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DESCRIÇÃO Conceitos e esclarecimentos a respeito de instrumentos de medição dimensional e suas tolerâncias, instrumentos de medição de vazão e instrumentos de medição sob grandezas de influência. PROPÓSITO Apresentar o princípio de funcionamento dos instrumentos de medição, propriedades constitutivas, usos em laboratório, aplicações e operações utilizadas na prática profissional experimental, como a metrologia básica, no que tange a instrumentos de medição dimensional e instrumentos de medição de vazão. Além de apresentar as grandezas de influência que atuam sobre os instrumentos de medição. PREPARAÇÃO É importante ter acesso aos conteúdos básicos de Metrologia no Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM), Vocabulário Internacional de Metrologia Legal (VIML), Sistema Internacional de Unidades (SI) e na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os principais instrumentos de medição dimensional e as tolerâncias geométricas MÓDULO 2 Identificar os principais instrumentos de medição de capacidade MÓDULO 3 Identificar os instrumentos de medição das principais grandezas de influência nas medições desenvolvidas em laboratório INSTRUMENTOS E SISTEMAS DE MEDIÇÃO MÓDULO 1 Identificar os principais instrumentos de medição dimensional e as tolerâncias geométricas MEDIÇÃO DIMENSIONAL, TOLERÂNCIAS E AJUSTES INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DIMENSIONAL A medição dimensional está relacionada com a prática da medida de magnitudes geométricas, tais como latitudes, longitudes, profundidades, planezas, angularidade, rugosidade, entre outras. Pela sua gama de variedades nas posições de medição, talvez a maior variedade de instrumentos de medição esteja relacionada à medida de propriedades dimensionais, fazendo com que os instrumentos de medição dessa grandeza sejam os mais conhecidos entre os profissionais. Os instrumentos de medição de comprimento de alta precisão possuem, incorporados em sua escala principal, outra escala secundária chamada de nônio ou vernier. Instrumentos como paquímetros ou micrômetros utilizam essa escala. Imagem: Wikimedia Commons PAQUÍMETRO ANALÓGICO Imagem: Wikimedia Commons MICRÔMETRO ANALÓGICO EXTERNO 1: arco / 2: contato fixo / 3: contato móvel / 4: trava / 5: catraca / 6: escala móvel (Nônio ou Vernier) com 50 divisões / 7: escala principal de 0 a 25mm VOCÊ SABIA? O desenvolvimento dessa escala secundária é atribuído, pelos portugueses, ao matemático Pedro Nunes (daí a origem do nome Nônio); e, pelos franceses, ao matemático e inventor de instrumentos Pierre Vernier (daí a origem do nome Vernier). A incorporação dessa escala proporcionou um aumento na precisão desse instrumento de medição em uma ordem de grandeza. A leitura da escala secundária é simples. Após a colocação da medida materializada em uma das posições de medição do paquímetro, por exemplo, o valor medido na escala principal é aquela indicação transpassada pelo zero da escala secundária; todavia, o valor da próxima casa decimal deve ser o algarismo correspondente à coincidência dos traços da escala secundária com a principal. Vejamos um exemplo: Imagem: Shutterstock.com Exemplo de leitura em instrumento com vernier/nônio. Na figura, podemos observar que o espaço contido entre as duas setas deslocou a escala secundária uma distância. A leitura do valor dessa distância é obtida observando os pontos que transpassaram o valor do zero da escala secundária. Temos, nesse exemplo, que 25 unidades de comprimento, no caso 1mm, foram transpassadas. O próximo algarismo nessa indicação é aquele que coincide o traço com a escala primária. ATENÇÃO No exemplo anterior, apenas o número 0 da escala secundária consegue coincidir o traço com a escala principal; assim, temos a indicação da leitura de 25,00mm. Observe que a menor divisão indicada na escala secundária é 0,05mm. O funcionamento da escala secundária acontece devido ao fato de o valor de uma divisão dessa escala ter tamanho de 90% do valor de uma divisão da escala principal – essa condição, em uma escala decimal, promove o encontro apenas em uma única coincidência dos traços. Como a escala secundária é numerada de forma progressiva de 0 a 10, a indicação do traço de coincidência é correspondente ao valor da estimativa da casa decimal adicional. Os instrumentos de medição de dimensões mais comuns que utilizam essa escala secundária são os paquímetros e micrômetros, conforme ilustrados anteriormente. A seguir, vamos falar mais especificamente sobre esses instrumentos. PAQUÍMETROS O paquímetro é um instrumento utilizado para medir com precisão pequenos comprimentos. Ele dispõe de uma escala graduada fixa, duas garras e um cursor com um nônio. O paquímetro possibilita a realização de quatro tipos distintos de medição, incluindo: Imagem: Shutterstock.com MEDIÇÃO DE DIÂMETROS INTERNOS E EXTERNOS Utilizando as hastes superiores Imagem: Shutterstock.com MEDIÇÃO DE RESSALTOS Utilizando suas faces para ressaltos Imagem: Shutterstock.com MEDIÇÃO DE PROFUNDIDADE Utilizando o encosto guia TIPOS DE PAQUÍMETRO Existem diversos tipos de paquímetro comerciais, variando pequenas características em cada modelo. Paquímetro universal O modelo mais comum e amplamente utilizado é o chamado paquímetro universal. Imagem: Shutterstock.com Modelo de paquímetro universal Paquímetro digital Variações desse instrumento podem acoplar um indicador digital – proporcionando a eliminação de erros de paralaxe (ângulo de visão) e largamente utilizado para controle estatístico de processos – ou um relógio analógico. Imagem: Shutterstock.com Modelo de paquímetro digital Paquímetro com relógio analógico Outro tipo de variação pode acoplar um relógio analógico. Imagem: Shutterstock.com Modelo de paquímetro com relógio analógico MICRÔMETROS Para medição de menores comprimentos, o instrumento de precisão comumente utilizado é o micrômetro. Esse equipamento, desenvolvido pelo inventor francês Jean Louis Palmer, funciona baseado no princípio da constância do arco de comprimento desenvolvido a cada volta por um conjunto formado por parafuso (móvel) e porca (fixa). As principais partes de um micrômetro são: Arco Peça constituída de aço fundido ou especial que sustenta as faces de medição, desenvolvida especialmente para eliminar tensões internas. Faces de medição Partes altamente polidas e paralelas que efetuam o contato com o objeto medido e cujo material tem alta resistência ao desgaste. Fuso micrométrico É o “parafuso” móvel utilizado, confeccionado em aço especial temperado e retificado, que permite ajustar as distâncias entre as faces de medição pelo fracionamento de sua volta. Porca Utilizada para eventuais ajustes em caso de evidência de folgas do fuso micrométrico. Isolante térmico Ligado ou colado ao arco a fim de minimizar a condução térmica, efeitos de dilatação e similares por meio do contato com o operador de uma medição (o operador deve segurar o instrumento por essa parte). Tambor Parte ligada ao fuso micrométrico em que é gravada a escala centesimal do instrumento e contém uma trava para imobilizar o movimento do fuso micrométrico. Catraca Ponteira que evita que sejam promovidas deformações no objeto em medição por meio da manutenção de uma pressão de medição constante. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Esses instrumentos são fabricados com uma capacidade de medição limitada a, normalmente, 25mm. Isso significa que é comum os laboratórios possuírem conjuntos de micrômetros para cobrir grandes faixas de medição. Assim como os paquímetros, os micrômetros também podem ser apresentados em diferentes modelos, sendo os mais comuns: TIPOS DE MICRÔMETROS Micrômetros de profundidade - possuem hastes de extensão, micrômetros com disco acoplado nas hastes, para medição de engrenagens ou outra aplicação que requeira um aumento da área de contato das faces de medição. Imagem: Shutterstock.com Modelo de micrometro de profundidade Micrômetrosde arco profundo - utilizados para medição de objetos salientes ou que necessitem de contato especial para medição. Imagem: Shutterstock.com Modelo de micrometro de profundidade Micrômetros com face do arco em V - para contatos especiais na medição de ferramentas de corte, micrômetros para medição de roscas. Imagem: Shutterstock.com Micrômetros internos - possuem pontas para contato no interior de paredes de tubos ou peças. Assim como os paquímetros, os micrômetros também podem ser dotados de dispositivo indicador digital. Imagem: Shutterstock.com Modelo de Micrômetro interno CONCEITUAÇÃO DE TOLERÂNCIAS E AJUSTES Apesar de realizar medições dimensionais com precisão razoável, desvios e imperfeições mecânicas podem comprometer medições industriais. Na fabricação industrial, as tolerâncias dimensionais não são suficientes para determinar exatamente como deve estar uma peça depois de acabada para evitar que haja retrabalho. Em muitos casos, os desvios da peça original para a peça realmente fabricada podem ser indicados previamente, enquadrando-se assim nas chamadas tolerâncias geométricas, também conhecidas como GD&T (Geometric Dimensioning and Tolerancing ou Tolerância e Dimensionamento Geométrico, em livre tradução), representadas pelos desvios de forma e posição. Na maioria dos casos, as peças são compostas de corpos geométricos ligados entre si por superfícies de formato simples, tais como planos, superfícies planas, cilíndricas ou cônicas. Durante a usinagem, consideram-se também os desvios das formas da superfície real com relação à teórica, sejam eles macrogeométricos ou microgeométricos, bem como os desvios de posição entre as diversas superfícies entre si. Os desvios de formas da superfície real poderão ser classificados em: DESVIOS DE FORMA Definidos como o grau de variação das superfícies reais com relação aos sólidos geométricos que os definem. Continue lendo... CONTINUE LENDO... Os desvios de forma podem ser classificados como: Desvios macrogeométricos, tais como desvios de retilineidade, circularidade, cilindricidade, planicidade, e outros mais. Desvios microgeométricos, tais como desvios de rugosidade superficial. DESVIOS DE POSIÇÃO Definidos como o grau de variação entre diversas superfícies reais entre si, com relação ao seu posicionamento teórico. TOLERÂNCIA GEOMÉTRICA DE FORMA A diferença de forma de uma peça é a diferença entre a superfície real da peça e a forma geométrica e teórica. javascript:void(0) A forma de um elemento isolado será julgada correta quando a distância de cada um dos seus pontos a uma superfície de forma geométrica ideal, em contato com ele, for igual ou inferior ao valor da tolerância dada. A diferença de forma deve ser medida perpendicularmente à forma geométrica teórica, tomando-se sempre o cuidado de que a peça esteja corretamente colocada no dispositivo de medição para não se medir um valor falso. A posição teoricamente correta é determinada quando for mínimo o valor medido. As tolerâncias geométricas são geralmente especificadas para uma superfície, eixo ou plano meridiano, tomados em toda sua extensão. Entretanto, poderá em alguns casos ser interessante especificá-las em termos de desvio linear por unidade de área ou comprimento, como, por exemplo, “reto, dentro de 0,05mm por 100mm”. ATENÇÃO As tolerâncias geralmente são dadas tomando-se um elemento de referência. Para que esse elemento tenha utilidade, é necessário que seja acessível e fácil de ser medido, quando comparado às medidas obtidas na peça em questão. A sua forma deverá ser suficientemente precisa para que ela possa ser tomada como referência. A seguir, são dadas as formas e diferenças de forma mais importantes e seus símbolos, incluindo: retilineidade, planicidade, circularidade e cilindricidade. Retilineidade Planicidade Circularidade Cilindricidade Imagem: Raimundo Alves de Rezende Imagem: Raimundo Alves de Rezende Imagem: Raimundo Alves de Rezende Imagem: Raimundo Alves de Rezende ⇋ Utilize a rolagem horizontal Quadro 1: Símbolos das formas e diferenças de forma mais importantes. Fonte: Raimundo Alves de Rezende. RETILINEIDADE A retilineidade pode ser especificada em uma superfície cônica, cilíndrica ou plana. Quando é dada a retilineidade em um elemento bidimensional, tal como uma borda, a tolerância também permanece bidimensional. O espaço da tolerância para a diferença admissível da reta (desigualdade admissível) é definida pelo diâmetro de um cilindro que inscreve os planos de medição. A diferença até a linha central desse sólido é a medida da desigualdade admissível. SAIBA MAIS Em uma peça cilíndrica simples, a retilineidade poderá variar de diversas maneiras. Se não é especificada nenhuma tolerância de retilineidade, a peça poderá ter qualquer forma, desde que esteja dentro dos limites dos diâmetros máximo e mínimo. Existem vários métodos para descobrir a retilineidade da peça. Usar uma máquina de medição por coordenada ou um projetor de perfil são exemplos. Imagem: Shutterstock.com MÁQUINA DE MEDIÇÃO POR COORDENADAS Imagem: Shutterstock.com PROJETOR DE PERFIL Outro exemplo seria colocar a peça sobre um desempeno de granito e iluminá-la por trás para verificar se existe a presença de luz do outro lado da peça. Imagem: Mitutoyo Desempeno de granito. ATENÇÃO A escolha de qual método utilizar irá depender da precisão exigida pelo processo e pelos recursos disponíveis para utilização no processo de fabricação. PLANICIDADE Planicidade é a condição de uma superfície que possui todos os elementos em um plano. Uma tolerância de planicidade especifica uma zona de tolerância definida por dois planos paralelos dentro dos quais a superfície deve ficar. Quando é especificada uma tolerância de planicidade, a estrutura de controle de elemento é anexada a um líder direcionado para a superfície ou uma linha de extensão da superfície. É colocada em uma vista na qual os elementos de superfície a ser controlados são representados por uma linha. SAIBA MAIS A diferença de plano admissível, também conhecida como diferença de planicidade, é a distância entre dois planos paralelos, entre os quais deve encontrar-se a superfície real. Os limites de imperfeição do plano são de grande interesse, especialmente na construção de máquinas-ferramentas, em que o assento de carros e caixas de engrenagens sobre guias prismáticas ou paralelas têm grande influência na precisão exigida da máquina. UTILIZAÇÃO DE RELÓGIO APALPADOR Para medir a planicidade com um relógio apalpador é necessário que a superfície em questão seja colocada em paralelo na superfície plana, como um desempeno de granito. Se for uma peça plana, podem ser necessários três acessórios de apoio: Um fixo e dois outros do tipo ajustável, para colocar a superfície superior completamente paralela à superfície de granito. ATENÇÃO O período de tentativa e erro para nivelar isso pode levar mais do que apenas alguns minutos. Entre os tipos de desvios de planicidade mais comuns estão a concavidade e a convexidade. CONCAVIDADE É o desvio dos pontos na superfície real, tal que a leitura obtida aumente das extremidades para o centro da peça. CONVEXIDADE É o desvio dos pontos na superfície real, tal que a leitura obtida diminua das extremidades para o centro da peça. Imagem: Shutterstock.com Lente de foco: concavidade e convexidade. A tolerância de planicidade é independente da tolerância dimensional especificada pelos limites de medida. Portanto, conclui-se que a zona de tolerância de forma poderá variar de qualquer maneira dentro dos limites dimensionais que ainda satisfará as especificações de tolerância. Quando houver necessidade, expressões como “não deve ser côncavo” ou “não deve ser convexo” podem ser adicionadas às especificações de tolerância. Geralmente, os erros de planicidade ocorrem pelos seguintes fatores: Variação de dureza da peça ao longo do plano de usinagem Desgaste prematurodo fio de corte Deficiências de fixação da peça que possam provocar movimentos indesejáveis durante a usinagem As tolerâncias admissíveis de planicidade mais comumente aceitas são: TORNEAMENTO (0,01 A 0,03MM) FRESAMENTO (0,02 A 0,05MM) RETÍFICA (0,005 A 0,010MM) CIRCULARIDADE As diferenças de círculo real para o círculo teórico são genericamente denominadas ovalizações. Define-se como ovalização admissível a diferença entre diâmetros de dois círculos concêntricos entre os quais deve encontrar-se o perfil real. Dessas próprias definições, conclui-se que a diferença