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Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 01 INTRODUÇÃO E PRINCIPAISASPECTOS HISTÓRICOS A Família no Código Civil de 1916 • Matrimônio indissolúvel • Caráter religioso • Patriarcalismo • Proteção do patrimônio • Hierarquia Homem>Mulher Homem > filhos • Desigualdade entre os filhos Família(s) na Constituição de 1988 • Pluralidade das formas familiares • Igualdade entre cônjuges • Igualdade entre filhos • Proteção dos membros da família Art. 226.A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010) § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. Rol exemplificativo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm "Ora, a família democrática nada mais é do que a família em que a dignidade de seus membros, das pessoas que a compõe, é respeitada, incentivada e tutelada. Do mesmo modo, a família “dignificada”, isto é, abrangida e conformada pelo conceito de dignidade humana é, necessariamente, uma família democratizada." (Maria Celina Bodin de Moraes) Código Civil de 2002 • CC 2002 como "espelho retrovisor" (Rodrigo Xavier Leonardo) • Anteprojeto da década de 1970, anterior à Constituição • Exposição de motivos do CC 2002 indicando o intuito de manter, no que fosse possível, a redação do CC 1916 • Esforço doutrinário e jurisprudencial para harmonização do CC 2002 à Constituição LAERTE Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 02 CASAMENTO - PARTE 1 ESCALADA DO AFETO Qual "etiqueta" dar para determinado relacionamento? QUANDO FALAMOS EM CASAMENTO, QUAIS IMAGENS SURGEM NA SUA MENTE? “NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL DE DIREITO DE FAMÍLIA QUE SE APERFEIÇOA COM A VONTADE EXPRESSA DOS NUBENTES (HOMEM E MULHER) NA FORMA DA LEI”. LAMARTINE E MUNIZ DEFINIÇÃO CLÁSSICA CÓDIGO CIVIL DE 1916 • MARIDO • PROPRIETÁRIO • CONTRATANTE • TESTADOR Art. 353: A legitimação resulta do casamento dos pais, estando concebido, ou depois de havido o filho. o CIVIL (pode ter a forma religiosa) o IGUALDADE ENTRE OS FILHOS o LIVRE PLANEJAMENTO FAMILIAR (Art. 1.513 CC) CASAMENTO – CC 2002 o PLURALISMO o IGUALDADE – “PODER FAMILIAR” o SOLÚVEL (separação e divórcio) CASAMENTO – CC 2002 HABILITAÇÃO CELEBRAÇÃO EFICÁCIA CASAMENTO – CC 2002 o Pessoalmente - Registro Civil o Impugnação (oficial, do MP ou terceiro): submetida ao juiz o Ok à EDITAL (15 dias no cartório + publicação na imprensa local) o Havendo urgência: publicação poderá ser dispensada o Eficácia: 90 dias do certificado oIDADE NÚBIL: 16 ANOS – AUTORIZAÇÃO * oExcepcionalmente: GRAVIDEZ oArt. 218 do C Penal - Lei nº 12.015/2009 HOJE: PROIBIÇÃO DO CASAMENTO INFANTIL LEI 13.811/2019 CAPACIDADE – IDADE NÚBIL APLICAÇÃO DA NOVA REDAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE MEDIDAS DE PROTEÇÃO – DECISÃO RECORRIDA QUE INDEFERIU O DESACOLHIMENTO DA MENOR JESSICA DE 15 ANOS E DE SUA FILHA AGATHA DE APENAS 1 ANO DE VIDA – IRRESIGNAÇÃO DA GENITORA – PLEITO DE ENTREGA DAS MENORES AO NAMORADO DA ADOLESCENTE,AO ARGUMENTO DE QUE ELES TEM UM RELACIONAMENTO ESTÁVEL E SAUDÁVEL – IMPOSSIBILIDADE – ADOLESCENTE QUE NÃO SE ENCONTRA EM IDADE NÚBIL – PRETENSÃO QUE VIOLA A REGRA DO ARTIGO 1.520 DO CC – AGRAVANTE QUE RECONHECE QUE O NAMORADO DA MENOR NÃO REÚNE CONDIÇÕES DE CUIDAR DA ADOLESCENTE E DA BEBÊ – ESTUDOS TÉCNICOS QUE RECOMENDAM A MANUTENÇÃO DO ACOLHIMENTO DAS MENORES – DECISÃO MANTIDA.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.O pleito para o desacolhimento de Jessica de 15 anos, juntamente com sua filha Agatha de apenas 1 ano de idade, com a entrega das menores ao atual namorado da adolescente, o Sr. Diego, ao contrário do que sustenta a Agravante, não representa a medida adequada a garantir o melhor interesse das menores. Assim, considerando que os estudos técnicos concluem pela manutenção do acolhimento institucional das infantes, esta é, por ora, a medida adotada, pelo que deve ser mantida a decisão recorrida. (TJPR - 12ª C.Cível - 0021971-25.2020.8.16.0000 - Guarapuava - Rel.: DESEMBARGADOR ROBERTO ANTONIO MASSARO - J. 22.07.2020) APLICAÇÃO DA NOVA REDAÇÃO MENOR. SUPRIMENTO DE IDADE NÚBIL. AUTORA, NASCIDA EM MAIO DE 2006, E QUE COMPLETOU RECENTEMENTE 15 ANOS DE IDADE, QUE PRETENDE CASAR-SE COM SEU ATUAL NAMORADO. AUTORA QUE ADUZ HAVER ENGRAVIDADO E ESTAR NA IMINÊNCIA DE DAR À LUZ O FILHO DO CASAL. ALEGAÇÃO DE QUE O CASAMENTO, NA ESPÉCIE, PRIVILEGIARIA OS INTERESSES DO NASCITURO, BEM COMO O DE SUA FAMÍLIA. INADMISSIBILIDADE. AUTORA QUE NÃO ALCANÇOU A IDADE NÚBIL DE 16 ANOS PREVISTA PELO ART. 1.517 DO CC. ADEMAIS, EMBORA O ART. 1.520 DO CC AUTORIZASSE EXCEPCIONALMENTE O CASAMENTO ANTES DO ALCANCE DA IDADE NÚBIL PARA EVITAR-SE IMPOSIÇÃO OU CUMPRIMENTO DE PENA CRIMINAL, OU NA HIPÓTESE DE GRAVIDEZ, REFERIDO DISPOSITIVO FOI REVOGADO COM O ADVENTO DA LEI 13.811/2019. ATUAL REDAÇÃO DO ART. 1.520 DO CC QUE VEDA, EM CARÁTER ABSOLUTO, O CASAMENTO DE QUEM NÃO ATINGIU A IDADE NÚBIL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1007581-69.2020.8.26.0286; Relator (a): Vito Guglielmi; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de Itu - 3ªVara Cível; Data do Julgamento: 07/07/2021; Data de Registro: 07/07/2021) Art. 1.521. Não PODEM casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. IMPEDIMENTOS oDECRETO-LEI N 3.200/41: POSSIBILIDADE DE CASAMENTO COM COLATERAIS DE 3 GRAU oTRÂNSITO EM JULGADO DA AÇÃO PENAL oREAB. CRIMINAL NÃO AFASTA IMPEDIMENTO oNÃO É NECESSÁRIO A PARTICIPAÇÃO DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE NO CRIME IMPEDIMENTOS Art. 1.523. Não DEVEM casar (..) SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS CAUSAS SUSPENSIVAS AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO – CASAMENTO AVUNCULAR APELAÇÃO CÍVEL. Alvará Judicial – Autorização para conversão de união estável em casamento entre tio e sobrinha - Sentença de Improcedência – Inconformismo que prospera– Casamento avuncular – Impedimento previsto no art. 1.521, IV", do CCB que deve ser interpretado nos termos do Decreto-lei n. 3.200/41 – Aplicação do Enunciado n° 98, do "CJF" - Casamento entre colaterais de 3º grau que pode ser procedido mediante comprovação médica de inexistência de risco à eventual prole – Instrução probatória produzida a contento – Interessada que se encontra em período de menopausa, que impede a concepção pelas vias ordinárias - Sentença de Primeiro Grau reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, para se autorizar a conversão da união estável em matrimônio. (TJSP; Apelação Cível 1004177-36.2019.8.26.0224; Relator (a): Penna Machado; Órgão Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 01/02/2021; Data de Registro: 01/02/2021) - Cartório do Registro Civil ou outro local - Pública (“portas abertas”) - Papel central da vontade - Solene Art. 1.535. "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados." CELEBRAÇÃO MORTE NA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO • Em qual momento o casamento passa a valer? Ø início da cerimônia Ø consentimento dos noivos Ø fala do celebrante Ø fim da cerimônia CASAMENTO E CAPACIDADE AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CASAMENTO – Ação ajuizada pelo Ministério Público, com fundamento na incapacidade da ré, que havia sido anteriormente interditada - Sentença de procedência - Recurso do próprio Ministério Público, postulando a reforma da sentença, já que a deficiência seria parcial e que a legislação atual permite o casamento – Laudo pericial que indica a existência de deficiência leve – Incapacidade que não restringe a possibilidade de casamento – Lei no. 13.416/15 que revogou o art. 1.548, I, CC – Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 1008843-59.2014.8.26.0320; Relator (a): Marcus Vinicius Rios Gonçalves; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de Limeira - 1ªVara Cível; Data do Julgamento: 27/07/2021; Data de Registro: 27/07/2021) CASAMENTO E CAPACIDADE CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO AJUIZADA PELA FILHA. ALEGAÇÃO DE DILAPIDAÇÃO DE PATRIMÔNIO E AUSENCIA DE PLENO DISCERNIMENTO DO SEU GENITOR. INTERDIÇÃO PARCIAL DECRETADA EM OUTRO PROCESSO. PROVA PERICIAL REALIZADA. CONSTATAÇÃO DE CAPACIDADE PARA OS ATOS DA VIDA CIVIL. LIMITAÇÕES APENAS FÍSICAS. CASAMENTO REALIZADO ANTES DA SENTENÇA DE INTERDIÇÃO. 1. Conforme se infere do artigo 1.550 do Código Civil, a previsão expressa da incapacidade de consentir para o ato do casamento (inciso IV) abrange os ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos, as pessoas com discernimento mental reduzido e os excepcionais sem desenvolvimento completo. In casu, a incapacidade do apelado se restringe à limitações físicas, decorrentes da sua idade avançada, não havendo qualquer deficiência mental ou intelectual que afete a capacidade de manifestar a sua vontade. 