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Sentenças Trabalhistas e seus Procedimentos

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DIREITO 
PROCESSUAL DO 
TRABALHO 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Explicar os procedimentos e requisitos da sentença. 
 > Identificar os erros materiais. 
 > Descrever a extinção do processo sem resolução de mérito e o trânsito 
em julgado.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre as sentenças trabalhistas à luz da Con-
solidação das Leis do Trabalho (CLT) e do Código de Processo Civil (CPC). Você 
também vai verificar o entendimento doutrinário e jurisprudencial sobre o tema.
Ainda, você vai estudar os vícios que podem ocorrer na sentença trabalhista, 
como os casos de decisão citra petita (omissão), ultra petita e extra petita, 
obscuridade, contradição ou erros materiais. Você também vai compreender 
como as partes podem resolver tais situações.
Para concluir, você vai verificar as hipóteses de extinção do processo com 
e sem resolução e os efeitos da coisa julgada formal e material. Você também 
vai compreender os limites objetivos e subjetivos da sentença trabalhista e a 
possibilidade de se propor novamente a ação trabalhista que outrora foi extinta.
Aspectos formais da sentença trabalhista
No processo judicial trabalhista, assim como nos demais processos judiciais, 
o juiz se pronuncia por meio de sentenças, decisões interlocutórias e despa-
chos, que devem ser assinados e datados pelo magistrado. Veja a seguir um 
breve conceito de cada uma dessas espécies de decisão.
Sentença
Anna Carolina Gomes dos Reis
 � Sentença: decisão que põe fim à fase de conhecimento ou execução, 
podendo ou não resolver o mérito.
 � Decisão interlocutória: todo pronunciamento judicial de natureza de-
cisória que não acarrete encerramento do processo. 
 � Despachos: todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no 
processo, de ofício ou a requerimento da parte para dar andamento 
ao processo, com base no impulso oficial.
Neste capítulo, você vai estudar mais a fundo a sentença trabalhista e 
como funciona o seu procedimento, assim como os requisitos previstos na 
legislação trabalhista e no processo civil. A sentença é ato do juiz, em que este 
submete a pretensão deduzida pela parte ao ordenamento jurídico vigente 
e aos preceitos de justiça e equanimidade. Nas palavras do jurista Mauro 
Schiavi (2018, p. 837), "a sentença, na perspectiva moderna, é o ato judicial 
por meio do qual se opera o comando abstrato da lei às situações concretas, 
que se realiza mediante uma atividade cognitiva, intelectiva e lógica do juiz, 
como agente da jurisdição". 
As sentenças podem ser classificadas de acordo com a pretensão deduzida 
pela parte perante o juiz. Na divisão clássica, temos as sentenças declaratória, 
constitutiva e condenatória, descritas a seguir.
 � A sentença declaratória, como o próprio nome aponta, declara a exis-
tência ou inexistência de um direito, uma relação ou uma situação 
jurídica, bem como a autenticidade ou a falsidade de um documento. 
Esse tipo de sentença concede certeza à pretensão do réu. Toda sen-
tença guarda conteúdo declaratório.
 � A sentença constitutiva é aquela que cria, modifica, conserva ou 
extingue uma relação jurídica ou situação jurídica, provocando uma 
alteração de ordem fática ou jurídica, como a sentença que reconhece 
o vínculo de emprego.
 � A sentença condenatória é aquela que impõe ao réu o cumprimento de 
uma obrigação (de dar, fazer ou não fazer), ou seja, condena o réu a uma 
prestação. Ela representa a grande maioria das sentenças trabalhis-
tas, que obrigam a reclamada a pagar horas extras, férias, diferenças 
salariais etc.
Sentença2
A prolação da sentença no procedimento trabalhista se orienta pela lei e 
pelo livre convencimento do juiz, que se dá a partir dos elementos trazidos 
pelas partes no curso do processo, em especial, todas as provas produzidas 
de forma lícita. O magistrado pode determinar qualquer diligência necessária 
ao esclarecimento de tais provas. Além disso, a sentença deve estar vinculada 
aos pedidos formulados pelo autor do processo, fundamentada e redigida 
de forma clara, precisa, obedecendo as regras processuais e materiais e ao 
princípio da publicidade. 
