Buscar

Resumo-Direito Processual do Trabalho II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ação Trabalhista 
Introdução: 
“Os conflitos são inevitáveis em toda e qualquer sociedade, o que 
leva ao surgimento de regras de conduta, ou seja, à constituição 
do Direito, como um complexo sistema normativo, cujo objetivo 
básico é a manutenção da ordem social”. 
Quanto mais conflituosa uma sociedade, maior o 
número de processos ou ações judiciais em trâmite. 
Quanto mais ética uma sociedade, menor o número de 
ações judiciais. O Estado, quando excepcionou que as 
pessoas exercessem a autotutela e avocou para si a 
jurisdição, obrigou-se a decidir os conflitos existentes na 
sociedade, desde que provocado, aplicando-lhes o direito 
objetivo ou positivado (norma). 
“A pretensão indica a subordinação de um interesse ao interesse 
de outrem. Quando se tem a resistência, ou seja, não se acata a 
exigência, surge a lide. Destarte, segundo Carnelutti, ocorre à lide 
quando há o conflito de interesses, qualificado pela pretensão de 
um dos interessados (pretensão resistida ou insatisfeita) e pela 
resistência do outro em satisfazer à essa pretensão discutida”. 
“Através da postulação da pretensão resistida em juízo é que se 
põe em exercício o direito de ação (art. 5º, XXXV, CF). A ação 
denota o mecanismo de ativação da jurisdição para a solução do 
conflito. Jurisdição é a função pela qual o Estado, por meio de 
órgãos jurisdicionais, divididos em esferas competentes, procura, 
através da tutela, compor as lides, os litígios”. 
 Jurisdição: 
A jurisdição tem como um de seus princípios a 
inércia, não podendo atuar, em regra, sem ser provocada 
(art. 2º, CPC). A provocação, pelo interessado, dá-se por 
meio de um direito humano constitucionalmente 
assegurado, que é a ação (art. 5º, XXXV, CF c/c art. 3º, 
caput, CPC). 
Conceito de ação: 
Com fundamento no art. 5º, XXXV, CF c/c art. 
3º, caput, CPC, têm-se que a ação é o direito de exigir 
do Estado que este exerça sua atividade jurisdicional, 
outorgando uma resposta/decisão ao litígio apresentado, 
ou seja, o provimento jurisdicional. A ação é um direito 
constitucional, fundamental, de provocar o Judiciário, o 
qual atuará por meio de um processo, objetivando a 
tutela jurisdicional para solucionar a controvérsia. É fruto 
da garantia de acesso à justiça e do direito de petição 
postulados na Constituição Federal, e, do direito de ação 
ou direito processual de ação, que é o direito 
condicionado, regulado pelo Código de Processo Civil, de 
requerer um provimento jurisdicional sobre o mérito, ou 
seja, que aprecie a pretensão. 
“Portanto, a ação é um direito subjetivo público de solução dos 
conflitos de interesses, os quais se caracterizam pela presença 
de uma resistência, de uma oposição de interesses sobre um 
determinado bem da vida”. 
Natureza jurídica da ação: 
• Teorias: 
 a) Teoria imanentista ou concretista: também conhecida 
por teoria civilista ou clássica, cujo maior expoente fora 
Savigny, que afirmava que a “ação é o direito de pedir 
em juízo o que nos é devido. Não há ação sem direito, 
nem direito sem ação” . 
b) Teoria da ação como direito autônomo concreto: 
preconizada por Wach, ao estudar as ações declaratórias. 
A ação seria um direito autônomo, de natureza pública e 
subjetiva, mas só existente se a sentença fosse favorável 
ao autor. Dessa forma, só haveria direito de ação se o 
direito material do autor fosse reconhecido, ou seja, se a 
sentença fosse procedente. 
c) Teoria da ação como direito autônomo e abstrato: 
preconizada por Carnelluti, para ele, o direito de ação é 
autônomo em relação ao direito material, mas, também, 
é um direito abstrato, não tendo vinculação nenhuma 
com um direito material específico. É o direito de 
provocar a jurisdição objetivando a sua tutela, 
independentemente da resposta ser favorável ou não. 
Ou seja, todos têm direito de ação, que seria um direito 
de peticionar em juízo, sem limitação, pois, mesmo que 
a sentença seja desfavorável, houve o pleno exercício 
do direito de ação, posto que o Judiciário fora provocado 
e prestou a tutela jurisdicional. 
d) Teoria eclética da ação: seu precursor foi Enrico Tullio 
Liebman, que visualizou o direito de ação como 
autônomo e abstrato, porém condicionado. Assim, 
Liebman, apesar de reconhecer o direito de ação como 
um direito abstrato, constitucionalmente garantido, 
ressalvava que, para que este fosse exercido em âmbito 
processual, gerando uma sentença de mérito, 
necessitava ter preenchido alguns requisitos. Esses 
requisitos são as chamadas condições da ação. 
A ação, em nosso ordenamento jurídico, é 
constitucionalmente amparada, sendo inclusive alçada à 
categoria de direito fundamental e corolário da jurisdição. 
É o que se depreende do art. 5º, XXXV, CF: “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito” . 
Condições da Ação no Código de Processo Civil/2015: 
O CPC de 2015 não faz qualquer referência às 
condições da ação. Porém, continua a utilizar a expressão 
“interesse e legitimidade”, consoante o preconizado no 
art. 17: “Para postular em juízo é necessário ter interesse 
e legitimidade”. À vista disso, o juiz só proferirá uma 
sentença de mérito, analisando a pretensão do autor, se 
as condições da ação estiverem presentes; condições 
estas que agora estão limitadas à legitimidade das partes 
e ao interesse processual. 
“Como condições da ação, o legislador brasileiro adotou o 
interesse processual e a legitimidade (arts. 17, 330 e 485, CPC). 
Ausente qualquer das condições da ação, tem-se a carência da 
ação”. 
a) Legitimidade das partes: a legitimidade das partes 
refere-se à titularidade ativa ou passiva da ação. É a 
denominada legitimatio ad causam, que traduz, em 
âmbito processual, o titular do direito material em litígio. 
No processo do trabalho, exemplificativamente, temos 
autorização para a chamada legitimação extraordinária no 
art. 8º, III, da CF, que confere aos sindicatos a possibilidade 
de defender interesses de seus associados. Há, ainda, 
figuras legais que corroboram a legitimação 
extraordinária, em âmbito trabalhista, como as hipóteses 
do art. 872, parágrafo único, e do art. 195, §2º, da CLT, 
que tratam, respectivamente, da ação de cumprimento 
e da ação de insalubridade ou periculosidade. 
b) interesse de agir: é forjado pelo binômio necessidade 
e adequação. Processualmente, o interesse vem a lume 
quando o autor necessita do provimento jurisdicional para 
obter o bem da vida desejado. O autor deve, ao ajuizar 
a ação, escolher a tutela jurisdicional mais adequada para 
solucionar o litígio que envolve o direito material. O 
interesse de agir ou processual emerge quando a 
necessidade e a adequação são verificadas no processo; 
estas últimas são, na verdade, os indicadores da 
existência ou não de interesse de agir. Portanto, se o tipo 
de ação escolhida pelo autor for equivocado para a 
solução da crise jurídica, não haverá adequação e, por 
óbvio, falta de interesse de agir. 
Momentos para se verificar as condições da ação: 
a) teoria concretista: defendida por Liebman e, no Brasil, 
por Cândido Rangel Dinamarco. Para esta corrente, as 
condições da ação devem estar presentes ao longo de 
todo o processo, não bastando a sua existência 
simplesmente mencionada na peça inaugural. É a teoria 
mais aceita pela doutrina majoritária. 
b) teoria da asserção: defendida, no Brasil, dentre outros, 
por Barbosa Moreira e Kazuo Watanabe, preconiza que 
as condições da ação devem ser demonstradas in statu 
assertionis, devem estar contidas nas assertivas 
(asserções) ou narração apresentada ao juiz, na petição 
inicial. Hodiernamente, tem prevalecido, na seara 
processual trabalhista, a teoria da asserção. 
Elementos da ação: 
São as partes, a causa de pedir e o pedido, e 
servem, portanto, para identificar as ações. 
a) as Partes: 
As Partes no processo são todos que postulam 
em uma relação jurídica processual, incluindo autor, réu, 
terceiros intervenientes e o Ministério Público, enquanto 
fiscal da lei (custus legis) ou órgão agente. Atuam noprocesso com parcialidade. Exclui-se, portanto, desse rol 
o(s) julgador(es). As partes são consideradas elementos 
subjetivos da ação, podendo agir individualmente 
(autor/reclamante, réu/reclamado); por uma pluralidade 
de pessoas, caracterizando o litisconsórcio; 
representadas, quando uma pessoa litiga em nome e 
sobre direito alheio (menor/representantes legais); 
substituídas processualmente, quando alguém litiga em 
nome próprio, pleiteando direito alheio (legitimação 
extraordinária, como no caso dos sindicatos em ação de 
cumprimento). 
b) a Causa de pedir: 
A causa de pedir refere-se aos fatos e aos 
fundamentos jurídicos que embasam a pretensão 
almejada, ou seja, o acontecimento e seus reflexos 
jurídicos que autorizam o pedido. Está estabelecida no 
art. 319, III, do CPC, cuja regra estipula que a petição inicial 
indicará: o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. O 
autor, em sua petição inicial, deve descrever o fato e 
demonstrar como o direito o reconhece, ou seja, o 
fundamento jurídico. Em suma, uma petição inicial deve 
indicar o fato, bem como o direito material relacionado a 
ele, que expressa obrigações e deveres entre as partes 
postulantes. 
c) o Pedido: 
É o elemento crucial da demanda, pois nele se 
encontra resumido todo o desejo ou interesse da parte 
que provocou a tutela jurisdicional, pleiteando o direito 
material de que se considera legítimo titular. É também 
chamado de objeto da ação, sobre o qual o Estado-juiz 
irá se manifestar. O autor, em sua petição inicial, deve 
identificar qual provimento jurisdicional deseja, sendo este 
designado pela doutrina de pedido imediato; também 
deverá delimitar qual o bem jurídico almejado, sendo este 
pedido designado de mediato. Esclarecendo, o pedido se 
divide em dois: 
1) Imediato: proposto perante o Estado, cujo 
objetivo é obter um provimento jurisdicional em 
consonância com seus interesses. Esse provimento 
jurisdicional poderá ser: a condenação em uma 
determinada obrigação, a declaração de uma relação 
jurídica, a constituição ou desconstituição de uma 
situação jurídica, a tomada de providências executivas, a 
emanação de uma ordem etc. 