2. A sentença que decretou a interdição do genitor da apelante foi posterior ao casamento realizado e somente relativa a negócios de administração de bens e negócios de cunho patrimonial, não abrangendo, portanto, o instituto do casamento. Assim, não há que se falar em necessidade da anuência de seu curador para realização e concretização do ato. 3. Consoante laudo pericial realizado, diante da capacidade intelectual e psíquica reconhecidas antes da sentença que decretou a interdição do genitor da autora, o apelado podia, à época, dispor do seu patrimônio da maneira que entendesse melhor, tendo os seus descentes apenas uma expectativa de direito de herança com relação a tais bens. 4. Recurso desprovido. Sentença mantida. (TJDFT, Apelação Cível 2014.01.1.052311-4, Acórdão 953.151, 5.ª Turma Cível, Rel. Des. Josaphá Francisco dos Santos, j. 06.07.2016, DJDFTE 15.07.2016) ANULAÇÃO DE CASAMENTO E PESSOA COM DEFICIÊNCIA APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA REJEITADA. INCAPACIDADE DO NUBENTE DEVIDAMENTE DEMONSTRADA. PESSOA COM DEFICIENCIA. DEVER DE PROTEÇÃO PELO ESTADO BRASILEIRO. CONVENÇÃO DE NOVA YORK. DECRETO 6.949/2009. SENTENÇA MANTIDA. 1. Segundo o art. 370 do CPC, o juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe decidir motivadamente quais são os elementos suficientes para formar seu convencimento, a fim de que possa apreciar fundamentadamente a questão controvertida. 1.1. Tratando-se de ação anulatória de casamento fundada em suposta incapacidade de um dos nubentes e existindo prova pericial de médico especialista, torna-se desnecessária a oitiva de testemunhas que não possuem a capacidade de realizar este diagnóstico. Preliminar de cerceamento de defesa rejeitada. 2. Na forma do art. 1.550, IV, do Código Civil, é anulável o casamento do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento. 2.1. Na situação em exame, o nubente sofreu variados AVCs nos anos anteriores ao casamento, o que comprometeu a sua lucidez e sua capacidade de tomar decisões em sua vida civil, fragilidade de saúde esta que era de conhecimento da ré, a qual atuava como cuidadora contratada. 3. A República Federativa do Brasil é signatária da Convenção de Nova York sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto 6.949/2009), legislação esta com status de emenda constitucional, por observar os requisitos do § 3º do art. 5º da Constituição. 3.1. É dever do Estado Brasileiro adotar medidas para proteger as pessoas com deficiência, tanto dentro como fora do lar, contra todas as formas de exploração, violência e abuso. Inteligência do art. 16 deste documento internacional. 4. Apelação cível conhecida e desprovida. Determinou-se a extração de cópias ao Ministério Público para a apuração de eventuais condutas criminosas. (TJDFT, 00332.38-05.2014.8.07.0016, Ac. 113.5440, 7.ª Turma Cível, Rel. Des. Gislene Pinheiro, j. 07.11.2018, DJDFTE 09.11.2018) Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 03 CASAMENTO - PARTE 2 oINSTRUMENTO PÚBLICO oVALIDADE DE 90 DIAS oNOME ESPECÍFICO DO OUTRO NUBENTE oREVOGAÇÃO à INSTRUMENTO PÚBLICO CASAMENTO POR PROCURAÇÃO oDUAS TESTEMUNHAS (LER E ESCREVER) oENFERMIDADE – IMPEDIMENTO DE LOCOMOÇÃO oRESPEITO ÀS FORMALIDADES PRELIMINARES CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE oIMINENTE RISCO DE MORTE oDISPENSA DA HABILITAÇÃO oOUTRAS FORMALIDADES CASAMENTO NUNCUPATIVO Art. 1.540: Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. CASAMENTO NUNCUPATIVO Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. (…) § 4o O assento assim lavrado retrotragirá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. § 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. TEORIA DAS NULIDADES -CASAMENTO NULO Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - por infringência de impedimento. Art. 1.549.A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. CASAMENTO NUNCUPATIVO – AFASTAMENTO DO PRAZO DE 10 DIAS CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. OMISSÃO RELEVANTE NO ACÓRDÃO RECORRIDO. INOCORRÊNCIA. QUESTÃO EXPRESSAMENTE DECIDIDA. CASAMENTO NUNCUPATIVO. EXCEPCIONALIDADE. POSTERGAÇÃO DAS FORMALIDADES LEGAIS. REQUISITOS LEGAIS. IMINENTE RISCO DE VIDA. IMPOSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DA PRESENÇA DA AUTORIDADE. PRESENÇA DE SEIS TESTEMUNHAS SEM PARENTESCO EM LINHA RETA OU COLATERAL ATÉ SEGUNDO GRAU. PROCEDIMENTO. COMPARECIMENTO DAS TESTEMUNHAS PERANTE AUTORIDADE JUDICIAL EM 10 DIAS. REDUÇÃO A TERMO DE SUAS DECLARAÇÕES SOBRE O RISCO DE VIDA E O CONSENTIMENTO DOS NUBENTES. VERIFICAÇÃO POSTERIOR DE CAPACIDADE E IMPEDIMENTOS. DIFERENÇA ENTRE OS REQUISITOS SUBSTANCIAIS OU FORMAIS DO ATO. PRESENÇA DE SEIS TESTEMUNHAS E SUA QUALIDADE. PROPÓSITO DE VALIDAR O CONSENTIMENTO E EVITAR FRAUDES. CAPACIDADE E HABILITAÇÃO TAMBÉM INDISPENSÁVEIS. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO DE 10 DIAS. REQUISITO QUE NÃO SE RELACIONA COM A SUBSTÂNCIA DO ATO. FLEXIBILIZAÇÃO.POSSIBILIDADE.AUSÊNCIA DE MÁ- FÉ. RECUSA DE REGISTRO APENAS SOB ESSE FUNDAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1- Ação ajuizada em 22/01/2019. Recurso especial interposto em 20/05/2021 e atribuído à Relatora em 22/11/2021. 2- Os propósitos recursais consistem em definir: (i) se há omissão relevante no acórdão recorrido; (ii) se é admissível a flexibilização da regra segundo a qual, em se tratando de casamento nuncupativo, deverão as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial, em 10 dias, para que sejam tomadas suas declarações (art. 1.541, caput, CC/2002). 3- Não há que se falar em omissão relevante quando o acórdão recorrido, diferentemente do que alega a parte, enfrentou adequadamente a questão controvertida e se pronunciou especificamente sobre o dispositivo legal violado. 4- O casamento nuncupativo, também denominado de in articulo mortis ou in extremis, é uma figura de raríssima incidência prática, cuja particularidade é a postergação das formalidades legais indispensáveis à celebração do casamento em virtude da presença de circunstâncias muito excepcionais. 5- Da análise dos dispositivos legais que disciplinam o instituto, vê-se que essa espécie de casamento pressupõe: (i) que um dos contraentes esteja em iminente risco de vida; (ii) que não seja possível obter a presença da autoridade responsável para presidir o ato; e (iii) que o casamento seja celebrado na presença de seis testemunhas que não possuam parentesco em linha reta ou colateral até segundo grau com os nubentes. [...] CASAMENTO NUNCUPATIVO – AFASTAMENTO DO PRAZO DE 10 DIAS 6- Presentes esses requisitos, deverão as testemunhas comparecer a autoridade judicial em 10 dias, a quem caberá tomar a declaração de que: (i) foram convocadas por parte do enfermo; (ii) que o enfermo se encontrava em perigo de vida, mas com plena ciência do ato; e (iii) que, em sua presença, declararam os contraentes, por livre e espontânea vontade, o desejo de se casarem; ato contínuo, caberá ao juiz proceder às diligências necessárias para verificar, apenas a posteriori, se os contraentes poderiam ter se habilitado na forma ordinária, ouvir eventuais interessados e, se constatada a idoneidade dos cônjuges, registrar o casamento. 7- É indispensável à substância do ato que tenha sido o casamento celebrado na presença de seis testemunhas que não tenham parentesco em linha reta ou, na colateral, até o segundo grau, com os contraentes e que declarem que aquela era mesmo a vontade dos nubentes, com o propósito de validar o consentimento externado e evitar a prática de fraude. 8- Também é elemento essencial para o registro dessa espécie de casamento o fato de os contraentes serem capazes e não estarem impedidos ao tempo da celebração do matrimônio nuncupativo, pois, se não poderiam os nubentes casar pela modalidade ordinária, não poderiam casar, de igual modo, por essa modalidade excepcional. 9- A observância do prazo de 10 dias para que as testemunhas compareçam à autoridade judicial, conquanto diga respeito à formalidade do ato, não trata de sua essência e de sua substância e, consequentemente, não está associado à sua existência, validade ou eficácia, razão pela qual se trata, em tese, de formalidade suscetível de flexibilização, especialmente quando constatada a ausência de má-fé. 10- Hipótese em que as instâncias ordinárias recusaram o registro do casamento somente ao fundamento de inobservância do prazo legal, sem examinar, contudo, os demais elementos estruturais do ato jurídico, bem como deixaram de considerar, especificamente quanto ao prazo, a ausência de má-fé do contraente supérstite, o curto período entre o casamento e o falecimento da nubente, o período de luto do contraente sobrevivente, a dificuldade de cumprimento do prazo pelas testemunhas e o natural desconhecimento da tramitação e formalização dessa rara hipótese de celebração do matrimônio. 