admissível é o dobro da tolerância de forma. Uma peça cilíndrica é geralmente considerada circular, supondo-se que o desvio de forma esteja dentro dos limites dimensionais do diâmetro. Raramente será necessário especificar tolerância de circularidade, visto que os erros de forma, dentro das tolerâncias dimensionais, são suficientemente pequenos para se obter montagem e funcionamento adequados da peça. Existem casos, no entanto, que os erros permissíveis, devido às razões funcionais, são tão pequenos que a precisão necessária não pode ser garantida somente pela tolerância dimensional. Nesses casos, será necessário especificar tolerâncias de circularidade. EXEMPLO É o caso típico de cilindros dos motores à combustão interna, nos quais tolerância dimensional pode ser aberta; porém, a tolerância da circularidade tem que ser necessariamente estreita para evitar vazamentos. Dimensões apenas do diâmetro não são suficientes para provar que a peça está redonda. Existem peças cujo diâmetro pode variar de acordo com a posição, e necessitam que sejam considerados outros aspectos de sua superfície, tal como sua ovalização. Imagem: Shutterstock.com Ovalização. Pode-se considerar, para usinagem em condições de produção, os seguintes valores para a tolerância de ovalização: TORNEAMENTO (ATÉ 0,01MM) FRESAMENTO (0,010 A 0,015MM) RETÍFICA (0,005 A 0,015MM) Normalmente, de acordo com a necessidade de usinagem ou montagem, tais especificações são incluídas no desenho da peça, como se segue: “Ovalização máxima dentro de 0,01mm” ou “redondo dentro de 0,01mm”. CILINDRICIDADE As diferenças do círculo podem ser consideradas como um caso particular das diferenças de forma cilíndrica ovalizadas por meio de uma secção do cilindro por um plano perpendicular à geratriz. Genericamente, pode-se definir: a diferença admissível do cilindro circular é a diferença de diâmetros de dois cilindros concêntricos, entre os quais deve estar localizada a superfície real. Como se torna tecnicamente difícil medir e controlar a diferença admissível, frequentemente ela se divide em: SECÇÃO LONGITUDINAL Diferença admissível medida na secção longitudinal do cilindro, que compreende: Conicidade, concavidade e convexidade. SECÇÃO TRANSVERSAL Diferença admissível na secção transversal do cilindro, que compreende a ovalização (diferença do círculo). Para sabermos a diferença da forma cilíndrica, a peça deve ser medida nos diversos planos em todo o comprimento. A diferença entre a indicação máxima e mínima não deve ser, em ponto algum cilíndrico, maior do que a especificação. Detalhando-se os desvios de forma cilíndrica na secção longitudinal do cilindro, temos: Convexidade e concavidade: São diferenças entre os diâmetros do meio e das extremidades das seções. Conicidade: Definida como a falta de paralelismo entre duas geratrizes. Para efeito de controle dimensional, tanto a convexidade quanto a concavidade e a conicidade, sendo erros de forma, devem estar situadas entre os limites máximos da tolerância de fabricação, não devendo, entretanto, serem confundidas com a tolerância de fabricação, sendo indicadas com anotações em separado no desenho. As tolerâncias admissíveis comumente são: CÔNICO (DENTRO DE 0,05MM/100MM) CONICIDADE TOLERADA (0,05MM/100MM) TOLERÂNCIA DE FORMA DE UMA LINHA QUALQUER Outras medidas de tolerância geométrica de forma são: tolerância de forma de uma linha qualquer e tolerância de forma de uma superfície qualquer. A usinagem de perfis espaciais, tais como cames, curvas espaciais etc., exigem a especificação de forma do controle especial a ser fabricado. Define-se como tolerância de forma de uma linha qualquer a distância entre duas linhas paralelas tangentes a uma circunferência de um diâmetro, cujo centro se desloca sobre a linha nominal. A indicação das tolerâncias, em desenhos, depende do sistema de cotagem empregado. Adota-se a cotagem, por meio de cotas angulares; e a cota de diâmetro ou cotas, a partir de uma linha reta de referência. A zona de tolerância será definida, referenciando-se por meio do perfil teórico, que ficará situado simetricamente às duas linhas que definam a tolerância. TOLERÂNCIA GEOMÉTRICA DE POSIÇÃO Diferença de posição é a diferença entre uma aresta ou superfície da peça e a posição teórica prescrita pelo projeto da peça. Essa é a posição determinada por tolerâncias de ângulo e distância com relação a um sistema de referência, como arestas ou superfícies da peça determinadas a priori. Para o estudo das diferenças de posição será suposto que as diferenças da forma dos elementos associados são desprezíveis com relação às suas diferenças de posição. Se tal não ocorrer, será necessária uma separação entre os tipos de medição para a detecção de um ou outro desvio. SAIBA MAIS As diferenças de posição, de acordo com as normas ISO R–1001, podem ser classificadas em orientação para dois elementos associados e posição dos elementos associados. Esse tipo de desvio de posição é definido para elementos (linhas ou superfícies) que têm pontos em comum por meio da intersecção de suas linhas ou superfícies. DIFERENÇA ANGULAR Existem dois métodos para se medir a tolerância angular: 1 - Por meio de transferidores ou goniômetros, em baixa produção. 2 - Por meio de máscaras ou calibradores angulares, para médias e altas produções. Primeiramente, é necessário definir a diferença angular como a diferença entre o ângulo máximo e mínimo entre os quais se podem localizar duas superfícies. A diferença angular admissível Tß é a diferença de ângulos entre os quais se podem localizar duas superfícies. EXEMPLO A indicação de 80° + 15', por exemplo, significa que, entre as duas superfícies, em nenhuma medição angular deve-se achar um ângulo menor do que 80° ou maior do que 80°15'. Imagem: Shutterstock.com Calibrador angular. DIFERENÇA DA POSIÇÃO PARALELA Dentro dessa classificação geral, podem-se determinar dois tipos principais de erros de paralelismo: a tolerância de paralelismo entre retas e planos e a diferença da posição perpendicular. Define-se como tolerância admissível para a diferença de paralelismo entre duas retas o espaço contido em um cilindro de certo diâmetro cujo eixo é paralelo a uma das retas. Dentro desse cilindro deve encontrar-se a outra reta. Normalmente, também para esse caso, limita-se à medição somente em um plano. Há algumas classificações para as tolerâncias. A tolerância de paralelismo entre duas retas em um plano é definida como a diferença entre a máxima e a mínima distância entre duas linhas em determinado comprimento L. A tolerância de paralelismo pode ser utilizada mesmo quando não seja explicitada em desenho. Adotando-se a peça, a interpretação normal das dimensões especificadas seria que a peça é aceitável e a linha de centro média de cada furo localiza-se dentro de duas zonas de tolerância. Entretanto, se a tolerância de paralelismo entre dois furos for especificada, o desvio angular entre as duas linhas de centro estará limitada; porém, ele, com relação ao plano de referência, ainda será definido pelos limites dimensionais da distância entre centros. Deve-se sempre evitar alargamentos de furos quando houver necessidade de uma tolerância de paralelismo de um eixo de superfície de revolução a um plano, como segue: MANDRILHA MENTO (0,05 A 0,1MM/100MM) FRESAMENTO (0,08 A 0,015MM/100MM) ALARGAMENTO (0,2 A 0,3MM/100MM) A tolerância de paralelismo entre dois planos é definida como a distância de dois planos paralelos a um plano de referência, entre os quais se devem localizar os planos reais. Normalmente, a tolerância de paralelismo depende bastante das condições de usinagem que se tenha à mão. Assim, o paralelismo entre faces em uma operação de torneamento será mais facilmente conseguido à medida que se sofistica mais o processo de usinagem. Partindo do exemplo simples de usinagem das faces de uma engrenagem, se ela for feita em torno paralelo, devido às duas fixações necessárias, haverá piores condições de paralelismo de faces do que em um torno automático monofuso, em que as ferramentas entram juntas. SAIBA MAIS A mesma usinagem feita em torno automático multifuso propiciará uma qualidade ainda melhor de paralelismo, visto que há possibilidade de executar