Do art. 832 da CLT, podemos extrair que a estrutura básica de qualquer 
sentença trabalhista deverá conter: os nomes das partes, o resumo do pedido 
e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respec-
tiva conclusão. Assim, podemos dividir a sentença em três partes: relatório, 
fundamentação e dispositivo (BRASIL, 1943).
O relatório é a primeira parte da sentença, em que o juiz indica as partes 
do processo e expõe um resumo dos fatos de todos os pedidos, os atos 
praticados pelas partes (contestação, impugnação, tentativas de concilia-
ção), o valor da causa e as provas que foram produzidas durante o processo. 
A fundamentação é a parte em que o juiz explica quais são as bases jurídicas 
e situacionais que vão validar a sua decisão — ou seja, é a legitimidade da 
própria atividade jurisdicional.
Ao apresentar sua motivação, o magistrado deverá atentar para as se-
guintes regras:
 � ao indicar artigos de leis, deve explicar sua relação com a causa ou a 
questão decidida; 
 � deve empregar conceitos jurídicos determinados e explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; 
 � os motivos devem justificar, de forma específica, a decisão que será 
dada;
 � precisa enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes 
de influir na sua conclusão;
 � ao invocar precedente ou enunciado de súmula, deve identificar seus 
fundamentos determinantes e demonstrar sua aplicação ao caso sob 
julgamento; 
 � se deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte, deve demonstrar a existência de distinção no caso 
em julgamento ou a superação do entendimento.
Sentença 3
Mobile User
Ler todo o processo é fundamental!
Mobile User
No rito sumaríssimo, para possibilitar maior celeridade, há auto-
rização legal para que o juiz dispense o relatório ou se restrinja à 
descrição das principais ocorrências no processo.
A terceira e última parte da sentença é o dispositivo, ou conclusão. Aqui, 
de forma direta, é indicada pelo juiz a resposta do Estado para os pedidos 
que lhe foram apresentados. 
Na sentença trabalhista devem constar, de forma precisa, as verbas objeto 
da condenação, o tipo e quais serão os parâmetros para liquidação, a data para 
aplicação da correção, a responsabilidade acerca dos recolhimentos tributários 
e previdenciários, apontando em quais parcelas incidirá a previdência, e, por 
fim, qual será o prazo de cumprimento. Ressalta-se que, quando a decisão 
concluir pela procedência do(s) pedido(s), a sentença determinará o prazo e 
as condições para o seu cumprimento. 
Registra-se que tanto as sentenças cognitivas quantos aquelas que ho-
mologam o acordo devem indicar a natureza jurídica das parcelas, inclusive o 
limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento das contribuições 
previdenciárias. É interessante ressaltar também que a Lei nº 13.876, de 20 de 
setembro de 2019, introduziu os §§ 3°-A e 3°-B, no artigo 832 da CLT, e esta-
beleceu maior rigor para a fixação de bases de cálculo para as contribuições 
previdenciárias (BRASIL, 2019).
Todas as sentenças que defiram verbas trabalhistas devem determinar a 
natureza jurídica de cada parcela, para que seja possível verificar a incidência 
da contribuição previdenciária. Isso consolida o entendimento do Tribunal 
Superior do Trabalho, por meio da Orientação Jurisprudencial (OJ) 376, da 
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais. A OJ 376 estabelece que 
é devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado 
e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a 
proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e inde-
nizatória deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo. 
A discriminação da natureza das verbas não será necessária quando os pedidos 
formulados pelo autor da ação tiverem natureza exclusivamente indenizatória(BRASIL, 2005).
