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Ação Trabalhista Introdução: “Os conflitos são inevitáveis em toda e qualquer sociedade, o que leva ao surgimento de regras de conduta, ou seja, à constituição do Direito, como um complexo sistema normativo, cujo objetivo básico é a manutenção da ordem social”. Quanto mais conflituosa uma sociedade, maior o número de processos ou ações judiciais em trâmite. Quanto mais ética uma sociedade, menor o número de ações judiciais. O Estado, quando excepcionou que as pessoas exercessem a autotutela e avocou para si a jurisdição, obrigou-se a decidir os conflitos existentes na sociedade, desde que provocado, aplicando-lhes o direito objetivo ou positivado (norma). “A pretensão indica a subordinação de um interesse ao interesse de outrem. Quando se tem a resistência, ou seja, não se acata a exigência, surge a lide. Destarte, segundo Carnelutti, ocorre à lide quando há o conflito de interesses, qualificado pela pretensão de um dos interessados (pretensão resistida ou insatisfeita) e pela resistência do outro em satisfazer à essa pretensão discutida”. “Através da postulação da pretensão resistida em juízo é que se põe em exercício o direito de ação (art. 5º, XXXV, CF). A ação denota o mecanismo de ativação da jurisdição para a solução do conflito. Jurisdição é a função pela qual o Estado, por meio de órgãos jurisdicionais, divididos em esferas competentes, procura, através da tutela, compor as lides, os litígios”. Jurisdição: A jurisdição tem como um de seus princípios a inércia, não podendo atuar, em regra, sem ser provocada (art. 2º, CPC). A provocação, pelo interessado, dá-se por meio de um direito humano constitucionalmente assegurado, que é a ação (art. 5º, XXXV, CF c/c art. 3º, caput, CPC). Conceito de ação: Com fundamento no art. 5º, XXXV, CF c/c art. 3º, caput, CPC, têm-se que a ação é o direito de exigir do Estado que este exerça sua atividade jurisdicional, outorgando uma resposta/decisão ao litígio apresentado, ou seja, o provimento jurisdicional. A ação é um direito constitucional, fundamental, de provocar o Judiciário, o qual atuará por meio de um processo, objetivando a tutela jurisdicional para solucionar a controvérsia. É fruto da garantia de acesso à justiça e do direito de petição postulados na Constituição Federal, e, do direito de ação ou direito processual de ação, que é o direito condicionado, regulado pelo Código de Processo Civil, de requerer um provimento jurisdicional sobre o mérito, ou seja, que aprecie a pretensão. “Portanto, a ação é um direito subjetivo público de solução dos conflitos de interesses, os quais se caracterizam pela presença de uma resistência, de uma oposição de interesses sobre um determinado bem da vida”. Natureza jurídica da ação: • Teorias: a) Teoria imanentista ou concretista: também conhecida por teoria civilista ou clássica, cujo maior expoente fora Savigny, que afirmava que a “ação é o direito de pedir em juízo o que nos é devido. Não há ação sem direito, nem direito sem ação” . b) Teoria da ação como direito autônomo concreto: preconizada por Wach, ao estudar as ações declaratórias. A ação seria um direito autônomo, de natureza pública e subjetiva, mas só existente se a sentença fosse favorável ao autor. Dessa forma, só haveria direito de ação se o direito material do autor fosse reconhecido, ou seja, se a sentença fosse procedente. c) Teoria da ação como direito autônomo e abstrato: preconizada por Carnelluti, para ele, o direito de ação é autônomo em relação ao direito material, mas, também, é um direito abstrato, não tendo vinculação nenhuma com um direito material específico. É o direito de provocar a jurisdição objetivando a sua tutela, independentemente da resposta ser favorável ou não. Ou seja, todos têm direito de ação, que seria um direito de peticionar em juízo, sem limitação, pois, mesmo que a sentença seja desfavorável, houve o pleno exercício do direito de ação, posto que o Judiciário fora provocado e prestou a tutela jurisdicional. d) Teoria eclética da ação: seu precursor foi Enrico Tullio Liebman, que visualizou o direito de ação como autônomo e abstrato, porém condicionado. Assim, Liebman, apesar de reconhecer o direito de ação como um direito abstrato, constitucionalmente garantido, ressalvava que, para que este fosse exercido em âmbito processual, gerando uma sentença de mérito, necessitava ter preenchido alguns requisitos. Esses requisitos são as chamadas condições da ação. A ação, em nosso ordenamento jurídico, é constitucionalmente amparada, sendo inclusive alçada à categoria de direito fundamental e corolário da jurisdição. É o que se depreende do art. 5º, XXXV, CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” . Condições da Ação no Código de Processo Civil/2015: O CPC de 2015 não faz qualquer referência às condições da ação. Porém, continua a utilizar a expressão “interesse e legitimidade”, consoante o preconizado no art. 17: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”. À vista disso, o juiz só proferirá uma sentença de mérito, analisando a pretensão do autor, se as condições da ação estiverem presentes; condições estas que agora estão limitadas à legitimidade das partes e ao interesse processual. “Como condições da ação, o legislador brasileiro adotou o interesse processual e a legitimidade (arts. 17, 330 e 485, CPC). Ausente qualquer das condições da ação, tem-se a carência da ação”. a) Legitimidade das partes: a legitimidade das partes refere-se à titularidade ativa ou passiva da ação. É a denominada legitimatio ad causam, que traduz, em âmbito processual, o titular do direito material em litígio. No processo do trabalho, exemplificativamente, temos autorização para a chamada legitimação extraordinária no art. 8º, III, da CF, que confere aos sindicatos a possibilidade de defender interesses de seus associados. Há, ainda, figuras legais que corroboram a legitimação extraordinária, em âmbito trabalhista, como as hipóteses do art. 872, parágrafo único, e do art. 195, §2º, da CLT, que tratam, respectivamente, da ação de cumprimento e da ação de insalubridade ou periculosidade. b) interesse de agir: é forjado pelo binômio necessidade e adequação. Processualmente, o interesse vem a lume quando o autor necessita do provimento jurisdicional para obter o bem da vida desejado. O autor deve, ao ajuizar a ação, escolher a tutela jurisdicional mais adequada para solucionar o litígio que envolve o direito material. O interesse de agir ou processual emerge quando a necessidade e a adequação são verificadas no processo; estas últimas são, na verdade, os indicadores da existência ou não de interesse de agir. Portanto, se o tipo de ação escolhida pelo autor for equivocado para a solução da crise jurídica, não haverá adequação e, por óbvio, falta de interesse de agir. Momentos para se verificar as condições da ação: a) teoria concretista: defendida por Liebman e, no Brasil, por Cândido Rangel Dinamarco. Para esta corrente, as condições da ação devem estar presentes ao longo de todo o processo, não bastando a sua existência simplesmente mencionada na peça inaugural. É a teoria mais aceita pela doutrina majoritária. b) teoria da asserção: defendida, no Brasil, dentre outros, por Barbosa Moreira e Kazuo Watanabe, preconiza que as condições da ação devem ser demonstradas in statu assertionis, devem estar contidas nas assertivas (asserções) ou narração apresentada ao juiz, na petição inicial. Hodiernamente, tem prevalecido, na seara processual trabalhista, a teoria da asserção. Elementos da ação: São as partes, a causa de pedir e o pedido, e servem, portanto, para identificar as ações. a) as Partes: As Partes no processo são todos que postulam em uma relação jurídica processual, incluindo autor, réu, terceiros intervenientes e o Ministério Público, enquanto fiscal da lei (custus legis) ou órgão agente. Atuam noprocesso com parcialidade. Exclui-se, portanto, desse rol o(s) julgador(es). As partes são consideradas elementos subjetivos da ação, podendo agir individualmente (autor/reclamante, réu/reclamado); por uma pluralidade de pessoas, caracterizando o litisconsórcio; representadas, quando uma pessoa litiga em nome e sobre direito alheio (menor/representantes legais); substituídas processualmente, quando alguém litiga em nome próprio, pleiteando direito alheio (legitimação extraordinária, como no caso dos sindicatos em ação de cumprimento). b) a Causa de pedir: A causa de pedir refere-se aos fatos e aos fundamentos jurídicos que embasam a pretensão almejada, ou seja, o acontecimento e seus reflexos jurídicos que autorizam o pedido. Está estabelecida no art. 319, III, do CPC, cuja regra estipula que a petição