a usinagem com várias ferramentas. O mesmo problema ocorre com fresamento de faces de carcaças feitas em fresadoras comuns, em que há necessidade de duas operações de fresamento e uma fresadora do tipo Duplex, em que o fresamento das faces é feito simultaneamente. As tolerâncias admissíveis podem ser enquadradas dentro dos seguintes limites: TORNEAMENTO (0,01 A 0,1MM/100MM) FRESAMENTO (0,02 A 0,1MM/ 100MM) DIFERENÇA DA POSIÇÃO PERPENDICULAR A diferença da posição perpendicular, determinada por uma tolerância de perpendicularismo, é o desvio angular, tomado como referência o ângulo reto de uma superfície, ou uma reta, supondo-se como elemento de referência uma superfície e uma reta, nessa ordem. Assim, pode-se dividi-la em vários casos particulares: Tolerância de perpendicularismo entre duas retas (entre uma reta e uma reta tomada como referência): representa a distância entre dois pontos paralelos e perpendiculares à reta de referência. Tolerância de perpendicularismo entre uma reta e um plano: determinada por uma superfície cilíndrica de diâmetro ou ainda pela distância entre duas retas paralelas entre si, respectivamente perpendiculares ao plano de referência. Tolerância de perpendicularismo entre uma superfície e uma reta: determinada por dois planos paralelos, cuja distância é perpendicular à reta básica. Tolerância de perpendicularismo entre duas superfícies: determinada por dois planos paralelos, cuja distância é paralela ao plano básico. ⇋ Utilize a rolagem horizontal DESVIO DE LOCALIZAÇÃO Os desvios de localização, de um modo geral, podem ser definidos como as diferenças de determinado elemento (ponto, reta, plano) de sua posição teórica determinada por meio de um sistema de coordenadas cartesianas ou polares. Em usinagens de furos de fixação de tampas, que devem ser fixadas em carcaças por meio de parafusos e pinos de guia, essa especificação torna-se fundamental para garantir intercambialidade de montagem. O desvio de localização será limitado por meio da tolerância de localização, que pode ser separada em: TOLERÂNCIA DE LOCALIZAÇÃO DO PONTO TOLERÂNCIA DE LOCALIZAÇÃO DA RETA TOLERÂNCIA DE LOCALIZAÇÃO DO PLANO TOLERÂNCIA DE LOCALIZAÇÃO DO PONTO Determinada por uma superfície esférica ou um cilindro com certo diâmetro, cujo centro está determinado pelas medidas nominais. Essa tolerância deve ser especificada pela furação em chapas finas, em que a espessura é desprezível com relação ao diâmetro, podendo-se assumir a furação como pontual. TOLERÂNCIA DE LOCALIZAÇÃO DA RETA Determinada por uma superfície cilíndrica com certo diâmetro e cuja linha de centro é a reta nominal, no caso de sua indicação numérica ser precedida pelo símbolo ø. TOLERÂNCIA DE LOCALIZAÇÃO DO PLANO Determinada por dois planos paralelos separados por certa distância e dispostos simetricamente com relação ao plano considerado nominal. As tolerâncias de localização, tomadas isoladamente como diferenças de posição puras, não podem ser adotadas na grande maioria dos casos práticos, visto que, nestes, não se pode dissociá-las das diferenças de forma dos respectivos furos. Assim, são de muito maior valia a associação desses conceitos aos de tolerâncias de forma. DESVIOS DE SIMETRIA Os desvios de simetria podem ser considerados como um caso particular dos desvios de localização para o caso de chavetas, estrias, rebaixos ou ressaltos de forma prismática, ou quando em um plano, de forma retangular. A tolerância de simetria pode ser definida como a distância entre dois planos paralelos, distantes entre si uma distância determinada e simétricos com relação a um plano de referência determinado pelas cotas nominais. ATENÇÃO Se a tolerância dimensional for especificada para uma figura simétrica, a tolerância de simetria deverá estar localizada dentro dessa tolerância. DESVIOS DE CONCENTRICIDADE Define-se concentricidade como a condição segundo a qual duas ou mais figuras geométricas regulares, tais como esferas, hexágonos, cilindros ou cones, em qualquer combinação, têm um eixo comum. Assim, qualquer variação de eixo de simetria de uma das figuras com relação a outro tomado como referência caracteriza uma excentricidade. DESVIOS DE COAXIALIDADE Define-se tolerância de coaxialidade de uma reta com relação à outra reta adotada como referência a um cilindro de certo raio, tendo como geratriz a reta referência, dentro do qual deverá encontrar-se a outra reta. A tolerância de coaxialidade deve sempre ser feita a um comprimento de referência. Os desvios de coaxialidade mais comuns na prática são: COAXIALIDADE COM RELAÇÃO À SUPERFÍCIE DETERMINADA COAXIALIDADE COM RELAÇÃO A UM EIXO COMUM COAXIALIDADE COM RELAÇÃO À SUPERFÍCIE DETERMINADA É a máxima distância do eixo da superfície que está sendo verificada até o eixo de simetria de uma superfície predeterminada com relação a esse comprimento. COAXIALIDADE COM RELAÇÃO A UM EIXO COMUM É a máxima distância do eixo da superfície sendo verificada até um eixo comum de duas ou mais superfícies coaxiais com relação ao comprimento dessa superfície. TOLERÂNCIAS DE BATIDA Superfícies de revolução, tais como cilindros ou furos redondos, devem ser convenientemente dimensionadas com suas respectivas tolerâncias, pois estão sujeitas a variações de fabricação bastante diversas. Podem estar com erros de ovalização, conicidade, excêntricas com relação ao seu eixo e outros. ATENÇÃO Todas essas variações deverão ser controladas ou limitadas no desenho de produto, a fim de se assegurar que a peça seja fabricada convenientemente. As tolerâncias de batida podem delimitar erros de circularidade, coaxialidade, excentricidade, perpendicularismo e planicidade, desde que a sua medição, que representará a soma de todos os erros acumulados, esteja contida dentro da tolerância especificada. Dentro dessa conceituação, o eixo de referência deverá ser assumido sem erros de retilineidade ou angular. Os desvios de batida podem ser classificados em dois grupos principais: BATIDA RADIAL BATIDA AXIAL BATIDA RADIAL Definida como o campo de tolerância, determinado por um plano perpendicular ao eixo de giro, composto de dois círculos concêntricos, distantes entre si. BATIDA AXIAL Definida como o campo de tolerância determinado por duas superfícies paralelas entre si e perpendiculares ao eixo de rotação da peça, dentro da qual deverá estar a superfície real, quando a peça efetuar uma volta completa, referenciando-se em seu eixo de rotação. A tolerância de batida axial deverá prever erros compostos de forma e posição. VERIFICANDO O APRENDIZADO A RESPEITO DO MICRÔMETRO, É CORRETO AFIRMAR QUE A) foi desenvolvido pelo inventor francês Jean Louis Palmer, e funciona baseado no princípio da constância da flexa de comprimento desenvolvido a cada volta por um conjunto formado por parafuso (móvel) e porca (fixa). B) as principais partes de um micrômetro são o arco, as faces de medição, o fuso micrométrico, uma porca, um isolante térmico, o tambor e a alavanca de medição. C) diferentemente dos paquímetros, os micrômetros não podem ser dotados de dispositivo indicadordigital. D) os modelos mais comuns são os micrômetros de profundidade, micrômetros com disco acoplado nas hastes, micrômetros de arco profundo, micrômetros com face do arco em V, micrômetros para medição de roscas e micrômetros. E) é um instrumento fabricado com uma capacidade de medição limitada a, normalmente, 25 m. OS PAQUÍMETROS UNIVERSAIS PERMITEM A MEDIÇÃO DE ALGUMAS DIMENSÕES DE PEÇAS, EXCETO: A) Medição de diâmetros internos – utilizando as hastes superiores. B) Medição de diâmetros externos – utilizando as hastes superiores. C) Medição de ressaltos – utilizando suas faces para ressaltos. D) Medição de profundidade – utilizando o encosto guia. E) Medição de profundidade – utilizando a escala secundária. GABARITO A respeito do micrômetro, é correto afirmar que A alternativa "D " está correta. Os micrômetros, igualmente aos paquímetros, podem ser dotados de dispositivo indicador digital. Os paquímetros universais permitem a medição de algumas dimensões de peças, exceto: A alternativa "E " está correta. A profundidade é medida utilizando-se o encosto guia da haste de profundidade, e não a escala secundária. MÓDULO 2 Identificar os