Sentença4
 A CLT, no art. 832, §3°-A, incisos I e II, estabelece o seguinte (BRASIL, 1988, 
documento on-line):
§ 3°-A. Para os fins do § 3° deste artigo, salvo na hipótese de o pedido da ação 
limitar-se expressamente ao reconhecimento de verbas de natureza exclusivamente 
indenizatória, a parcela referente às verbas de natureza remuneratória não poderá 
ter como base de cálculo valor inferior: (Incluído pela Lei nº 13.876, de 2019)
I - ao salário-mínimo, para as competências que integram o vínculo emprega-
tício reconhecido na decisão cognitiva ou homologatória; ou (Incluído pela Lei 
nº 13.876, de 2019)
II - à diferença entre a remuneração reconhecida como devida na decisão cogni-
tiva ou homologatória e a efetivamente paga pelo empregador, cujo valor total 
referente a cada competência não será inferior ao salário-mínimo. (Incluído pela 
Lei nº 13.876, de 2019) 
 A CLT também dispõe em seu art. 832, §3°-B, que, caso haja piso salarial 
da categoria definido por acordo ou convenção coletiva de trabalho, o seu 
valor deverá ser utilizado como base de cálculo para os fins do pagamento das 
verbas trabalhistas (BRASIL, 1988). Esses parâmetros tiveram como finalidade 
impedir que as partes adotassem mecanismos para burlar a contribuição 
previdenciária e respeitar o valor do salário-mínimo ou aquele fixado nos 
instrumentos coletivos. O juiz deve também, de acordo com o art. 832, § 2º, da 
CLT, fixar as custas processuais, que podem ser sobre um valor líquido ou sobre 
um montante arbitrado com a finalidade de calcular as custas, mencionando 
que devem ser pagas pela parte vencida (BRASIL, 1988).
Nos termos do art. 852 da CLT, quando a sentença é proferida na audi-
ência de instrução e julgamento, as partes devem ser cientificadas nessa 
oportunidade. Se o juiz não proferir a sentença em audiência, o prazo para 
recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença, 
quando houver designação de audiência para tanto, ou da data em que foi 
publicada a sentença. Atente-se que, caso o reclamado crie embaraços ao 
recebimento da intimação ou não seja encontrado, a intimação será feita por 
edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, 
na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. É o que se depreende da leitura 
dos arts. 852 e 841, § 1º, da CLT (BRASIL, 1943).
 Na prática, em virtude da quantidade de demandas e complexidade des-
sas causas, os juízes não proferem sentença em audiência. Alguns tribunais 
apenas constam que as partes são intimadas por meio de publicação do 
Diário Oficial ou diário eletrônico, quando representadas por advogado, 
e pessoalmente por meio do correio ou oficial de Justiça, quando em exercício 
do jus postulandi. 
Sentença 5
Intimação da União
A União, segundo dispõe o art. 832, § 4º da CLT, sempre será intimada 
das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela remuneratória 
ou indenizatória, facultada a interposição de recurso relativo aos tributos que 
lhe forem devidos ou se discordar da natureza das verbas trabalhistas atribuídas 
na sentença que homologa acordo (BRASIL, 1943).
Os vícios da sentença
A sentença proferida pelo magistrado deve estar em consonância com os 
pedidos formulados pelo autor/reclamante, na petição inicial. Entretanto, é 
possível que o juízo venha a responder de forma diferente — nesse caso, a 
decisão judicial incorrerá em vícios. Esses vícios podem ser oriundos de decisão 
citra petita (omissão), ultra petita ou extra petita, obscuridade, contradição 
ou erros materiais.
A sentença citra petita acontece quando o juiz decide aquém do que foi 
pedido e é considerada uma negativa de prestação jurisdicional. Contudo, 
é importante mencionar que a decisão citra petita não significa decidir menos 
do que o autor pedira — isso ocorre em pedidos parcialmente procedentes, 
o que é perfeitamente possível, e muito comum, na sentença trabalhista. 
A sentença citra petita é a omissão do juízo em se pronunciar sobre algo que 
foi levado à sua apreciação, pois é dever do juiz proferir julgamento completo, 
seja para acolher um pedido por inteiro, parcialmente ou simplesmente rejeitar 
todas as pretensões do autor (LEITE, 2016).
O parágrafo único do art. 1.022 do CPC/2015 nos apresenta algumas hipó-
teses em que a decisão judicial é omissa, aplicável na sentença trabalhista. 
São elas (BRASIL, 2015, documento on-line):
1. deixar de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao 
caso sob julgamento; 
2. faltar algum requisito da sentença, como fundamentação, relatório, 
natureza das verbas trabalhistas ou qualquer outra conduta descrita 
no art. 489, § 1º do CPC.
