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Resumo Biocel - matriz extracelular e parede celular (01/02/2022) Tecidos são compostos por células e por um ESPAÇO EXTRACELULAR, o qual é preenchido por uma rede complexa de macromoléculas. Esse espaço extracelular é chamado de MATRIZ EXTRACELULAR. Essa matriz pode ser definida como uma rede organizada de macromoléculas – as quais são secretadas pelas próprias células, através do processo de exocitose -, associada à superfície das células. Tais macromoléculas são: • proteínas • polissacarídeos A matriz extracelular está presente em todos os tecidos, sendo mais abundante no TECIDO CONJUNTIVO. Existem diferentes tipos de tecido conjuntivo: • adiposo • cartilaginoso • ósseo ➢ células periféricas do epitélio secretam a MEMBRANA BASAL outro tipo de matriz extracelular ➢ possuem mais matriz do que células ➢ formam o arcabouço do corpo ➢ matriz determina as propriedades físicas, adaptada à função do tecido calcificada (dentes e óssos) transparente (córnea) cordões rígidos (tendôes) parede celular de plantas Quanto à nossa visão sobre a matriz extracelular Antes: ➢ inerte, de sustentação da célula Agora: ➢ ativa, funções complexas na regulação do comportamento celular – migração, proliferação celular, forma do tecidual, função celular e tecidual Quanto à origem da matriz extracelular: ➢ produzida e organizada localmente pelos FIBROBLASTOS células especializadas principais responsáveis pela produção das macromoléculas da matriz extracelular presentes em diversos tipos de tecidos, especialmente nos tecidos conjuntivos associados a filamentos de colágeno Mais especificadamente, os POLISSACARÍDEOS DA MATRIZ são os GLICOSAMINOGLICANOS (GAGs): ➢ cadeias polissacarídicas não-ramificadas compostas de unidades dissacarídeas repetidas ➢ formam cadeias rígidas e estendidas ➢ maioria possui grupos sulfato ou carboxil – carregados negativamente ● sua carga negativa atrai íons Na+, fortemente hidrofílicas absorve alta quantidade de água formando GÉIS • pressão por inchaço ou turgor – suporta forças de compressão GAGs são apenas 10% do peso seco – hidratados preenchem a maior parte dos espaços ➢ 4 principais grupos (mudam açúcares, tipos de ligações, número de sulfatos e localização) ● Hialuronana (ou ácido hialurônico) GAG mais simples, diferente dos demais sequência repetida de até 25 mil unidades dissacarídicas idênticas não sulfatadas sintetizada por um complexo enzimático embebido na membrana plasmática (não dentro das células como as demais) resistência à compressão, processo de cicatrização, lubrificante nas articulações, abrem espaço para a migração celular (formação dos órgãos) • quando terminada a migração, é degradada pela HIALURONIDASE pele jovem – lisa e elástica – muito ácido hialurônico, que preenche os espaços entre as células reabilitação de enfermidades como a artrose (desgaste da cartilagem) podem se associar com proteoglicanos, assumindo o papel nucelar das proteínas (quando nos proteoglicanos). Essa associação gera um grande complexo polimérico • podem se associar com fibras de colágeno ● Sulfato de condroitina e sulfato de dermatana ● Sulfato de heparan ● Sulfato de queratana ➢ Com exceção da Hialuronana, todos os GAGs são PROTEOGLICANOS ● estruturas compostas por cadeias peptídicas (proteína) – produzidas pelos ribossomos dentro do Retículo Endoplasmático - e por cadeias polissacarídeias (os GAGs) – ligadas no complexo de Golgi (um açúcar por vez), sofrendo o processo de sulfatação ● diversos tipos, tamanhos e funções sinalização química entre as células. Ex: Sulfato de heparan – liga moléculas sinalizadoras (FGF), concentrado-as próximas da células, para se ligarem aos receptores da membrana (estimulam proliferação celular) ligam-se a proteínas/enzimas. Restringem a área de ação; bloqueiam atividades; protegem de degradação. Ex: Sulfato de heparan – liga-se a proteínas de atração de leucócitos no local da inflamação – permitindo uma permanência prolongada das células de defesa. Mais especificadamente, as PROTEÍNAS DA MATRIZ extracelular são: ➢ Colágeno ● família de proteinas fibrosas, mais abundante dos mamíferos (25% das proteínas) ● secretados por fibroblastos e outras células ● principal componente dos ossos e pele ● estrutura longa e rígida – fita tripla helicoidal – 3 cadeias polipeptídicas de colágeno (cadeias α) ● ricos em prolina e glicina (a cada 2 aminoácidos – formação da hélice) ● 42 cadeias α de colágeno conhecidas (genes diferentes) – apenas 40 moléculas (tripla-hélice) conhecidas ● Diferentes tipos: ♦ Fibrilares: tipo 1 (mais comum – principal