principais instrumentos de medição de capacidade MEDIDAS DE CAPACIDADE TECNOLOGIAS DE MEDIÇÃO DE CAPACIDADES Imagem: Shutterstock.com Medidas de capacidade são tão antigas quanto as medidas dimensionais. Ora, se a facilidade em criar padrões para dimensões era dada pela familiaridade com partes do corpo humano, a necessidade de padronizar capacidades tinha um apelo comercial. VOCÊ SABIA? Os primeiros padrões oficiais de medidas referiam-se às medidas de comprimento e à capacidade determinados por Ricardo I, na Inglaterra do século XII. Por ser uma das mais antigas medidas padronizadas, as medidas de capacidade seguem métodos tradicionais de sua determinação, sendo os métodos gravimétrico e volumétrico. MÉTODO GRAVIMÉTRICO O método gravimétrico se baseia na determinação do volume de água a partir da massa contida ou transferida pela vidraria, a certa temperatura considerada padrão (20°C), e que geralmente vem marcada sobre ela. A utilização da água como fluido padrão de medição deve-se ao fato do mapeamento e conhecimento de suas propriedades com alto grau de exatidão, em particular, sua densidade. Para execução do método gravimétrico é necessário dispor de: uma balança analítica calibrada; um banho termostático para estabilizar a água utilizada à temperatura desejada; um termômetro calibrado para controle da temperatura; água deionizada ou destilada, com massa específica conhecida e determinada com o auxílio de um medidor de massa específica (densímetro ou picnômetro); um higrômetro para controle da umidade relativa do ar do ambiente. MÉTODO VOLUMÉTRICO O método volumétrico se baseia na transferência de um volume de líquido conhecido para um recipiente em que se quer determinar a capacidade a certa temperatura, sendo ela considerada padrão. O método volumétrico necessita apenas dos padrões volumétricos calibrados: água destilada a certa temperatura medida com o auxílio de um termômetro e de densidade conhecida a essa temperatura higrômetro para controle da umidade relativa do ar ambiente. Recipientes volumétricos Recipientes volumétricos são aqueles projetados para comportar um volume de líquido, com certo grau de confiança, se preenchido até certa marca (única) gravada em seu corpo. Os exemplos mais comuns desse tipo de recipiente são a bureta, pipeta, béquer, picnômetro e balão volumétrico. Nessa categoria, os recipientes subdividem-se em recipientes do tipo TC (to contain), projetados para conter certo volume de solução líquida em seu interior, e do tipo TD (to deliver), projetados para transferir uma solução líquida de um ponto X para um ponto Y. Em geral, a maior diferença entre recipientes do tipo TC para TD está na capacidade de escoar/aderir líquido nas paredes do interior do recipiente devido à geometria. Imagem: Shutterstock.com Recipiente volumétrico a conter (TC). Recipientes graduados Recipientes graduados são aqueles projetados para fornecer certas indicações de volume de líquido por meio do preenchimento do recipiente até marcas previamente indicadas pelo fabricante do instrumento. Desse modo, recipientes graduados permitem medir volumes quantizados da capacidade máxima. ATENÇÃO Ambos os tipos de recipientes (graduados e volumétricos), por possuírem marcações em seu corpo, estão sujeitos a processos de dilatação térmica. Isso provoca a existência de variação entre o valor nominal indicado e o valor real de capacidade na marca proposta pelo fabricante – o que exige sua utilização em conjunto com um certificado de calibração do item para correção ao valor real do ponto de medição. Esses recipientes de uso laboratorial, por serem confeccionados majoritariamente em vidro, são chamados de vidrarias de laboratório. LIMPEZA DE VIDRARIAS Imagem: Shutterstock.com As vidrarias devem ser totalmente desengorduradas, pois traços de gordura provocam retenção de líquidos sob a forma de gotículas que ocasionam a má formação do menisco ou impedem seu escoamento total. Veja a seguir o passo a passo de uma limpeza ideal de vidrarias: 1 Devem ser lavadas primeiramente com água e solução aquosa de detergente especial para laboratórios, livres de sabão com auxílio de uma escova. Em seguida, enxaguar repetidas vezes com água destilada. 2 3 Para finalizar, os recipientes devem ser enxaguados com mistura sulfocrômica ou potassa alcoólica para remover os últimos traços de gordura. Em seguida, enxaguar bem com água destilada, deixando secar de forma invertida em estufa ou enxugador. 4 Quando necessário, antes da calibração, devemos utilizar ar comprimido frio e seco ou a estufa no máximo a 50°C para remover traços remanescentes de água. Quando essa limpeza for insuficiente, devido à utilização das vidrarias de laboratório com óleos ou graxas, devem ser removidos totalmente esses resíduos com solventes apropriados. ATENÇÃO Tal como preconizam as boas práticas de laboratório, todo o material de vidro deve ser lavado logo após seu uso; entretanto, os resíduos das soluções e precipitados, com o tempo, atacam o vidro, tornando-se difícil a sua remoção e alterando a capacidade da vidraria. METODOLOGIAS DE CALIBRAÇÃO Imagem: Shutterstock.com MÉTODO GRAVIMÉTRICO Apresenta uma maior exatidão quando utilizado corretamente. Depende do tipo de vidraria: para conter ou para transferir. a) Para conter Após limpas e secas, as vidraçarias devem ser manuseadas com luvas de algodão para evitar a retenção de gordura. 1 Pesa-se vazia em uma balança a vidraria sob calibração e determina-se sua massa. Na sequência, a vidraria de laboratório é preenchida com água bidestilada, a 20°C, até poucos milímetros abaixo do traço de referência ou graduação que se quer calibrar. 2 3 Para se alcançar a marca, a capacidade restante é adicionada gota a gota, evitando-se molhar as paredes acima da linha. Todo excesso de água ou respingos deve ser retirado com auxílio de papel de filtro e a vidraria é pesada novamente. 4 5 O fluido utilizado deve ter densidade conhecida e a operação deve ser repetida algumas vezes para que se possam aplicar tratamentos estatísticos à medição. b) Para transferir A metodologia de calibração de vidrarias para transferir é similar. A principal modificação do método está na substituição do recipiente pesado: no lugar de pesar a vidraria sob calibração é utilizado um pesa filtro ou béquer cuja massa deve ser tarada na balança. A pesagem com o líquido é realizada mantendo-se a vidraria para transferir na posição vertical, e cheia até poucos milímetros acima da linha de graduação, devendo ser removido o líquido remanescente na sua parte externa com papel de filtro. Efetuar o ajuste escorrendo o excesso por meio de sua extremidade afilada e remover qualquer gota do líquido aderida a ela pelo contato com a superfície do recipiente inclinado. A transferênciapara o pesa filtro ou béquer tarado deve ser com fluxo livre. Veja a seguir os principais fatores que influenciam na calibração de vidrarias de laboratório: LIMPEZA DE SUPERFÍCIE Falha na limpeza interna pode ocasionar um erro na leitura devido à má configuração do menisco, como consequência de dois defeitos: O molhamento incompleto da superfície do vidro. A superfície do líquido não formar com a superfície do vidro uma curva tangencial. Em vidrarias de transferência, a falha na limpeza pode causar erros adicionais devido ao filme do líquido estar irregularmente distribuído ou incompleto nas paredes do vidro, ou o raio da curvatura é geralmente aumentado devido à redução da tensão superficial causada pela contaminação da superfície do vidro. O raio da curvatura também é geralmente aumentado devido à redução da tensão superficial causada pela contaminação da superfície do vidro. MOLHAMENTO INCOMPLETO E RAIO DE CURVATURA AUMENTADO Imagem: Raimundo Alves de Rezende TEMPERATURA DO LÍQUIDO Não deve distanciar em muito da temperatura de referência, e deverá ser corrigida quando diferenciar mais de 2°C. A temperatura da água usada para a calibração deve ser medida com exatidão de 0,1°C. MENISCO O menisco é o nome dado à curva que se forma na interface entre dois fluidos, causada pela tensão superficial. Pode ser côncavo ou convexo, dependendo do líquido e da superfície sobre a qual se forma. Os meniscos côncavos formam-se pela adesão de magnitude elevada entre as partículas do líquido e o recipiente, revelando forte atração entre si (coesão). O menisco deve estar posicionado de modo que sua parte inferior tangencie horizontalmente a parte superior da linha de referência com a linha de visão no mesmo plano. MENISCO Imagem: Raimundo Alves de Rezende ERRO DE PARALAXE O erro de paralaxe ocorre pela observação em ângulo não perpendicular à escala do instrumento de medição. Trata-se de um desvio óptico desenvolvido pelo ângulo de visão do técnico executor de uma medição. ERRO DE PARALAXE Imagem: Raimundo Alves de Rezende MEDIÇÃO DA DENSIDADE DE LÍQUIDOS Imagem: Shutterstock.com Uma boa parte dos métodos de laboratório para a medição da densidade dos líquidos é muito antiga, e um bom número de aparelhos utilizados, com certos aperfeiçoamentos, ainda está sendo utilizado atualmente. 