2) Mediato: caracterizado como o objeto ou o 
bem jurídico ou, ainda, o bem da vida pretendido, que 
será passível de apreciação pelo órgão julgador. 
Exemplificando, o bem da vida pleiteado em uma ação 
trabalhista pode ser a condenação do réu ao pagamento 
das férias em dobro, em relação ao período não gozado, 
ou, também, ao pagamento de adicional noturno e de 
horas extras etc. 
Em resumo, o pedido é o mérito do processo. 
Logo, o juiz, ao proferir sua decisão, deve estar adstrito 
àquele, ou seja, deve haver congruência entre o pedido 
e o dispositivo da sentença. No processo do trabalho, a 
reclamatória é regida pelo art. 840 da CLT e poderá ser 
escrita ou verbal. Os pedidos doravante devem ser 
certos e determinados, ou seja, a ação deve ser líquida, 
de forma que o somatório dos pedidos deve refletir o 
valor exato da causa, sob pena de extinção do processo, 
sem resolução de mérito. No caso do jus postulandi 
(direito da parte de postular em juízo de forma oral, sem 
advogado), a petição oral tem que ser reduzida a termo 
pela Justiça do Trabalho. 
“Ressalta-se que no que concerne ao jus postulandi, apesar de a 
CLT em seu art. 791, garantir o livre acesso à Justiça do Trabalho, 
podendo as partes postular em juízo de forma oral sem 
advogado, a Súmula 425 do TST restringe esse direito somente 
até o TRT, quando da interposição de recurso ordinário. Para a 
interposição de recursos superiores a este, necessário se faz a 
contratação de um advogado regularmente habilitado na Ordem 
dos Advogados do Brasil”. 
Petição Inicial 
A petição inicial é o ato processual praticado pelo 
autor de rompimento da inércia do Poder Judiciário, na 
qual pleiteia a tutela jurisdicional do seu direito com a 
entrega do bem da vida, trazendo os motivos fáticos e 
jurídicos que embasam essa pretensão e indicando em 
face de quem a atuação estatal é pretendida. 
“O direito de petição é garantido e salvaguardado pela CF/88, 
que assegura que a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV). É o princípio 
da inafastabilidade do controle jurisdicional”. 
Características: 
a) É uma peça formal: a petição inicial tem requisitos que 
deverão ser preenchidos pelo autor no momento da 
propositura da ação. A CLT admite a reclamação 
trabalhista verbal (jus postulandi), desde que haja sua 
redução a termo. 
b) Define os limites objetivos da lide: a petição inicial traz 
os fundamentos de fato e de direito que embasam a 
pretensão do autor, bem como os respectivos pedidos. 
Define a causa de pedir e os pedidos da lide. 
c) Define os limites subjetivos da lide: a petição inicial traz 
os sujeitos da lide, ou seja, aquele que pede a tutela 
jurisdicional do Estado e em face de quem a tutela 
jurisdicional é pretendida. 
d) Quebra a inércia da Poder Judiciário: significa que o 
Estado-juiz somente atuará mediante provocação da 
parte, em regra. Isso para preservar a imparcialidade do 
magistrado no julgamento da lide. Na exordial trabalhista, 
o autor é denominado reclamante e o réu, reclamado. 
Classificação: 
A reclamação trabalhista poderá ser verbal ou escrita, 
conforme o art. 840, CLT. 
a) verbal: 
Fundamentos principiológicos: jus postulandi; 
princípios da simplicidade, informalidade e oralidade que 
informam o Direito Processual do Trabalho. 
Fundamentos legais: art. 840, caput e § 2o, da 
CLT, arts. 786, 731 e 840 da CLT. 
b) escrita: é mais comum na praxe forense. 
A petição inicial apta é um dos pressupostos 
processuais positivos de validade do processo. Com 
efeito, a exordial trabalhista deverá apresentar os 
seguintes requisitos: 
1) Requisitos formais: Na reclamação verbal há a 
necessidade de sua redução a termo para 
documentação do ato processual e segurança das 
relações jurídicas. 
2) Requisitos essenciais, estruturais, internos ou 
intrínsecos: são aqueles indispensáveis para que a 
petição inicial seja apta. Previsão legal: art. 840, §1º, da 
CLT, aplicando-se subsidiária e supletivamente os 
requisitos previstos no art. 319 do CPC/2015 por força dos 
arts. 769 da CLT e art. 15 do CPC/2015. 
3) Requisitos externos ou extrínsecos: são aqueles que 
não se relacionam com a petição inicial em si 
considerada, mas com a propositura da ação, com o 
desenvolvimento válido e regular do processo e com a 
formação do convencimento do magistrado 
(documentos, procuração, preparo etc.). 
A reclamação trabalhista escrita encontra 
amparo legal nos arts. 840, caput e §1º, e 787 da CLT. A 
reclamação deverá conter a designação do juízo, a 
qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de 
que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, 
como também, a liquidez dos pedidos (art. 852-B, I e §1º, 
da CLT). 
Emenda da Petição Inicial Trabalhista 
O ato de emendar consiste em consertar, 
remendar ou corrigir algo. No âmbito processual, 
podemos conceituar a emenda da petição inicial como a 
correção de algum vício ou defeito processual na 
exordial. Tal instituto somente é possível partindo-se da 
premissa da existência de vícios processuais sanáveis, 
pois, sendo o vício insanável, o juiz indeferirá a petição 
inicial, extinguindo o processo sem a resolução do mérito. 
Alude o art. 321 do CPC/2015 que: “O juiz, ao 
verificar que a petição inicial não preenche os requisitos 
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e 
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de 
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) 
dias, a emende ou a complete, indicando com precisão 
o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. 
Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a 
petição inicial”. 
Indeferimento da Petição Inicial Trabalhista 
Conceito de indeferimento da petição inicial: 
O indeferimento da petição inicial consiste na 
rejeição liminar da exordial em decorrênciade algum 
vício processual insanável. Assim, caso a petição inicial 
apresente algum vício insanável, não resta alternativa ao 
magistrado senão indeferi-la. As hipóteses de vícios 
insanáveis de uma petição inicial estão elencadas nos 
incisos do art. 330 do CPC/2015: 
“Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I – for inepta; 
II – a parte for manifestamente ilegítima; 
III – o autor carecer de interesse processual; 
IV – não forem atendidas as prescrições dos arts. 106 e 
321”. 
Segundo a jurisprudência, a concessão do prazo 
para a emenda não fica ao critério discricionário do Juiz, 
sendo um direito subjetivo processual da parte. Quando 
for determinar a emenda, deverá o Juiz esclarecer à 
parte qual o ponto incorreto que deverá ser corrigido, a 
fim de propiciar maior eficiência ao processo, evitar 
dilações indevidas e implementar um diálogo mais efetivo 
entre juiz e parte no processo. 
Súmula nº 263 do TST - PETIÇÃO INICIAL. 
INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA 
DEFICIENTE 
Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 
do CPC de 1973), o indeferimento da petição inicial, por 
encontrar-se desacompanhada de documento 
indispensável à propositura da ação ou não preencher 
outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada 
para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante 
indicação precisa do que deve ser corrigido ou 
completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015). 
A petição apta é aquela que contém os 
requisitos do art. 840, §1º da CLT e não contém os vícios 
do art. 330, §1º do CPC. Inépcia da inicial significa defeito, 
falta de aptidão da inicial, impedindo que a relação jurídica 
processual prossiga com o pronunciamento sobre o 
mérito da causa. Quando a inicial se apresenta inepta, não 
há como corrigi-la ou emendá-la, pois o vício 
apresentado é insanável, devendo o Juiz do Trabalho 
indeferi-la desde logo. 
As hipóteses do §1º do art. 330 do CPC se 
aplicam ao Processo do Trabalho (art. 769 da CLT), 
entretanto, a jurisprudência tem tido tolerância maior 
para declarar a inépcia da inicial, principalmente na 
aferição do inciso III do §1º do art. 330 do CPC, 
considerando-se o jus postulandi da parte e os princípios 
da simplicidade, oralidade e informalidade do Processo do 
Trabalho, não obstante a inicial trabalhista inepta, além de 
prejudicar todo o andamento do processo, torna a 
compreensão da inicial muito dificultosa e, muitas vezes, 
inviabiliza a defesa do reclamado. 
A decisão judicial de indeferimento liminar da 
exordial tem a natureza jurídica de sentença terminativa 
ou processual, pois extingue o processo sem resolução 
do mérito, com fulcro no art. 485, I, do CPC/2015. No 
Direito Processual do Trabalho, é cabível a interposição 
de recurso ordinário (art. 895, I, da CLT). Se o Juiz 
decretar a inépcia de eventual pedido após a devida 
instrução do processo, a parte poderá interpor recurso 
ordinário questionando a inépcia, juntamente com as 
demais matérias recursais. 