Sentença6
A sentença ultra petita é aquela que decide além do que foi pedido e, 
por fim, a extra petita é aquela que decide fora do que foi pedido. Sobre a 
sentenças citra petita (omissão), ultra petita e extra petita, Pamplona Filho 
e Souza (2020, p. 934) expõem o seguinte:
Por severíssimas razões sistemáticas e político constitucionais, a norma da corre-
lação entre a tutela jurisdicional e a demanda desdobra-se (a) no veto a sentenças 
que, no todo ou em parte, apoiem-se em elementos não constantes da demanda 
proposta e (b) na exigência de que todos os elementos subjetivos e objetivos desta 
sejam exauridos. Tanto são ilícitas as decisões extra ou ultra petita, que extravasam 
os limites da demanda, quanto as decisões citra petita, que deixam sem resposta 
ou solução alguma parcela desta. 
Temos também os casos em que a sentença trabalhista pode apresentar 
vícios por obscuridade ou contradição. A obscuridade é a falta de clareza da 
decisão — basicamente é a sentença confusa, impossível de ser compreendida 
em todos ou alguns pontos. Veja que toda decisão deve ser clara, de forma 
que permita ser entendida pelas partes e pelos advogados. Esse fato deve ser 
bem ponderado na seara trabalhista, pois é marcada pelo amplo uso do jus 
postulandi. Espera-se que o trabalhador e o empregador ao menos consigam 
identificar se perderam ou ganharam na ação trabalhista. Já a contradição é a 
sentença que, dentro do seu próprio contexto, mostra-se incoerente, quando 
a conclusão não se alinha com a fundamentação.
Para corrigir o vício de omissão, contradição ou obscuridade na sentença, 
cabe à parte opor embargos de declaração e, se o juiz insistir na omissão, 
deverá recorrer ao Tribunal para que a sentença seja anulada, determinando-se 
que o processo retorne ao juízo da vara trabalhista para que sane a omissão. 
Assim dispõe o artigo art. 897-A da CLT: 
Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, 
devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a 
sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão 
nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos 
pressupostos extrínsecos do recurso (BRASIL, 1943, documento on-line).
A adoção de teses contrárias às suscitadas pelo embargante, a não 
aplicação de determinada norma ao caso concreto e a conclusão 
contrária à prova dos autos, à doutrina ou à jurisprudência são insuficientes 
para o provimento dos declaratórios. 
Sentença 7
Por fim, é possível também que a sentença trabalhista possua erros ma-
teriais. Esses vícios são os equívocos ou a inexatidão da sentença, por erro 
de digitação, troca de função da reclamante ou nomes das partes, ausência 
de uma data ou assinatura. O erro material é nada mais que uma desatenção 
do magistrado, algo que pode ocorrer com qualquer pessoa no exercício de 
suas funções profissionais (NASCIMENTO, 2017). Os erros materiais poderão ser 
corrigidos por meio dos embargos declaratórios e, conforme dispõe o § 1º do 
art. 897-A da CLT, poderão ser corrigidos de ofício, ou seja, pelo próprio julgador, 
ou a requerimento (simples petição) de qualquer das partes (BRASIL, 1943). 
Sentenças trabalhistas de extinção ea coisa julgada
A sentenças trabalhistas podem ser dadas tanto na fase cognitiva quanto 
na fase executiva, assim como podem ou não resolver o mérito dos pedidos 
formulados pela parte autora. A resolução do mérito ocorre quando o juiz:
 � acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
 � decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência 
ou prescrição;
 � homologar o reconhecimento da procedência do pedido formulado 
na ação ou na reconvenção, a transação ou a renúncia à pretensão 
formulada na ação ou na reconvenção. 
Por outro lado, é possível que o juiz extinga o processo trabalhista sem 
resolução do mérito, caso em que temos uma sentença terminativa. Esta 
ocorrerá quando:
 � for indeferida a inicial;
 � o processo ficar parado durante mais de um ano por negligência das par-
tes — se o réu já tiver oferecido a contestação, a extinção do processo 
por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu;
 � o autor da ação não promover os atos e as diligências que lhe incum-
birem, abandonando a causa por mais de 30 dias — neste caso, a parte 
será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de cinco dias e, 
se não o fizer, além da extinção, o autor será condenado ao pagamento 
das despesas e dos honorários de advogado, se houver;
Sentença8
 � for verificada a ausência de pressupostos de constituição e de desen-
volvimento válido e regular do processo;
 � for reconhecida a existência de perempção, de litispendência ou de 
coisa julgada; 
 � for verificada a ausência de legitimidade ou de interesse processual;
 � for acolhida a alegação de existência de convenção de arbitragem ou 
quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; 
 � for homologada a desistência da ação — lembre-se de que a desistência 
só pode ser apresentada até a sentença e, se já oferecida a contestação, 
o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação;
 � houver morte da parte e a ação for considerada intransmissível por 
disposição legal.