240 A.C. 1600 SÉCULO XVII 240 A.C. Por volta de 240 a.C., Arquimedes inventou uma balança hidrostática para determinar densidade. Esse método ainda é utilizado para a medição exata da massa específica em muitos laboratórios. 1600 Ao redor de 1600, Van Helmont desenvolveu um recipiente de gargalo curto que terminava em um bico fino – um picnômetro. SÉCULO XVII No final do século XVII, foram publicadas tabelas de massa específica com valores determinados com a balança hidrostática e picnômetro. As medições de densidade de líquido feitas em laboratório provavelmente utilizam uma ou mais destas técnicas básicas, pois houve poucas mudanças na medição da densidade dos líquidos e sólidos – apenas aperfeiçoamentos, como, por exemplo, mais exatidão na medição da massa e da temperatura, novos instrumentos e mais modernos, como o densímetro digital. Existe um grande número de métodos para determinar a densidade no laboratório ou em ambientes externos. Limitamo-nos a apresentar apenas quatro destes métodos: MÉTODO VOLUMÉTRICO Só é utilizado para determinação da densidade de sólidos com forma geométrica definida. Nesse método, o volume é calculado a partir das medidas das dimensões do sólido e sua massa determinada de maneira conveniente, segundo a definição de densidade. Esse método permite obter a informação da massa específica, com uma exatidão provável de 1%. MÉTODO DO PICNÔMETRO Na construção de um picnômetro, os elementos desejáveis são os seguintes: a) uma forma adaptada para rápida obtenção da temperatura do banho envolvente; b) meio de encher com o mínimo contato da amostra de líquido com o ar; c) proteção depois de cheio (variação de peso por evaporação ou absorção de umidade); d) exatidão no enchimento. O picnômetro é um frasco de vidro (que pode ser encontrado para diferentes volumes) com uma tampa, e pode possuir um termômetro ou não. É utilizado para medir a densidade de líquidos. Para líquidos Esse método baseia-se em pesar o picnômetro vazio, limpo e seco. Em seguida, enche-lo com o líquido até o traço de referência e colocá-lo no banho termostático para obter a temperatura desejada (referência). Obtida, ajustamos o menisco e em seguida o retiramos do banho, secamos e pesamos. Para sólidos O método do picnômetro descrito para líquidos pode ser usado de maneira semelhante para determinação da massa específica das substâncias sólidas, como pós, cristais ou outros sólidos. Para alguns materiais, erros apreciáveis podem ser introduzidos por causa da expulsão e solução do ar e da umidade, pelo líquido do picnômetro e pela absorção do mesmo nas superfícies dos materiais. A escolha de um líquido para o picnômetro depende da natureza do sólido a ser analisado. Um líquido para o picnômetro satisfatório deve ter um alto grau de witting power, isto é, propriedade de expelir o ar. O líquido não deve se combinar ou ser absorvido na superfície do sólido e não deve se dissociar ou polimerizar durante o uso. MÉTODO DE PESAGEM HIDROSTÁTICA Esse método pode determinar a massa específica de sólidos e líquidos. Uma das técnicas da balança hidrostática se vale da balança Mohr-Westphal. Uma cápsula de vidro selada é suspensa no interior de um frasco, na extremidade de uma lança. Primeiro, a lança é equilibrada com o frasco vazio, sendo depois preenchida com o líquido de amostra. A aparente perda de peso é igual à massa do líquido deslocado e compensada adicionando-se peso sobre a lança. A solução do problema é dada pelo princípio de Arquimedes. Para a determinação da densidade de um sólido, ele é primeiramente pesado no ar e depois pesado em um líquido com densidade conhecida. A densidade do sólido é determinada pelo quociente entre a massa medida no ar pelo seu volume. Esse volume é igual à perda de massa da amostra dividida pela massa específica do líquido à temperatura de observação. MÉTODO DO DENSÍMETRO Para a medição da massa específica dos líquidos ou liquefeitos, o instrumento cuja utilização é mais amplamente empregada é o densímetro de vidro de massa constante, por combinar baixo custo de fabricação com exatidão relativamente boa e facilidade de operação. Para a determinação da densidade de um líquido por esse método, é necessário usar um densímetro conveniente que afundará no líquido até uma posição na qual uma parte da haste graduada se estende acima da superfície do líquido. O densímetro, então, é um instrumento que determina a densidade de um líquido por meio da relação entre a massa do instrumento e a parte de seu volume que está imersa quando ele flutua naquele líquido. O densímetro é constituído de uma haste cilíndrica graduada e um bulbo lastrado com chumbo. Alguns densímetros (termodensímetros) têm um termômetro no bulbo para indicar a temperatura do líquido. A haste capilar de um termodensímetro deve ser paralela ao eixo e se estender pelo menos 10mm acima da escala. Imagem: Shutterstock.com Densímetro. ESCALAS DE MEDIÇÃO DE DENSÍMETROS DE VIDRO Imagem: Shutterstock.com Antigamente, as indústrias precisavam medir a densidade, mas não possuíam definições fixas para satisfazer essa necessidade. O resultado foi uma variedade de definições, cuja maior parte ainda está sendo utilizada. Em todos os casos, a densidade é a grandeza de medição principal. - Graus Quevenne (°Q): é uma descrição conveniente de densidade utilizada em análise do leite, e os densímetros são comumente chamados de lactodensímetros ou lactômetros. A relação entre o grau quevenne e a massa específica é dada pela equação Q = 1000 (ρ - 1). - Graus Baumé (°Bé): em 1768, Antonie Beaumé desenvolveu duas escalas – uma para líquidos mais pesados doque a água e outra para líquidos mais leves –, que são em geral utilizadas nos Estados Unidos. A relação entre o grau Beaumé e a massa específica é dada pela equação: ⇋ Utilize a rolagem horizontal - Graus API (°API): foi escolhido como escala-padrão para derivados de petróleo nos Estados Unidos , em 1921, mediante decisão conjunta do American Petroleum Institute (API) e do Bureau of National Standard (NBS – atual NIST). A relação entre Graus API e a densidade é dada pela equação: ⇋ Utilize a rolagem horizontal - Graus Brix (°Br): define o percentual da sacarose (por peso) em solução de água a 15°C e pode ser determinado por meio da medição de densidade ou de densidade relativa. Cada grau Brix é igual a um por cento de sacarose. Os densímetros para graus Brix recebem um nome especial de sacarímetros. Bé = − 145 Para líquidos mais pesados do que a água 145 60 60 ∘F Bé = − 130 Para líquidos mais leves do que a água 140 60 60 ∘F ∘API = − 131, 5 141, 5 60 60∘F - Graus Balling (°Ba): utilizado na indústria de cervejaria para indicar o percentual, por peso, dos sólidos dissolvidos a 15°C. Essa dimensão é igual a graus Brix. - Graus Gay-Lussac: indica a porcentagem de álcool em volume contido em uma mistura hidro-alcoólica a 15°C. A determinação do grau Gay-Lussac foi abolida no Brasil pela portaria 174 de 28 de junho de 1966, e não deve mais ser usada na comercialização do álcool. - Graus Twaddel (°Tw): é aplicado para líquidos mais pesados do que a água. Cada grau °Tw é igual a 0,005 da densidade. - Graus Sikes, Richter e Tralles: escalas de leitura direta de percentual (de peso) de álcool etílico em água. - Graus Cartier: idêntica formulação da escala a graus Beaumé; entretanto, a cada 16 graus Cartier, temos 15 graus