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História Medieval (20 Unid-His-)

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HISTÓRIA
HISTÓRIA MEDIEVAL
Adilson Luiz Ré
Ligia Luciene Rodrigues
Marilene Aparecida de Assis Saragossa
Marli Gonçalves Barbosa
Rudnei Francisco Funes
Rita de Cassia Balzan Pion
 
3 
 
Laico Passivo- que é do 
mundo e não se relaciona 
ao mundo espiritual. 
UNIDADE 01 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Propiciar conhecimentos sobre a decadência do Império Romano. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
É preciso iniciar nosso estudo, lembrando que a Idade Média foi um 
período histórico determinante na constituição da psique humana. Ela nos 
deixou como legado o enraizamento da cultura religiosa católica. 
A partir dessa cultura, os feitos da cristianização dos reinos bárbaros, em 
decorrência do ingresso dos mesmos, nos territórios que pertenciam ao antigo 
Império Romano, fizeram com que a universalização do cristianismo excedesse 
as fronteiras do continente europeu. 
Para os romanos, todos os estrangeiros eram Bárbaros. Você sabe o que 
é um povo bárbaro? Os povos bárbaros, na verdade, eram originários da 
germânica e habitavam as regiões norte e nordeste da Europa e noroeste da 
Ásia, na época do Império Romano. 
Os Romanos, apesar de possuírem hábitos triviais, foram constituídos por 
uma nobreza ávida de um comportamento 
requintado. A realeza casava seu poder com a 
Igreja Católica, dando a possibilidade para o 
aparecimento do poder lastreado pelos dois corpos do rei: o sagrado e 
espiritual e o laico passivo. 
Esses dois fatores produziram uma série de condicionantes sociais, que 
sustentaram a produção do pensamento ocidental e a configuração das 
sociedades. 
 
4 
 
Eram entendidos como 
povos bárbaros aqueles 
que estavam fora da área 
de domínio dos romanos e 
não tinham os mesmos 
hábitos culturais. Esses 
povos, entre os séculos III 
ao VI invadiram o Império 
Romano e influenciaram 
fortemente a desarticulação 
desse império e a formação 
da ordem medieval. 
 
Os hunos oriundos da àsia 
central eram Nômades ou 
semnômades equestres. 
Alanos- povo oriundo do 
nordeste do Cáucaso, 
região situada entre o rio 
Don e o mar Cáspio. 
Para compreender esse processo é necessário olhar, com cuidado, para o 
decadente Império Romano e perceber nele a fonte da primeira origem da cisão 
do mundo ocidentalizado. 
As frequentes contendas entre romanos e bárbaros possibilitaram a cisão 
do Império Romano, forçando as transformações sociais, políticas e o 
surgimento de reinos dentro da confederação. 
Herrs ainda postula que consiste em 
prática de “vulgarização pedagógica” 
estabelecer a fixação de datas, para delimitar, 
cronologicamente, o período que caracteriza a 
transição entre o declínio do Império Romano e 
o início da Idade Média. Porém, destaca que 
essas invasões foram cruciais, para a 
desagregação do Império Romano e a 
constituição da ordem medieval. 
Essas transformações dizem respeito ao continente europeu, pois o 
Império Bizantino continuava sendo o Império Romano do Oriente, cuja capital 
era Constantinopla, caracterizada por uma cultura bilíngue e mantenedora das 
tradições, da administração, do direito e da hierarquia que marcou a expansão 
do Império Romano do Oriente. 
No decorrer deste período, inúmeros foram os ataques bárbaros, o que 
resultou na migração definitiva germânica para 
os domínios Romanos, mais precisamente entre 
os séculos IV e VII. 
No ano de 375, foi a vez dos Hunos se 
deslocarem da África, causando sérias derrotas 
no Império Alano, região localizada às margens 
 
5 
 
do Mar Cáspio, o que resultou, no século V, na Europa Central, um enorme 
Estado nômade. 
 
HUNOS 
A influência dos Hunos não ficaria somente nessas regiões, pois, em 434 
atacam os Balcãs e, em 451, saqueiam todo o norte da Gália. No ano seguinte, 
voltam para Itália, onde entram e pilham a cidade de Roma. As odes invasoras 
dos Godos começaram pela Ilíria, os visigóticos (godos do oeste), no ano de 
418, estabeleceram seu conclave na região da Aquitânia e da Espanha. 
 
http://historia-7.blogspot.com/2010_04_01_archive.html Acesso 12/02/2011 
 
Os ostrogodos (godos do leste) conquistaram seus feudos nas planícies 
do médio Danúbio, em 455. Em decorrência de batalhas contra o Império 
Bizantino, os ostrogodos foram conduzidos para Itália. 
 