11- Recurso especial conhecido e provido, a fim de, afastado o óbice da inobservância do prazo de 10 dias, determinar seja dado regular prosseguimento ao pedido, perquirindo-se sobre o cumprimento das demais formalidades legais. (REsp 1978121/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRATURMA, julgado em 22/03/2022, DJe 25/03/2022.) TEORIA DAS NULIDADES -CASAMENTO ANULÁVEL Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. CASOS JULGADOS REQUISITOS – CONFIGURAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA Ementa de acórdão do TJMG mantido por decisão monocrática no STJ “ANULAÇÃO DE CASAMENTO - ALEGAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA - AUSÊNCIA - REQUISITOS PARA EVENTUAL DISSOLUÇÃO. 1 - Em relação ao erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, para que se justifique a anulação do casamento com base nesse argumento, necessário que haja a cabal demonstração de três requisitos: a anterioridade da circunstância ignorada pelo cônjuge (defeito físico irremediável ou moléstia grave transmissível), a ignorância de crime que torne a vida em comum insuportável ou, ainda, relevante erro quanto à sua identidade, sua honra e boa fama, com posterior conhecimento do cônjuge enganado; 2 - O comportamento do cônjuge posterior ao casamento não caracteriza erro essencial que autoriza a anulação de casamento, máxime porque não impediu a consumação do matrimônio.” Trecho da decisão: “cumpre destacar que os efeitos da ação de anulação de casamento são muito mais intensos e abrangentes que o da ação de divórcio, já que na primeira se discute a própria validade do casamento.” REsp 1.651.905 – MG. Decisão monocrática. Min. Ministro Luis Felipe Salomão, Publicado em 12/12/2018. REQUISITOS – CONFIGURAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL NÃO COMPROVADO. NECESSIDADE DE REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. FALTA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO VIOLADO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284 DO STF. DECISÃO MANTIDA. 1. A ausência de indicação expressa de dispositivos legais tidos por vulnerados não permite verificar se a legislação federal infraconstitucional restou, ou não, malferida. Dessa forma, é de rigor a incidência do verbete n.º 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 2. Cotejando as premissas do acórdão estadual, constata-se que a análise da pretensão recursal demandaria a alteração das premissas fático-probatórias estabelecidas pelo acórdão recorrido, com o revolvimento das provascarreadas aos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos do enunciado da Súmula 7 do STJ. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 745.048/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe 01/02/2016) Trecho da decisão de 2º grau mantida: “As hipóteses a serem alegadas como causa de pedir da anulação do casamento por erro essencial quanto à pessoa estão expressamente fixadas no artigo 1.557 do Código Civil, dentre elas, o equívoco sobre a honra e boa fama do outro cônjuge, bem como a ignorância da prática de crime. Todavia, não basta a existência de uma dessas causas. É imprescindível que preexista ao casamento e que a descoberta desta circunstância torne insuportável a vida em comum para o cônjuge enganado. Logo, não há razão para reforma da sentença, tendo em visa que a apelante não se desincumbiu de ônus processual, isto é, não demonstrou o preenchimento dos requisitos necessários para a procedência do pedido de anulação de casamento.” REQUISITOS – CONFIGURAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO - APELAÇÃO - ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA - PROVAS - INEXISTÊNCIA - RECURSO DESPROVIDO. 1. De acordo com a norma inscrita no artigo 1.557, I, do Código Civil, considera-se inválido o casamento quando houver erro essencial sobre a pessoa, haja vista ser necessário o consentimento sem qualquer vício ou desconhecimento de elementos, que se conhecidos mudariam o pronunciado (Sebastião de Assis Neto, 2013:1524). 2. Por erro essencial, entende-se o desconhecimento acerca das qualidades e condições pessoais e sociais dos nubentes, características cuja ciência posterior torna insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. 3. Para resultar na anulabilidade do casamento, não basta que a convivência comum tenha se tornado inviável, mas que tal impossibilidade decorra de qualidades relativas à identidade, à honra ou a boa fama da pessoa, as quais devam ser desconhecidas antes da união formal. 4. A existência de erro essencial deve ser comprovada de forma cabal, pois a anulabilidade somente ocorre em caráter excepcional, razão pela qual a ausência de provas inequívocas acerca das alegações resultará na prevalência do casamento. 5. Recurso desprovido. (TJDFT, Apelação Cível 2016.05.1.001883-4, Acórdão 100.7698, 7.ª Turma Cível, Rel. Des. Leila Cristina Garbin Arlanch, j. 29.03.2017, DJDFTE 05.04.2017) ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO CÔNJUGE NULIDADE DE CASAMENTO – Ação julgada improcedente pelo juízo originário, por considerar que o abandono do lar conjugal por parte do réu não caracteriza vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 do CC – Inconformismo manifestado pela autora – Cabimento - Réu que, poucos dias após o casamento, simplesmente abandonou o lar e nunca mais voltou, sem deixar qualquer explicação ou notícias de seu paradeiro – Requerido que se furtou à citação pessoal, conforme certificado pelo Oficial de Justiça - Erro essencial quanto à honra caracterizado – Sentença reformada – Recurso provido, com observação. (TJSP; Apelação Cível 1000504-67.2021.8.26.0320; Relator (a): Rui Cascaldi; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Foro de Limeira - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 12/04/2022; Data de Registro: 12/04/2022) NÃO HÁ ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO CÔNJUGE APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA. NEGATIVA DO CÔNJUGE DE MANTER RELAÇÕES SEXUAIS COM A ESPOSA. ALEGAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO OUTRO CÔNJUGE. SITUAÇÃO QUE NÃO SE ENQUADRA NO ROL TAXATIVO DO ART. 1.557 DO CÓDIGO CIVIL. VÍCIO DE VONTADE NÃO CONFIGURADO. COMPORTAMENTO DO CÔNJUGE QUE NÃO SE ENQUADRA COMO ERRO DE SUA IDENTIDADE. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. A negativa de manter relações sexuais, pelo Demandado, não configura erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge, previsto no art. 1.557, inciso I, do Código Civil, pois não diz respeito à sua identidade, mas à opção por ele feita de não manter determinada conduta. (TJSC, Apelação Cível n. 0310459-60.2015.8.24.0020, de Criciúma, rel. João Batista Góes Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 08-06-2017). NÃO HÁ ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO CÔNJUGE APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. CASAMENTO. NULIDADE. AÇÃO DECLARATÓRIA. PRESUNÇÃO DA VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS PELA AUTORA EM RAZÃO DA AUSENCIA DE CONTESTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DEMANDA QUE ENVOLVE DIREITOS INDISPONÍVEIS. ARTIGO 1.556, DO CÓDIGO CIVIL. ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO VARÃO. Em demanda que envolve a validade do casamento, tratando-se de direitos indisponíveis, resta afastada a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte autora, conforme dicção do artigo 345, inciso II, do Código de Processo Civil, Não há falar em nulidade do casamento no caso concreto, porquanto restou demonstrado que no período de união estável anterior ao matrimônio, o varão já apresentava transtornos mentais, provavelmente decorrentes do uso de substâncias entorpecentes, fato que era do conhecimento da autora. Sentença de improcedência confirmada. APELO DESPROVIDO. (TJRS, Apelação Cível, Nº 70077669752, Sétima Câmara Cível, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em: 25- 07-2018) NÃO HÁ ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO CÔNJUGE AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA. DEPENDÊNCIA QUÍMICA DO CÔNJUGE. AUSÊNCIA DE PROVA DO ESTADO PATOLÓGICO DO RÉU. FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO ATACADO. COABITAÇÃO POSTERIOR. PRAZO DA CONVIVÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. Um dos fundamentos utilizados pelo Tribunal de origem para manter a improcedência do pedido de anulação do casamento foi a ausência de provas acerca da condição de dependente químico do réu. Tal fundamento, todavia, não foi atacado pela agravante, circunstância que atrai o óbice de Súmula 283 do STF, segundo a qual: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.“ 2. O acórdão não contém elementos que permitam aferir quanto tempo durou a coabitação dos cônjuges. Nesse contexto, a inversão do decidido pelo Tribunal de origem, tal como postulada nas razões do apelo especial, demandaria nova análise do acervo fático- probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do STJ, que dispõe: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.