Aditamento da Petição Inicial Trabalhista 
Em primeiro lugar, aditar significa adicionar, 
acrescentar. No âmbito processual, aditamento da 
petição inicial significa alteração do pedido e/ou da causa 
de pedir. Assim, podemos extrair três regras sobre a 
possibilidade de alteração do pedido e/ou da causa de 
pedir na petição inicial: 
a) até a citação: será permitida a alteração, 
independentemente da concordância do réu (até porque 
o processo só nasce para o réu após a sua citação válida, 
de modo que, ates da citação do réu, este ainda não tem 
conhecimento da demanda, motivo pelo qual o autor 
pode aditar a inicial); 
b) após a citação até o saneamento: somente será 
permitida a alteração com a anuência do réu; 
c) após o saneamento: após dada a instrução, entra-se 
na fase de saneamento do processo (produção de 
provas, etc.), em que em nenhuma hipótese será 
permitida a alteração da petição inicial. 
Assim, considerando essas regras na sistemática 
processual trabalhista, temos a existência de dois 
problemas processuais: 
I) a notificação postal automática do reclamado 
realizada pelo servidor da Secretaria da Vara, 
fazendo com que o juiz do trabalho somente 
tenha contato com a inicial em audiência; 
II) a defesa do reclamado somente será 
apresentada em audiência; 
A Consolidação das Leis do Trabalho prevê 
como regra a realização de audiência una, contínua, à luz 
do art. 849 da CLT. Adaptando-se as disposições do 
Código de Processo Civil ao Processo do Trabalho, 
podemos apontar duas regras, tendo como divisor de 
águas a apresentação da defesa pelo reclamado na 
audiência trabalhista: 
1) Até a apresentação da defesa pelo reclamado: 
será permitida a alteração do pedido e/ou da 
causa de pedir pelo reclamente, 
independentemente da aquiescência do 
reclamado. Nesse caso, o magistrado trabalhista 
deverá suspender a audiência e marcar uma 
nova data, respeitando-se o prazo mínimo de 5 
dias previsto no art. 841 da CLT, para possibilitar 
o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
2) Após a apresentação da defesa pelo reclamado 
em audiência: somente será permitida a 
alteração do pedido e/ou da causa de pedir pelo 
reclamante, com a concordância do reclamado. 
Em havendo essa anuência, o juiz do trabalho 
deverá suspender a audiência e marcar uma 
nova data, respeitando-se o prazo mínimo de 5 
dias previsto no art. 841 da CLT, para possibilitar 
o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Pedido Decorrente: 
“Pedido ou petitum, como expressão da pretensão do autor, é o 
objeto da demanda proposta em Juízo (objeto da ação e do 
processo). Como decorrência lógica da causa de pedir, o pedido 
deve ser certo e determinado (com as suas especificações – art. 
319, IV, CPC), sob pena de inépcia da inicial (art. 330, I e §1º, I, CPC; 
art. 840, §3º, CLT)”. 
“O pedido pode ser imediato (direto) ou mediato (indireto). O 
imediato consiste na própria providência jurisdicional solicitada, 
podendo ser de conhecimento (declaratória, constitutiva ou 
condenatória), cautelar, executória ou monitória”. 
“Pela aplicação do princípio da iniciativa processual ou dispositivo 
(art. 2º, CPC), o juiz está adstrito ao pedido da parte, ou seja, 
deverá decidir a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe 
defeso conhecer de pedidos (mediatos e imediatos) ou questões, 
não suscitadas, a cujo respeito à lei exige a iniciativa da parte 
(arts. 141 e 492). Assim, considera-se extra petita a sentença que 
decidir sobre pedido diverso daquilo que consta da petição inicial. 
Será ultra petita a sentença que alcançar além da própria 
extensão do pedido, apreciando mais do que foi pleiteado. E é 
infra petita a sentença que não versou sobre a totalidade do 
pedido, apreciando apenas parcela desta, sem, todavia, julgar tudo 
quanto tenha sido expressado no pedido”. 
Discussão sobre a aplicabilidade do pedido 
ultrapetita e extrapetita: 
Um dos grandes princípios da Teoria Geral do 
Processo é o da adstrição, correlação, congruência, 
simetria ou da correspondência. Com efeito, o 
magistrado, ao prolatar a sua sentença, ficará adstrito aos 
limites objetivos da lide (causa de pedir e pedido), não 
podendo exarar decisão extra, ultra ou infra (citra) petita. 
Tal princípio encontra guarida no novel estuário 
processual civil em seus arts. 141 e 492. 
Não obstante, na seara do Direito Processual do 
Trabalho, com fulcro nos princípios da simplicidade, da 
informalidade, da oralidade, da celeridade, da efetividade, 
da concentração dos atos processuais, do jus postulandi, 
da proteção do trabalhador hipossuficiente e da natureza 
alimentar das verbas trabalhistas, parcela da doutrina e da 
jurisprudência sustenta a possibilidade excepcional do 
magistrado trabalhista proferir decisão fora ou além 
daquilo que foi pleiteado pelo reclamante em sua exordial. 
Assim temos como alguns exemplos: 
a) Quando a exordial pleitear apenas horas extras, o juiz 
condenar ex officio também nos adicionais e nos 
respectivos reflexos;ou 
b) quando a prefacial pleitear apenas a integração do 
salário pago por fora, o juiz condenar de ofício 
também em seus respectivos reflexos; etc. 
Trata-se na verdade, dos chamados pedidos 
decorrentes (implícitos), sendo estes possíveis de serem 
deferidos. 
“Ressalta-se que existem pedidos implícitos, os quais são 
conhecidos pelo juiz, independentemente da solicitação expressa 
da parte: multa do art. 467 da CLT (a multa de 50% quanto aos 
títulos rescisórios incontroversos não adimplidos quando da 
audiência inaugural); pagamento da indenização em dobro, 
quando se torna inviável a reintegração (art. 496, CLT; Súm. 396, 
II, TST); juros legais (art. 322, § 1º, CPC; Súm. 211, TST); correção 
monetária (Súm. 211, TST); honorários advocatícios (art. 85, CPC; 
art. 322, § 1º, CPC; o art. 791-A, CLT, pela Lei 13.467, passou a 
prever os honorários advocatícios sucumbenciais na Justiça do 
Trabalho – exigência aplicável aos processos trabalhistas ajuizados 
após 11 de novembro de 2017, art. 6º, IN 41/7s7, de 21/06/2018)”. 
Petição inicial no PJe-JT: 
De acordo com o art. 19 da Resolução CSJT 
185, de 24-3-2017, com as modificações da CSJT nº 
241 de 31 de maio de 2019, a petição inicial conterá: 
Art.19. A distribuição da ação e a juntada da resposta, dos 
recursos e das petições em geral, todos em formato 
digital, nos autos de processo eletrônico, serão feitas 
diretamente por aquele que tenha capacidade 
postulatória, sem necessidade da intervenção da 
secretaria judicial, de forma automática. 
§1º A petição inicial conterá, além dos requisitos do art. 
840, §1º, da CLT, a indicação do CPF ou CNPJ das partes, 
na forma do art. 15, caput, da Lei nº 11.419/2006. 
§2º É de responsabilidade exclusiva do autor cadastrar 
corretamente todos os assuntos abordados na petição 
inicial, bem como indicar a correta e precisa atividade 
econômica do réu exercida pelo autor, conforme opções 
disponibilizadas pelo Sistema. [...] 
§4º O PJe fornecerá, na distribuição da ação, o número 
atribuído ao processo, o órgão julgador para o qual foi 
distribuída e, se for o caso, o local, a data e o horário de 
realização da audiência, da qual estará a parte autora 
imediatamente intimada. 
O próprio sistema do PJe fornecerá, na 
distribuição da ação, o número atribuído ao processo, 
o órgão julgador para o qual foi distribuída e, se for o 
caso, o local, a data e o horário de realização da 
audiência, da qual estará a parte autora imediatamente 
intimada. Os dados da autuação automática serão 
conferidos pela unidade judiciária, que procederá, com 
determinação do magistrado e registro no PJe, à 
intimação da parte para alteração em caso de 
desconformidade com a petição e documentos. A 
retificação dos dados da autuação será acompanhada 
de juntada automática de certidão contendo as 
alterações, inclusive quando houver inclusão ou 
exclusão de advogado ou parte. 
O autor poderá atribuir segredo de justiça à 
petição inicial no PJe, desde que, justificadamente, 
fundamente uma das hipóteses do art. 770, caput, da 
CLT ou do art. 189 do CPC. Lembrando que de acordo 
com o artigo 840 da CLT: 
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. 
§1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a 
designação do juízo, a qualificação das partes, a breve 
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, 
que deverá ser certo, determinado e com indicação de 
seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu 
representante. 
§2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 
duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, 
observado, no que couber, o disposto no §1o deste 
artigo. 
§3o Os pedidos que não atendam ao disposto no §1o 
deste artigo serão julgados extintos sem resolução do 
mérito. 
Pedido de tutela provisória: 
A Constituição Federal de 1988 assegura, em 
seu art. 5º, os direitos fundamentais do amplo acesso 
ao Judiciário, tanto nas lesões como nas ameaças a 
direito (inciso XXXV), e da duração razoável do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação (inciso LXXVIII). Dentre os diversos institutos 
processuais que têm por escopo a celeridade e a 
efetividade da função jurisdicional do Estado, destaca-se 
a chamada antecipação de tutela. 
Conforme dispõe o art. 294 do CPC que: “A 
tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou 
evidência” . O parágrafo único do referido art. 294, por 
sua vez, diz que a “tutela provisória de urgência, cautelar 
ou antecipada, pode ser concedida em caráter 
antecedente ou incidental” . Temos cinco modalidades 
de tutela provisória: 
• tutela provisória de urgência cautelar 
antecedente; 
• tutela provisória de urgência cautelar incidente; 
• tutela provisória de urgência antecipada 
antecedente; 
• tutela provisória de urgência antecipada 
incidente; 
• tutela provisória da evidência. 
