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PERÍCIA CONTÁBIL I Aline Alves Danielle Ferreira Fabiana Tramontin Tatiane Antonovz Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 P441 Perícia contábil I / Aline Alves ... [et al.] ; [revisão técnica: Lilian Martins]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 330 p. il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-150-1 1. Contabilidade - Perícia. I. Alves, Aline. CDU 657 Revisão técnica: Lilian Martins Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário Professora do Curso de Ciências Contábeis Coordenadora do Núcleo de Assessoramento Fiscal (NAF) das Faculdades São Judas Tadeu Mediação, conciliação e arbitragem: conceitos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: De� nir os conceitos de mediação e conciliação. Descrever o conceito de arbitragem. Identi� car as vantagens do uso da mediação e da arbitragem. Introdução A mediação e a conciliação são dois diferentes instrumentos que as partes podem utilizar. A mediação é um processo formal. Ela depende do auxílio de um terceiro para ocorrer. Sua atuação deverá contar com absoluta independência. Já a conciliação é um processo um pouco diferente, mais leve e que pode ser conhecido como mediador. Esse processo, composto de seis diferentes etapas, visa a agilizar a solução para a lide, trazendo mais rapidez e objetividade para questões legais. A arbitragem, outra forma de solução de problemas legais, inclui também órgãos da administração direta e indireta. O perito contábil tem aqui novamente um papel decisivo. Cabe a ele calcular os valores envolvidos nos processos, as despesas relativas a eles ou os valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso tanto na mediação quanto na conciliação ou na arbitragem. Neste texto, você irá entender as diferentes características tanto da mediação quanto da conciliação, suas fases e os envolvidos. Também vai compreender a arbitragem e todas as suas nuances. Além disso, verá como o perito desempenha suas funções, auxiliando no cálculo dos valores apurados. U N I D A D E 4 joliveira Text Box joliveira Rectangle Mediação e conciliação A mediação é um processo formal. Nele, partes confl itantes recebem auxílio de um terceiro, que deverá obrigatoriamente ser imparcial em relação a elas. Esse terceiro pode ser substituído por um painel de pessoas também sem interesses diretos na causa da lide. A lide é o conflito de interesses manifestado em juízo. O termo lide frequentemente é utilizado como sinônimo da palavra ação. Ele também pode estar relacionado à demanda, ao litígio ou ainda ao pleito judicial (DIREITONET, 2005). A pessoa ou o painel de pessoas, também denominado como mediador, não sugere nem impõe uma solução. Também não interfere nos termos de um eventual acordo entre as partes. Todo o trabalho de mediação é regido pelas Leis nº 13.105 e nº 13.140, ambas de 2015. O papel do mediador é fazer com que as partes divergentes possam chegar a um acordo julgado como bom para ambas. A conciliação, por sua vez, é um processo mais breve. É oriundo de ajustes de interesses entre as partes discordantes. Além disso, sempre tem o objetivo de dirimir os conflitos a partir da interposição de um acordo. Em tal acordo, as partes divergentes recebem auxílio de um terceiro. Este também é impar- cial. Se necessário, um painel de pessoas sem qualquer interesse na causa pode substituí-lo. O terceiro é denominado conciliador. Ele utiliza técnicas específicas para auxiliar todas as partes a chegarem a uma solução para o caso, denominada acordo. Diferente do mediador, o conciliador apenas sugere uma solução para a lide. Ele não impõe qualquer possibilidade às partes, ficando tal prerrogativa ao árbitro ou a um juiz. Todo o processo de conciliação é normatizado pelo Manual de Mediação do CNJ (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2015). O processo de mediação é composto de seis etapas distintas. São elas: 1. Início e ambientação. 2. Reunião de informações. 3. Identificação de questões, interesses e sentimentos. 4. Esclarecimento das controvérsias e dos interesse. Mediação e arbitragem: conceitos246 5. Resolução das questões do conflito. 