inicial indicará: o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. O autor, em sua petição inicial, deve descrever o fato e demonstrar como o direito o reconhece, ou seja, o fundamento jurídico. Em suma, uma petição inicial deve indicar o fato, bem como o direito material relacionado a ele, que expressa obrigações e deveres entre as partes postulantes. c) o Pedido: É o elemento crucial da demanda, pois nele se encontra resumido todo o desejo ou interesse da parte que provocou a tutela jurisdicional, pleiteando o direito material de que se considera legítimo titular. É também chamado de objeto da ação, sobre o qual o Estado-juiz irá se manifestar. O autor, em sua petição inicial, deve identificar qual provimento jurisdicional deseja, sendo este designado pela doutrina de pedido imediato; também deverá delimitar qual o bem jurídico almejado, sendo este pedido designado de mediato. Esclarecendo, o pedido se divide em dois: 1) Imediato: proposto perante o Estado, cujo objetivo é obter um provimento jurisdicional em consonância com seus interesses. Esse provimento jurisdicional poderá ser: a condenação em uma determinada obrigação, a declaração de uma relação jurídica, a constituição ou desconstituição de uma situação jurídica, a tomada de providências executivas, a emanação de uma ordem etc. 2) Mediato: caracterizado como o objeto ou o bem jurídico ou, ainda, o bem da vida pretendido, que será passível de apreciação pelo órgão julgador. Exemplificando, o bem da vida pleiteado em uma ação trabalhista pode ser a condenação do réu ao pagamento das férias em dobro, em relação ao período não gozado, ou, também, ao pagamento de adicional noturno e de horas extras etc. Em resumo, o pedido é o mérito do processo. Logo, o juiz, ao proferir sua decisão, deve estar adstrito àquele, ou seja, deve haver congruência entre o pedido e o dispositivo da sentença. No processo do trabalho, a reclamatória é regida pelo art. 840 da CLT e poderá ser escrita ou verbal. Os pedidos doravante devem ser certos e determinados, ou seja, a ação deve ser líquida, de forma que o somatório dos pedidos deve refletir o valor exato da causa, sob pena de extinção do processo, sem resolução de mérito. No caso do jus postulandi (direito da parte de postular em juízo de forma oral, sem advogado), a petição oral tem que ser reduzida a termo pela Justiça do Trabalho. “Ressalta-se que no que concerne ao jus postulandi, apesar de a CLT em seu art. 791, garantir o livre acesso à Justiça do Trabalho, podendo as partes postular em juízo de forma oral sem advogado, a Súmula 425 do TST restringe esse direito somente até o TRT, quando da interposição de recurso ordinário. Para a interposição de recursos superiores a este, necessário se faz a contratação de um advogado regularmente habilitado na Ordem dos Advogados do Brasil”. Petição Inicial A petição inicial é o ato processual praticado pelo autor de rompimento da inércia do Poder Judiciário, na qual pleiteia a tutela jurisdicional do seu direito com a entrega do bem da vida, trazendo os motivos fáticos e jurídicos que embasam essa pretensão e indicando em face de quem a atuação estatal é pretendida. “O direito de petição é garantido e salvaguardado pela CF/88, que assegura que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV). É o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional”. Características: a) É uma peça formal: a petição inicial tem requisitos que deverão ser preenchidos pelo autor no momento da propositura da ação. A CLT admite a reclamação trabalhista verbal (jus postulandi), desde que haja sua redução a termo. b) Define os limites objetivos da lide: a petição inicial traz os fundamentos de fato e de direito que embasam a pretensão do autor, bem como os respectivos pedidos. Define a causa de pedir e os pedidos da lide. c) Define os limites subjetivos da lide: a petição inicial traz os sujeitos da lide, ou seja, aquele que pede a tutela jurisdicional do Estado e em face de quem a tutela jurisdicional é pretendida. d) Quebra a inércia da Poder Judiciário: significa que o Estado-juiz somente atuará mediante provocação da parte, em regra. Isso para preservar a imparcialidade do magistrado no julgamento da lide. Na exordial trabalhista, o autor é denominado reclamante e o réu, reclamado. Classificação: A reclamação trabalhista poderá ser verbal ou escrita, conforme o art. 840, CLT. a) verbal: Fundamentos principiológicos: jus postulandi; princípios da simplicidade, informalidade e oralidade que informam o Direito Processual do Trabalho. Fundamentos legais: art. 840, caput e § 2o, da CLT, arts. 786, 731 e 840 da CLT. b) escrita: é mais comum na praxe forense. A petição inicial apta é um dos pressupostos processuais positivos de validade do processo. Com efeito, a exordial trabalhista deverá apresentar os seguintes requisitos: 1) Requisitos formais: Na reclamação verbal há a necessidade de sua redução a termo para documentação do ato processual e segurança das relações jurídicas. 2) Requisitos essenciais, estruturais, internos ou intrínsecos: são aqueles indispensáveis para que a petição inicial seja apta. Previsão legal: art. 840, §1º, da CLT, aplicando-se subsidiária e supletivamente os requisitos previstos no art. 319 do CPC/2015 por força dos arts. 769 da CLT e art. 15 do CPC/2015. 3) Requisitos externos ou extrínsecos: são aqueles que não se relacionam com a petição inicial em si considerada, mas com a propositura da ação, com o desenvolvimento válido e regular do processo e com a formação do convencimento do magistrado (documentos, procuração, preparo etc.). A reclamação trabalhista escrita encontra amparo legal nos arts. 840, caput e §1º, e 787 da CLT. A reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, como também, a liquidez dos pedidos (art. 852-B, I e §1º, da CLT). Emenda da Petição Inicial Trabalhista O ato de emendar consiste em consertar, remendar ou corrigir algo. No âmbito processual, podemos conceituar a emenda da petição inicial como a correção de algum vício ou defeito processual na exordial. Tal instituto somente é possível partindo-se da premissa da existência de vícios processuais sanáveis, pois, sendo o vício insanável, o juiz indeferirá a petição inicial, extinguindo o processo sem a resolução do mérito. Alude o art. 321 do CPC/2015 que: “O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial”. Indeferimento da Petição Inicial Trabalhista Conceito de indeferimento da petição inicial: O indeferimento da petição inicial consiste na rejeição liminar da exordial em decorrênciade algum vício processual insanável. Assim, caso a petição inicial apresente algum vício insanável, não resta alternativa ao magistrado senão indeferi-la. As hipóteses de vícios insanáveis de uma petição inicial estão elencadas nos incisos do art. 330 do CPC/2015: “Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I – for inepta; II – a parte for manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não forem atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321”. Segundo a jurisprudência, a concessão do prazo para a emenda não fica ao critério discricionário do Juiz, sendo um direito subjetivo processual da parte. Quando for determinar a emenda, deverá o Juiz esclarecer à parte qual o ponto incorreto que deverá ser corrigido, a fim de propiciar maior eficiência ao processo, evitar dilações indevidas e implementar um diálogo mais efetivo entre juiz e parte no processo. Súmula nº 263 do TST - PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015). A petição apta é aquela que contém os requisitos do art. 840, §1º da CLT e não contém os vícios do art. 330, §1º do CPC. Inépcia da inicial significa defeito, falta de aptidão da inicial, impedindo que a relação jurídica processual prossiga com o pronunciamento sobre o mérito da causa. Quando a inicial se apresenta inepta, não há como corrigi-la ou emendá-la, pois o vício apresentado é insanável, devendo o Juiz do Trabalho indeferi-la desde logo. As hipóteses do §1º do art. 330 do CPC se aplicam ao Processo do Trabalho (art. 769 da CLT), entretanto, a jurisprudência tem tido tolerância maior para declarar a inépcia da inicial, principalmente na aferição do inciso III do §1º do art. 330 do CPC, considerando-se o jus postulandi da parte e os princípios da simplicidade, oralidade e informalidade do Processo do Trabalho, não obstante a inicial trabalhista inepta, além de prejudicar todo o andamento do processo, torna a compreensão da inicial muito dificultosa e, muitas vezes, inviabiliza a defesa do reclamado. A decisão judicial de indeferimento liminar da exordial tem a natureza jurídica de sentença terminativa ou processual, pois extingue o processo