Segundo Bezerra Leite, os arts. 295 a 299 do 
CPC estabelecem algumas normas gerais para a 
concessão de qualquer espécie de tutela provisória, a 
saber: 
• A tutela provisória requerida em caráter 
incidental independe do pagamento de custas 
(art. 295). 
• A tutela provisória conserva sua eficácia na 
pendência do processo, mas pode, a qualquer 
tempo, ser revogada ou modificada. Salvo 
decisão judicial em contrário, a tutela provisória 
conservará a eficácia durante o período de 
suspensão do processo (art. 296). 
• O juiz poderá determinar as medidas que 
considerar adequadas para efetivação da tutela 
provisória. A efetivação da tutela provisória 
observará as normas referentes ao 
cumprimento provisório da sentença, no que 
couber (art. 297). 
• Na decisão que conceder, negar, modificar ou 
revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu 
convencimento de modo claro e preciso (art. 
298). 
• A tutela provisória será requerida ao juízo da 
causa e, quando antecedente, ao juízo 
competente para conhecer do pedido principal. 
Ressalvada disposição especial, na ação de 
competência originária de tribunal e nos 
recursos a tutela provisória será requerida ao 
órgão jurisdicional competente para apreciar o 
mérito (art. 299). 
A CLT, como se sabe, contempla apenas duas 
hipóteses especiais que permitem ao juiz, no curso do 
processo de conhecimento, conceder medida liminar. 
Os incisos IX e X do art. 659 da CLT, segundo os quais 
compete ao juiz presidente (atualmente, juiz do trabalho 
da Vara do Trabalho) conceder medida liminar, até 
decisão final do processo, em reclamações trabalhistas 
que: 
a) visem tornar sem efeito transferência de 
empregado disciplinada pelos parágrafos do art. 
469 da CLT; 
b) visem reintegrar no emprego dirigente sindical 
afastado, suspenso ou dispensado pelo 
empregador. 
Vê-se, portanto, que a CLT não trata 
genericamente do instituto da tutela provisória, na 
medida em que não a prevê para as demais hipóteses 
em que se verifique a necessidade de sua aplicação. A 
tutela antecipada vem sendo largamente utilizada no 
processo do trabalho. 
Audiência Trabalhista 
Conceito e relação principiológica: 
De acordo com Sergio Pinto Martins: “audiência 
vem do latim audientia, que é o ato de escutar”. 
Audiência é o ato processual formal e solene, no qual o 
juiz analisa a petição inicial do autor, tenta a conciliação, 
recebe a resposta do réu, ouve as partes e as suas 
testemunhas, analisa documentos e profere a sentença. 
Em linhas gerais, é a ocasião em que são praticados 
atos processuais tanto pelas partes, quanto pelo 
magistrado. É um dos atos mais importantes do 
processo do trabalho. 
Na audiência, pratica-se grande parcela dos atos 
processuais: a conciliação, a resposta do réu, o 
saneamento do processo, os depoimentos das partes 
e das testemunhas, razões finais e, por fim, a sentença. 
É a materialização do princípio da 
concentração dos atos processuais do princípio da 
oralidade e o da imediatidade, pois a defesa pode ser 
oral (20 minutos para apresentação em audiência), 
temos o depoimento das partes e as razões finais (10 
minutos para cada parte). 
A imediatidadeocorre pela aproximação do juiz 
com as partes e com todos os demais que participam 
do processo (testemunhas, perito) durante a audiência. 
Esse contato mais próximo permite ao juiz angariar 
elementos para se aproximar da verdade real, os quais 
servirão de fundamento para a sua decisão. Esse 
contato pode facilitar a condução, pelo juiz, para que 
haja a conciliação entre as partes. Daí por que ao 
magistrado cabe até mesmo, na audiência e no contato 
direto e face a face (olho a olho) com as partes e 
testemunhas, agir como se psicólogo fosse, sopesando 
e examinando as reações corporais, as expressões 
faciais, o tom da voz e o olhar direto ou não nos 
depoimentos colhidos para motivar o seu 
convencimento em relação à verdade e justiça nas 
decisões. 
Outro princípio que se destaca no curso da 
audiência é o da irrecorribilidade imediata das decisões 
interlocutórias, pois, já que os atos processuais estão 
concentrados em uma única audiência, indubitavelmente 
não há que se cogitar a possibilidade do manuseio de 
recursos contra decisões interlocutórias. 
As audiências trabalhistas, do procedimento 
ordinário, são públicas, sendo realizadas na sede do 
juízo, em dias úteis, previamente fixados, entre 8 e 18 
horas, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, 
salvo quando houver matéria urgente (art. 813 da CLT). 
Ante a omissão da CLT e a compatibilidade do instituto, 
entendemos ser aplicável o art. 367, §§ 5º e 6º, do 
CPC/2015, que permite a gravação da audiência. Como 
regra, as audiências são públicas em conformidade com 
o art. 93, IX, da Constituição da República, 
Logo, todos podem assistir às audiências 
trabalhistas e consultar os autos do processo. O princípio 
da publicidade não é absoluto, conforme artigo 189 do 
CPC. Desse modo, quando o processo versar sobre 
interesse público ou sobre situações que possam vir a 
expor a intimidade das partes (dispensa de portador de 
HIV, assédio sexual, justa causa versando sobre 
improbidade, alcoolismo etc.), o juiz poderá decretar 
segredo de justiça, sendo as audiências realizadas a 
portas fechadas. Cabe mencionar que o segredo de 
justiça poderá, igualmente, ser solicitado pela(s) parte(s), 
tendo a decisão do juiz caráter interlocutório e, 
portanto, irrecorrível de imediato. 
 
Procedimento e regras da Audiência Trabalhista: 
A realização da audiência trabalhista deve 
respeitar o intervalo mínimo de cinco dias previsto no 
art. 841, caput, da CLT. Esse intervalo é computado a 
partir do momento em que o reclamado é notificado, 
portanto, entre a ciência da data da audiência e a sua 
realização deve existir um lapso temporal mínimo de 
cinco dias. 
Quando os entes de direito público que não 
explorem atividade econômica (União, Estados, DF, 
Municípios, autarquias e fundações públicas) estiverem 
no polo passivo, o intervalo mínimo passa a ser de 20 
dias, tendo em vista que o prazo para os entes públicos 
apresentarem sua defesa é computado em quádruplo 
(Decreto-lei 779/1969). Destaca-se que a empresa 
brasileira de correios e telégrafos (EBCT) foi equiparada 
à Fazenda Pública, possuindo as mesmas prerrogativas 
processuais (art. 12 do Decreto-lei 509/1969). Quanto ao 
Ministério Público do Trabalho, caso esteja no polo 
passivo da demanda, o prazo a ser respeitado é o de 
10 dias, já que, conforme o art. 180 do CPC, possui prazo 
em dobro para se manifestar nos autos. 
Quanto ao local, horário e duração, as 
audiências serão realizadas na sede do juízo ou tribunal. 
Em casos especiais, poderá ser designado outro local 
para a realização das audiências, desde que seja afixado 
edital na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência 
mínima de 24 horas (art. 813, §1º, da CLT). Elas devem 
ser realizadas em dias úteis, das 8h às 18h. 
Nos tribunais, as sessões ocorrerão entre as 
14h e 17h, podendo ser prorrogadas pelo presidente em 
caso de manifesta necessidade (art. 701 da CLT), porém 
essa regra é flexibilizada nos Tribunais do Trabalho, pois 
as sessões são realizadas inclusive no período da 
manhã, a partir das 8h, e no período da tarde, a partir 
das 13h, de acordo com o regimento interno dos 
tribunais e deliberação dos presidentes das turmas. 
Como regra, a duração da audiência não pode 
ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando existir 
matéria urgente. Essa regra vem sendo interpretada no 
sentido de que a duração máxima de cinco horas deva 
corresponder à totalidade de audiências da pauta, e não 
somente a uma. 
Art. 813, CLT - As audiências dos órgãos da Justiça do 
Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do 
Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, 
entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo 
ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver 
matéria urgente. 
§1º - Em casos especiais, poderá ser designado outro 
local para a realização das audiências, mediante edital 
afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a 
antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas. 
§2º - Sempre que for necessário, poderão ser 
convocadas audiências extraordinárias, observado o 
prazo do parágrafo anterior. 
Art. 814, CLT - As audiências deverão estar presentes, 
comparecendo com a necessária antecedência. os 
escrivães ou secretários. 
Art. 815, CLT - A hora marcada, o juiz ou presidente 
declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário 
ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e 
demais pessoas que devam comparecer. 
Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora 
marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, 
os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido 
constar do livro de registro das audiências. 
Art. 816, CLT - O juiz ou presidente manterá a ordem 
nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os 
assistentes que a perturbarem. 
Art. 817, CLT - O registro das audiências será feito em 
livro próprio, constando de cada registro os processos 
apreciados e a respectiva solução, bem como as 
ocorrências eventuais. 
Parágrafo único - Do registro das audiências poderão ser 
fornecidas certidões às pessoas que o requererem. 
Na prática, todavia, os juízes, principalmente 
aqueles que atuam em cidades onde o movimento 
processual é extremamente volumoso, fracionam as 
audiências, independentemente de haver motivo de 
força maior. Dessa maneira, não sendo possível a 
prática de todos os atos processuais em uma única 
audiência, o juiz marcará uma nova data para o seu 
prosseguimento. 
Art. 765, CLT - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão 
ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo 
andamento rápido das causas, podendo determinar 
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. 
Audiência de instrução: 
Também chamada de audiência em 
prosseguimento, tem por objetivo a realização dos atos 
de instrução, quais sejam: interrogatório e depoimento 
pessoal das partes, oitiva das testemunhas e, se for o 
caso, oitiva do perito e dos assistentes técnicos. 