6. Encerramento, que é o registro das resoluções encontradas. Um mediador, no entanto, pode pular ou abreviar as etapas da maneira que julgar mais conveniente, sempre de forma que beneficie ambas as partes. Além disso, deve manter a total transparência do processo. Tanto a mediação quanto a conciliação são regidas por alguns princípios básicos. São a independência, a imparcialidade, a autonomia da vontade, a confidencialidade, a oralidade, a informalidade e a decisão confirmada, todos definidos pela Lei nº 13.140 (BRASIL, 2015b). De acordo com a legislação específica que versa sobre o tema, tanto a mediação quanto a conciliação têm a utilização aventada quando a divergência tiver a possibilidade de ser resolvida com o uso de diálogo. Isso vale para pessoas físicas e jurídicas, sejam elas públicas ou privadas. A mediação é largamente utilizada. Ela possui maior eficácia quando já existe um vínculo entre as partes. A conciliação, por sua vez, é mais indicada em casos específicos, com uma controvérsia bem direcionada e delimitada. Nessas situações, não há a necessidade de se manter o relacionamento eventual entre as partes após os trâmites terem terminado. É possível usar tanto a mediação quanto a conciliação de duas maneiras distintas: na esfera judicial e na esfera extrajudicial. A diferença entre as duas é que a primeira está ligada aos trâmites legais formais, e a segunda, não. Esta se caracteriza pelo maior nível de informalidade e, consequentemente, rapidez para as partes envolvidas na controvérsia. Os juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público devem estimular essas formas de resolução de problemas. Afinal, elas são consensuais e mais ágeis. Cabe ao autor da ação indicar de maneira explícita na petição inicial se deseja ou não a audiência de conciliação ou de mediação. A lei também estabelece que não cabe às partes a aceitação ou não dos mediadores. A única situação em que isso pode ocorrer é nos casos compro- vados de impedimento ou suspeição por parte dos mediadores. Para ações que não ultrapassam o montante de 40 salários mínimos e com menor potencial ofensivo, a conciliação passou a ser uma regra nas infrações penais, de acordo com o que estabelece a Lei nº 9.099 (BRASIL, 1995). Já no ano de 2016, uma resolução foi aprovada, a 174 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Ela traz regulamentação para a mediação, mas no âmbito da Justiça do Trabalho. O objetivo é deixar esse ramo mais ágil, garantindo não somente os interesses dos funcionários, mas também os direitos dos empregadores. 247Mediação e arbitragem: conceitos Já na esfera extrajudicial, a mediação trata de conflitos em que as partes procuram um profissional em mediação ou em conciliação. Alternativamente, uma entidade especializada neste tipo de serviço pode ser procurada pelas partes. O convite para que a mediação extrajudicial ocorra deve ser feito com o uso de qualquer meio de comunicação. Ele deve deixar claro tanto a matéria que será objeto da negociação como a data e o local em que se pretende que ocorra a mediação. Caso esse pedido não seja respondido no prazo de 30 dias contados do seu recebimento, o mesmo será considerado rejeitado. É possível realizar uma audiência de conciliação ou de mediação por meio eletrônico, não havendo necessidade de que tal meio seja homologado pela Justiça. O uso da internet está completamente liberado para a difusão de informação de áudio e vídeo das partes. Isso, como você deve imaginar, desde que não haja qualquer objeção de nenhuma parte envolvida. Um perito contábil sempre será o responsável por calcular os valores envolvidos em um processo. Ele definirá quanto cada parte será responsável por cobrir. Nesse sentido, seconsideram tanto despesas relativas ao processo quanto valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso vale para a mediação e para a conciliação. Existem duas maneiras distintas pelas quais as pessoas podem escolher a mediação. Elas são a cláusula compromissória e o compromisso de mediação. A primeira delas, a cláusula compromissória, já vem explícita nos contratos. Ela estabelece que a mediação poderá ser o meio utilizado para dirimir os eventuais conflitos que ocorram. O compromisso de mediação se refere ao compromisso dos envolvidos em uma lide qualquer de utilização do processo de mediação. É possível verificar que a cláusula compromissória normalmente