da pele e ossos), II, III, V e XI – formam fibrilas, feixes resistência à forças tensoras diâmetro e organizações variam com tecido. Exemplo: pele – entrelaçadas (treliça) – múltiplas direções; tendões – feixes paralelos ao longo do eixo principal (por conectar os músculos aos ossos, os tendões sempre vão ser tensionados no mesmo sentido) ♦ Associados à Fibrilas: tipo IX e XII – “decoram” a superfície das fibrilas, ligam as fibrilas a outros componentes da matriz ♦ Formadores de rede: tipo IV e VII tipo IV – forma a lâmina basal tipo VII – forma fibrilas de ancoramento – conexão da lâmina basal ao tecido conjuntivo ● síntese realizada em partes ♦ inicialmente uma cadeia α é traduzida pelos ribossomos; já dentro do retículo endoplasmático, pequenos grupos de açúcar são adicionados às cadeias α; ocorre a formação da tripla-hélice; é formado o pró-colágeno, caracterizado por possuir os domínios terminais n e c (também chamados de peptídeos sinal), um em cada ponta, das três cadeias α. Esses domínios terminais garantirão que as tripla-hélices não formem fibrilas dentro da célula e que sejam excretados à matriz extracelular; é só quando estão na matriz extracelular que tais peptídeos sinais são clivados, e o colágeno é propriamente formado; a associação espontânea com outros colágenos formará as fibrilas; a associação de fibrilas formará as fibras. ♦ As fibras possuem um padrão estriado, explicado pela alternância das moléculas – áreas claras representam as áreas de ligação entre duas moléculas de colágeno ➢ Elastina ● principal componente das fibras elásticas ● força elástica – resistência e distensão temporária ● entrelaçadas com fibras de colágeno para evitar rasgo ● altamente hidrofóbica, rica em prolina e lisina, mas não glicolisada e pouco hidroxilada (pobre em radicais livres) ● assim como o colágeno, é produzida como uma pró-proteína, a qual tornará fibra elástica próxima à membrana ● postas de forma intercruzada – ligações covalentes feitas entre os aminoácidos lisinas ● proteína predominante predominante em artérias ➢ Fibronectina ● glicoproteína grande, presente só em vertebrados ● contribui organização da matriz, ligação e comunicação das células à matriz ● é um dímero – 2 subunidades ligadas por pontes dissulfídicas em uma extremidade – geralmente de subunidades não idênticas ● Subunidades dobradas em domínios funcionais – ligação a uma molécula/célula ● presente em duas formas ♦ isoforma solúvel – fibronectina plasmáticas, presente no sangue e fluídos – importante para os processos de coagulação, cicatrização e fagocitose ♦ isoforma fibrilar – produzida na superfície celular e depositada na matriz – fibrilas de fibronectina – interação célula-matriz sua produção requer proteínas adicionais de células específicas importante para processos de desenvolvimento – atua na migração celular no embrião, direcionando os movimentos;importante na formação de vasos sanguíneos, mutação leva à falha na interação célula-matriz filamentos organizados conforme citoesqueleto das células ➢ Laminina ● proteína grande, composta por 3 cadeias polipeptídicas longas (α, β e γ) – cruz assimétrica ● se agrupam em camadas de “feltro” ● um dos principais componentes da LÂMINA BASAL – inicio do desenvolvimento ♦ confere suporte (regeneração) e adesão; substrato que guia a migração; proliferação e diferenciação celular (leucócitos com função no conjuntivo); influência no metabolismo e polaridade celular; filtragem (rins) A DEGRADAÇÃO DA MEC é necessária em muitas, e frequentes, situações. Por exemplo: útero pós-parto, reabsorção de cauda do girino, processo de renovação e reparação natural. Os agentes responsáveis por tais processos são as enzimas proteolíticas, secretadas pelas células – as PROTEASES, classificadas como METALOPROTEASES de matriz. Ex: colagenase. A degradação é importante especialmente para a migração celular: • abre caminho, espaço para divisão • expor sítios escondidos na proteína clivada • promover descolamento da célula • liberação de proteínas sinalizadoras que estimulam a migração Citoesqueletos podem influenciar a organização da matriz e vice-versa, bem como a matriz pode propagar instruções célula-célula. As células DEPENDEM do ancoramento para crescer, proliferar e viver. A maioria das células que forem retiradas da sua matriz irão entrar em apoptose. A INTERAÇÃO MATRIZ-CÉLULA é realizada a partir de proteínas chamadas INTEGRINAS. ➢ Integram os meios ➢ família de receptores associados à membrana ➢ duas cadeias associadas - α e β (combinações de diferentes isoformas = diferentes integrinas) ➢ ligação