Dessa forma, podemos compreender a 
audiência em prosseguimento como uma redesignação 
da audiência inicial, isto é, o juiz fraciona (seja por 
determinar que a primeira audiência tenha por objetivo 
a conciliação, seja porque a audiência não pode 
continuar, como no caso da necessidade de se produzir 
prova pericial) a audiência e a redesigna para um outro 
momento, sendo essa audiência em continuidade 
denominada, também, de instrução. 
Audiência de julgamento: 
É o momento em que o juiz profere a decisão. 
Insta mencionar que em muitas oportunidades, mesmo 
não havendo o desmembramento da audiência, ou seja, 
a audiência é una, o juiz não consegue, por escassez 
de tempo ou pela complexidade da demanda, proferir 
a decisão na própria audiência. 
Ocorrendo essa situação, o juiz determinará 
uma nova data para a audiência de julgamento, na qual 
promulgará a sentença. O não comparecimento das 
partes nessa audiência de julgamento não gerará 
nenhum efeito prejudicial para ambos, pois essa 
audiência só tem a finalidade de estabelecer o prazo 
inicial para a interposiçãodo recurso. 
Intimação da sentença: 
Na realidade, o objetivo é avisar, de antemão, 
as partes de que a sentença será publicada na data da 
audiência designada. Nesse sentido temos as seguintes 
súmulas: 
Súmula nº 197 do TST - PRAZO 
O prazo para recurso da parte que, intimada, não 
comparecer à audiência em prosseguimento para a 
prolação da sentença conta-se de sua publicação. 
Súmula nº 30 do TST - INTIMAÇÃO DA SENTENÇA 
Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, 
contadas da audiência de julgamento (art. 851, §2º, da 
CLT), o prazo para recurso será contado da data em 
que a parte receber a intimação da sentença. 
Quando não juntada a ata ao processo em 48 
horas, contadas da audiência de julgamento (art. 851, §2º, 
da CLT), o prazo para recurso será contado da data 
em que a parte receber a intimação da sentença. 
No que tange ao procedimento sumaríssimo, 
cujo rito determina a realização de audiência una, temos 
art. 852-C da CLT: 
Art. 852-C, CLT. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo 
serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a 
direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser 
convocado para atuar simultaneamente com o titular. 
Do procedimento e do comparecimento das partes: 
Na audiência, a presença das partes é 
obrigatória, independentemente do comparecimento 
dos seus advogados. Na audiência de julgamento 
deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, 
independentemente do comparecimento de seus 
representantes salvo, nos casos de Reclamatórias 
Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os 
empregados poderão fazer-se representar pelo 
Sindicato de sua categoria. 
Art. 843, CLT - Na audiência de julgamento deverão 
estar presentes o reclamante e o reclamado, 
independentemente do comparecimento de seus 
representantes salvo, nos casos de Reclamatórias 
Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os 
empregados poderão fazer-se representar pelo 
Sindicato de sua categoria. 
§1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo 
gerente, ou qualquer outro preposto que tenha 
conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o 
proponente. 
§ 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, 
devidamente comprovado, não for possível ao 
empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se 
representar por outro empregado que pertença à 
mesma profissão, ou pelo seu sindicato. 
§ 3o O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não 
precisa ser empregado da parte reclamada. 
Art. 844, CLT - O não-comparecimento do reclamante 
à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o 
não-comparecimento do reclamado importa revelia, 
além de confissão quanto à matéria de fato. 
O sindicato pode representar os trabalhadores 
(ações plúrimas), como substitutos processuais, ou 
autores ideológicos, pois essas ações, em regra, 
envolvem interesses de uma quantidade considerável 
de trabalhadores, envolvendo geralmente direitos 
individuais homogêneos, e, se todos estiverem 
presentes em audiência, pode haver comprometimento 
desta, bem como do próprio processo. Assim, na 
hipótese de ações plúrimas, o sindicato estando 
presente e representando todos os interessados, não 
se faz necessário que estes se façam presentes, visto 
que estão representados na figura do sindicato. No 
entanto, há mais ressalvas contidas na referida norma. 
Em relação ao empregador, a CLT lhe confere 
a faculdade de se fazer representar por gerente ou 
qualquer outro preposto que tenha conhecimento dos 
fatos, cujas declarações obrigarão o preponente (art. 
843, §1º, da CLT). O mesmo ocorre nos dissídios 
coletivos (art. 861 da CLT). 
O preposto (representante da empresa) atua 
em audiência como se fosse o empregador, tendo os 
mesmos deveres e prerrogativas; pode apresentar 
proposta de acordo, defesa oral, caso o empregador 
não tenha constituído advogado, prestar depoimento 
etc. O preposto da reclamada não precisa ser seu 
empregado. O preposto deve demonstrar que possui 
ciência dos fatos, seja por si próprio ou por informações 
de terceiros. Caso contrário, o desconhecimento dos 
fatos, alinhado com respostas evasivas, poderá acarretar 
a pena de confissão ficta ao reclamado. 
Quando a ação versar sobre relação de 
trabalho lato sensu (que não tipifica o vínculo 
empregatício), o tomador de serviços poderá ser 
representado por qualquer preposto que tenha 
conhecimento dos fatos, seguindo a orientação do §3º 
do art. 843 da CLT. 
O preposto deve ser apresentado por meio da 
Carta de Preposição, assinada pelo 
empregador/tomador de serviços, tendo em vista que 
a sua presença em audiência permite a prática de 
vários atos processuais, como celebrar acordo, prestar 
depoimento e, até, apresentar defesa, na hipótese de o 
reclamado não ter advogado. Se, porventura, o 
preposto não apresentar a carta de proposição em 
audiência, e o magistrado deve conceder um prazo 
para que ela seja juntada aos autos, pois se trata de um 
vício sanável. 
O empregado deverá comparecer 
pessoalmente à audiência. Porém, em casos de doença 
ou de impossibilidade de comparecimento, desde que 
comprovadas, poderá se valer do comparecimento de 
outro empregado pertencente à mesma profissão ou 
pelo sindicato (art. 843, §2º, da CLT), evitando o 
arquivamento da ação (leia-se extinção do processo 
sem julgamento do mérito). 
Aqui, não se trata da hipótese de 
representação, mas de um mecanismo para evitar um 
prejuízo maior ao empregado/autor, qual seja, a 
extinção do processo sem julgamento do mérito. É um 
permissivo legal para que haja o adiamento da audiência. 
Porém, esse “representante” do empregado não 
poderá praticar atos inerentes a essa condição, tais 
como renunciar, confessar, acordar e prestar 
depoimento pessoal. Inclusive, o próprio reclamante 
deve ser intimado da data da nova audiência. 
Da ausência das partes e seus efeitos: 
O não comparecimento do reclamante à 
audiência importa o arquivamento da reclamação, e o 
não comparecimento do reclamado importa revelia, 
além de confissão quanto à matéria de fato. 
Art. 844, CLT - O não-comparecimento do reclamante 
à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o 
não-comparecimento do reclamado importa revelia, além 
de confissão quanto à matéria de fato. 
§1o Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender 
o julgamento, designando nova audiência. 
§2o Na hipótese de ausência do reclamante, este será 
condenado ao pagamento das custas calculadas na forma 
do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da 
justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze 
dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente 
justificável. 
§3o O pagamento das custas a que se refere o §2o é 
condição para a propositura de nova demanda. 
§4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput 
deste artigo se: 
I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles 
contestar a ação; 
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; 
III - a petição inicial não estiver acompanhada de 
instrumento que a lei considere indispensável à prova 
do ato; 
IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante 
forem inverossímeis ou estiverem em contradição com 
prova constante dos autos. 
§5o Ainda que ausente o reclamado, estando presente 
o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e 
os documentos eventualmente apresentados. 
Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz 
suspender o julgamento, designando nova audiência. O 
legislador trabalhou com a denominada cláusula aberta, 
também conhecida por “conceito jurídico indeterminado”, 
por intermédio da qual o magistrado terá ampla liberdade, 
desde que fundamentada, para suspender a audiência. 
Abre-se um permissivo para a subjetividade do juiz, que 
analisando os fatos poderá se utilizar da regra 
mencionada. Exemplo: greve generalizada dos 
transportes ou mesmo uma onda de violência que assola 
determinada região e que impede que as pessoas saiam 
de suas casas. 
Motivos pessoais da parte também podem 
ensejar a suspensão da audiência, lembrandoque quem 
irá determinar se o motivo é ou não relevante é o 
magistrado. 
Na hipótese de ausência do reclamante, este 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art789
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art789
será condenado ao pagamento das custas calculadas na 
forma do art. 789 da CLT, ainda que beneficiário da 
justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze 
dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente 
justificável. 
As custas somente serão isentas caso o 
reclamante comprove, no prazo de 15 dias, que a 
ausência se deu por motivo legalmente justificável. O 
prazo de 15 dias para o reclamante justificar a sua 
ausência corre automaticamente a partir da audiência, ou 
seja, não é necessária a sua intimação. Uma vez 
transcorrido o prazo sem que haja manifestação do 
reclamante, as custas serão devidas. É o juiz quem 
deverá, no caso concreto, verificar se o fato justificou a 
ausência do reclamante, nos termos da lei. 
O pagamento das custas a que se refere o §2º 
é condição para a propositura de nova demanda. Uma 
vez condenado ao pagamento das custas, o reclamante 
só poderá ajuizar novamente a demanda caso 
comprove o respectivo pagamento; portanto, o 
pagamento das custas passa a ser um pressuposto 
processual objetivo. 