sem resolução do mérito, com fulcro no art. 485, I, do CPC/2015. No Direito Processual do Trabalho, é cabível a interposição de recurso ordinário (art. 895, I, da CLT). Se o Juiz decretar a inépcia de eventual pedido após a devida instrução do processo, a parte poderá interpor recurso ordinário questionando a inépcia, juntamente com as demais matérias recursais. Aditamento da Petição Inicial Trabalhista Em primeiro lugar, aditar significa adicionar, acrescentar. No âmbito processual, aditamento da petição inicial significa alteração do pedido e/ou da causa de pedir. Assim, podemos extrair três regras sobre a possibilidade de alteração do pedido e/ou da causa de pedir na petição inicial: a) até a citação: será permitida a alteração, independentemente da concordância do réu (até porque o processo só nasce para o réu após a sua citação válida, de modo que, ates da citação do réu, este ainda não tem conhecimento da demanda, motivo pelo qual o autor pode aditar a inicial); b) após a citação até o saneamento: somente será permitida a alteração com a anuência do réu; c) após o saneamento: após dada a instrução, entra-se na fase de saneamento do processo (produção de provas, etc.), em que em nenhuma hipótese será permitida a alteração da petição inicial. Assim, considerando essas regras na sistemática processual trabalhista, temos a existência de dois problemas processuais: I) a notificação postal automática do reclamado realizada pelo servidor da Secretaria da Vara, fazendo com que o juiz do trabalho somente tenha contato com a inicial em audiência; II) a defesa do reclamado somente será apresentada em audiência; A Consolidação das Leis do Trabalho prevê como regra a realização de audiência una, contínua, à luz do art. 849 da CLT. Adaptando-se as disposições do Código de Processo Civil ao Processo do Trabalho, podemos apontar duas regras, tendo como divisor de águas a apresentação da defesa pelo reclamado na audiência trabalhista: 1) Até a apresentação da defesa pelo reclamado: será permitida a alteração do pedido e/ou da causa de pedir pelo reclamente, independentemente da aquiescência do reclamado. Nesse caso, o magistrado trabalhista deverá suspender a audiência e marcar uma nova data, respeitando-se o prazo mínimo de 5 dias previsto no art. 841 da CLT, para possibilitar o exercício do contraditório e da ampla defesa. 2) Após a apresentação da defesa pelo reclamado em audiência: somente será permitida a alteração do pedido e/ou da causa de pedir pelo reclamante, com a concordância do reclamado. Em havendo essa anuência, o juiz do trabalho deverá suspender a audiência e marcar uma nova data, respeitando-se o prazo mínimo de 5 dias previsto no art. 841 da CLT, para possibilitar o exercício do contraditório e da ampla defesa. Pedido Decorrente: “Pedido ou petitum, como expressão da pretensão do autor, é o objeto da demanda proposta em Juízo (objeto da ação e do processo). Como decorrência lógica da causa de pedir, o pedido deve ser certo e determinado (com as suas especificações – art. 319, IV, CPC), sob pena de inépcia da inicial (art. 330, I e §1º, I, CPC; art. 840, §3º, CLT)”. “O pedido pode ser imediato (direto) ou mediato (indireto). O imediato consiste na própria providência jurisdicional solicitada, podendo ser de conhecimento (declaratória, constitutiva ou condenatória), cautelar, executória ou monitória”. “Pela aplicação do princípio da iniciativa processual ou dispositivo (art. 2º, CPC), o juiz está adstrito ao pedido da parte, ou seja, deverá decidir a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de pedidos (mediatos e imediatos) ou questões, não suscitadas, a cujo respeito à lei exige a iniciativa da parte (arts. 141 e 492). Assim, considera-se extra petita a sentença que decidir sobre pedido diverso daquilo que consta da petição inicial. Será ultra petita a sentença que alcançar além da própria extensão do pedido, apreciando mais do que foi pleiteado. E é infra petita a sentença que não versou sobre a totalidade do pedido, apreciando apenas parcela desta, sem, todavia, julgar tudo quanto tenha sido expressado no pedido”. Discussão sobre a aplicabilidade do pedido ultrapetita e extrapetita: Um dos grandes princípios da Teoria Geral do Processo é o da adstrição, correlação, congruência, simetria ou da correspondência. Com efeito, o magistrado, ao prolatar a sua sentença, ficará adstrito aos limites objetivos da lide (causa de pedir e pedido), não podendo exarar decisão extra, ultra ou infra (citra) petita. Tal princípio encontra guarida no novel estuário processual civil em seus arts. 141 e 492. Não obstante, na seara do Direito Processual do Trabalho, com fulcro nos princípios da simplicidade, da informalidade, da oralidade, da celeridade, da efetividade, da concentração dos atos processuais, do jus postulandi, da proteção do trabalhador hipossuficiente e da natureza alimentar das verbas trabalhistas, parcela da doutrina e da jurisprudência sustenta a possibilidade excepcional do magistrado trabalhista proferir decisão fora ou além daquilo que foi pleiteado pelo reclamante em sua exordial. Assim temos como alguns exemplos: a) Quando a exordial pleitear apenas horas extras, o juiz condenar ex officio também nos adicionais e nos respectivos reflexos;ou b) quando a prefacial pleitear apenas a integração do salário pago por fora, o juiz condenar de ofício também em seus respectivos reflexos; etc. Trata-se na verdade, dos chamados pedidos decorrentes (implícitos), sendo estes possíveis de serem deferidos. “Ressalta-se que existem pedidos implícitos, os quais são conhecidos pelo juiz, independentemente da solicitação expressa da parte: multa do art. 467 da CLT (a multa de 50% quanto aos títulos rescisórios incontroversos não adimplidos quando da audiência inaugural); pagamento da indenização em dobro, quando se torna inviável a reintegração (art. 496, CLT; Súm. 396, II, TST); juros legais (art. 322, § 1º, CPC; Súm. 211, TST); correção monetária (Súm. 211, TST); honorários advocatícios (art. 85, CPC; art. 322, § 1º, CPC; o art. 791-A, CLT, pela Lei 13.467, passou a prever os honorários advocatícios sucumbenciais na Justiça do Trabalho – exigência aplicável aos processos trabalhistas ajuizados após 11 de novembro de 2017, art. 6º, IN 41/7s7, de 21/06/2018)”. Petição inicial no PJe-JT: De acordo com o art. 19 da Resolução CSJT 185, de 24-3-2017, com as modificações da CSJT nº 241 de 31 de maio de 2019, a petição inicial conterá: Art.19. A distribuição da ação e a juntada da resposta, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, serão feitas diretamente por aquele que tenha capacidade postulatória, sem necessidade da intervenção da secretaria judicial, de forma automática. §1º A petição inicial conterá, além dos requisitos do art. 840, §1º, da CLT, a indicação do CPF ou CNPJ das partes, na forma do art. 15, caput, da Lei nº 11.419/2006. §2º É de responsabilidade exclusiva do autor cadastrar corretamente todos os assuntos abordados na petição inicial, bem como indicar a correta e precisa atividade econômica do réu exercida pelo autor, conforme opções disponibilizadas pelo Sistema. [...] §4º O PJe fornecerá, na distribuição da ação, o número atribuído ao processo, o órgão julgador para o qual foi distribuída e, se for o caso, o local, a data e o horário de realização da audiência, da qual estará a parte autora imediatamente intimada. O próprio sistema do PJe fornecerá, na distribuição da ação, o número atribuído ao processo, o órgão julgador para o qual foi distribuída e, se for o caso, o local, a data e o horário de realização da audiência, da qual estará a parte autora imediatamente intimada. Os dados da autuação automática serão conferidos pela unidade judiciária, que procederá, com determinação do magistrado e registro no PJe, à intimação da parte para alteração em caso de desconformidade com a petição e documentos. A retificação dos dados da autuação será acompanhada de juntada automática de certidão contendo as alterações, inclusive quando houver inclusão ou exclusão de advogado ou parte. O autor poderá atribuir segredo de justiça à petição inicial no PJe, desde que, justificadamente, fundamente uma das hipóteses do art. 770, caput, da CLT ou do art. 189 do CPC. Lembrando que de acordo com o artigo 840 da CLT: Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. §1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. §2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no §1o deste artigo. §3o Os pedidos que não atendam ao disposto no §1o deste artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito. Pedido de tutela provisória: A Constituição Federal de 1988 assegura, em seu art. 5º, os direitos