“ 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 104.323/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 01/02/2013) QUESTÃO OAB – PESSOA TRANS FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado - III - Primeira Fase João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008, aos 18 anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu registro retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No registro não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi lavrado um novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de 2010, casou-se com Antônio, homem religioso e de família tradicional interiorana, que conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão fulminante e correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de não ser aceita e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de Joana revela a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não suportando ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a análise da hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio e Joana Alternativas A só pode ser anulado até 90 dias da sua celebração. B poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante Antônio e a insuportabilidade da vida em comum. C é inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio foi levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum do casal. D é nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2011-oab-exame-de-ordem-unificado-iii-primeira-fasePESSOA TRANS “Resta saber se o transexual ainda tem o dever de informar o outro nubente do seu estado anterior quando da iminência do casamento. Como antes afirmávamos, tratar-se- ia de um dever anexo, relacionado com a boa-fé objetiva, que também merece ser aplicada às relações familiares. Sendo assim, a quebra desse dever anexo poderia gerar a anulabilidade do casamento por erro quanto à identidade do outro nubente (art. 1.550, inc. III, c/c o art. 1.557, inc. I, do CC). Entretanto, essas afirmações anteriores ficam em dúvida diante de toda a tendência de despatologização da situação da pessoa trans, bem como do reconhecimento de um direito ao gênero. A possibilidade de anulação de casamento em casos tais pode até ser vista como hipótese de discriminação, o que merece maiores reflexões por parte deste autor.” (TARTUCE, Flávio. Direito Civil – Direito de Família,Vol. 5, 2022) CASAMENTO PUTATIVO - “Art. 1.561: Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória”. CASAMENTO PUTATIVO CIVIL. FAMÍLIA. NULIDADE DE CASAMENTO. APELAÇÃO. MATRIMÔNIO REALIZADO COM IMPEDIMENTO. CASAMENTO ANTERIOR. DECLARAÇÃO DA NULIDADE DO SEGUNDO. BOA-FÉ DO CÔNJUGE PRESUMIDA E COMPROVADA. ART. 1561, CC/02. PRODUÇÃO DE TODOS OS EFEITOS. CASAMENTO PUTATIVO. 1.A boa-fé necessária para o reconhecimento do casamento putativo deve ser verificada no momento da celebração do matrimônio e, como decorre, naturalmente, de erro, a existência de conduta ética é presumida. 2.Deve-se considerar o desenvolvimento dos fatos conforme a época em que se passaram. Na década de 70, os meios de comunicação não eram rápidos, eficientes e acessíveis como hoje, e as distâncias era maiores. 3.Residindo a cônjuge de boa-fé no ambiente rural de outra comarca e sendo pessoa de pouca instrução (analfabeta), não é desarrazoado supor que ela realmente não possuía conhecimento acerca do impedimento matrimonial de seu falecido marido, com quem conviveu por mais de 30 anos. 4.Recurso conhecido e provido para garantir ao casamento putativo descrito a produção de todos os efeitos do casamento válido. (TJDFT, Recurso 2003.07.1.010759-4, Acórdão 536.110, 2.ª Turma Cível, Rel. Des. J. J. Costa Carvalho, DJDFTE 26.09.2011, p. 115). CASAMENTO POR VIDEOCONFERÊNCIA PROVIMENTO 100 – CNJ, de 26/05/2020 Dispõe sobre a prática de atos notariais eletrônicos utilizando o sistema e-Notariado Possibilidade de assinar escrituras públicas e outros atos notariais remotamente. Ex: pacto antenupcial. Cerimônia do casamento realizada por videoconferência TJPR – Instrução Normativa 32/2020 (ainda vigente) “Para estabelecer que os Serviços de Registro Civil de Pessoas Naturais realizem casamento civil virtual, durante o período em que perdurar a pandemia pelo novo coronavírus, como medida de redução aos riscos de contaminação e transmissão da Covid-19 e a preservação da saúde dos registradores, colaboradores e usuários das serventias, desde que respeitadas as formalidades previstas em lei.” Indica os trâmites necessários para realizar a cerimônia de casamento através de videoconferência PROVAS DO CASAMENTO - PROVA DIRETA: CERTIDÃO DE CASAMENTO - PROVAS SUPLETÓRIAS: DEMAIS DOCUMENTOS - PROVA INDIRETA: NOMEN TRACTATUS FAMA Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 04 UNIÃO ESTÁVEL - PARTE 1 TRAJETÓRIA DA UNIÃO ESTÁVEL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO CC 1916 – modelo de exclusão Decreto Lei 7.034/1944 1964 - Súmulas 380 e 382 do STF 1975 - Alteração da lei de registros públicos (art. 57 § 2º) Previsão constitucional CF 1988 Predominância da terminologia de concubinato puro e impuro Reconheceu a companheira como beneficiária de indenização no caso de acidente de trabalho de que foi vítima o companheiro Súmula 380: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. Súmula 382: A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do concubinato. Art. 57 § 2º "A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de ambas." (Redação dada pela lei 6.216/1975) Constituição de 1988 Lei 8971/1994 Lei 9278/1996 Código Civil de 2002 ADI 4277 e ADPF 132 (2011) Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. - Requisitos de existência de prole ou convivência de no mínimo 5 anos - Companheiro com direito à alimentos, à meação dos bens adquiridos com sua colaboração e ao usufruto sobre parcela dos bens do falecido caso este tivesse deixado descendentes ou ascendentes - Dispensa do prazo mínimo de 5 anos/existência de prole. Requisitos passam a ser convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, com o objetivo de constituir família - Direito real de habitação do companheiro na sucessão - Competência processual dasVaras de Família - Art. 8º - possibilidade de requerer conversão em casamento Artigos 1.723 a 1.727 Art. 1.723. caput "É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família." O acórdão do STF reconheceu o direito ao estabelecimento de união estável por casais homoafetivos. Elementos da união estável (art. 1.723) NATUREZA JURÍDICA DA UNIÃO ESTÁVEL Para Marcos Bernardes de Mello "[...]se trata de negócio jurídico bilateral de Direito de Família, cujo núcleo do suporte fáctico tem como elemento cerne exteriorizações de vontade de duas pessoas de estabelecerem uma convivência afetiva como se casados fossem, a que se somam, como elementos completantes: (i) a situação fáctica de ser a convivência pública, contínua e duradoura; (ii) a inexistência de impedimento dirimente absoluto para casar de ambos os conviventes, salvo se, sendo já casados, estejam separados de seu cônjuge; e, por fim, (iii) o objetivo de constituir uma família. Dessa configuração resulta à evidência que o suporte fáctico do fato jurídico da constituição de união estável se concretiza com sucessividade, continuadamente, como um processo,[...]" (Breves notas sobre o perfil jurídico da união estável - Revista IBDFAM Família e Sucessões - Mai/Jun 2020) EFEITOS DA CONSTITUIÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL • Efeitos pessoais e patrimoniais da formação de entidade familiar • Surgimento entre os companheiros dos deveres de deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos (art. 1.724 CC) • Imposição de regime de bens da comunhão parcial, exceto se outro for contratado por escrito pelo casal (art. 1.725 CC) • Não gera alteração do estado civil Possibilidade de conversão em casamento (art. 1.726 CC) POSICIONAMENTO DO STJ • Jurisprudência emTeses STJ - nº 50 2) A coabitação não é elemento indispensável à caracterização da união estável 5) A existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da união estável, desde que haja separação de fatoou judicial entre os casados 6) Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o esforço comum 8) O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o falecido, ainda que silente o art. 1.831 do atual Código Civil • Caracterização de união estável RECURSO ESPECIAL. CIVIL. FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POS MORTEM. ENTIDADE FAMILIAR QUE SE CARACTERIZA PELA CONVIVÊNCIA PÚBLICA, CONTÍNUA, DURADOURA E COM OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA (ANIMUS FAMILIAE). DOIS MESES DE RELACIONAMENTO, SENDO DUAS SEMANAS DE COABITAÇÃO. TEMPO INSUFICIENTE PARA SE DEMONSTRAR A ESTABILIDADE NECESSÁRIA PARA RECONHECIMENTO DA UNIÃO DE FATO. 1. O Código Civil definiu a união estável como entidade familiar entre o homem e a mulher, "configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família" (art. 1.723). 