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Vict�ria K. L. Card�so Distúrbi�s metabólic�s do RN Hipocalcemia Mecanismo: 1. Grande transferência de cálcio da mãe para o feto durante o terceiro trimestre de gestação → 150 mg/kg de cálcio elementar por dia. 2. Nascimento = cessar da transferência de cálcio. 3. (inicialmente) Queda nos níveis plasmáticos de cálcio. 4. Ativação da reabsorção óssea de cálcio (RN), para manter a homeostase → até que a dieta seja suficiente → questão de horas. 5. Estabilização, com 24 a 48 horas de vida → cálcio total em 7 a 8 mg/dL (para o RN a termo). 6. Estabelecimento da alimentação enteral. 7. Elevação lenta do cálcio sérico. 8. Cálcio sérico em 9 a 11 mg/dL no final da primeira semana de vida. Onde o cálcio se encontra: ● 40% está ligado a proteínas, especialmente à albumina. ● 10% está na forma de complexos, com citrato, bicarbonato, sulfato ou fosfato. ● 50% fica na forma ionizada → é a única forma biologicamente disponível. Definição de hipocalcemia: (a definição varia de acordo com a idade gestacional e com o peso de nascimento) ● RNs prematuros < 1.500 g: níveis plasmáticos de cálcio total < 7 mg/dL ou de cálcio iônico < 4 mg/dL (1 mmol/L). ● RNs a termo ou RNs prematuros ≥ 1.500 g: níveis plasmáticos de cálcio total < 8 mg/dL ou de cálcio iônico < 4,4 mg/dL (1,1 mmo/L). Quando ocorre hipocalcemia Precoce → primeiras 24-48h de vida: ● 1/3 das RN pré termo. ● 1/3 dos RN com asfixia ao nascimento. ○ É secundário à liberação de cortisol e catecolaminas com aumento da calcitonina sérica. ● 20,7-60% dos RN filhos de mãe diabéticas insulino-dependentes. ○ O número diminui para 12,5% se houver um bom controle glicêmico. ● Se houver exsanguineotransfusão, pela combinação do citrato com o cálcio tónico. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Presença de traumatismo obstétrico. ● Sepse. ● Hiperparatireoidismo materno, por hiperparatireoidismo secundário no feto. ● Pseudo-hiperparatireoidismo → hiperfosfatemia + aumento do PTH com resistência em órgãos alvos de sua ação. ● Hipoparatireoidismo congênito → Síndrome de Di George (cardiopatia + ausência de timo + alteração de paratireóides). Hipocalcemia Tardia: (ocorre após os primeiros dias de vida) ● Está associada à ingestão excessiva de fósforo, presente no leite de vaca → ou seja, NÃO alimentar o RN com leite de vaca. ● Na idade de 2 a 5 anos, há severa hipoplasia do esmalte dentário → hipocalcemia persistente. Clínica no RN: ● Tremores. ● Hiperexcitação. ● Tônus aumentado. ● Convulsões → sinal mais grave, pode causar sequelas neurológicas. Tratamento: 1. Monitorização. 2. "Push" - Gluconato de Cálcio a 10% - 2 ml/Kg + AD (1:1) EV, na velocidade de 1 ml/min. ○ Deve-se interromper a administração quando a frequência cardíaca estiver < 110 a 120 bpm. e/ou ○ Desaparecimento da clínica de hipocalcemia. 3. Manutenção: 2 ml kg/dia na perfusão venosa, perfazendo no total de 4 ml/Kg/ dia. ○ Manter o cálcio sérico total entre 8 e 10 mg% e o cálcio ionizado entre 3-4 mg%. Obs: o “push” só se justifica na presença de clínica evidente, principalmente convulsão. Caso contrário, se faz uma reposição de manutenção, com 4 ml/Kg/dia na perfusão venosa, com controle 6-12h. Hipomagnesemia Definição: magnésio total ‹ 16 mg% ou magnésio ionizado < 0,97/mg%. ● É o distúrbio mais raro que tem (desses salientados). ● Para haver sintomatologia os níveis precisam estar muito diminuídos. Causas: ● RN filho de mãe diabética insulino-dependente (aumento da excreção renal de magnésio). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● RN que realizou exsanguineotransfusão (o citrato forma quelato com o magnésio). ● Hiperfosfatemia neonatal (ingesta de grande quantidade de fósforo do leite de vaca). ● Uso de aminoglicosídeos. ● Hipoparatireoidismo neonatal. ● Síndrome de má-absorção. Clínica: ● Há maior evidência quando o magnésio sérico está < 12 mg%. ● Sintomas semelhantes aos da hipocalcemia. ○ Tremores. ○ Hiperexcitação. ○ Tônus aumentado. ○ Convulsões → sinal mais grave, pode causar sequelas neurológicas. Tratamento: ● Administração de sulfato de Magnésio a 50% → 0,25 ml/Kg/dose, EV. ○ Sulfato de Magnésio 50% = 4 mEq/ml. ○ Sulfato de Magnésio 12,5% - 1 mEq/ml → 0,8 ml/Kg/dose. ● Repetir 8 horas após. Hipoglicemia Características gerais: ● É o distúrbio metabólico mais comum na fase neonatal. ● A glicose é o principal substrato energético para o RN - fundamental para o metabolismo cerebral. ● Epidemiologia nas classificações: ○ 50% dos episódios são transitórios e assintomáticos. ○ 15% são transitórios sintomáticos. ○ 35% são associados a outras doenças. ○ 2% são persistentes ou recorrentes. Etiopatogenia: 1. Suprimento de glicose pela mãe durante a gestação. 2. Clampeamento do cordão umbilical após o parto = interrupção abrupta da oferta de glicose. 3. Alterações do nível adequado de manutenção da glicose para o RN. 4. Dependência da fisiologia pela reserva de glicogênio hepático e pela utilização de nutrientes ofertados pela amamentação. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so 5. Na transição fisiológica normal = queda dos níveis de glicose neonatais da 1° para a 2° hora de vida (chegando a níveis de 30 mg/dL), sem grandes repercussões. 6. Aumento e estabilização dos níveis de glicose entre 65 a 70 mg/dL entre a 3° e a 6° hora de vida. Importante: ainda não se definiu qual valor glicêmico pode resultar em dano cerebral que evolua para lesão neurológica crônica irreversível para o RN, por isso é importante tratar a hipoglicemia agressivamente, para minimizar sequelas cerebrais. Caracterização dos valores para hipoglicemia: ● RN até 48 horas de vida: ○ American Academy of Pediatrics - AAP: 47 mg/dL. ○ Pediatric Endocrine Society - PES: 50 mg/dL. ● RN com mais de 48 horas de vida: limite aceitável até 60 mg/dl → valores conflitantes. ● Após 72 horas de vida: 70 mg/dL de acordo com AAP e PES. Classificação: ● Transitória: duração de algumas horas até 3 dias. ○ Situações em que esse tempo pode aumentar, sem ser uma hipoglicemia persistente: (pode durar até semanas) ■ RN PIG. ■ Cardiopatia congênita. ■ Baixa aceitação alimentar. ■ Policitemia. ■ Sepse. ■ Filho de mãe diabética ou com pré-eclâmpsia. ● Persistente: duração maior que 3 dias. Etiologias: ● Hiperinsulinismo: principal causa hereditária de hipoglicemia no período neonatal. ● Principais etiologias depois do primeiro mês de vida: erros inatos do metabolismo. ● Independente da causa, deve-se reconhecer o quadro imediatamente e o tratar para prevenir complicações. Clínica: ● Sintomatologia grave: ○ Letargia. ○ Insuficiência respiratória. ○ Apneia. ○ Convulsões. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Instabilidade hemodinâmica. ○ Parada cardíaca. ● Sintomatologia leve: ○ Choro anormal. ○ Agitação. ○ Tremores. ○ Irritabilidade. ○ Palidez. ○ Cianose. ○ Hipotermia. Obs: letargia, insuficiência respiratória, apnéia e convulsões são comumente os primeiros sinais verificados na hipoglicemia → indica realização de DEXTRO. Obs: o maior problema é que essas manifestações são inespecíficas, pois podem ocorrer em outras situações, como em infecções, anemia, distúrbio eletrolítico, acidose metabólica, cardiopatia… por isso se deve ter bastante atenção. Fatores de risco para hipoglicemia: ● Condições neonatais: ○ Prematuridade. ○ Retardo do crescimento intrauterino (RCID). ○ Asfixia perinatal. ○ Policitemia. ○ Eritroblastose Fetal (isoimunizacão Rh). ○ Doenças graves (sepse, choque, cardiopatia congênita…). ● Condições maternas: ○ Diabetes durante a gestação. ○ Pré-eclâmpsia. ○ Uso de medicamentos (betabloqueadores, beta agonistas ou antidiabéticos orais). ○ História familiar de hipoglicemia neonatal. Determinação da etiologia da hipoglicemia neonatal - investigação e rastreio: ● Gasometria. ● Lactato. ● Insulina. ● Peptídeo-C. ● Beta-hidroxibutirato. ● Pesquisa de ácidos graxos livres. ● Perfil de acarinas, amônia. ● Aminoácidos. ● Sumário de urina. Causas/etiologias mais frequentes: (na ausência de acidose)@p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● RN PIG. ● Asfixia perinatal. ● Hiperinsulinismo congênito. Fluxo de condutas para o RN com hipoglicemia: 1. RN sintomático e com glicemia < 40 mg/dL = glicose EV. OU 1. RN assintomático nas primeiras 4h de vida. 2. Primeira tentativa → alimentar o bebê na 1o hora (aleitamento). 3. 30 min após a dieta → medir a glicemia. 4. Se glicemia < 25 mg/dL → repetir a dieta e coletar nova glicemia após 1h. a. Se glicemia ainda < 25 mg/dL → adm glicose EV. b. Mas, se glicemia 25-40 mg/dL → realimentar ou adm glicose EV (caso necessário). i. O que é esse “caso necessário” para adm glicose EV → RN letárgico, molinho, não mama direito, hipotônico, quieto… OU 1. RN assintomático, com 4-24h de vida. 2. Realizar dieta (amamentação) a cada 2-3h, com aferição da glicemia antes de cada dieta. 3. Se a glicemia vier < 35 mg/dL, repetir a dieta e nova glicemia após 1h. a. Se a glicemia mantiver < 35 mg/dL → adm glicose EV. b. Se a glicemia estiver entre 35 e 45 mg/dL → realimentar ou adm glicose EV (caso necessário - são os mesmos critérios já indicados). Obs: a glicemia esperada antes das dietas é > 45 mg/dL. Cálculo da glicose endovenosa a ser administrada: ● 200 mg/kg/dose → glicose a 10%, 2 ml/kg. ● Segue com infusão de 5-8 mg/kg/min → 80 a 100 ml/kg/dia. ● Sempre manter a glicemia entre 40-50 mg/dL. Dados do exame físico para o diagnóstico diferencial: ● Macrossomia fetal: ○ Hiperinsulinismo. ● Anomalias da linha média facial, atrofia do nervo óptico, micropênis ou icterícia prolongada: ○ Hipopituitarismo. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Déficit de crescimento: ○ Deficiência de GH. ○ Hipopituitarismo. ○ Glicogenoses. ● Hiperpigmentação cutânea: ○ Hipocortisolismo. ● Hepatomegalia: ○ Glicogenoses. ○ Distúrbios da oxidação dos ác. graxos. ● Miopatia, miocardiopatia ou neuropatia periférica: ○ Distúrbios da oxidação dos ác. graxos. Tratamento: ● Tratamento inicial de emergência: ○ Adm EV de 2 a 4 mL/kg de glicose a 10% (200 a 100 mg/kg). ○ Segue com infusão contínua de solução glicosada com uma taxa de infusão de glicose (TIG) de 5 a 8 mg/kg/minuto (80 a 100 ml/kg/dia). ● Situações sem acesso EV na urgência: ○ Resgate glicêmico com glucagon IM ou subcutâneo (0,03 mg/kg/dose). ■ Eleva a glicose plasmática em poucos minutos pela indução da glicogenólise, gliconeogênese e lipólise. ■ Enquanto isso, deve-se providenciar acesso venoso. Obs: SOMENTE SE FAZ USO DE CORTICÓIDE (GLICOCORTICÓIDE) NO CASO DE INSUFICIÊNCIA ADRENAL. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Fluxo para pesquisa da etiologia da hipoglicemia: @p�sitivamed
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