vem antes do compromisso de mediação, momento em que já há alguma rusga existente. Também é importante você saber que, mesmo se tratando de situação extra- judicial, em nenhum momento qualquer das partes está impedida de ingressar no Poder Judiciário com processo judicial. Se houver qualquer suspeita de que os procedimentos podem prejudicar uma parte, esta tem completa liberdade para exercer esses direitos. Um perito contábil é o melhor profissional para direcionar as partes e definir se um acordo está, de fato, trazendo justiça a um processo, seja ele judicial ou extrajudicial. Mediação e arbitragem: conceitos248 O conceito de arbitragem A Lei nº 9.307 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei nº 13.129/15, estabelece todas as normas relativas à arbitragem. Ela especifi ca que as pessoas podem se utilizar dessa ferramenta para acabar com problemas de ordem legal ligados a direitos patrimoniais disponíveis. Isso inclui órgãos tanto da administração direta quanto da administração indireta das três esferas governamentais. O processo de arbitragem também possui alguns princípios norteadores explícitos. São a boa-fé das partes, a igualdade das partes, o contraditório e a ampla participação das partes no processo, a celeridade e a imparcialidade do árbitro, além de seu livre convencimento. Nos casos em que a arbitragem tiver como parte a administração pública, seja ela direta ou indireta, se deve utilizar complementarmente o princípio da publicidade. Além dele, se fazem necessários os princípios gerais de direito e as regras internacionais de comércio, em sua integralidade. Considere as situações em que se fazem necessários o cálculo e o levanta-mento de valores monetários para a identificação de direitos e a compensação financeira de qualquer parte. Nelas, o trabalho do perito contábil ganha im-portância. Afinal, ele é o único profissional capaz de realizar o levantamento preciso dos direitos e do que necessita ser compensado a cada parte envolvida na situação de arbitragem. Para ser um árbitro, é necessário seguir o que estabelece a Lei nº 9.307 (BRASIL, 1996), que é a Lei da Arbitragem, alterada pela Lei 13.129/15. De acordo com ela, se deve ter a confiança das partes envolvidas no processo, e a pessoa deve ser legalmente capaz. As partes podem efetuar a nomeação de um ou mais árbitros, mas sempre totalizando um número ímpar. Isso também vale para o número dos suplentes. A utilização de um número ímpar de árbitros evita a situação de empate nos julgamentos. As partes também podem convencionar que utilizarão um órgão arbitral institucional ou uma empresa que preste serviços de seleção de árbitros. Enquanto estiver no pleno desempenho da função, o árbitro sempre deve agir com imparcialidade, com independência, com competência, com dili- gência e com discrição. Assim como no caso dos juízes, os árbitros também 249Mediação e arbitragem: conceitos estão sujeitos a impedimento por suspeição. Nesse sentido, se aplicam a eles as mesmas obrigações e responsabilidades previstas no Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a). Outro fato merece destaque. O árbitro, de maneira distinta de um perito contábil, é considerado um funcionário público para efeitos penais enquanto estiver no pleno desempenho de suas funções. Além disso, você deve considerar que a sentença do árbitro não é sujeita a recurso nem necessita de homologação do Poder Judiciário. Isso faz com que ele seja um juiz não somente de fato, mas também de direito. Uma das obrigações de um árbitro é, sempre que for instaurado o devido processo arbitral, a condução e a decisão da controvérsia. As partes e seus representantes legais, os advogados, são obrigados a colaborar, cooperar e fornecer ao árbitro todos os elementos necessários para que o julgamento da lide ocorra da melhor maneira. Um processo arbitral é finalizado com a emissão da sentença. Esta é fir- mada pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros, se houver. Para que ele seja finalizado, também é necessário que o relatório contenha os nomes de todas as partes e um breve resumo da causa geradora da lide. Nele devem constar ainda os fundamentos para a decisão tomada, em que se tomam como base todas as provas e ocorridos de fato e de direito. Nesse sentido, é necessário