Bé. ⇋ Utilize a rolagem horizontal VERIFICANDO O APRENDIZADO A RESPEITO DOS MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE CAPACIDADE, É CORRETO AFIRMAR QUE A) o método grávimétrico se baseia na transferência de um volume de líquido conhecido para um recipiente que se quer determinar a capacidade a uma temperatura de 25°C. B) no método volumétrico, utiliza-se a água como fluido padrão de medição na temperatura padrão de 22°C. C) para a execução do método volumétrico é necessário dispor de uma balança analítica calibrada, um termômetro calibrado para controle da temperatura e água deionizada ou destilada, não necessitando de um banho termostático por conta do emprego do termômetro calibrado. D) padrões volumétricos calibrados, água destilada a certa temperatura medida, termômetro e densidade da água conhecida à temperatura de medição e higrômetro para controle da umidade relativa do ar ambiente são as únicas necessidades do método volumétrico de determinação de capacidade. E) tanto o método volumétrico quanto o método gravimétrico necessitam essencialmente de uma balança analítica de alta precisão. SÃO FATORES QUE INFLUENCIAM NA CALIBRAÇÃO DE VIDRARIAS DE LABORATÓRIO, EXCETO: A) A limpeza de superfície. B) A temperatura do líquido. C) O líquido a ser usado no dia a dia. D) O menisco. E) O erro de paralaxe. GABARITO A respeito dos métodos de medição de capacidade, é correto afirmar que A alternativa "D " está correta. As medidas de capacidade seguem dois métodos tradicionais de sua determinação, sendo os métodos volumétrico e gravimétrico. O método volumétrico se baseia na transferência de um volume de líquido conhecido para um recipiente em que se quer determinar a capacidade a certa temperatura, considerada padrão. Já o método gravimétrico utiliza uma balança analítica e se baseia na determinação do volume de água a partir da massa contida ou transferida pela vidraria, a certa temperatura considerada padrão (20°C), e que geralmente vem marcada sobre ela. São fatores que influenciam na calibração de vidrarias de laboratório, exceto: A alternativa "C " está correta. Os principais fatores que influenciam na calibração de vidrarias são: a limpeza da superfície, a temperatura do líquido, o menisco e o erro de paralaxe. O líquido a ser usado no dia a dia não influencia na calibração das vidrarias porque não altera seu volume, podendo ser utilizado na medição de diversos líquidos. MÓDULO 3 Identificar os instrumentos de medição das principais grandezas de influência nas medições desenvolvidas em laboratório GRANDEZAS DE INFLUÊNCIA CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE INFLUÊNCIA Imagem: Shutterstock.com Algumas influências físicas podem alterar a indicação de instrumentos de medição com mudança dos valores indicados, aumentando ou diminuindo vagarosamente. Tais alterações acontecem devido às influências físicas no processo de medição. As influências mais comuns são devidas à estrutura da matéria e seu estado de agitação. Muitas medições dependem da não interferência magnética ou térmica no objeto sob medição. Citam-se exemplos de influências físicas nas medições a dilatação térmica alterando: o comprimento de objetos sob medição dimensional; a magnetização de pesos padrão que interagem com a corrente elétrica causada por uma bobina em uma balança eletrônica de compensação magnética; a diferença na densidade do meio de medição na determinação do volume dos corpos durante uma medição em um sistema de pesagem hidrostática; o teor de umidade de grãos na medição de seu peso, em uma troca comercial. Muitas são as grandezas de influência; portanto, vejamos os instrumentos de medição dessas condições de contorno. TERMÔMETROS/ MEDIÇÃO DE TEMPERATURA Imagem: Shutterstock.com Diferenças de temperatura entre o objeto medido e o local de medição, principalmente em medições desenvolvidas em pequenos compartimentos ou câmaras, produzem correntes de ar que, ao se moverem ao longo da superfície do objeto, criam forças de convecção na direção vertical e ascendente ou às avessas. ATENÇÃO Nas medições baseadas em princípios gravimétricos de alta exatidão, isso tende a ser um problema. O efeito não desaparece até que o equilíbrio térmico seja estabelecido. Ocorre principalmente nas pesagens em microbalanças, quando um objeto frio aparenta ser mais pesado e, um quente, mais leve. Desse modo, o resultado de uma pesagem muda constantemente em uma direção, no dispositivo de indicação da balança. Em medições dimensionais, esse efeito da temperatura nas medições acontece devido ao aumento das dimensões, influenciando diretamente o resultado das medidas. Pode-se minimizar os efeitos da temperatura estabelecendo um equilíbrio térmico entre a temperatura do objeto medido e a temperatura do laboratório ou câmara de medição do instrumento, de maneira que padrões devem cumprir os tempos mínimos para estabilização térmica. Como regra prática, pode-se aplicar um tempo de estabilização de 24 horas. Além disso, pode-se minimizar esses efeitos térmicos manuseando os itens apenas com pinças ou garfos, ou utilizando luvas e minimizando os tempos de contato com os elementos da medição. Os termômetros são os instrumentos utilizados para medição da temperatura. Diferentes tipos e modelos de termômetros estão disponíveis no mercado – os mais comuns são os termômetros de líquido em vidro. Imagem: Shutterstock.com Termômetro de líquido em vidro. Esses instrumentos normalmente são feitos de vidro, com uma ponteira metálica, e encerram em seu interior um fluido termométrico de baixo calor específico, como o álcool ou o mercúrio. Por serem construídos de vidro, oferecem razoável precisão, embora tenham suas dimensões alteradas com o passar do tempo pelo fato de o vidro ser um material líquido de altíssima densidade. É uma boa opção quando pensamos na relação custo-benefício e podem ser encontrados em diferentes tamanhos para cobrir diferentes faixas de medição, e com diferentes resolução de medição. Mas, por ser um instrumento analógico, muitos profissionais que desejam celeridade nas medições preferem utilizar termopares ou termômetros de resistência para realizar suas medições. Imagem: Shutterstock.com Termopares. Termopares são sensoresde temperatura constituídos de uma junção metálica de diferentes materiais. Pelo efeito Seebeck, a diferença na percepção de temperatura entre a junção e a extremidade livre dos fios metálicos que compõem a junção promove uma diferença de potencial proporcional à temperatura da junção, e que pode ser medida com o auxílio de um voltímetro. Quanto maior a pureza dos metais envolvidos na junção, maior é a exatidão do termopar. Isso proporciona grande variedade no preço desse instrumento, embora possam ser adquiridos termopares com preços baratos no mercado e razoável precisão de medição. As junções metálicas utilizadas influenciam a faixa de medição do instrumento e classificam o nome do termopar. Veja a seguir uma tabela com os principais tipos de termopares disponíveis no mercado: Ligas Código Condutores (+) (-) Faixa de utilização (°C ) No Brasil (NBR 13774) RevestimentosLigas Código Condutores (+) (-) Faixa de utilização (°C ) No Brasil (NBR 13774) Revestimentos T TX Extensão tipo T Cobre (+) Constantan (-) -60 a +100 Revestimento externo marrom (+) Marrom (-) Branco J JX Extensão tipo J Ferro (+) Constantan (-) 0 a 200 Revestimento externo preto (+) preto (-) branco E EX Extensão tipo E Cromel (+) Constantan (-) 0 a 200 Revestimento externo violeta (+) violeta (-) branco K KX Extensão tipo K Cromel (+) Alumel (-) 0 a 150 Revestimento externo verde (+) verde (-) branco K WC Compensação tipo J Ferro (+) Cuporoníquel – Cu Ni (-) 0 a 100 VC Compensação tipo J Cobre (+) Cuporoníquel – Cu Ni (-) S SC Compensação tipo S/R 0 a 200 Revestimento externo laranja (+) Laranja (-) brancoR RC Cobre (+) Cuporoníquel – Cu Ni (-) B BC Compensação tipo B Cobre (+) Cobre (-) 0 a 100 Revestimento externo cinza (+) Cinza (-) branco N NX Extensão tipo N Nicrocil (+) Nissil (-) 0 a 200 Revestimento externo rosa (+) rosa (-) branco ⇋ Utilize a rolagem horizontal Tabela: Tipos de termopares. Elaborado por Raimundo Alves de Rezende. Por fim, outro modelo de termômetro