pode ser desligada – mobilidade ➢ ativa vias de sinalização intracelular – interação com o citoesqueleto A PAREDE CELULAR corresponde à matriz celular das células animais, com suas diferenças. Esse tipo de matriz (parede celular) confere uma estrutura mais forte, espessa e rígida. Existem diferentes tipos de parede celular, e cada uma é especializada de acordo com a função da célula As principais funções da parede celular são: • sustentação e forma celular • regulação do crescimento • proteção do protoplasma • transporte – canais para movimentos dos fluidos A parede celular possui diferentes fases: ➢ parede celular primária ◦ fina e flexível, porém rígida ◦ permite o crescimento celular ◦ pode permanecer, mas geralmente é substituída pela secundária ◦ composta pelo polissacarídeo PECTINA (a qual fica embebida na celulose)– confere resistência à compressão ➢ parede celular secundária ◦ rígida ◦ composição similar ou diferente ◦ composta por uma rede de fibras de celulose ◦ após a deposição dessa camada, há a adição de LIGNINA A CELULOSE ➢ principal componente da parede celular ➢ é um açúcar, carboidrato ➢ numerosos monômeros de glicose ligados covalentemente pela extremidade – polímero linear ➢ os polímeros organizados adjacentemente formam as MICROFIBRILAS DE CELULOSE – ligados por pontes de hidrogênio, feixes de 40 cadeias conferem força tensora, não esticam arranjadas em camadas (lamelas) – 20 a 40 nm de distância – ligadas por ligações cruzadas várias lamelas organizadas = parede primária ➢ sintetizada (e secretada) pelo complexo enzimático CELULOSE-SINTASE, o qual é ligado à membrana plasmática seis unidades globulares em cada roseta movem-se pela membrana depositando as microfibrilas na superfície externa ▪ movimento dirigido pelo citoesqueleto A HEMICELULOSE ➢ polissacarídeos ramificados ➢ ligam-se fortemente à superfície das microfibrilas = ligações cruzadas ➢ analogia – comparadas aos colágenos associados às fibrilas ➢ longa estrutura central linear de açúcar (glicose, xilose ou manose) com pequenas cadeias laterais de outros açúcares ➢ diferem entre células e plantas ➢ travam microfibrilas – limitam a expansão celular ➢ ex: xiloglucano ➢ produzida no RE-Golgi e excretada por vesículas A PECTINA ➢ preenchimento do arcabouço formado pelas celuloses ➢ polissacarídeos ramificados ➢ formam uma rede altamente hidratada, monômeros de ácido galacturônico (carga negativa) ➢ analogia – comparados aos GAGs (ocupam grande espaço) ➢ formam géis – flexibilidade para expansão ➢ abundantes na LAMELA MÉDIA – região especializada que fixa paredes celulares vizinhas ➢ produzida no RE-Golgi e excretada por vesículas Além dos açúcares, também existem as PROTEÍNAS na parede celular ➢ até 5% da massa seca da parede ➢ enzimas de renovação e remodulamento (crescimento) ➢ fortalecimento contra patógenos ➢ produzida no RE-Golgi e excretada por vesículas Desse modo, a SÍNTESE e o CRESCIMENTO da parede celular seguem tais padrões: ➢ lamelas são depositadas internamente às anteriores – concêntrica – lamelas mais velhas são empurradas para o externo ➢ a direção das fibrilas é perpendicular ao eixo de crescimento ♦ se dá pelo deslizamento e/ou separação mas microfibrilas O arranjo tipo A limita o crescimento, em relação ao tamanho final, mas permite crescimento em todas as direções; já o arranjo tipo B permite maior crescimento, em relação ao tamanho final, mas restringe tal crescimento a um sentido apenas. A DEPOSIÇÃO DA PAREDE SECUNDÁRIA ➢ Ocorre após o cessar do crescimento ➢ aumenta a resistência, conduz a seiva (contra a gravidade) ➢ a célula pode morrer – finalidade estrutural e proteção já cumprida ➢ celulose muito abundante, pouca pectina – sem distensão ➢ 3 camadas – S1, S2 e S3 (em ordem do mais externo para o menos externo na parede celular) ➢ diferentes orientações de microfibras A parede secundária é rica em LIGNINA ➢ composto fenólico ➢ fornece rigidez e resistência à compressão ➢ hidrofóbica, substituindo a água ➢ essa lignificação da célula ocorre de fora para dentro ➢ importância evolutiva – permitiu suportar a compressão da gravidade, maior suportação/robustez, aumentando o porte das plantas ➢ impermeabilizante: transporte de água para cima ➢ proteção à fungos (lignina de cicatrização) Em alguns casos, após a deposição da parede secundária, a célula não irá morrer. Assim, para manter o contato com outras células, ela se utiliza dos PLASMODESMOS ➢ pequenos buracos na parede celular ➢ permitem a passagem de moléculas ♦ mais especificadamente, a passagem de porções - projeções - dos retículos endoplasmáticos das células