deixar claro que os árbitros julgaram o processo utilizando a equidade. Também se deve incluir no relatório o dispositivo utilizado para que os árbitros resolvessem as questões e definissem o prazo para que a decisão seja cumprida. Por último, devem constar o local e a data em que a sentença foi definida. Caso não haja um prazo definido pelas partes, a sentença será proferida no prazo de até seis meses. Esse prazo é contado a partir do início do processo de arbitragem ou da eventual substituição do árbitro ou dos árbitros existentes. Cabe lembrar que a sentença arbitral possui as mesmas prerrogativas legais de uma sentença proferida por um juiz. Ela é caracterizada como um título executivo de condenação. Dado seu escopo, é salutar que um perito contábil calcule e defina os valores devidos pelas parte. Isso para efeito de compensação por prejuízos ou outras Mediação e arbitragem: conceitos250 perdas julgadas como procedentes pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros após proferida a sentença arbitral. Comparativamente com a Justiça estatal, a arbitragem apresenta uma série de distinções. Estas trazem mais facilidade para o trabalho de todos. Considere uma perícia contábil, por exemplo, que é muito requisitada nos casos que envolvem bens tangíveis e intangíveis. Ela se torna muito mais direcionada e facilitada quando o processo é movido com o uso da arbitragem em vez do uso da Justiça comum. O tempo médio de um processo tramitando no regime de arbitragem é de alguns poucos meses, não chegando a completar um ano, em média. Já um processo de mesma monta e importância, se ajuizado na Justiça comum e seguindo todos os trâmites, normalmente demora anos para ser considerado transitado em julgado. Com relação aos custos incorridos por todas as partes, no caso da Justiça comum há as custas processuais ordinárias, além dos honorários advocatícios e dos ônus de sucumbência. Isso sem contar todos os protocolos e pagamentos necessários para recorrer a instâncias superiores nos casos de recursos a serem impetrados pelas partes. Já no caso da arbitragem, os custos do procedimento são bem inferiores aos ordinários. Isso faz com que todas as partes possam honrar com tais pagamentos sem prejudicar o seu equilíbrio financeiro de maneira indevida. Quanto à representatividade realizada por terceiros, nos casos da Justiça comum, a constituição de um advogado e o pagamento de custas são obrigató- rios. Assim, deixa de existir tal obrigatoriedade nos casos de arbitragem, pois a própria pessoa pode se representar e se defender sozinha. O mesmo ocorre com as possibilidades de negociação. Eles são muito amplas nos processos de arbitragem e mais restritas em se tratando de Justiça comum. 251Mediação e arbitragem: conceitos Um processo que se encaminhe em uma câmara de arbitragem possui sigilo que pode ser pleiteado pelas partes sem qualquer restrição. Já na Justiça comum todos os pro- cessos são de acesso público, a não ser que tramitem em regime de confidencialidade. Isso, contudo,se apresenta como exceção à regra de publicidade do direito brasileiro. Outro fator que diferencia muito a arbitragem da Justiça comum é a efi- cácia da sentença e os possíveis recursos que as partes podem impetrar. Na arbitragem, não há possibilidade de recurso. Já na Justiça comum existe uma ampla possibilidade de recursos, se podendo chegar até a Suprema Corte brasileira em casos extremos. Na esfera arbitral, a sentença é anunciada em instância única. Assim, é automaticamente constituída em título executivo judicial. É nesse momento que o trabalho do perito contábil se faz importante. Afinal, uma vez proferido o resultado final pelo árbitro, o perito contábil já pode iniciar os trabalhos de coleta de informações e de cálculos periciais para auxiliá-lo nos trabalhos finais. Em se tratando da Justiça comum, a sentença judicial apenas é considerada como um título executivo após o julgamento do último recurso ajuizado pela parte interessada. Conforme você viu anteriormente, há várias possibilida- des de recursos por parte dos interessados que se julgarem injustiçados ou prejudicados. Contudo, todos os recursos representam custas adicionais para os pleiteantes. Vantagens do uso da mediação e da arbitragem Não é novidade buscar novas soluções para fazer