossolúveis. No metabolismo é o órgão que centraliza toda a utilização dos nutrientes absorvidos no trato digestivo. - O pâncreas que produz bicarbonato que tem a função de diminuir a acidez dos alimentos que vem do estômago e enzimas que irão atuar no processo digestivo de proteínas, lipídeos e carboidratos. 3.1.2 Sistema digestório das aves FIGURA 2. Sistema digestório das aves. Apesar de também serem monogástricos, as aves apresentam uma série de diferenças anatômicas de trato gastrointestinal em relação aos suínos. As aves possuem bico, ao invés de boca e dentes nos suínos, o que modifica o hábito alimentar. No esôfago das aves aparece o papo ou inglúvio que tem a função de armazenamento, já que o estômago tem pequena capacidade de reter alimentos em relação aos suínos. Diferente dos demais monogástricos, a aves apresentam dois estômagos: - O proventrículo ou estômago glandular que produz ácido clorídrico e faz a digestão química. - A moela ou estômago mecânico que tem a função de triturar os alimentos uma vez que as aves não possuem dentes. O intestino delgado e intestino grosso são semelhantes ao dos suínos. No entanto as aves possuem um ceco bipartido. O cólon suíno tem maior capacidade relativa do que o das aves e se liga diretamente ao ânus. Nas aves esta ligação é feita no órgão misto chamado de cloaca. 3.1.3 Particularidades do sistema digestório dos eqüinos e coelhos Os eqüinos e coelhos são monogástricos herbívoros. Dessa forma, conseguem fazer uma boa digestão dos alimentos fibrosos como as forragens verdes (capins e leguminosas) e as forragens secas (fenos) quando comparado ao processo digestivo de fibras obtido pelas aves e suínos. FIGURA 4. Sistema digestório das equinos. Essa melhor digestibilidade das fibras é atribuída ao fato destes animais possuírem o intestino grosso desenvolvido o que propicia um maior desenvolvimento da flora microbiana neste órgão. É esta flora que irá atuar sobre as fibras alimentares tornando-as compostos nutricionais disponíveis aos animais. Os coelhos apresentam o ceco bem desenvolvido, enquanto que nos eqüinos a porção do intestino grosso mais desenvolvida é o cólon. FIGURA 5. Sistema digestório das coelhos. 4. SISTEMA DIGESTIVO DOS RUMINANTES Compreendem os animais ruminantes: os bovinos, os carneiros, as cabras, os veados etc... O sistema digestório dos ruminantes, assim como dos monogástricos é composto pela boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, anus e glândulas acessórias. No entanto, o estomago do ruminantes é dividido em quatro porções: rúmen, retículo, omaso e abomaso. FIGURA 6. Estômago dos ruminantes. Os bovinos possuem limitação no movimento dos lábios e é por isso que estes animais utilizam-se de movimentos com a língua para apreender os alimentos. Os carneiros possuem movimentação apenas no lábio superior e isso favorece a apreensão dos alimentos com os lábios e dentes. Por este motivo estes animais conseguem pastejar o pasto mais baixo que os bovinos, podendo-se em sistemas agroecológicos de produção associar as duas espécies em uma mesma área de pastejo, ou em rotação, tendo-se ainda como vantagem uma redução na infestação por verminoses. Cada porção do estômago dos ruminantes possuem funções específicas: - RÚMEN: O rúmen preenche quase que totalmente a metade esquerda da cavidade abdominal. O rúmen e o retículo são considerados câmaras fermentativas, pois é nele que vivem milhares de microrganismos que vivem em simbiose com o animal hospedeiro. Estes microrganismos utilizam os alimentos que ali chegam como substrato alimentar, tirando deles os nutrientes necessários para sua multiplicação e crescimento e em troca liberam energia na forma de ácidos graxos voláteis que são absorvidos em grande quantidade pela parede ruminal. A parede do rúmen é revestida por uma mucosa coberta de papilas ligeiramente chatas, que lhe conferem o aspecto de “toalha felpuda”. - RETÍCULO: responsável pela filtragem e seleção do tamanho (granulometria) das partículas ruminadas, seja volumoso ou concentrado. - OMASO: é um órgão que tem grande capacidade absorção e permite reciclagem de água e minerais como sódio e potássio e também órgão de passagem para o abomaso -ABOMASO: O abomaso, conhecido também por coalheira é o único estômago verdadeiro, ou seja, onde ocorre a secreção de suco gástrico, e onde se processa a digestão propriamente dita. De forma alongada, está situado à direita do rúmen e repousa sobre o abdômen, logo atrás do retículo. O coalho, utilizado na fabricação de queijos, nada mais é que o suco gástrico de cabritos, cordeiros ou bezerros em aleitamento.
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