2. Em relação à exigência de estabilidade para configuração da união estável, apesar de não haver previsão de um prazo mínimo, exige a norma que a convivência seja duradoura, em período suficiente a demonstrar a intenção de constituir família, permitindo que se dividam alegrias e tristezas, que se compartilhem dificuldades e projetos de vida, sendo necessário um tempo razoável de relacionamento. 3. Na hipótese, o relacionamento do casal teve um tempo muito exíguo de duração - apenas dois meses de namoro, sendo duas semanas em coabitação -, que não permite a configuração da estabilidade necessária para o reconhecimento da união estável. Esta nasce de um ato-fato jurídico: a convivência duradoura com intuito de constituir família. Portanto, não há falar em comunhão de vidas entre duas pessoas, no sentido material e imaterial, numa relação de apenas duas semanas. 4. Recurso especial provido. (REsp n. 1.761.887/MS, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 6/8/2019, DJe de 24/9/2019.) POSICIONAMENTO DO STJ • Caracterização de união estável RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/1973. UNIÃO ESTÁVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. TRANSAÇÃO DE DIREITOS DISPONÍVEIS. DESNECESSIDADE DE HOMOLOGAÇÃO PELO JUÍZO. PRODUÇÃO DE EFEITOS A PARTIR DE SUA CONCLUSÃO. ATO JURÍDICO PERFEITO E ACABADO. ARREPENDIMENTO UNILATERAL. IMPOSSIBILIDADE. [...] 2. As relações afetivas são inquestionavelmente complexas e, da mesma forma, o respectivo enquadramento no ordenamento, principalmente, no que respeita à definição dos efeitos jurídicos que delas irradiam. 3. A união estável, por se tratar de estado de fato, demanda, para sua conformação e verificação, a reiteração do comportamento do casal, que revele, a um só tempo e de parte a parte, a comunhão integral e irrestrita de vidas e esforços, de modo público e por lapso significativo. 4. Não é qualquer relação amorosa que caracteriza a união estável. Mesmo que pública e duradoura e celebrada em contrato escrito, com relações sexuais, com prole, e, até mesmo, com certo compartilhamento de teto, pode não estar presente o elemento subjetivo fundamental consistente no desejo de constituir família. 5. Nesse passo, afastada a configuração da formação de união estável, no caso concreto, reconhece-se como transação particular de direitos disponíveis o acordo firmado entre as partes e apresentado a Juízo para homologação. [...] 9. A jurisprudência desta Corte é pacífica e não vacila, no sentido de que a transação, com observância das exigências legais, sem demonstração de algum vício, é ato jurídico perfeito e acabado, não podendo o simples arrependimento unilateral de uma das partes dar ensejo à anulação do pacto. 10. Recurso especial não provido. (REsp n. 1.558.015/PR, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 12/9/2017, DJe de 23/10/2017.) POSICIONAMENTO DO STJ • Possibilidade de adotar sobrenome do companheiro ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL DE NASCIMENTO. UNIÃO ESTÁVEL. INCLUSÃO. PATRONÍMICO. COMPANHEIRO. IMPEDIMENTO PARA CASAMENTO. AUSENTE. CAUSA SUSPENSIVA. APLICAÇÃO ANÁLOGICA DAS DISPOSIÇÕES RELATIVAS AO CASAMENTO. ANUÊNCIA EXPRESSA. COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTO PÚBLICO. AUSENTE. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGOS ANALISADOS: ARTS. 57 DA LEI 6.015/73; 1.523, III; E PARÁGRAFO ÚNICO; E 1.565, §1º, DO CÓDIGO CIVIL. [...] 5. Além de não configurar impedimento para o casamento, a existência de pendência relativa à partilha de bens de casamento anterior também não impede a caracterização da união estável, nos termos do art. 1.723, §2º, do Código Civil. 6. O art. 57, §2º, da Lei 6.015/73 não se presta para balizar os pedidos de adoção de sobrenome dentro de uma união estável, situação completamente distinta daquela para qual foi destinada a referida norma. Devem ter aplicação analógica as disposições específicas do Código Civil, relativas à adoção de sobrenome dentro do casamento, porquanto se mostra claro o elemento de identidade entre os institutos. 7. Em atenção às peculiaridades da união estável, a única ressalva é que seja feita prova documental da relação, por instrumento público, e nela haja anuência do companheiro que terá o nome adotado, cautelas dispensáveis dentro do casamento, pelas formalidades legais que envolvem esse tipo de relacionamento, mas que não inviabilizam a aplicação analógica das disposições constantes no Código Civil, à espécie. 8. Primazia da segurança jurídica que deve permear os registros públicos, exigindo-se um mínimo de certeza da existência da união estável, por intermédio de uma documentação de caráter público, que poderá ser judicial ou extrajudicial, além da anuência do companheiro quanto à adoção do seu patronímico. 9. Recurso especial desprovido. (REsp n. 1.306.196/MG, relatora Ministra Nancy Andrighi,Terceira Turma, julgado em 22/10/2013, DJe de 28/10/2013.) POSICIONAMENTO DO STJ • Irretroatividade do regime de bens RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ESCRITURA PÚBLICA DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS. ATRIBUIÇÃO DE EFICÁCIA RETROATIVA. NÃO CABIMENTO. PRECEDENTES DA TERCEIRA TURMA. 1. Ação de declaração e de dissolução de união estável, cumulada com partilha de bens, tendo o casal convivido por doze anos e gerado dois filhos. 2. No momento do rompimento da relação, em setembro de 2007, as partes celebraram, mediante escritura pública, um pacto de reconhecimento de união estável, elegendo retroativamente o regime da separação total de bens. 3. Controvérsia em torno da validade da cláusula referente à eficácia retroativa do regime de bens. 4. Consoante a disposição do art. 1.725 do Código Civil, "na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens". 5. Invalidade da cláusula que atribui eficácia retroativa ao regime de bens pactuado em escritura pública de reconhecimento de união estável. 6. Prevalência do regime legal (comunhão parcial) no período anterior à lavratura da escritura. 7. Precedentes da Terceira Turma do STJ. 8. Voto divergente quanto à fundamentação. 9. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1597675/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,TERCEIRA TURMA, julgado em 25/10/2016, DJe 16/11/2016). • REsp 1481888/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 10/04/2018, DJe 17/04/2018. • AgInt no AREsp 1292908/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/03/2019, DJe 27/03/2019 POSICIONAMENTO DO STJ Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 05 UNIÃO ESTÁVEL - PARTE 2 APROXIMAÇÃOENTRE OS INSTITUTOS DO CASAMENTO E DA UNIÃO ESTÁVEL ØUnião estável está se tornando um "casamento forçado"? COMPANHEIRO É HERDEIRO NECESSÁRIO? Ø Inconstitucionalidade do art. 1.790 CC Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. HERDEIROS NECESSÁRIOS ARTIGO 1.845 CC RESERVA DE BENS 50% DO PATRIMÔNIO ART. 1.790 CC IBDFAM ADFAS o Min. Relator: Min. Barroso (acompanharam os Min. Teori Zavascki, Rosa Weber, Edson Fachin, Luiz Fux, Celso de Mello e Carmen Lúcia) o Divergência: Min. Dias Toffoli (e Min. Lewandowski) RE 878694 / MG - STF “No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002” EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - IBdFAM INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 1.790 CC RESPOSTA DOS EDS REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) A RESTRIÇÃO PREVISTA NO ART. 1641, II, CC02 É APLICÁVEL À UNIÃO ESTÁVEL? RECURSO ESPECIAL - UNIÃO ESTÁVEL - APLICAÇÃO DO REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS, EM RAZÃO DA SENILIDADE DE UM DOS CONSORTES, CONSTANTE DO ARTIGO 1641, II, DO CÓDIGO CIVIL, À UNIÃO ESTÁVEL - NECESSIDADE (...) II - A não extensão do regime da separação obrigatória de bens, em razão da senilidade do de cujus, constante do artigo 1641, II, do Código Civil, à união estável equivaleria, em tais situações, ao desestímulo ao casamento, o que, certamente, discrepa da finalidade arraigada no ordenamento jurídico nacional, o qual se propõe a facilitar a convolação da união estável em casamento, e não o contrário; IV - Ressalte-se, contudo, que a aplicação de tal regime deve inequivocamente sofrer a contemporização do Enunciado n. 377/STF, pois os bens adquiridos na constância, no caso, da união estável, devem comunicar-se, independente da prova de que tais bens são provenientes do esforço comum, já que a solidariedade, inerente à vida comum do casal, por si só, é fator contributivo para a aquisição dos frutos na constância de tal convivência; V - Excluída a meação, nos termos postos na presente decisão, a companheira supérstite participará da sucessão do companheiro falecido em relação aos bens adquiridos onerosamente na