existente no mercado são os termômetros de radiação. Esses termômetros ganharam popularidade após a pandemia mundial do Coronavírus de 2019 por realizar medições sem a necessidade de contato. O princípio de funcionamento desse instrumento baseia-se no efeito de emissão de corpo negro descrito pela Física Clássica e, apesar de executar atividades de modo muito mais célere, cabe ressaltar que esses instrumentos possuem as maiores incertezas para os processos, devido às influências das distâncias praticadas para medição e outras condições de contorno. Imagem: Shutterstock.com Termômetro de radiação. SAIBA MAIS Pela sua praticidade, normalmente são comercializados com valores relativamente mais altos do que os demais modelos de termômetros apresentados. GANHOS DE UMIDADE OU EVAPORAÇÃO/ HIGRÔMETROS Imagem: Shutterstock.com A diminuição da massa em determinadas pesagens acontece devido à evaporação do filme de água ou alguma substância volátil depositada na superfície dos objetos sob medição.Já o ganho de massa está associado à agregação de água na superfície deles. Esses efeitos podem ser minimizados com simples ações, tais como a observância do local de armazenamento dos padrões e o controle da umidade relativa do ar desse ambiente, bem como o manuseio de objetos de maior dimensão com luvas plásticas ou artefatos que evitem o contato com as mãos do operador, pois as mãos são fonte de umidade, calor e acidez. DICA Também contribui para minimizar os efeitos da umidade relativa do ar evitar manter o prato de balanças forrado com papelão ou cortiça, pois são substâncias higroscópicas. Para medição da umidade relativa do ar, os instrumentos utilizados são comumente chamados de higrômetros. Existem cinco princípios de medição que diferem os higrômetros, a saber: os higrômetros químicos; de condensação; de absorção; os higrômetros elétricos; psicrômetros. Desses modelos de higrômetros, o mais comumente utilizado é o baseado em princípios químicos. Esses higrômetros utilizam substâncias que absorvem a água contida no ambiente e alteram sua massa no processo. A massa medida da substância é proporcional à umidade relativa do ar. Higrômetros de absorção funcionam de modo similar aos higrômetros químicos. Imagem: Shutterstock.com Higrômetro. Imagem: Shutterstock.com Higrômetro para medição de temperatura de ponto de orvalho. Os higrômetros de condensação funcionam a partir do resfriamento de uma massa de ar que percorre determinado caminho e relacionam a condensação dessa massa de ar com a quantidade de água presente na amostra. Esse princípio também se assemelha ao de funcionamento dos psicrômetros. Nessa classe de higrômetros é medida a temperatura de ponto de orvalho por meio da indicação da temperatura em dois termômetros de líquido em vidro; um envolto em certa mecha de gaze embebida em água destilada, outro contendo o bulbo seco (medição regular). Imagem: Shutterstock.com Higrômetro para medição de temperatura de ponto de orvalho. ATENÇÃO A diferença de temperatura registrada relaciona-se com a umidade relativa do ar local. Por fim, os higrômetros elétricos funcionam graças aos efeitos da variação da resistência elétrica de um eletrodo metálico em função da permeabilidade elétrica de certos elementos variar com relação à umidade relativa do ar. ELETROSTÁTICA E MAGNETIZAÇÃO Imagem: Shutterstock.com Como o princípio de funcionamento de certos instrumentos de medição baseiam-se em princípios eletromagnéticos, a presença de cargas elétricas depositadas nas superfícies dos objetos pode provocar uma interação, indesejável, sobre os componentes do sistema de equilíbrio desses sistemas, causando uma instabilidade na indicação desses instrumentos. SAIBA MAIS Os objetos a serem medidos tornam-se carregados eletrostaticamente, devido à fricção durante o manuseio ou transporte. A força eletrostática pode aparecer entre o objeto e o instrumento de medição, principalmente em ambientes com umidade relativa do ar inferior a 40%, o que provocará no dispositivo de indicação diferentes valores para um mesmo objeto, e a instabilidade na calibração resultará possivelmente em uma baixa repetitividade deste processo. Por sua vez, os objetos magnetizados produzem um campo magnético que também altera a indicação fornecida. Principalmente em balanças eletrônicas, a presença de ímãs, alto-falantes, bobinas e afins nas proximidades do local de medição provoca interferências indesejáveis à medição. Essas quantidades podem ser quantificadas com o auxílio de um medidor de carga eletrostática e um susceptômetro. O susceptômetro é o instrumento que mensura a capacidade que tem um material de tornar-se magnetizado quando exposto a um campo magnetizante. VERIFICANDO O APRENDIZADO SÃO TIPOS DE TERMÔMETRO, EXCETO: A) O termômetro de líquido em vidro. B) O termômetro de extrusão. C) O termopar. D) O termômetro de radiação. E) O termômetro de resistência. SÃO CONSIDERADOS MEDIDORES DA UMIDADE RELATIVA DO AR, EXCETO: A) Higrômetro piezoelétrico. B) Higrômetro químico. C) Higrômetro de condensação. D) Higrômetro elétrico. E) Higrômetro de absorção. GABARITO São tipos de termômetro, exceto: A alternativa "B " está correta. Apesar da existência de diversos tipos de termômetros (termômetro de líquido em vidro, termopar, termômetro de radiação, termômetro de resistência etc.), a designação termômetro de extrusão não existe. A extrusão é um processo de produção mecânico de componentes no qual, de forma contínua, um material é forçado através de uma matriz, adquirindo a forma dela. São considerados medidores da umidade relativa do ar, exceto: A alternativa "A " está correta. Apesar da existência de diversos tipos de medidores da umidade relativa do ar, a designação higrômetro piezoelétrico não existe. Piezoelétrico é um cristal que, quandosubmetido a uma pressão, gera um campo elétrico; pode ser coletado como tensão elétrica, mas não se aplica aos instrumentos destinados à higrometria. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Este conteúdo apresentou instrumentos de medição dimensional e de vazão, além das grandezas de influência dos diversos sistemas de medição. Alguns instrumentos, como paquímetros, micrômetros, pipetas, provetas, termômetros, higrômetros, entre outros, são os instrumentos de aplicação e uso mais abrangentes. O conhecimento a respeito dos diversos instrumentos para controle dimensional e de capacidade é de extrema relevância, principalmente para as indústrias de peças mecânicas e laboratórios de controle da qualidade que auxiliam nas atividades de chão de fábrica. A qualidade dos produtos está muito atrelada à capacidade de medição. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS DA SILVA NETO, J. C. Metrologia e controle dimensional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. JUNIOR, A. A. G.; DE SOUSA, A. R. Fundamentos de metrologia científica e industrial. São Paulo: Manole, 2008. MENDONÇA, A. J. Metrologia de Fluidos – uma leitura para o curso técnico em metrologia do Inmetro. Rio de Janeiro: Inmetro, 2019. MENDONÇA, A. J.; SERENO, H. R. S. Metrologia em massa. Rio de Janeiro: Inmetro, 2009. MENDONÇA, A. J. Tópicos de Metrologia da grandeza massa, uma leitura do curso de pesagens industriais ministrado para o Curso Técnico em Metrologia. Rio de Janeiro: Inmetro, 2011. SANTOS JR., M. J.; IRIGOY, E.R.C. Metrologia Dimensional: Teoria e prática. Coleção: Nova Série Livro-texto 25. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados procure na internet: A tecnologia de medição por coordenadas na solução de problemas da indústria: sistematização de informações e do processo metrológico do laboratório prestador de serviços. Dissertação mestrado de G. A. Maas, da Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. 2001. Técnicas de medição de vazão por meios convencionais e não convencionais, de T. M. Carvalho, na Revista Brasileira de Geografia Física, Recife, v. 1, n. 1, mai/ago. 2008, p. 73-85. Metodologia para utilização de sistemas de visão computacional em calibrações da metrologia de fluidos, de F. O. Baldner. CONTEUDISTA Raimundo Alves de Rezende CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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