Como regra, as ações que tiverem sentença terminativa poderão ser repro-
postas, desde que o autor sane o vício que fundamentou a decisão e pague 
eventuais custas de tal processo. 
Da coisa julgada 
A sentença que julga total ou parcialmente o mérito da ação trabalhista tem 
força de lei, nos limites dos decididos pelo magistrado ou tribunal (quando 
houver modificação em sede de recurso). Podemos dizer que, por razões de 
segurança jurídica, é necessário que, em algum momento, a decisão seja 
estabilizada, ou seja, que ocorra a chamada coisa julgada. 
A coisa julgada é direito fundamental previsto no art. 5º, XXXVI, da Cons-
tituição Federal. Em seu aspecto material, ocorre quando a sentença se torna 
imutável e indiscutível quanto ao mérito; em seu aspecto formal, significa 
que não é possível aviar qualquer recurso contra a decisão judicial (BRASIL, 
1988). Nesse sentido, afirmam Pamplona e Souza (2020, p. 942): 
A coisa julgada material é a eficácia da decisão que projeta efeitos fora da rela-
ção jurídica processual sub judice, pois aprecia o mérito da causa, acolhendo ou 
rejeitando o pedido ou pedidos de forma definitiva. Já a coisa julgada formal é a 
impossibilidade de alteração da decisão, por esgotados os recursos ou eles não 
serem mais possíveis. 
Sobre os limites subjetivos da coisa julgada, nos casos de dissídios indivi-
duais, a sentença vincula apenas as partes processuais e eventuais litisconsor-
tes, com algumas exceções, a exemplo dos herdeiros, caso alguma das partes 
venha a falecer. Se for dissídio coletivo, em que são pedidos relacionados 
Sentença 9
a direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, a coisa julgada tem 
efeitos erga omnes e ultra partes, para atingir as categorias profissionais e 
econômicas representadas na ação.
Sobre os limites objetivos, estes são determinados segundo os pedidos, 
são fixados pelo pedido da ação e, em regra, são imutáveis. Contudo, se a ação 
versar sobre relações jurídicas que se prologam no tempo, como reintegração 
do cargo e benefícios acidentários, é possível que a parte venha a pleitear 
revisão do que foi decidido anteriormente. 
Por fim, a legislação processual estabelece que não fazem coisa julgada 
os fundamentos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte 
dispositiva da sentença e a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento 
da sentença. 
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência 
da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 25 nov. 2020.
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis 
do Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.
htm Acesso em: 12 nov. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: 
Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 08 de nov. de 2020.
BRASIL. Lei nº 13.876, de 20 de setembro de 2019. Dispõe sobre honorários periciais em 
ações em que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) figure como parte e altera a 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de 
maio de 1943, a Lei nº 5.010, de 30 de maio de 1966, e a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 
1991. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13876.htm. Acesso em: 30 nov. 2020.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 376. Horas Extras. Limitação. Art. 59 
Da Clt. Reflexos (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 89 e 117 da SBDI-1). 
Diário da Justiça, Brasília, DF, 25 abr. 2005.
LEITE, C. H. B. Curso de direito processual do trabalho. De acordo com o novo CPC – 
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NASCIMENTO, A. M. Curso de Direito do Trabalho. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
PAMPLONA FILHO, R.; SOUZA, T. R. P. Curso de direito processual do trabalho. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2020.
SCHIAVI, M. Manual de direito processual do trabalho. 15. ed. São Paulo: LTr, 2018.
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Leitura recomendada
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Orientações Jurisprudenciais. Disponível em: 
https://www.tst.jus.br/ojs. Acesso em: 30 nov. 2020.
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Sentença 11

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