Quanto ao arquivamento, consiste na extinção 
do processo sem julgamento de mérito. Quando o 
reclamante der causa a dois arquivamentos, ocorrerá a 
perempção. Isso significa que ele ficará com o direito 
de ação suspenso, pelo prazo de seis meses, de 
reclamar (propor ação) perante a Justiça do Trabalho 
(art. 732 da CLT). No entanto, é necessário que sejam 
dois arquivamentos seguidos e não alternados. 
Compete ao reclamado fazer a prova de que 
tem conhecimento de que o autor deu causa a dois 
arquivamentos. A pena aplicada pelo juiz é feita por 
meio de sentença. 
Na hipótese de o reclamante não comparecer 
à audiência de instrução, também denominada audiência 
em prosseguimento (após já ter havido uma audiência 
de tentativa de conciliação), na qual deveria prestar 
depoimento pessoal, não há arquivamento do processo, 
mas confissão quanto à matéria de fato, eis que já foi 
estabelecida a litiscontestatio. 
Súmula nº 9 do TST - AUSÊNCIA DO RECLAMANTE A 
ausência do reclamante, quando adiada a instrução após 
contestada a ação em audiência, não importa 
arquivamento do processo. 
Súmula nº 74 do TST - CONFISSÃO 
I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente 
intimada com aquela cominação, não comparecer à 
audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. 
(ex-Súmula nº 74) 
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada 
em conta para confronto com a confissão ficta (arts. 442 
e 443, do CPC de 2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), 
não implicando cerceamento de defesa o indeferimento 
de provas posteriores. (ex-OJ nº 184 da SBDI-1) 
III - A vedação à produção de prova posterior pela parte 
confessa somente a ela se aplica, não afetando o 
exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir 
o processo. 
No que concerne à presença do reclamado, a 
regra impõe que ele compareça pessoalmente à 
audiência ou representado por um preposto. Caso essa 
determinação não seja respeitada, será considerado 
revel e confesso quanto à matéria fática, nos termos 
do art. 844 da CLT: “O não comparecimento do 
reclamante à audiência importa o arquivamento da 
reclamação, e o não comparecimento do reclamado 
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de 
fato”. 
No processo do trabalho, a revelia abarca duas 
situações: a ausência do reclamado à audiência e a 
ausência de contestação. Estando ausente uma 
empresa (revel e consequentemente foi confessa), mas 
a outra reclamada em sua defesa apresenta 
argumentos e provas (recibos de pagamento, cartões 
de ponto etc.) que beneficiam a ausente, os efeitos da 
revelia serão afastados. 
Mesmo havendo revelia, o juiz poderá verificar 
que os fatos narrados na inicial não condizem com a 
realidade, podendo, com fulcro na regra acima, julgar 
improcedente o pleito do reclamante. O §5º aborda a 
questão na qual o empregador não comparece e 
também não envia o seu preposto à audiência, mas o 
seu advogado se faz presente munido com a 
procuração e a defesa. O aludido parágrafo passa a 
determinar que o juiz aceite a contestação e os 
documentos que a integram. 
Em regra, o não comparecimento do 
reclamado à audiência importa em revelia, e um dos 
seus principais efeitos é a confissão ficta (art. 844 da 
CLT). Logo, os fatos narrados pelo reclamante na 
petição inicial tornar-se-ão incontroversos, possibilitando 
a aplicação da multa do art. 467 da CLT. 
Entretanto, se a reclamada comparecer à 
primeira audiência (tentativa de conciliação e apresentar 
a sua defesa), mas não comparecer à audiência em 
prosseguimento (instrução), na qual deveria depor, não 
será considerada revel, sendo considerada somente 
confessa quanto à matéria fática (confissão ficta), ou 
seja, é a presunção de serem verdadeiros os fatos 
articulados pelo adversário. 
Enoque Ribeiro entende que a solução mais 
justa para essa questão é não considerar o reclamado 
revel, posto haver defesa nos autos, contudo lhe aplicar 
a pena de confissão ficta quanto à matéria de fato, 
tendo em vista a sua ausência ou a do seu preposto. 
Portanto, os fatos narrados pela petição inicial são 
presumidamente verdadeiros, mas essa presunção de 
veracidade é meramente relativa. Isso significa dizer que 
toda prova pré-constituída nos autos poderá ser 
confrontada com os fatos aduzidos na petição inicial. 
Assim, só haverá revelia se realmente a reclamada 
deixar de comparecer à audiência e não enviar 
preposto ou advogado munido com a sua defesa. 
Tentativa de conciliação: 
Estando presentes as partes e iniciada a 
audiência, o juiz deverá tentar a conciliação (art. 846 da 
CLT). A CLT estabelece dois momentos obrigatórios, 
sem prejuízo de outros, para que haja a tentativa de 
conciliação: início da audiência e após a apresentação das 
razões finais. O magistrado deve conduzir a tentativa de 
conciliação com uma postura ativa, demonstrando às 
partes as vantagens da mesma. 
Havendo acordo, o respectivo termo de 
conciliação será lavrado, sendo este considerado 
irrecorrível, salvo para o INSS no que respeita às 
contribuições previdenciárias. O acordo, no processo 
trabalhista, possui maior força do que a própria sentença, 
posto que esta é passível de recurso, enquanto que 
aquele só é atacável por ação rescisória. 
Súmula nº 259 do TST - TERMO DE CONCILIAÇÃO. 
AÇÃO RESCISÓRIA 
Só por ação rescisória é impugnável o termo de 
conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da 
CLT. 
OJ nº 132 da SDI-II do TST - AÇÃO RESCISÓRIA. ACORDO 
HOMOLOGADO. ALCANCE. OFENSA À COISA 
Acordo celebrado - homologado judicialmente - em que o 
empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer 
ressalva, alcança não só o objeto da inicial, como também 
todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato 
de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de nova 
reclamação trabalhista. 
O termo de acordo deverá conter prazo e 
condições para o seu cumprimento (art. 846, §1º, da 
CLT). Essas condições mencionadas na lei poderão 
abarcar, além do pagamento total avençado no acordo, 
indenização ou multa, sendo que esta não poderá ser 
superior ao valor da obrigação principal (acordo), 
conforme preceitua o art. 412 do Código Civil. 
Não sendo frutífero o acordo, o reclamado terá 
20 minutos para apresentar sua defesa, todavia, na 
prática, as defesas são apresentadas por escrito, 
ressaltando que, no processo eletrônico, a defesa 
escrita deve ser remetida ao sistema antes da audiência 
(art. 22 da Resolução 185/2017 do CSJT): 
Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus 
respectivos documentos deverão ser protocolados no 
PJe até a realização da proposta de conciliação 
infrutífera, com a utilização de equipamento próprio, 
sendo automaticamente juntados, facultada a 
apresentaçãode defesa oral, na forma do art. 847 da 
CLT. 
Portanto, superada a tentativa inicial de 
conciliação, o magistrado recebe a defesa da parte 
reclamada. O momento para o reclamante se 
manifestar sobre a defesa e os seus respectivos 
documentos é na própria audiência. Nada impede, 
porém, que à parte seja concedido um prazo (que o 
juiz entender apropriado) para tal manifestação. 
Após a reclamada apresentar sua defesa, e o 
autor se manifestar, inclusive sobre os respectivos 
documentos, a instrução processual terá início, 
respeitando a seguinte ordem: depoimento pessoal do 
reclamante, depoimento pessoal da reclamada, oitiva 
das testemunhas do reclamante e oitiva das 
testemunhas da reclamada. Em havendo necessidade, 
os esclarecimentos do perito são prestados, na prática, 
antes da oitiva das testemunhas. Esquematicamente, 
conforme a CLT, temos a seguinte ordem de prática 
dos atos processuais em audiência: 
a) interrogatório e depoimento pessoal das 
partes (art. 848 da CLT); 
b) oitiva das testemunhas e dos peritos, se 
houver (art. 848, §2º, da CLT). 
O art. 775, §2º, da CLT dispõe que o juiz poderá 
alterar a ordem de produção de provas: 
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão 
contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo 
e inclusão do dia do vencimento. 
§1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo 
estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: 
I - quando o juízo entender necessário; 
II - em virtude de força maior, devidamente 
comprovada. 
§ 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e 
alterar a ordem de produção dos meios de prova, 
adequando-os às necessidades do conflito de modo a 
conferir maior efetividade à tutela do direito. 
Comparecimento de testemunhas: 
Art. 845 da CLT - O reclamante e o reclamado 
comparecerão à audiência acompanhados das suas 
testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais 
provas. 
Art. 825 da CLT - As testemunhas comparecerão a 
audiência independentemente de notificação ou 
intimação. 
Parágrafo único - As que não comparecerem serão 
intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando 
sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do 
art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à 
intimação. 
Art. 730 da CLT - Aqueles que se recusarem a depor 
como testemunhas, sem motivo justificado, incorrerão 
na multa de Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros) a Cr$ 500,00 
(quinhentos cruzeiros). 
A lei trabalhista apresenta duas hipóteses no 
que diz respeito ao comparecimento das testemunhas 
em audiência: deverão se apresentar voluntariamente, 
quando convidadas pelas partes, ou serão intimadas pelo 
juiz, quando não comparecerem espontaneamente, 
ficando sujeitas à condução coercitiva, além do 
pagamento de multa (arts. 730 e 825 da CLT). Porém, 
se as partes comprometem-se a trazer as 
testemunhas, independentemente de intimação, e estas 
não comparecem, ocorre a preclusão da prova, 
presumindo-se que a parte desistiu de ouvi-las. 
Finda a instrução, as partes poderão aduzir 
razões finais, em prazo não superior a 10 minutos. É a 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art730
possibilidade que as partem possuem para arguir 
nulidades ocorridas no curso da instrução, bem como 
robustecer os seus fundamentos, a fim de forjarem o 
convencimento do juiz. Na prática, os magistrados 
permitem que as partes apresentem razões por escrito. 