com que o Poder Judiciário fi que menos sobrecarregado. Como você sabe, hoje há imensa quantidade de processos em fi la para serem analisados e julgados. Assim, qualquer cidadão pode utilizar uma maneira alternativa, porém legal, de ter sua controvérsia analisada e seu problema resolvido. Isso sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário de maneira direta, o que acarretaria mais um peso para o já tão sobrecarregado sistema brasileiro. O profissionalismo da mediação e da arbitragem é equivalente ao de um juiz. Isso traz tranquilidade para todas as partes de um processo, assim como para seus representantes legais devidamente constituídos. Mediação e arbitragem: conceitos252 Quando se retira do Estado a responsabilidade exclusiva pelo julgamento de lides entre diversas partes, não se retira de forma alguma o seu poder ou a sua soberania. O que se faz é exatamente o contrário. Afinal, o Estado continua tão poderoso que resolve delegar tal tarefa a outros partícipes. Estes são considerados tão competentes quanto ele para o desempenho de tarefas de julgamento e definição de sentenças. No Brasil, existe tanto a Lei de Arbitragem quanto a Lei de Mediação. Elas resultam de uma evolução da cultura jurídica brasileira. Assim, dão à população a escolha de buscar a Justiça estatal ou a Justiça privada, sem qualquer prejuízo. Essas leis buscam tornar o direito processual brasileiro mais social. Elas identificam os ajustes necessários decorrentes da nova realidade tecnológica. Além disso, rompem com o mito de que apenas o aparelhamento estatal tem o poder de resolver conflitos jurídicos. Atualmente, a arbitragem passou a ser um instrumento muito usual nos negócios. Ela ganhou princípios e tem uma importância tão grande, que já passou a ser parte integrante de especificidades contratuais País afora. Essas influências podem ser tanto positivas quanto negativas, caracterizando a eficácia do uso da arbitragem como solucionadora de problemas entre partes. A arbitragem possui um caráter bem amplo. Isso ocorre pois trata de relações entre particulares, sendo largamente utilizada no âmbito comercial. Causas mais ou menos complexas muitas vezes sequer necessitam do trabalho mais técnico de um perito contábil. Afinal, já estão claras as especificidades contratuais e os meandros de cada rusga contratual que eventualmente ocorra. No entanto, você sabe que não é possível prever todas as ocorrências, nem mapear todos os problemas de uma relação contratual. Dessa forma, o uso dos serviços de um perito contábil se faz presente e importante em muitos processos de arbitragem no País. Como benefícios diretos da mediação e da conciliação, você pode consi- derar a celeridade, a autonomia da vontade das partes, a informalidade dos processos, a efetividade, a confidencialidade, a exequibilidade e a prevenção de conflitos. Além disso, o processo é mais brando do que um processo normal. 253Mediação e arbitragem: conceitos Isso acontece porque as partes concordaram previamente em buscar uma solução alternativa para dirimir seus conflitos. Toda a etapa procedimental também é mais simplificada, e as partes podem compreendê-la mais facilmente. Isso permite que elas mesmas criem artifícios e possam pensar em alternativas que auxiliem o mediador ou o conciliador durante as tarefas rotineiras. Com a aproximação mais latente entre as partes e os titulares pela mediação, eles identificam melhor as necessidades. Isso, é claro, sem deixar de respeitar as individualidades e os diretos de nenhuma das partes. Para que a mediação seja realmente simples, é necessária uma análise mais minuciosa. Normalmente, um perito contábil realiza essa análise. Esse trabalho de perícia é muito mais ágil que uma perícia judicial. Isso ocorre pois ele normalmente possui um aval prévio da parte afetada, deixando o processo todo mais rápido. Outro fator benéfico para todas as partes é que elas mesmas são responsáveis por apresentar possíveis soluções para os conflitos em questão. Isso gera uma possibilidade quase nula de insatisfação com os resultados finais alcançados. Você pode perceber isso especialmente se comparar essa situação com uma decisão imposta por um terceiro. A mediação diminui o desgaste emocional, economizando tempo, recursos financeiros, controlando os riscos