constância da convivência (período que não se inicia com a declaração judicial que reconhece a união estável, mas, sim, com a efetiva convivência), em concorrência com os outros parentes sucessíveis (inciso III, do artigo 1790, CC). VI - Recurso parcialmente provido. (REsp 1090722/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA,TERCEIRA TURMA, julgado em 02/03/2010, DJe 30/08/2010). UNIÃO ESTÁVEL DO MENOR DE16 ANOS à É POSSÍVEL UMA UNIÃO ESTÁVEL DE UM MENOR DE 16 ANOS? JURISPRUDÊNCIA CONTRÁRIA JURISPRUDÊNCIA CONTRÁRIA JURISPRUDÊNCIA FAVORÁVEL Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 06 PACTO ANTENUPCIAL ESTATÍSTICAS Número de casamentos em 2021: 883.202 (Portal da transparência do Registro Civil) Número de pactos antenupciais lavrados em 2021: 44.935 (Cartório em números - 3ª edição 2021) • Aproximadamente 5% dos casamentos realizados no Brasil em 2021 realizaram pacto antenupcial DEFINIÇÃO "O pacto antenupcial é o negócio jurídico bilateral de direito de família mediante o qual os nubentes têm autonomia para estruturarem, antes do casamento, o regime de bens distinto do regime da comunhão parcial". (LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias, vol. 5, 2022.) Art. 1.639 do Código Civil: “É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver”. - Liberdade das partes em escolher o regime de bens - Qual regime de bens é o mais adequado para a situação concreta do casal? - Casal tem noção sobre os impactos que o regime de bens escolhido trará para a vida comum? PACTO ANTENUPCIAL = ESCOLHA DO REGIME DE BENS? • Ainda que o pacto antenupcial tenha como uma de suas funções principais a regulação de aspectos patrimoniais do casal (regime de bens), nele também podem ser inseridos aspectos de caráter existencial. • Enunciado 635 - VIII Jornada de Direito Civil (2018) - O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter cláusulas existenciais, desde que estas não violem os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade entre os cônjuges e da solidariedade familiar. • Art. 1.655. Código Civil - É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. CONTEÚDO DO PACTO ANTENUPCIAL E SUAS POTENCIALIDADES Possíveis cláusulas do pacto antenupcial Exemplos de disposições de caráter existencial: • Rotina do casal • Disposições sobre reprodução humana assistida • Proteção à privacidade do casal • Alteração de sobrenome Ø Exercício da autonomia privada Possíveis cláusulas do pacto antenupcial Doação ou Promessa de Doação Entre Cônjuges • Obrigação a um dos nubentes de que, antes ou ao término do matrimônio, transmita parte do patrimônio ao outro. Negócios jurídicos processuais • Previsão de que serão utilizados métodos autocompositivos de resolução de conflitos quando do término do relacionamento. Ex: mediação, conciliação, práticas colaborativas, entre outros. Alimentos • Prévia fixação em favor do cônjuge • Renúncia ao recebimento de alimentos Possíveis cláusulas do Pacto Antenupcial Disposições Sucessórias • Possibilidade de exclusão ou modificação das regras sucessórias que incidirão sobre o patrimônio em caso de falecimento de um dos cônjuges. • Debates doutrinários: o Renúncia à herança no pacto antenupcial. Aplicabilidade da vedação ao pacta corvina (Art. 426 CC)? o Afastamento da concorrência do cônjuge com os demais herdeiros? Possíveis cláusulas do pacto antenupcial Afastamento da Súmula 377 STF no caso de regime de separação obrigatória • Possibilidade de nubentes legalmente obrigados a adotar o regime da separação de bens afastarem qualquer comunicabilidade do patrimônio adquirido na constância do casamento, negando expressamente a aplicabilidade dos efeitos da Súmula n.º 377/STF no pacto antenupcial. • Enunciado 634 – VIII Jornadas de Direito Civil (2018) - É lícito aos que se enquadrem no rol de pessoas sujeitas ao regime da separação obrigatória de bens (art. 1.641 do Código Civil) estipular, por pacto antenupcial ou contrato de convivência, o regime da separação de bens, a fim de assegurar os efeitos de tal regime e afastar a incidência da Súmula 377 do STF. • "[…] tal afastamento constitui um correto exercício da autonomia privada, admitido pelo nosso Direito, que conduz a um eficaz mecanismo de planejamento familiar, perfeitamente exercitável por força de ato público, no caso de um pacto antenupcial" (TARTUCE, 2016). RECURSO ESPECIAL. UNIÃO ESTÁVEL SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS. COMPANHEIRO MAIOR DE 70 ANOS NA OCASIÃO EM QUE FIRMOU ESCRITURA PÚBLICA. PACTO ANTENUPCIAL AFASTANDO A INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 377 DO STF, IMPEDINDO A COMUNHÃO DOS AQUESTOS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE NA CONSTÂNCIA DACONVIVÊNCIA. POSSIBILIDADE. MEAÇÃO DE BENS DA COMPANHEIRA. INOCORRÊNCIA. SUCESSÃO DE BENS. COMPANHEIRA NA CONDIÇÃO DE HERDEIRA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REMOÇÃO DELA DA INVENTARIANÇA.1. O pacto antenupcial e o contrato de convivência definem as regras econômicas que irão reger o patrimônio daquela unidade familiar, formando o estatuto patrimonial - regime de bens - do casamento ou da união estável, cuja regência se iniciará, sucessivamente, na data da celebração do matrimônio ou no momento da demonstração empírica do preenchimento dos requisitos da união estável (CC, art. 1.723). [...] 6. No casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação obrigatória de bens, é possível que os nubentes/companheiros, em exercício da autonomia privada, estipulando o que melhor lhes aprouver em relação aos bens futuros, pactuem cláusula mais protetiva ao regime legal, com o afastamento da Súmula n. 377 do STF, impedindo a comunhão dos aquestos. [...] (REsp 1922347/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 07/12/2021, DJe 01/02/2022) FORMA, REGISTRO E EFEITOS DO PACTO ANTENUPCIAL FORMA: escritura pública, sob pena de nulidade (arts. 1.640, parágrafo único, e 1.653 do Código Civil) REGISTRO: Livro nº 3 do cartório do domicílio conjugal e averbação obrigatória no lugar de situação dos imóveis de propriedade do casal (art. 244 da Lei de Registros Públicos). Se empresário, também é necessário arquivar e averbar no Registro Público das Empresas Mercantis (art. 979 do Código Civil). EFEITOS: O pacto antenupcial será ineficaz se não for seguido do casamento (art. 1653 Código Civil). Efeitos perante terceiros apenas depois do registro do pacto antenupcial (art. 1657 do Código Civil). Assinou pacto antenupcial, mas não celebrou casamento. E agora? • Debate se o pacto antenupcial seria capaz de produzir efeitos caso, ao invés do casamento, seja constituída união estável. Nesta hipótese, a união estável seria regida pelo regime de bens previsto no pacto antenupcial. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE CONVIVÊNCIA. ADOÇÃO DO REGIME DA SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 5/STJ. NÃO COMPROVAÇÃO DO ESFORÇO COMUM. EXIGÊNCIA CONTIDA NA SÚMULA 380/STF. APLICAÇÃO AO PERÍODO ANTERIOR À LEI 9.278/96. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Segundo disposição contida no art. 5º da Lei 9.278/96 e no art. 1.725 do CC/2002, aplica-se à união estável o regime da comunhão parcial de bens, sendo possível, no entanto, disposição dos conviventes em sentido contrário, cujo único requisito exigido é a forma escrita. 2. O eg. Tribunal de origem concluiu que o pacto antenupcial firmado entre os conviventes, além de dispor sobre a escolha do regime da separação total de bens, tratou sobre regras patrimoniais atinentes à própria união estável, extremando o acervo patrimonial de cada um e consignando a ausência de interesse na constituição de esforço comum para formação de patrimônio em nome do casal. 3. Independentemente do nomen iures atribuído ao negócio jurídico, as disposições estabelecidas pelos conviventes visando disciplinar o regime de bens da união estável, ainda que contidas em pacto antenupcial, devem ser observadas, especialmente porque atendida a forma escrita, o único requisito exigido. Precedente do STJ. 4. Nos termos da Súmula 380 do STF, é necessária a comprovação do esforço comum para partilhar bens adquiridos na constância da união estável, mas antes da entrada em vigor da Lei 9.278/96. Precedentes do STJ. 5. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1590811/RJ, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe 02/03/2018) Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 07 NAMORO QUALIFICADO E CONTRATO DE NAMORO DIFERENÇA ENTRE NAMORO QUALIFICADO E UNIÃO ESTÁVEL A ORIGEM DO TERMO "Nem sempre é fácil distinguir essa situação – a união estável – de outra, o namoro, que também se apresenta informalmente no meio social. Numa feição moderna, aberta, liberal, especialmente se entre pessoas adultas, maduras, que já vêm de relacionamentos anteriores (alguns bem-sucedidos, outros nem tanto), eventualmente com filhos dessas uniões pretéritas, o namoro implica, igualmente, convivência íntima – inclusive, sexual –, os namorados coabitam, frequentam as respectivas casas, comparecem a eventos sociais, viajam juntos, demonstram para os de seu meio social ou profissional que entre os dois há uma afetividade, um relacionamento amoroso. E quanto a esses aspectos, ou elementos externos, objetivos, a situação pode se assemelhar – e muito – a uma união estável. Parece, mas não é! Pois falta um elemento imprescindível da entidade familiar, o elemento interior, anímico, subjetivo: ainda que o relacionamento seja prolongado, consolidado, e por isso tem sido chamado de 'namoro qualificado', os namorados, por mais profundo que seja o envolvimento deles, não desejam e não querem – ou ainda não querem – constituir uma família, estabelecer uma entidade familiar, conviver numa comunhão de vida, no nível do que os antigos chamavam de affectio maritalis. Ao contrário da união estável, tratando-se de namoro – mesmo do tal namoro qualificado –, não há direitos e deveres jurídicos, mormente de ordem patrimonial entre os namorados. Não há, então, que falar-se de regime de bens, alimentos, pensão, partilhas, direitos sucessórios, por exemplo" O NAMORO QUALIFICADO NAS PALAVRAS DE ZENO "Na relação de namoro qualificado os namorados não assumem a condição de conviventes porque assim não desejam, são livres e desimpedidos, mas não tencionam naquele momento ou com aquela pessoa formar uma entidade familiar. Nem por isso vão querer se manter refugiados, já que buscam um no outro a companhia alheia para festas e viagens, acabam até conhecendo um a família do outro, posando para fotografias em festas, pernoitando um na casa do outro com frequência, ou seja, mantêm verdadeira convivência amorosa, porém, sem objetivo de constituir família”. Julgados do STJ 2012 ⦿ REsp 1.263.015/RN – Relatora Min. Nancy Andrighi ⦿ REsp 1.454.643/RJ – Relator Min. Marco Aurélio Bellizze (...) 2. UNIÃO ESTÁVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. NAMORADOS QUE, EM VIRTUDE DE CONTINGÊNCIAS E INTERESSES PARTICULARES (TRABALHO E ESTUDO) NO EXTERIOR, PASSARAM A COABITAR. ESTREITAMENTO DO RELACIONAMENTO, CULMINANDO EM NOIVADO E, POSTERIORMENTE, EM CASAMENTO. 3. NAMORO QUALIFICADO (..) - Ausente o requisito de affectio maritalis - Coabitação por si só não é suficiente para demonstra U. E. Julgados do STJ 2015 “Negócio jurídico no qual as partes expressam e formalizam que não desejam constituir família naquele relacionamento e/ou com aquele(a) parceiro(a)” PÚBLICA CONTÍNUA DURADOURA OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA UNÃO ESTÁVEL - CONCEITO RECHAÇO ACEITAÇÃO PROMOÇÃO PERCURSO HISTÓRICO DO CONTRATO DE NAMORO “No ambiente do Estado Democrático de Direito, as escolhas existenciais ganham cada vez mais espaço, na medida em que a pessoa humana passou a ocupar a posição de centralidade no sistema jurídico ”. Maria Celina B. de Moraes e Ana Carolina B. Teixeira o ATIPICIDADE NEGOCIAL (REGRA) o ART. 104 CC (A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei) o VERACIDADE DA DECLARAÇÃO o PRIMAZIA DA REALIDADE VALIDADE o FORMA LIVRE o ANALOGIA COM OART. 1725 CC (“CONTRATO ESCRITO”) o ESCRITURA PÚBLICA –VANTAGENS o PROTOCOLOS EMPRESARIAIS FORMA o DECLARAÇÃO EXPRESSA E INEQUÍVOCA DE QUE NÃOHÁ OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA o DEFINIÇÃO DA NATUREZA DO RELACIONAMENTO o FORMALIZAÇÃO OS PRINCIPAIS ASPECTOS DO RELACIONAMENTO o ASSUMIR COMPROMISSO MORAL E ÉTICO FUTURO DE NÃO JUDICIALIZAÇÃO o CONTORNOS JURÍDICOS DE UMA UNIÃO ESTÁVEL FUTURA (REGIME DE BENS) CLÁUSULAS QUE NÃO PODEM FALTAR Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da Diretoria Paranaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 08 NOVOS ARRANJOS FAMILIARES DIFERENCIAÇÃO ENTRE FAMÍLIAS POLIAFETIVAS E FAMÍLIAS SIMULTÂNEAS FAMÍLIAS POLIAFETIVAS POLIAMOR é forma de relacionamento íntimo existente e válido com mais de uma pessoa simultaneamente, formando um único núcleo e seus integrantes possuem ciência das uniões múltiplas (Manual de Direito das Famílias, 2021) Ø Recomendação do CNJ de que tabelionatos se abstenham de lavrar escrituras públicas de união estável poliafetiva PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS - 0001459-08.2016.2.00.0000 (...) 7. A diversidade de experiências e a falta de amadurecimento do debate inabilita o “poliafeto” como instituidor de entidade familiar no atual estágio da sociedade e da compreensão jurisprudencial. Uniões formadas por mais de dois cônjuges sofrem forte repulsa social e os poucos casos existentes no país não refletem a posição da sociedade acerca do tema; consequentemente, a situação não representa alteração social hábil a modificar o mundo jurídico. CONCEITO DE FAMÍLIAS SIMULTÂNEAS "[...] compreende-se a formação de entidade familiar pautada na conjugalidade, que se estabelece simultaneamente a uma outra entidade, sem ocorrência de separação de fato com qualquer delas. [...] a expressão "simultâneas traduz a coexistência de relacionamentos familiares num mesmo momento, sem ruptura de um para início do outro”. TESE JURÍDICA DA "TRIAÇÃO" Logo, reconhecida a união dúplice ou paralela, por óbvio, não se pode mais conceber a divisão clássica de patrimônio pela metade entre duas. Na união dúplice do homem, por exemplo, não foram dois que construíram o patrimônio. Foram três: o homem, a esposa e a companheira. Logo, a clássica divisão pelo critério da meação é incompatível com a formação de patrimônio por três pessoas, e não mais por duas. [...] Aqui se pode falar em uma outra foram de partilhar, que vai denominada, com a vênia do silogismo, de “triação”, que é a divisão em três e que também deve atender ao princípio da igualdade. [...] Espólio deixado pelo de cujus, relativo ao período de convivência dúplice 50% 50% 25% para esposa 25% para a companheira (apelante) 50% dividido entre os filhos (inclusive a filha do de cujus com a companheira) Voto do Rel. Rui Portanova na AC 70009786419, do TJRS, julgada em 03/03/2005, pela Oitava Câmara Cível. FAMÍLIAS SIMULTÂNEAS NA VISÃO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES Recurso Extraordinário 397.762/BA Relator: Ministro Marco Aurélio 1ª Turma do STF Julgamento: 03/06/2008 Voto do Relator Ministro Marco Aurélio Voto Ministro Ayres Britto DECISÃO STJ – CORRENTES DOUTRINÁRIAS REsp 1.157.273/RN, Relatora Min. Nancy Andrighi, julgamento em 18/05/2010 TEMA 529 STF – 21/12/2020 RE 1045273 A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro. É incompatível com a Constituição Federal o reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte) à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar, união com outra casada, porquanto o concubinato não se equipara, para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes do casamento e da união estável. TEMA 526 STF – 03/08/2021 RE 883.168 RESP 1.916.031 - STJ • Prevalência do casamento sobre união estável em caso de concomitância CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL CUMULADA COM PARTILHA. OMISSÃO E ERRO DE FATO. INOCORRÊNCIA. ERRO DE FATO QUE, AINDA QUE EXISTENTE, NÃO FOI DECISIVO AO RESULTADO DO JULGAMENTO. ACÓRDÃO SUSTENTADO EM OUTROS FATOS E PROVAS. ALEGADA UNIÃO ESTÁVEL PARALELA AO CASAMENTO. PARTILHA NO FORMATO DE TRIAÇÃO. INADMISSIBILIDADE. RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL QUE PRESSUPÕE AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO AO CASAMENTO OU SEPARAÇÃO DE FATO. PARTICULARIDADE DA HIPÓTESE. RELAÇÃO INICIADA ANTES DO CASAMENTO DO PRETENSO CONVIVENTE COM TERCEIRA PESSOA E QUE PROSSEGUIU NA CONSTÂNCIA DO MATRIMÔNIO. PERÍODO ANTERIOR AO CASAMENTO. UNIÃO ESTÁVEL RECONHECIDA. PARTILHA NOS MOLDES DA SÚMULA 380/STF, EXIGINDO-SE PROVA DO ESFORÇO COMUM. PERÍODO POSTERIOR AO CASAMENTO. TRANSMUDAÇÃO JURÍDICA EM CONCUBINATO IMPURO. SOCIEDADE DE FATO CONFIGURADA. REPERCUSSÃO PATRIMONIAL RESOLVIDA SOB A ÓTICA DO DIREITO OBRIGACIONAL. PARTILHA NOS MOLDES DA SÚMULA 380/STF, TAMBÉM EXIGIDA A PROVA DO ESFORÇO COMUM. CIRCUNSTÂNCIAS NÃO APURADAS PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REMESSA DAS PARTES À FASE DE LIQUIDAÇÃO. POSSIBILIDADE. [...] 4- É inadmissível o reconhecimento de união estável concomitante ao casamento, na medida em que àquela pressupõe a ausência de impedimentos para o casamento ou, ao menos, a existência de separação de fato, de modo que à simultaneidade de relações, nessa hipótese, dá-se o nome de concubinato. Precedentes. 5- Na hipótese em exame, há a particularidade de que a relação que se pretende seja reconhecida como união estável teve início anteriormente ao casamento do pretenso convivente com terceira pessoa e prosseguiu por 25 anos, já na constância desse matrimônio. • Prevalência do casamento sobre união estável em caso de concomitância 6- No período compreendido entre o início da relação e a celebração do matrimônio entre o convivente e terceira pessoa, não há óbice para que seja reconhecida a existência da união estável, cuja partilha, por se tratar de união iniciada e dissolvida antes da Lei nº 9.278/96, deverá observar a existência de prova do esforço direto e indireto na aquisição do patrimônio amealhado, nos termos da Súmula 380/STF e de precedente desta Corte. 