fundamentais do amplo acesso ao Judiciário, tanto nas lesões como nas ameaças a direito (inciso XXXV), e da duração razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação (inciso LXXVIII). Dentre os diversos institutos processuais que têm por escopo a celeridade e a efetividade da função jurisdicional do Estado, destaca-se a chamada antecipação de tutela. Conforme dispõe o art. 294 do CPC que: “A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência” . O parágrafo único do referido art. 294, por sua vez, diz que a “tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental” . Temos cinco modalidades de tutela provisória: • tutela provisória de urgência cautelar antecedente; • tutela provisória de urgência cautelar incidente; • tutela provisória de urgência antecipada antecedente; • tutela provisória de urgência antecipada incidente; • tutela provisória da evidência. Segundo Bezerra Leite, os arts. 295 a 299 do CPC estabelecem algumas normas gerais para a concessão de qualquer espécie de tutela provisória, a saber: • A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas (art. 295). • A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo (art. 296). • O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber (art. 297). • Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso (art. 298). • A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito (art. 299). A CLT, como se sabe, contempla apenas duas hipóteses especiais que permitem ao juiz, no curso do processo de conhecimento, conceder medida liminar. Os incisos IX e X do art. 659 da CLT, segundo os quais compete ao juiz presidente (atualmente, juiz do trabalho da Vara do Trabalho) conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que: a) visem tornar sem efeito transferência de empregado disciplinada pelos parágrafos do art. 469 da CLT; b) visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador. Vê-se, portanto, que a CLT não trata genericamente do instituto da tutela provisória, na medida em que não a prevê para as demais hipóteses em que se verifique a necessidade de sua aplicação. A tutela antecipada vem sendo largamente utilizada no processo do trabalho. Audiência Trabalhista Conceito e relação principiológica: De acordo com Sergio Pinto Martins: “audiência vem do latim audientia, que é o ato de escutar”. Audiência é o ato processual formal e solene, no qual o juiz analisa a petição inicial do autor, tenta a conciliação, recebe a resposta do réu, ouve as partes e as suas testemunhas, analisa documentos e profere a sentença. Em linhas gerais, é a ocasião em que são praticados atos processuais tanto pelas partes, quanto pelo magistrado. É um dos atos mais importantes do processo do trabalho. Na audiência, pratica-se grande parcela dos atos processuais: a conciliação, a resposta do réu, o saneamento do processo, os depoimentos das partes e das testemunhas, razões finais e, por fim, a sentença. É a materialização do princípio da concentração dos atos processuais do princípio da oralidade e o da imediatidade, pois a defesa pode ser oral (20 minutos para apresentação em audiência), temos o depoimento das partes e as razões finais (10 minutos para cada parte). A imediatidadeocorre pela aproximação do juiz com as partes e com todos os demais que participam do processo (testemunhas, perito) durante a audiência. Esse contato mais próximo permite ao juiz angariar elementos para se aproximar da verdade real, os quais servirão de fundamento para a sua decisão. Esse contato pode facilitar a condução, pelo juiz, para que haja a conciliação entre as partes. Daí por que ao magistrado cabe até mesmo, na audiência e no contato direto e face a face (olho a olho) com as partes e testemunhas, agir como se psicólogo fosse, sopesando e examinando as reações corporais, as expressões faciais, o tom da voz e o olhar direto ou não nos depoimentos colhidos para motivar o seu convencimento em relação à verdade e justiça nas decisões. Outro princípio que se destaca no curso da audiência é o da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, pois, já que os atos processuais estão concentrados em uma única audiência, indubitavelmente não há que se cogitar a possibilidade do manuseio de recursos contra decisões interlocutórias. As audiências trabalhistas, do procedimento ordinário, são públicas, sendo realizadas na sede do juízo, em dias úteis, previamente fixados, entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente (art. 813 da CLT). Ante a omissão da CLT e a compatibilidade do instituto, entendemos ser aplicável o art. 367, §§ 5º e 6º, do CPC/2015, que permite a gravação da audiência. Como regra, as audiências são públicas em conformidade com o art. 93, IX, da Constituição da República, Logo, todos podem assistir às audiências trabalhistas e consultar os autos do processo. O princípio da publicidade não é absoluto, conforme artigo 189 do CPC. Desse modo, quando o processo versar sobre interesse público ou sobre situações que possam vir a expor a intimidade das partes (dispensa de portador de HIV, assédio sexual, justa causa versando sobre improbidade, alcoolismo etc.), o juiz poderá decretar segredo de justiça, sendo as audiências realizadas a portas fechadas. Cabe mencionar que o segredo de justiça poderá, igualmente, ser solicitado pela(s) parte(s), tendo a decisão do juiz caráter interlocutório e, portanto, irrecorrível de imediato. Procedimento e regras da Audiência Trabalhista: A realização da audiência trabalhista deve respeitar o intervalo mínimo de cinco dias previsto no art. 841, caput, da CLT. Esse intervalo é computado a partir do momento em que o reclamado é notificado, portanto, entre a ciência da data da audiência e a sua realização deve existir um lapso temporal mínimo de cinco dias. Quando os entes de direito público que não explorem atividade econômica (União, Estados, DF, Municípios, autarquias e fundações públicas) estiverem no polo passivo, o intervalo mínimo passa a ser de 20 dias, tendo em vista que o prazo para os entes públicos apresentarem sua defesa é computado em quádruplo (Decreto-lei 779/1969). Destaca-se que a empresa brasileira de correios e telégrafos (EBCT) foi equiparada à Fazenda Pública, possuindo as mesmas prerrogativas processuais (art. 12 do Decreto-lei 509/1969). Quanto ao Ministério Público do Trabalho, caso esteja no polo passivo da demanda, o prazo a ser respeitado é o de 10 dias, já que, conforme o art. 180 do CPC, possui prazo em dobro para se manifestar nos autos. Quanto ao local, horário e duração, as audiências serão realizadas na sede do juízo ou tribunal. Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, desde que seja afixado edital na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 horas (art. 813, §1º, da CLT). Elas devem ser realizadas em dias úteis, das 8h às 18h. Nos tribunais, as sessões ocorrerão entre as 14h e 17h, podendo ser prorrogadas pelo presidente em caso de manifesta necessidade (art. 701 da CLT), porém essa regra é flexibilizada nos Tribunais do Trabalho, pois as sessões são realizadas inclusive no período da manhã, a partir das 8h, e no período da tarde, a partir das 13h, de acordo com o regimento interno dos tribunais e deliberação dos presidentes das turmas. Como regra, a duração da audiência não pode ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando existir matéria urgente. Essa regra vem sendo interpretada no sentido de que a duração máxima de cinco horas deva corresponder à totalidade de audiências da pauta, e não somente a uma. Art. 813, CLT - As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente. §1º - Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas. §2º - Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior. Art. 814, CLT - As audiências deverão estar presentes, comparecendo com a necessária antecedência. os escrivães ou secretários. Art. 815, CLT - A hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer. Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências. Art. 816, CLT - O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem. Art. 817, CLT - O registro das audiências será feito em livro próprio, constando de cada registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem como as ocorrências eventuais. Parágrafo único - Do registro das audiências poderão ser fornecidas certidões às pessoas que o requererem. Na prática, todavia, os juízes, principalmente aqueles que atuam em cidades onde o movimento processual é extremamente volumoso, fracionam as audiências, independentemente de haver motivo de força maior. Dessa maneira, não sendo possível a prática de todos os atos processuais em uma única audiência, o juiz marcará uma nova data para o seu prosseguimento. Art. 765, CLT - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. Audiência de instrução: Também chamada de audiência em prosseguimento, tem por objetivo a realização dos atos de instrução, quais sejam: interrogatório e depoimento pessoal das partes, oitiva das testemunhas e, se for o caso, oitiva do perito e dos assistentes técnicos. Dessa forma, podemos compreender a audiência em prosseguimento como uma redesignação da audiência inicial, isto é, o juiz fraciona (seja por determinar que a primeira audiência tenha por objetivo a conciliação, seja porque a audiência não pode continuar, como no caso da necessidade de se produzir prova pericial) a audiência e a redesigna para um outro momento, sendo essa audiência em continuidade denominada, também, de instrução. Audiência de julgamento: É o momento em que o juiz profere a decisão. Insta mencionar que em muitas oportunidades, mesmo não havendo o desmembramento da audiência, ou seja, a audiência é una, o juiz não consegue, por escassez de tempo ou pela complexidade da demanda, proferir a decisão na própria audiência. Ocorrendo essa situação, o juiz determinará uma nova data para a audiência de julgamento, na qual promulgará a sentença. O não comparecimento das partes nessa audiência de julgamento não gerará nenhum efeito prejudicial para ambos, pois essa audiência só tem a finalidade de estabelecer o prazo inicial para a interposiçãodo recurso. Intimação da sentença: Na realidade, o objetivo é avisar, de antemão, as partes de que a sentença será publicada na data da audiência designada. Nesse sentido temos as seguintes súmulas: Súmula nº 197 do TST - PRAZO O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação. Súmula nº 30 do TST - INTIMAÇÃO DA SENTENÇA Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento (art. 851, §2º, da CLT), o prazo para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença. Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento (art. 851, §2º, da CLT), o prazo para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença. No que tange ao procedimento sumaríssimo, cujo rito determina a realização de audiência una, temos art. 852-C da CLT: Art. 852-C, CLT. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular. Do procedimento e do comparecimento das partes: Na audiência, a presença das partes é obrigatória, independentemente do comparecimento dos seus advogados. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. Art. 843, CLT - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. §1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. § 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. § 3o O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado da parte reclamada. Art. 844, CLT - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. O sindicato pode representar os trabalhadores (ações plúrimas), como substitutos processuais, ou autores ideológicos, pois essas ações, em regra, envolvem interesses de uma quantidade considerável de trabalhadores, envolvendo geralmente direitos individuais homogêneos, e, se todos estiverem presentes em audiência, pode haver comprometimento desta, bem como do próprio processo. Assim, na hipótese de ações plúrimas, o sindicato estando presente e representando todos os interessados, não se faz necessário que estes se façam presentes, visto que estão representados na figura do sindicato. No entanto, há mais ressalvas contidas na referida norma. Em relação ao empregador, a CLT lhe confere a faculdade de se fazer representar por gerente ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento dos fatos, cujas declarações obrigarão o preponente (art. 843, §1º, da CLT). O mesmo ocorre nos dissídios coletivos (art. 861 da CLT). O preposto (representante da empresa) atua em audiência como se fosse o empregador, tendo os mesmos deveres e prerrogativas; pode apresentar proposta de acordo, defesa oral, caso o empregador não tenha constituído advogado, prestar depoimento etc. O preposto da reclamada não precisa ser seu empregado. O preposto deve demonstrar que possui ciência dos fatos, seja por si próprio ou por informações de terceiros. Caso contrário, o desconhecimento dos fatos, alinhado com respostas evasivas, poderá acarretar a pena de confissão ficta ao reclamado. Quando a ação versar sobre relação de trabalho lato sensu (que não tipifica o vínculo empregatício), o tomador de serviços poderá ser representado por qualquer preposto que tenha conhecimento dos fatos, seguindo a orientação do §3º do art. 843 da CLT. O preposto deve ser apresentado por meio da Carta de Preposição, assinada pelo empregador/tomador de serviços, tendo em vista que a sua presença em audiência permite a prática de vários atos processuais, como celebrar acordo, prestar depoimento e, até, apresentar defesa, na hipótese de o reclamado não ter advogado. Se, porventura, o preposto não apresentar a carta de proposição em audiência, e o magistrado deve conceder um prazo para que ela seja juntada aos autos, pois se trata de um vício sanável. O empregado deverá comparecer pessoalmente à audiência. Porém, em casos de doença ou de impossibilidade de comparecimento, desde que comprovadas, poderá se valer do comparecimento de outro empregado pertencente à mesma profissão ou pelo sindicato (art. 843, §2º, da CLT), evitando o arquivamento da ação (leia-se extinção do processo sem julgamento do mérito). Aqui, não se trata da hipótese de representação, mas de um mecanismo para evitar um prejuízo maior ao empregado/autor, qual seja, a extinção do processo sem julgamento do mérito. É um permissivo legal para que haja o adiamento da audiência. Porém, esse “representante” do empregado não poderá praticar atos inerentes a essa condição, tais como renunciar, confessar, acordar e prestar depoimento pessoal. Inclusive, o próprio reclamante deve ser intimado da data da nova audiência. Da ausência das partes e seus efeitos: O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Art. 844, CLT - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. §1o Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência. §2o Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. §3o O pagamento das custas a que se refere o §2o é condição para a propositura de nova demanda. §4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se: I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos. §5o Ainda que ausente o reclamado, estando presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados. Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência. O legislador trabalhou com a denominada cláusula aberta, também conhecida por “conceito jurídico indeterminado”, por intermédio da qual o magistrado terá ampla liberdade, desde que fundamentada, para suspender a audiência. Abre-se um permissivo para a subjetividade do juiz, que analisando os fatos poderá se utilizar da regra mencionada. Exemplo: greve generalizada dos transportes ou mesmo uma onda de violência que assola determinada região e que impede que as pessoas saiam de suas casas. Motivos pessoais da parte também podem ensejar a suspensão da audiência, lembrandoque quem irá determinar se o motivo é ou não relevante é o magistrado. Na hipótese de ausência do reclamante, este http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art789 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art789 será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 da CLT, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. As custas somente serão isentas caso o reclamante comprove, no prazo de 15 dias, que a ausência se deu por motivo legalmente justificável. O prazo de 15 dias para o reclamante justificar a sua ausência corre automaticamente a partir da audiência, ou seja, não é necessária a sua intimação. Uma vez transcorrido o prazo sem que haja manifestação do reclamante, as custas serão devidas. É o juiz quem deverá, no caso concreto, verificar se o fato justificou a ausência do reclamante, nos termos da lei. O pagamento das custas a que se refere o §2º é condição para a propositura de nova demanda. Uma vez condenado ao pagamento das custas, o reclamante só poderá ajuizar novamente a demanda caso comprove o respectivo pagamento; portanto, o pagamento das custas passa a ser um pressuposto processual objetivo. Quanto ao arquivamento, consiste na extinção do processo sem julgamento de mérito. Quando o reclamante der causa a dois arquivamentos, ocorrerá a perempção. Isso significa que ele ficará com o direito de ação suspenso, pelo prazo de seis meses, de reclamar (propor ação) perante a Justiça do Trabalho (art. 732 da CLT). No entanto, é necessário que sejam dois arquivamentos seguidos e não alternados. Compete