É comum também que elas façam alegações finais 
remissivas, isto é, alusivas ao quanto alegado e provado 
nos autos. No rito sumaríssimo não há razões finais. 
Após o fim do prazo para apresentação das 
razões finais, o juíz renovará a proposta de conciliação, 
sendo este ato também obrigatório. Em dois 
momentos, na audiência, é obrigatória a tentativa de 
conciliação: 
I- antes de ser apresentada a contestação 
(art. 846 da CLT); e 
II- após o oferecimento das razões finais (art. 
850 da CLT). 
Por fim, o juiz prolatará a sentença na própria 
audiência ou em audiência de “julgamento”, onde será 
publicada a decisão. 
A Defesa do Reclamado 
Fundamentos jurídicos: 
A defesa do reclamado encontra fundamento 
no art. 5º, LIV e LV, da CF/88, nos princípios do devido 
processo legal, do contraditório e da ampla defesa. 
Também fundamenta-se no o amplo acesso ao Poder 
Judiciário no art. 5º, XXXV, da CF, como também no 
princípio da inafastabilidade da jurisdição, e na garantia 
ao réu do exercício da respectiva ampla defesa. A CLT 
prevê a defesa do réu nos arts. 847 e 799 (exceções) 
a 802. 
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte 
minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da 
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas 
as partes. 
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa 
escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a 
audiência. 
No Processo do Trabalho, a defesa do reclamado 
será apresentada em audiência. Com efeito, aberta a 
audiência, o juiz proporá a conciliação (1ª tentativa 
obrigatória de conciliação no procedimento comum ou 
ordinário). Não havendo acordo, o reclamado terá 20 
minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da 
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas 
as partes. 
A CLT estabelece a defesa oral, em 
consonância com os princípios da oralidade, da 
simplicidade, da informalidade e do jus postulandi, 
inerentes ao processo do trabalho. Quando se tem mais 
de um reclamado (litisconsórcio passivo), cada um deles 
terá 20 minutos para aduzir defesa. 
Contudo, na praxe forense, é muito comum a 
defesa escrita. Tanto que o parágrafo único do art. 847 
da CLT, aduz que a parte poderá apresentar defesa 
escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até 
a audiência. A CSTJ nº 241 de 31 de maio de 2019 define 
no artigo 22 que: 
Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus 
respectivos documentos deverão ser protocolados no 
PJe até a realização da proposta de conciliação infrutífera, 
com a utilização de equipamento próprio, sendo 
automaticamente juntados, facultada a apresentação de 
defesa oral, na forma do art. 847, da CLT. 
Assim, notificado (citação) passa a ter o 
reclamado (réu) a oportunidade da ampla defesa, de 
forma facultativa, em não apresentado tem-se a 
penalidade da revelia. A peça de defesa que foi inserida 
no Pje antes da data da audiência ficará sob sigilo, 
aguardando sua liberação ou desbloqueio pelo 
magistrado no início da audiência em que haja o 
comparecimento das partes. A norma consolidada não 
utiliza a nomenclatura contestação, mas sim a 
expressão defesa. 
Em relação à exceção, a CLT só faz alusão às 
de foro (incompetência territorial) e de suspeição. 
Assim, não trata da exceção de impedimento nem da 
reconvenção, mas essas duas formas de resposta são 
plenamente condizentes com o processo do trabalho, 
sendo utilizadas as regras do processo civil. A resposta 
do réu é um gênero, abarcando três espécies: 
a) contestação, 
b) exceções (sentido estrito), 
c) objeções e reconvenção (não sendo esta uma 
defesa, mas ação típica do réu contra o autor do 
processo originário, uma espécie de contra-ataque). 
Esse direito de defesa, em sentido amplo, está 
consubstanciado nos princípios constitucionais do devido 
processo legal, da inafastabilidade da jurisdição, do 
contraditório e da ampla defesa. 
Defesas processuais (preliminares de defesa): 
As defesas processuais são utilizadas para 
combater eventuais vícios da relação jurídico-
processual, não objetivando atacar o mérito. O seu alvo 
são os requisitos de pertinência da ação (condições da 
ação) e do processo (pressupostos processuais). São 
também reconhecidas por defesas preliminares ou, 
simplesmente, preliminares. São defesas indiretas. 
As preliminares envolvem questões 
estritamente processuais. As preliminares são questões 
antecedentes cuja solução determina a possibilidade ou 
não de o julgador apreciar a questão subordinada, isto 
é, o mérito do processo. Por meio delas o reclamado 
irá discutir se o processo está formalmenteapto para 
que o juiz possa julgar o mérito. As preliminares de 
contestação, via de regra, são questões processuais e 
de ordem pública, devendo ser alegadas e apreciadas 
antes da análise do mérito. 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, 
alegar: 
I – inexistência ou nulidade da citação; 
II – incompetência absoluta e relativa; 
III – incorreção do valor da causa; 
IV – inépcia da petição inicial; 
V – perempção; 
VI – litispendência; 
VII – coisa julgada; 
VIII – conexão; 
IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou 
falta de autorização; 
X – convenção de arbitragem; 
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige 
como preliminar; 
XII – indevida concessão do benefício de gratuidade de 
justiça. 
Como a CLT nada menciona, o art. 337 em 
tela é aplicável ao Processo do Trabalho, com algumas 
adaptações. Essas preliminares são também conhecidas 
por objeções, pois podem ser reconhecidas de ofício 
pelo juiz, exceto a convenção de arbitragem e a 
incompetência relativa. 
As objeções são as matérias de defesa 
alegadas pelo réu e que podem ser declaradas de ofício 
pelo magistrado, a qualquer tempo e grau de jurisdição, 
estando relacionadas às questões de ordem pública. No 
que concerne ao seu conteúdo, a objeção pode ser 
processual (ex.: condições ação e pressupostos 
processuais) ou material (prescrição e decadência legal). 
No processo civil, a incompetência relativa deixa 
de ser alegada por exceção e passa a ser arguida como 
preliminar de contestação. Essa regra não poderá ser 
aplicada ao processo do trabalho, tendo em vista que a 
reforma trabalhista trouxe procedimento próprio para o 
âmbito do processo do trabalho (art. 800 CLT). 
Art. 799 da CLT - Nas causas da jurisdição da Justiça do 
Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão 
do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. 
§1º - As demais exceções serão alegadas como 
matéria de defesa. 
§2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e 
incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do 
feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as 
partes alegá-las novamente no recurso que couber da 
decisão final. 
Ainda: 
Art. 800 da CLT - Apresentada exceção de 
incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar 
da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize 
a existência desta exceção, seguir-se-á o 
procedimento estabelecido neste artigo. 
§1o Protocolada a petição, será suspenso o processo e 
não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 
desta Consolidação até que se decida a exceção. 
§2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que 
intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, 
para manifestação no prazo comum de cinco dias. 
§3o Se entender necessária a produção de prova oral, 
o juízo designará audiência, garantindo o direito de o 
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por 
carta precatória, no juízo que este houver indicado 
como competente. 
§4o Decidida a exceção de incompetência territorial, o 
processo retomará seu curso, com a designação de 
audiência, a apresentação de defesa e a instrução 
processual perante o juízo competente. 
Temos assim a exceção de incompetência de 
maneira específica, nos arts. 799 e 800 da CLT. A 
incompetência relativa (em razão do lugar) é matéria 
dispositiva, ou seja, de interesse privado. Portanto, não 
poderá ser declarada de ofício pelo juiz, devendo 
sempre ser perquirida pela parte interessada, qual seja, 
o reclamado/réu. 
1 - Orientação Jurisprudencial 149/TST-SDI-II - 
Competência. Conflito. Incompetência territorial. Hipótese 
do art. 651, §3º, da CLT. Impossibilidade de declaração 
de ofício de incompetência relativa. Não cabe declaração 
de ofício de incompetência territorial no caso do uso, 
pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, 
§3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo 
reconhecimento da competência do juízo do local onde 
a ação foi proposta. 
O STJ também entende que a incompetência 
relativa não pode ser declarada de ofício, consoante 
consta da Súmula 33: “A incompetência relativa não 
pode ser declarada de ofício”. Além disso, dentre as 
defesas processuais algumas são peremptórias e outras 
dilatórias. As peremptórias, uma vez reconhecidas, 
implicarão na extinção do processo sem resolução do 
mérito, como nas hipóteses de inépcia da petição inicial; 
perempção, litispendência, coisa julgada; falta de 
condições da ação e convenção de arbitragem. 
Contudo, antes de julgar, extinguindo o 
processo, o juiz deverá intimar previamente as partes, 
pois a perempção, no processo do trabalho, não possui 
o sentido adotado no CPC, no âmbito trabalhista, o que 
ocorre é a suspensão, por seis meses, do direito de 
propor ação. As situações ensejadoras da perempção 
estão previstas nos artigos da CLT abaixo alinhavados 
no artigo 731 da CLT: 
Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor 
reclamação verbal, não se apresentar, no prazo 
estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou 
Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena 
de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de 
reclamar perante a Justiça do Trabalho. 
Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá 
o reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa 
ao arquivamento de que trata o art. 844. 
A litispendência surge quando se repete ação 
que está em curso. Uma ação é idêntica a outra quando 
possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o 
mesmo pedido (art. 337, §3º). Há coisa julgada quando 
se repete ação idêntica que já foi decidida por decisão 
transitada em julgado (art. 337, §4º). 
A falta de condições da ação diz respeito à 
ausência de legitimidade e interesse processual (de agir). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art843
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art843
https://www.legjur.com/legislacao/art/dcl_00054521943
https://www.legjur.com/legislacao/art/dcl_00054521943
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art786
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art844
Também pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. 
Lembrando que não há mais, como condição da ação, 
na ótica do Código de Processo Civil de 2015, a 
possibilidade jurídica do pedido. 