7- No que se refere ao período posterior à celebração do matrimônio, aquela união estável se transmudou juridicamente em um concubinato impuro, mantido entre as partes por 25 anos, na constância da qual adveio prole e que era de ciência inequívoca de todos os envolvidos, de modo que há a equiparação à sociedade de fato e a repercussão patrimonial dessa sociedade deve ser solvida pelo direito obrigacional, de modo que também nesse período haverá a possibilidade de partilha desde que haja a prova do esforço comum na construção patrimonial, nos termos da Súmula 380/STF. [...] 9- Recurso especial conhecido e parcialmente provido, a fim de julgar parcialmente procedente o pedido para: (i) reconhecer a existência de união estável entre 1986 e 26/05/1989; (ii) reconhecer a existência de relação concubinária impura e sociedade de fato entre 26/05/1989 e 2014, devendo a partilha, em ambos os períodos e a ser realizada em liquidação de sentença, observar a necessidade de prova do esforço comum para a aquisição do patrimônio e respeitar a meação da recorrida, invertendo-se a sucumbência. (REsp n. 1.916.031/MG, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 3/5/2022, DJe de 5/5/2022.) RESP 1.916.031 - STJ FAMÍLIA MULTIESPÉCIE • Competência da Vara de Família para acordos e discussão de guarda • Alimentos (?!) Professora da graduação e pós graduação stricto sensu da UFPR. Doutora em Direito Civil pela USP. Mestre e graduada em Direito pela UFPR. Coordenadora Geral da ESA OAB/PR. Membro da DiretoriaParanaense do IBDFAM. Mediadora. Contato: marilia@pxadvogados.com.br e @mariliapedrosoxavier PROFA. DRA. MARÍLIA PEDROSO XAVIER PÓS-GRADUAÇÃO EM ADVOCACIA CÍVEL Espécies de Relacionamentos Familiares Conjugais e Efeitos Patrimoniais AULA 09 REGIME DE BENS - INTRODUÇÃO ATUALIZAÇÃO LEGISLATIVA Lei n.º 14.382, de 27 de junho de 2022 Dentre outros itens, alterou a Lei de Registros Públicos (6.015/1973) • Art. 57 §2º - Possibilidade de adotar sobrenome do companheiro, desde que união esteja registrada no registro civil de pessoas naturais; • Art. 67 - Nubentes podem escolher em qual serventia do registro civil irão casar, podendo ser uma serventia diferente de onde foi feita a habilitação. Redução dos prazos para apresentação de documentos em caso de impedimento ou arguição de causa suspensiva. Celebração do casamento por videoconferência; • Art. 70-A – Disciplina a conversão da união estável em casamento. O que é regime de bens? Regime de bens é o conjunto de regras que regulamentam as questões relativas ao patrimônio dos cônjuges/companheiros, delimitando as diretrizes que deverão ser seguidas por eles enquanto o casamento existir, ou quando chegar ao seu fim. (PEREIRA, Rodrigo da Cunha.Direito das Famílias, 2021) O regime de bens tem por fito regulamentar as relações patrimoniais entre os cônjuges, nomeadamente quanto ao domínio e a administração de ambos ou de cada um sobre os bens trazidos ao casamento e os adquiridos durante a união conjugal. (LÔBO, Paulo.Direito civil 5 - Famílias, 2018) Regime de bens • Regra a inclusão ou exclusão dos bens individuais e a comunicabilidade ou não do acervo amealhado antes ou depois da união • Inicia na data do casamento (art. 1.639 §1º) e se encerra com o fim da convivência Ø Análise da origem, titularidade e destino do patrimônio (DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14 ed, 2021) Separação de fato Separação judicial Divórcio/Dissolução UE Falecimento Princípios que regem os regimes de bens • Liberdade de pactuação • Mutabilidade justificada (depende de crivo judicial) • Igualdade e cogestão do patrimônio Regime supletivo • Quando o casal não faz pacto antenupcial ou a convenção é nula ou ineficaz, a lei determina qual é o regime aplicável. CC 1916 - Regime da comunhão universal Lei do Divórcio (6.515/77) Regime da comunhão parcial CC 2002 - Regime da comunhão parcial Regimes típicos • Regimes cujas regras são disciplinadas pelo Código Civil • São eles: – Comunhão Parcial (arts. 1.658 – 1.666 CC) – Comunhão Universal (arts. 1.667 – 1.671 CC) – Participação final nos aquestos (arts. 1.672 – 1.686 CC) – Separação • Convencional (arts. 1.687 e 1.688 CC) • Obrigatória (art. 1.641 CC) Regime de bens misto ou híbrido Art. 1.639 caput CC. "É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver." O regime de bens misto ou híbrido pode ser entendido como a modificação de um regime típico, a combinação de mais de um regime típico, ou, ainda, a criação de um regime totalmente novo. (GRUBERT, Camila. A sucessão do cônjuge e do companheiro no regime de bens misto ou híbrido, 2022.) Resolução 402/2021 CNJ Art. 1o Instituir, no âmbito do Serviço de Registro Civil das Pessoas Naturais, a obrigatoriedade de disponibilização aos nubentes, no momento da habilitação para o matrimônio, de material informativo para melhor preparação para o casamento civil. Parágrafo único. O material informativo será também disponibilizado a qualquer interessado(a) que compareça a uma unidade do Serviço de Registro Civil das Pessoas Naturais para obter informações sobre o casamento. Lembrando que: Código Civil - Art. 1.528. "É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens." Resolução 402/2021 CNJ • O material poderá ser composto por manuais, cartilhas, guias rápidos, cartazes acessíveis por meio eletrônico, dentre outros • Informações trazidas devem contemplar temas como formalidades do casamento, seus efeitos jurídicos, informações sobre regime de bens, direitos e deveres conjugais e formas de dissolução do casamento, dentre outros como poder familiar e exercício da parentalidade, importância do diálogo para solucionar conflitos familiares, interesse da sociedade na estabilidade das relações matrimoniais e prevenção e enfrentamento da violência doméstica • Acesso a tais materiais é facultativo, não sendo requisito ou condição para a realização da habilitação para o casamento • Incentivo voltado apenas às informações sobre casamento, não disponibilizando à população material para guiar eventual escolha entre casamento e união estável Outorga conjugal •O que é: autorização de um cônjuge a outro para realizar atos de disposição do patrimônio •Função: dar ciência ao outro cônjuge sobre transações realizadas por um deles •Popularmente conhecida como outorga uxória ou marital CC - Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. Outorga conjugal Lei 8.245/1991 - Art. 3º O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a observar o prazo excedente. Lei 11.977/2009 - Art. 73-A. Excetuados os casos que envolvam recursos do FGTS, os contratos em que o beneficiário final seja mulher chefe de família, no âmbito do PMCMV ou em programas de regularização fundiária de interesse social promovidos pela União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, poderão ser firmados independentemente da outorga do cônjuge, afastada a aplicação do disposto nos arts. 1.647 a 1.649 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Outorga conjugal • Cônjuge ou companheiro empresário CC - Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. • Caso o cônjuge ou companheiro se negue a dar a outorga CC - Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. • Súmula 332 STJ - A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. Outorga conjugal Ato praticado sem a outorga necessária é anulável. • Convalidação do ato pode ser feita com a aprovação do cônjuge através de documento público ou particular autenticado (art. 1.649, parágrafo único, CC) • Cônjuge pode pleitear a anulação em até 2 anos após o fim da sociedade conjugal (art. 1.649, caput, CC) • Apenas o cônjuge que deveria ter concedido a outorga (ou seus herdeiros) é que pode demandar a anulação do ato (art. 1.650 CC) Outorga conjugal RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CONTRATO DE FIANÇA. AUSÊNCIA DA VÊNIA CONJUGAL. NULIDADE DA GARANTIA. IMÓVEL PARTICULAR DO FIADOR. PENHORA DECORRENTE DO CONTRATO INVÁLIDO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Cinge-se a controvérsia em saber se é necessária a outorga uxória em contrato de fiança cujo bem constrito é de propriedade exclusiva do fiador que era casado sob o regime de comunhão parcial dos bens. [...] 3. Em relação ao plano da validade do contrato de fiança, o art. 1.647, III, do CC determina que nenhum dos cônjuges pode, sem a autorização do outro, prestar fiança, salvo se o casamento se deu no regime da separação convencional de bens, sendo que a falta de autorização tornará
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