ao reclamado fazer a prova de que tem conhecimento de que o autor deu causa a dois arquivamentos. A pena aplicada pelo juiz é feita por meio de sentença. Na hipótese de o reclamante não comparecer à audiência de instrução, também denominada audiência em prosseguimento (após já ter havido uma audiência de tentativa de conciliação), na qual deveria prestar depoimento pessoal, não há arquivamento do processo, mas confissão quanto à matéria de fato, eis que já foi estabelecida a litiscontestatio. Súmula nº 9 do TST - AUSÊNCIA DO RECLAMANTE A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência, não importa arquivamento do processo. Súmula nº 74 do TST - CONFISSÃO I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. (ex-Súmula nº 74) II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores. (ex-OJ nº 184 da SBDI-1) III - A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo. No que concerne à presença do reclamado, a regra impõe que ele compareça pessoalmente à audiência ou representado por um preposto. Caso essa determinação não seja respeitada, será considerado revel e confesso quanto à matéria fática, nos termos do art. 844 da CLT: “O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato”. No processo do trabalho, a revelia abarca duas situações: a ausência do reclamado à audiência e a ausência de contestação. Estando ausente uma empresa (revel e consequentemente foi confessa), mas a outra reclamada em sua defesa apresenta argumentos e provas (recibos de pagamento, cartões de ponto etc.) que beneficiam a ausente, os efeitos da revelia serão afastados. Mesmo havendo revelia, o juiz poderá verificar que os fatos narrados na inicial não condizem com a realidade, podendo, com fulcro na regra acima, julgar improcedente o pleito do reclamante. O §5º aborda a questão na qual o empregador não comparece e também não envia o seu preposto à audiência, mas o seu advogado se faz presente munido com a procuração e a defesa. O aludido parágrafo passa a determinar que o juiz aceite a contestação e os documentos que a integram. Em regra, o não comparecimento do reclamado à audiência importa em revelia, e um dos seus principais efeitos é a confissão ficta (art. 844 da CLT). Logo, os fatos narrados pelo reclamante na petição inicial tornar-se-ão incontroversos, possibilitando a aplicação da multa do art. 467 da CLT. Entretanto, se a reclamada comparecer à primeira audiência (tentativa de conciliação e apresentar a sua defesa), mas não comparecer à audiência em prosseguimento (instrução), na qual deveria depor, não será considerada revel, sendo considerada somente confessa quanto à matéria fática (confissão ficta), ou seja, é a presunção de serem verdadeiros os fatos articulados pelo adversário. Enoque Ribeiro entende que a solução mais justa para essa questão é não considerar o reclamado revel, posto haver defesa nos autos, contudo lhe aplicar a pena de confissão ficta quanto à matéria de fato, tendo em vista a sua ausência ou a do seu preposto. Portanto, os fatos narrados pela petição inicial são presumidamente verdadeiros, mas essa presunção de veracidade é meramente relativa. Isso significa dizer que toda prova pré-constituída nos autos poderá ser confrontada com os fatos aduzidos na petição inicial. Assim, só haverá revelia se realmente a reclamada deixar de comparecer à audiência e não enviar preposto ou advogado munido com a sua defesa. Tentativa de conciliação: Estando presentes as partes e iniciada a audiência, o juiz deverá tentar a conciliação (art. 846 da CLT). A CLT estabelece dois momentos obrigatórios, sem prejuízo de outros, para que haja a tentativa de conciliação: início da audiência e após a apresentação das razões finais. O magistrado deve conduzir a tentativa de conciliação com uma postura ativa, demonstrando às partes as vantagens da mesma. Havendo acordo, o respectivo termo de conciliação será lavrado, sendo este considerado irrecorrível, salvo para o INSS no que respeita às contribuições previdenciárias. O acordo, no processo trabalhista, possui maior força do que a própria sentença, posto que esta é passível de recurso, enquanto que aquele só é atacável por ação rescisória. Súmula nº 259 do TST - TERMO DE CONCILIAÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT. OJ nº 132 da SDI-II do TST - AÇÃO RESCISÓRIA. ACORDO HOMOLOGADO. ALCANCE. OFENSA À COISA Acordo celebrado - homologado judicialmente - em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer ressalva, alcança não só o objeto da inicial, como também todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de nova reclamação trabalhista. O termo de acordo deverá conter prazo e condições para o seu cumprimento (art. 846, §1º, da CLT). Essas condições mencionadas na lei poderão abarcar, além do pagamento total avençado no acordo, indenização ou multa, sendo que esta não poderá ser superior ao valor da obrigação principal (acordo), conforme preceitua o art. 412 do Código Civil. Não sendo frutífero o acordo, o reclamado terá 20 minutos para apresentar sua defesa, todavia, na prática, as defesas são apresentadas por escrito, ressaltando que, no processo eletrônico, a defesa escrita deve ser remetida ao sistema antes da audiência (art. 22 da Resolução 185/2017 do CSJT): Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus respectivos documentos deverão ser protocolados no PJe até a realização da proposta de conciliação infrutífera, com a utilização de equipamento próprio, sendo automaticamente juntados, facultada a apresentaçãode defesa oral, na forma do art. 847 da CLT. Portanto, superada a tentativa inicial de conciliação, o magistrado recebe a defesa da parte reclamada. O momento para o reclamante se manifestar sobre a defesa e os seus respectivos documentos é na própria audiência. Nada impede, porém, que à parte seja concedido um prazo (que o juiz entender apropriado) para tal manifestação. Após a reclamada apresentar sua defesa, e o autor se manifestar, inclusive sobre os respectivos documentos, a instrução processual terá início, respeitando a seguinte ordem: depoimento pessoal do reclamante, depoimento pessoal da reclamada, oitiva das testemunhas do reclamante e oitiva das testemunhas da reclamada. Em havendo necessidade, os esclarecimentos do perito são prestados, na prática, antes da oitiva das testemunhas. Esquematicamente, conforme a CLT, temos a seguinte ordem de prática dos atos processuais em audiência: a) interrogatório e depoimento pessoal das partes (art. 848 da CLT); b) oitiva das testemunhas e dos peritos, se houver (art. 848, §2º, da CLT). O art. 775, §2º, da CLT dispõe que o juiz poderá alterar a ordem de produção de provas: Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. §1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: I - quando o juízo entender necessário; II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. § 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. Comparecimento de testemunhas: Art. 845 da CLT - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas. Art. 825 da CLT - As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação. Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação. Art. 730 da CLT - Aqueles que se recusarem a depor como testemunhas, sem motivo justificado, incorrerão na multa de Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros) a Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros). A lei trabalhista apresenta duas hipóteses no que diz respeito ao comparecimento das testemunhas em audiência: deverão se apresentar voluntariamente, quando convidadas pelas partes, ou serão intimadas pelo juiz, quando não comparecerem espontaneamente, ficando sujeitas à condução coercitiva, além do pagamento de multa (arts. 730 e 825 da CLT). Porém, se as partes comprometem-se a trazer as testemunhas, independentemente de intimação, e estas não comparecem, ocorre a preclusão da prova, presumindo-se que a parte desistiu de ouvi-las. Finda a instrução, as partes poderão aduzir razões finais, em prazo não superior a 10 minutos. É a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art730 possibilidade que as partem possuem para arguir nulidades ocorridas no curso da instrução, bem como robustecer os seus fundamentos, a fim de forjarem o convencimento do juiz. Na prática, os magistrados permitem que as partes apresentem razões por escrito. É comum também que elas façam alegações finais remissivas, isto é, alusivas ao quanto alegado e provado nos autos. No rito sumaríssimo não há razões finais. Após o fim do prazo para apresentação das razões finais, o juíz renovará a proposta de conciliação, sendo este ato também obrigatório. Em dois momentos, na audiência, é obrigatória a tentativa de conciliação: I- antes de ser apresentada a contestação (art. 846 da CLT); e II- após o oferecimento das razões finais (art. 850 da CLT). Por fim, o juiz prolatará a sentença na própria audiência ou em audiência de “julgamento”, onde será publicada a decisão. A Defesa do Reclamado Fundamentos jurídicos: A defesa do reclamado encontra fundamento no art. 5º, LIV e LV, da CF/88, nos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Também fundamenta-se no o amplo acesso ao Poder Judiciário no art. 5º, XXXV, da CF, como também no princípio da inafastabilidade da jurisdição, e na garantia ao réu do exercício da respectiva ampla defesa. A CLT prevê a defesa do réu nos arts. 847 e 799 (exceções) a 802. Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. No Processo do Trabalho, a defesa do reclamado será apresentada em audiência. Com efeito, aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação (1ª tentativa obrigatória de conciliação no procedimento comum ou ordinário). Não havendo acordo, o reclamado terá 20 minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. A CLT estabelece a defesa oral, em consonância com os princípios da oralidade, da simplicidade, da informalidade e do jus postulandi, inerentes ao processo do trabalho. Quando se tem mais de um reclamado (litisconsórcio passivo), cada um deles terá 20 minutos para aduzir defesa. Contudo, na praxe forense, é muito comum a defesa escrita. Tanto que o parágrafo único do art. 847 da CLT, aduz que a parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. A CSTJ nº 241 de 31 de maio de 2019 define no artigo 22 que: Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus respectivos documentos deverão ser protocolados no PJe até a realização da proposta de conciliação infrutífera, com a utilização de equipamento próprio, sendo automaticamente juntados, facultada a apresentação de defesa oral, na forma do art. 847, da CLT. Assim, notificado (citação) passa a ter o reclamado (réu) a oportunidade da ampla defesa, de forma facultativa, em não apresentado tem-se a penalidade da revelia. A peça de defesa que foi inserida no Pje antes da data da audiência ficará sob sigilo, aguardando sua liberação ou desbloqueio pelo magistrado no início da audiência em que haja o comparecimento das partes. A norma consolidada não utiliza a nomenclatura contestação, mas sim a expressão defesa. Em relação à exceção, a CLT só faz alusão às de foro (incompetência territorial) e de suspeição. Assim, não trata da exceção de impedimento nem da reconvenção, mas essas duas formas de resposta são plenamente condizentes com o processo do trabalho, sendo utilizadas as regras do processo civil. A resposta do réu é um gênero, abarcando três espécies: a) contestação, b) exceções (sentido estrito), c) objeções e reconvenção (não sendo esta uma defesa, mas ação típica do réu contra o autor do processo originário, uma espécie de contra-ataque). Esse direito de defesa, em sentido amplo, está consubstanciado nos princípios constitucionais do devido processo legal, da inafastabilidade da jurisdição, do contraditório e da ampla defesa. Defesas processuais (preliminares de defesa): As defesas processuais são utilizadas para combater eventuais vícios da relação jurídico- processual, não objetivando atacar o mérito. O seu alvo são os requisitos de pertinência da ação (condições da ação) e do processo (pressupostos processuais). São também reconhecidas por defesas preliminares ou, simplesmente, preliminares. São defesas indiretas. As preliminares envolvem questões estritamente processuais. As preliminares são questões antecedentes cuja solução determina a possibilidade ou não de o julgador apreciar a questão subordinada, isto é, o mérito do processo. Por meio delas o reclamado irá discutir se o processo está formalmenteapto para que o juiz possa julgar o mérito. As preliminares de contestação, via de regra, são questões processuais e de ordem pública, devendo ser alegadas e apreciadas antes da análise do mérito. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I – inexistência ou nulidade da citação; II – incompetência absoluta e relativa; III – incorreção do valor da causa; IV – inépcia da petição inicial; V – perempção; VI – litispendência; VII – coisa julgada; VIII – conexão; IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X – convenção de arbitragem; XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. Como a CLT nada menciona, o art. 337 em tela é aplicável ao Processo do Trabalho, com algumas adaptações. Essas preliminares são também conhecidas por objeções, pois podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz, exceto a convenção de arbitragem e a incompetência relativa. As objeções são as matérias de defesa alegadas pelo réu e que podem ser declaradas de ofício pelo magistrado, a qualquer tempo e grau de jurisdição, estando relacionadas às questões de ordem pública. No que concerne ao seu conteúdo, a objeção pode ser processual (ex.: condições ação e pressupostos processuais) ou material (prescrição e decadência legal). No processo civil, a incompetência relativa deixa de ser alegada por exceção e passa a ser arguida como preliminar de contestação. Essa regra não poderá ser aplicada ao processo do trabalho, tendo em vista que a reforma trabalhista trouxe procedimento próprio para o âmbito do processo do trabalho (art. 800 CLT). Art. 799 da CLT - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. §1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. §2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. Ainda: Art. 800 da CLT - Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo. §1o Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção. §2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias. §3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente. §4o Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. Temos assim a exceção de incompetência de maneira específica, nos arts. 799 e 800 da CLT. A incompetência relativa (em razão do lugar) é matéria dispositiva, ou seja, de interesse privado. Portanto, não poderá ser declarada de ofício pelo juiz, devendo sempre ser perquirida pela parte interessada, qual seja, o reclamado/réu. 1 - Orientação Jurisprudencial 149/TST-SDI-II - Competência. Conflito. Incompetência territorial. Hipótese do art. 651, §3º, da CLT. Impossibilidade de declaração de ofício de incompetência relativa. Não cabe declaração de ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, §3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta. O STJ também entende que a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício, consoante consta da Súmula 33: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. Além disso, dentre as defesas processuais algumas são peremptórias e outras dilatórias. As peremptórias, uma vez reconhecidas, implicarão na extinção do processo sem resolução do mérito, como nas hipóteses de inépcia da petição inicial; perempção, litispendência, coisa julgada; falta de condições da ação e convenção de arbitragem. Contudo, antes de julgar, extinguindo o processo, o juiz deverá intimar previamente as partes, pois a perempção, no processo do trabalho, não possui o sentido adotado no CPC, no âmbito trabalhista, o que ocorre é a suspensão, por seis meses, do direito de propor ação. As situações ensejadoras da perempção estão previstas nos artigos da CLT abaixo alinhavados no artigo 731 da CLT: Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844. A litispendência surge quando se repete ação que está em curso. Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido (art. 337, §3º). Há coisa julgada quando se repete ação idêntica que já foi decidida por decisão transitada em julgado (art. 337, §4º). A falta de condições da ação diz respeito à ausência de legitimidade e interesse processual (de agir). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art843 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art843 https://www.legjur.com/legislacao/art/dcl_00054521943 https://www.legjur.com/legislacao/art/dcl_00054521943 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art786 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art844 Também pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Lembrando que não há mais, como condição da ação, na ótica do Código de Processo Civil de 2015, a possibilidade jurídica do pedido. As preliminares dilatórias não geram a extinção do processo, mas a sua procrastinação. Elas mencionam vícios processuais, que devem ser sanados para que o processo possa caminhar até o julgamento do mérito. São elas: • inexistência ou nulidade da citação; • incompetência absoluta e relativa; • incorreção do valor da causa; conexão; • incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; • falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; • indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. O requisito caução não é aplicado ao processo do trabalho, por não se coadunar com os seus princípios, além de ser um óbice ao trabalhador para efetivar o livre acesso à Justiça. Defesa do mérito: A defesa de mérito, também denominada de substancial, pode ser estudada sob dois aspectos. A defesa direta e a defesa indireta do mérito. a) Defesa direta: A defesa direta configura-se quando o réu ataca o fato constitutivo da pretensão requerida pelo autor. Denega a existência do fato constitutivo do direito do autor, ou seja, alega a inexistência fatos declinados na petição inicial. Pode impugnar os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. A título exemplificativo, temos a hipóteses em que o autor alega, em sua inicial, ter prestado serviços com todos os requisitos tipificadores da relação de emprego. O reclamado, em sua peça de defesa, nega a prestação de serviços (fato constitutivo do direito do autor). Nesse diapasão, o reclamado deverá elidir os pedidos e os fundamentos jurídicos desejadospelo autor, de forma específica, não podendo se pautar em uma defesa genérica. É o ônus da impugnação especificada. Trata- se de um ônus imputado ao réu, que deve atacar por meio de sua contestação, na parte do mérito, todos os fatos e fundamentos jurídicos trazidos pelo autor, sob pena de os fatos não atacados de maneira específica serem considerados incontroversos e, por isso, verdadeiros, conforme artigo 341 do CPC. Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I- não for admissível, a seu respeito, a confissão; II- a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III- estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. b) Defesa indireta: Já na defesa indireta do mérito, o réu, apesar de reconhecer fato constitutivo que embasa a pretensão do autor, imputa-lhe fatos extintivos, impeditivos ou modificativos. Normalmente, alegam-se como prejudiciais de mérito, no Processo do Trabalho, a prescrição, a decadência, a compensação, a renúncia e a retenção. • Compensação e retenção: São formas de defesa indireta do mérito, constituindo fatos modificativos da pretensão do autor. Segundo o art. 767 da CLT: “A compensação ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa”. Momento oportuno para alegação da compensação ou da retenção será na contestação apresentada em audiência, sob pena de restar preclusa a matéria. Dessa forma, não há espaço para se discutir os institutos em lume nas razões finais, em recursos ou, até mesmo, na fase de execução. Súmula nº 48 do TST - COMPENSAÇÃO A compensação só poderá ser argüida com a contestação. Ainda: Súmula nº 18 do TST - COMPENSAÇÃO A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista. Na compensação, duas pessoas são credoras e devedoras, concomitantemente, uma da outra. Dessa forma, quando o reclamado entender ser credor do reclamante, poderá requerer que a dívida do empregado seja compensada com os eventuais créditos deste, desde que a dívida seja de natureza trabalhista (adiantamentos salariais, aviso prévio não concedido pelo empregado, prejuízos causados por dolo do empregado). Por outro lado, quando a compensação for alegada em juízo, como matéria de defesa, entendemos não existir um valor limite, já que se trata de um litígio sob a apreciação do Judiciário. Claro que os valores a serem compensados só podem ser relacionados ao contrato de trabalho e limitados aos créditos postulados pelo reclamante. Caso o empregador requeira valores superiores aos pleiteados pelo reclamante deverá ajuizar uma reconvenção. • Distinção: A compensação não pode ser confundida com a dedução, embora sejam próximas. A dedução na Justiça do Trabalho surge quando o juiz, analisando os recibos de pagamentos, constata já ter havido alguns pagamentos referentes às verbas postuladas, ou seja, já ter havido cumprimento parcial da obrigação, relacionados aos mesmos títulos. É determinado que os valores já pagos sejam abatidos do valor total da condenação. Essa dedução pode ocorrer de ofício pelo juiz do trabalho, posto ser matéria de ordem pública, calcada no princípio do não enriquecimento sem causa. 1 - Orientação Jurisprudencial 415/TST-SDI-I - Jornada de trabalho. Horas extras. Reconhecimento em juízo. Critério de dedução ou abatimento dos valores comprovadamente pagos no curso do contrato de trabalho. CLT, art. 59. A dedução das horas extras comprovadamente pagas daquelas reconhecidas em juízo não pode ser limitada ao mês de apuração, devendo ser integral e aferida pelo total das horas extraordinárias quitadas durante o período imprescrito do contrato de trabalho. O direito de retenção, por sua vez, em aspectos genéricos, caracteriza-se como o direito do possuidor direto ou do detentor de coisa alheia de manter consigo o bem, a fim de forçar o cumprimento de uma obrigação pelo titular do objeto, em seu benefício. Esta hipótese ocorre em prol do credor, impelindo o devedor ao pagamento. Na seara trabalhista, pode ocorrer, exemplificativamente, quando, em virtude de dano ocasionado pelo trabalhador ao respectivo empregador, adquire este último o direito de ser indenizado pelos prejuízos sofridos. Desta feita, a coisa pertencente ao devedor (reclamante) poderá ser retida pelo credor (reclamado), até que aquele quite sua dívida para com este, sendo requisitos para sua configuração. • Prescrição e decadência: Ambas são hipóteses de fatos extintivos de direito, pois, se presentes, geram o julgamento do processo, com análise do mérito. São prejudiciais de mérito, pois sua análise precede as demais defesas de mérito, já que o seu reconhecimento gera o imediato julgamento do processo, sem que seja necessário apreciar as demais defesas. A prescrição intercorrente é aquela que ocorre no curso do processo ou entre um processo e outro. Com as recentes alterações processuais, as quais acabaram com a separação entre o processo de conhecimento e de execução de título judicial, que deram ensejo ao surgimento do processo sincrético, a prescrição intercorrente também poderá se dar entre as fases do processo (conhecimento e execução). A prescrição intercorrente é aplicável ao Processo do Trabalho, em face da expressa previsão legal do art. 884, §1º, da CLT. Todavia, não tendo sido determinada a suspensão do processo, não há falar em prescrição intercorrente, consoante §4º e caput do art. 40 da Lei 6.830/80. Embora o TST tenha entendido ser inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente (Súmula 114), o STF, por meio da Súmula 327, adota posição contrária ao considerar que “O Direito Trabalhista admite a prescrição intercorrente” . Nesse sentido, destaca-se que o STF é, por excelência, o guardião da Constituição da República, norma maior do ordenamento jurídico brasileiro e pilar principal do Estado Democrático de Direito brasileiro, e atualmente suas decisões consolidadas são de grande relevância e prestígio, podendo atingir, inclusive, efeito vinculante. A prescrição aplicada ex officio tem aplicação no Direito do Trabalho (arts. 8º e 889 da CLT) e no Direito Processual do Trabalho (art. 769), por não haver incompatibilidade com as regras trabalhistas e porque o sistema de proteção do trabalhador não pode ultrapassar os limites do Direito Material para atingir o Direito Processual. Também não se pode olvidar que a própria Constituição prevê prazo prescricional para os créditos de natureza trabalhista. Logo, a parte interessada deve alegar a prescrição até o momento das razões de recurso ordinário, situação que garante o contraditório para o adversário, já que poderá se manifestar nas contrarrazões. Ademais, para se alcançar a instância extraordinária (TST ou STF) é necessário o prequestionamento da matéria, ou seja, a matéria, no caso a prescrição, deve ter sido discutida em instâncias originárias, não podendo ser alegada, ordinariamente, na instância extraordinária. No que tange à prescrição intercorrente, que é aquela que surge no curso da ação, mormente no curso da fase de execução (prescrição da pretensão executiva) o TST, por longo período, defendeu ser inaplicável na Justiça do Trabalho, conforme preceito estampado na Súmula 114. Entretanto, o STF entende ser aplicável a prescrição intercorrente na Justiça do Trabalho, de acordo com a Súmula 327. Com a reforma trabalhista, o juiz poderá declarar de ofício a prescrição intercorrente (prescrição da pretensão executiva). Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
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