e mantendo a relação afetiva, negocial ou social que previamente existia entre as partes. Assim, representa uma ótima relação custo-benefício. Se for interesse de ambas as partes que todo o processo seja levado sob sigilo, há o princípio da confidencialidade. Dessa forma, fica completamente resguardado o completo sigilo das informações e das deliberações realizadas pelo mediador ou pelo conciliador. Esse recurso é bastante atraente em determinadas situações. Já para a arbitragem, as vantagens diretas estão ligadas à celeridade e à economia, assim como na mediação e na conciliação. Há ainda vantagens relacionadas à especialidade, à confidencialidade, à autonomia da vontade, à segurança jurídica processual e à irrecorribilidade, ou seja, à incapacidade das partes de recorrerem de uma decisão tomada por um árbitro. Isso deixa o processo mais rápido, diminuindo para zero as possibilidades de recursos ou postergações processuais tão comuns no Poder Judiciário. Mediação e arbitragem: conceitos254 1. A mediação é um processo formal em que as partes conflitantes recebem o auxílio de um terceiro. Existe a possibilidade de substituir este terceiro por uma outra figura legal. Qual seria essa figura? a) Um comitê de pessoas. b) Um painel de pessoas. c) Uma junta de pessoas. d) Um conselho. e) Um parente de um dos envolvidos. 2. A mediação é regida por alguns princípios básicos, estabelecidos pela Lei nº 13.140/2015 (BRASIL, 2015b). Assinale a alternativa que apresenta tais princípios: a) Imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. b) Imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, eficiência, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. c) Imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, formalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. d) Parcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. e) Parcialidade do mediador, desigualdade entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. 3. Em alguns casos, a arbitragempode ter como parte a administração pública, seja ela direta ou ainda indireta. Nesses casos, de forma adicional, qual outro princípio deverá ser respeitado? a) Princípio da competência. b) Princípio da publicidade. c) Princípio da eficiência. d) Princípio da eficácia. e) Princípio da entidade. 4. O processo arbitral, quando instaurado, é composto de diferentes etapas. Para que ele seja finalizado, é preciso que o relatório contenha o nome de todas as partes, o resumo da lide e os fundamentos para a decisão tomada. Além disso, como pode ser caracterizada a finalização do processo arbitral? a) Como a emissão da sentença. b) Como a emissão do laudo. c) Como a emissão do relatório. d) Como a emissão da nota técnica. e) Como a emissão do recurso. 5. No Brasil, existe tanto a normatização relativa à arbitragem quanto a relativa à mediação. Ambas são consideradas como uma revolução na cultura brasileira, permitindo maior acesso à Justiça pela população em geral. Considerando que a arbitragem possui um caráter bem mais amplo, 255Mediação e arbitragem: conceitos BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Brasília, DF, 1995. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. BRASIL. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 25 set. 2016. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Comitê Gestor Nacional da Conciliação. Manual de mediação judicial 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/ files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/c276d2f56a76b701ca94df1ae0693f5b. pdf>. Acesso em: 18 set. 2017. CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Resolução CSJT nº 174, de 30 de setem- bro de 2016. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.csjt.jus.br/c/document_li- brary/get_file?uuid=235e3400-9476-47a0-8bbb-bccacf94fab4&groupId=955023>. Acesso em: 19 set. 2017. DIREITONET. Lide. Sorocaba, 2015. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/ dicionario/exibir/873/Lide>. Acesso em: 19 set. 2017. já que trata de relações entre particulares, qual é a sua forma mais comum de utilização? a) Âmbito público. b) Âmbito litigioso. c) Âmbito legal. d) Âmbito administrativo. e) Âmbito comercial. Mediação e arbitragem: conceitos256 Conteúdo:
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