As preliminares dilatórias não geram a extinção 
do processo, mas a sua procrastinação. Elas mencionam 
vícios processuais, que devem ser sanados para que o 
processo possa caminhar até o julgamento do mérito. 
São elas: 
• inexistência ou nulidade da citação; 
• incompetência absoluta e relativa; 
• incorreção do valor da causa; conexão; 
• incapacidade da parte, defeito de representação 
ou falta de autorização; 
• falta de caução ou de outra prestação que a lei 
exige como preliminar; 
• indevida concessão do benefício de gratuidade 
de justiça. 
O requisito caução não é aplicado ao processo 
do trabalho, por não se coadunar com os seus 
princípios, além de ser um óbice ao trabalhador para 
efetivar o livre acesso à Justiça. 
Defesa do mérito: 
A defesa de mérito, também denominada de 
substancial, pode ser estudada sob dois aspectos. A 
defesa direta e a defesa indireta do mérito. 
a) Defesa direta: 
A defesa direta configura-se quando o réu 
ataca o fato constitutivo da pretensão requerida pelo 
autor. Denega a existência do fato constitutivo do direito 
do autor, ou seja, alega a inexistência fatos declinados 
na petição inicial. Pode impugnar os fatos e 
fundamentos jurídicos do pedido. A título 
exemplificativo, temos a hipóteses em que o autor 
alega, em sua inicial, ter prestado serviços com todos 
os requisitos tipificadores da relação de emprego. O 
reclamado, em sua peça de defesa, nega a prestação 
de serviços (fato constitutivo do direito do autor). Nesse 
diapasão, o reclamado deverá elidir os pedidos e os 
fundamentos jurídicos desejadospelo autor, de forma 
específica, não podendo se pautar em uma defesa 
genérica. É o ônus da impugnação especificada. Trata-
se de um ônus imputado ao réu, que deve atacar por 
meio de sua contestação, na parte do mérito, todos os 
fatos e fundamentos jurídicos trazidos pelo autor, sob 
pena de os fatos não atacados de maneira específica 
serem considerados incontroversos e, por isso, 
verdadeiros, conforme artigo 341 do CPC. 
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se 
precisamente sobre as alegações de fato constantes da 
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não 
impugnadas, salvo se: 
I- não for admissível, a seu respeito, a confissão; 
II- a petição inicial não estiver acompanhada de 
instrumento que a lei considerar da substância do ato; 
III- estiverem em contradição com a defesa, considerada 
em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da 
impugnação especificada dos fatos não se aplica ao 
defensor público, ao advogado dativo e ao curador 
especial. 
b) Defesa indireta: 
Já na defesa indireta do mérito, o réu, apesar 
de reconhecer fato constitutivo que embasa a 
pretensão do autor, imputa-lhe fatos extintivos, 
impeditivos ou modificativos. Normalmente, alegam-se 
como prejudiciais de mérito, no Processo do Trabalho, 
a prescrição, a decadência, a compensação, a renúncia 
e a retenção. 
• Compensação e retenção: 
São formas de defesa indireta do mérito, 
constituindo fatos modificativos da pretensão do autor. 
Segundo o art. 767 da CLT: “A compensação ou 
retenção, só poderá ser arguida como matéria de 
defesa”. Momento oportuno para alegação da 
compensação ou da retenção será na contestação 
apresentada em audiência, sob pena de restar preclusa 
a matéria. Dessa forma, não há espaço para se discutir 
os institutos em lume nas razões finais, em recursos ou, 
até mesmo, na fase de execução. 
Súmula nº 48 do TST - COMPENSAÇÃO 
A compensação só poderá ser argüida com a 
contestação. 
Ainda: 
Súmula nº 18 do TST - COMPENSAÇÃO 
A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a 
dívidas de natureza trabalhista. 
Na compensação, duas pessoas são credoras 
e devedoras, concomitantemente, uma da outra. Dessa 
forma, quando o reclamado entender ser credor do 
reclamante, poderá requerer que a dívida do 
empregado seja compensada com os eventuais 
créditos deste, desde que a dívida seja de natureza 
trabalhista (adiantamentos salariais, aviso prévio não 
concedido pelo empregado, prejuízos causados por 
dolo do empregado). 
Por outro lado, quando a compensação for 
alegada em juízo, como matéria de defesa, 
entendemos não existir um valor limite, já que se trata 
de um litígio sob a apreciação do Judiciário. Claro que 
os valores a serem compensados só podem ser 
relacionados ao contrato de trabalho e limitados aos 
créditos postulados pelo reclamante. Caso o 
empregador requeira valores superiores aos pleiteados 
pelo reclamante deverá ajuizar uma reconvenção. 
• Distinção: 
A compensação não pode ser confundida com 
a dedução, embora sejam próximas. A dedução na 
Justiça do Trabalho surge quando o juiz, analisando os 
recibos de pagamentos, constata já ter havido alguns 
pagamentos referentes às verbas postuladas, ou seja, já 
ter havido cumprimento parcial da obrigação, 
relacionados aos mesmos títulos. É determinado que os 
valores já pagos sejam abatidos do valor total da 
condenação. Essa dedução pode ocorrer de ofício pelo 
juiz do trabalho, posto ser matéria de ordem pública, 
calcada no princípio do não enriquecimento sem causa. 
1 - Orientação Jurisprudencial 415/TST-SDI-I - Jornada de 
trabalho. Horas extras. Reconhecimento em juízo. Critério 
de dedução ou abatimento dos valores 
comprovadamente pagos no curso do contrato de 
trabalho. CLT, art. 59. A dedução das horas extras 
comprovadamente pagas daquelas reconhecidas em 
juízo não pode ser limitada ao mês de apuração, 
devendo ser integral e aferida pelo total das horas 
extraordinárias quitadas durante o período imprescrito 
do contrato de trabalho. 
O direito de retenção, por sua vez, em 
aspectos genéricos, caracteriza-se como o direito do 
possuidor direto ou do detentor de coisa alheia de 
manter consigo o bem, a fim de forçar o cumprimento 
de uma obrigação pelo titular do objeto, em seu 
benefício. Esta hipótese ocorre em prol do credor, 
impelindo o devedor ao pagamento. 
Na seara trabalhista, pode ocorrer, 
exemplificativamente, quando, em virtude de dano 
ocasionado pelo trabalhador ao respectivo empregador, 
adquire este último o direito de ser indenizado pelos 
prejuízos sofridos. Desta feita, a coisa pertencente ao 
devedor (reclamante) poderá ser retida pelo credor 
(reclamado), até que aquele quite sua dívida para com 
este, sendo requisitos para sua configuração. 
• Prescrição e decadência: 
Ambas são hipóteses de fatos extintivos de 
direito, pois, se presentes, geram o julgamento do 
processo, com análise do mérito. São prejudiciais de 
mérito, pois sua análise precede as demais defesas de 
mérito, já que o seu reconhecimento gera o imediato 
julgamento do processo, sem que seja necessário 
apreciar as demais defesas. 
A prescrição intercorrente é aquela que 
ocorre no curso do processo ou entre um processo e 
outro. Com as recentes alterações processuais, as quais 
acabaram com a separação entre o processo de 
conhecimento e de execução de título judicial, que 
deram ensejo ao surgimento do processo sincrético, a 
prescrição intercorrente também poderá se dar entre 
as fases do processo (conhecimento e execução). 
A prescrição intercorrente é aplicável ao 
Processo do Trabalho, em face da expressa previsão 
legal do art. 884, §1º, da CLT. Todavia, não tendo sido 
determinada a suspensão do processo, não há falar em 
prescrição intercorrente, consoante §4º e caput do art. 
40 da Lei 6.830/80. Embora o TST tenha entendido 
ser inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição 
intercorrente (Súmula 114), o STF, por meio da Súmula 
327, adota posição contrária ao considerar que “O 
Direito Trabalhista admite a prescrição intercorrente” . 
Nesse sentido, destaca-se que o STF é, por excelência, 
o guardião da Constituição da República, norma maior 
do ordenamento jurídico brasileiro e pilar principal do 
Estado Democrático de Direito brasileiro, e atualmente 
suas decisões consolidadas são de grande relevância e 
prestígio, podendo atingir, inclusive, efeito vinculante. 
A prescrição aplicada ex officio tem aplicação 
no Direito do Trabalho (arts. 8º e 889 da CLT) e no 
Direito Processual do Trabalho (art. 769), por não haver 
incompatibilidade com as regras trabalhistas e porque o 
sistema de proteção do trabalhador não pode 
ultrapassar os limites do Direito Material para atingir o 
Direito Processual. Também não se pode olvidar que a 
própria Constituição prevê prazo prescricional para os 
créditos de natureza trabalhista. 
Logo, a parte interessada deve alegar a 
prescrição até o momento das razões de recurso 
ordinário, situação que garante o contraditório para o 
adversário, já que poderá se manifestar nas 
contrarrazões. Ademais, para se alcançar a instância 
extraordinária (TST ou STF) é necessário o 
prequestionamento da matéria, ou seja, a matéria, no 
caso a prescrição, deve ter sido discutida em instâncias 
originárias, não podendo ser alegada, ordinariamente, na 
instância extraordinária. 
No que tange à prescrição intercorrente, que 
é aquela que surge no curso da ação, mormente no 
curso da fase de execução (prescrição da pretensão 
executiva) o TST, por longo período, defendeu ser 
inaplicável na Justiça do Trabalho, conforme preceito 
estampado na Súmula 114. Entretanto, o STF entende 
ser aplicável a prescrição intercorrente na Justiça do 
Trabalho, de acordo com a Súmula 327. Com a reforma 
trabalhista, o juiz poderá declarar de ofício a prescrição 
intercorrente (prescrição da pretensão executiva). 
Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das 
relações de trabalho prescreve em cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de

Outros materiais