 
 
 
 
http://1.bp.blogspot.com/_lMekTckkxY0/S8YV9ZWv6VI/AAAAAAAAB-8/EmqladiSzTc/s1600/hunos.j
 
6 
 
OSTROGODOS 
 
http://historia-7.blogspot.com/2010_04_01_archive.htmlacesso Acesso 11/03/2011 
 
Vândalos saqueando Roma 
 
http://povosgermanicos.blogspot.com/2008/03/vandalos.html acesso 12/02/2011 
 
Os Vândalos, outro povo bárbaro, também tentaram, em 406, invadir a 
Espanha, mas são derrotados pelos Visigodos, posteriormente, em 429 
conquistam províncias romanas. 
http://1.bp.blogspot.com/_lrnheGDims4/S5VnRnprdVI/AAAAAAAAEUM/qG4_GtVC7Vc/s1600-h/Saque+de+Roma+pelos+V%C3%A2ndalos,+em+455..j
 
7 
 
Você deve ter percebido que fizemos um esboço dos acontecimentos, 
para um melhor aprofundamento é necessário mais leitura. Siga as dicas 
deixadas por nós no Buscando Conhecimento, tenho certeza de que você irá 
enriquecer seus conhecimentos. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Texto Complementar 
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs-2.2.4/index.php/historia/article/view/15298/10289 
Dica de vídeo: Acesse o Youtube e assista: Os Bárbaros Ep. 04 -- Os Hunos - 
Parte 1 
Dica de livro: HEERS, J. História Medieval. Lisboa: Difel, 1986 
 
 
 
 
8 
 
UNIDADE 02. REINOS BÁRBAROS – PARTE 1 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Explicitar o estabelecimento dos Reinos Bárbaros. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Para início de conversa, vamos abordar o primeiro reino a se formar, 
depois das invasões bárbaras. Trata-se do reino Vândalo na África, lembre-se 
que comentei que eles haviam dominado províncias romanas? Pois é, essas 
dominações ocorreram em domínios africanos. Os romanos exploravam essa 
região, era de lá que vinha o abastecimento de trigo, com a perda de território 
o fornecimento é cessado. Com isso, ocorreu também o isolamento hispânico, 
pois os vândalos impedem-nos de novos contatos. Porém, a vitória dos 
Vândalos não garantiu sua permanência no controle das novas terras, faltava 
investimento e administração, o que resultou no enfraquecimento do poder e 
no fim do reinado Vândalo, que foi dominado pelos exércitos bizantinos de 
Justiniano. 
 
Península Ibérica 
 A Península Ibérica localiza-se no sudoeste da Europa. Os territórios 
que a formam são: Portugal, Espanha, Gibraltar, Andorra e pequena parte 
do território da França. 
 Essas regiões foram dominadas pelos povos bárbaros, ressaltando-se 
que, para os romanos, dominadores da Península Ibérica, eram povos que 
não pertenciam à Confederação do Império Romano. 
 
9 
 
 
Os vândalos na península Ibérica, no século V. 
http://povosgermanicos.blogspot.com/2008/03/vandalos.html Acesso 16/02/2011 
 
OSTROGODO 
Um dos ramos dos godos, o reino ostrogodo, que se estendia do Mar 
Negro até o Báltico, alcançou o poderio máximo com Ermanarico, mas foi 
dominado pelos hunos por volta do ano 370. Após o colapso do império huno 
em 455, dois anos depois da morte de seu chefe Átila, os ostrogodos 
penetraram na Panônia (Danúbio central) e dirigiram-se para a Itália, onde o 
imperador Rômulo Augústulo havia sido derrotado (476) por Odoacro, chefe 
dos hérulos. Em 493, o rei ostrogodo Teodorico o Grande derrotou Odoacro e 
governou a Itália até a morte, em 526. 
Teodorico foi um governante hábil, que soube conservar o equilíbrio 
entre as instituições imperiais e as tradições bárbaras. Homem culto, educado 
na corte de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, conseguiu 
ganhar a simpatia da aristocracia romana, cujos privilégios anteriores respeitou, 
e do povo, que assistia satisfeito à realização de obras públicas para a 
reconstrução e modernização de Roma. Ao que parece, Teodorico alimentavao 
projeto de fundar um império godo que impusesse seu domínio sobre o resto 
do mundo bárbaro. Para isso, manteve contato com outras tribos godas e 
estabeleceu vínculos familiares com os francos, os vândalos e os burgúndios. 
http://povosgermanicos.blogspot.com/2008/03/vandalos.html%20Acesso%2016/02/2011
http://1.bp.blogspot.com/_lrnheGDims4/S5VmraRgsgI/AAAAAAAAEUE/GCej9P_Xgo8/s1600-h/Os+v%C3%A2ndalos+na+pen%C3%ADnsula+Ib%C3%A9rica,+no+s%C3%A9culo+V.pn
 
10 
 
Sua morte criou um intrincado problema de sucessão, fato de que se valeu o 
imperador bizantino Justiniano para intervir na Itália. O exército romano 
oriental, sob o comando de Belisário, derrotou completamente os ostrogodos, 
dirigidos por seu novo rei Totila, cujo nome original era Baduila. Os 
sobreviventes se dispersaram ou foram reduzidos à escravidão. 
http://universodahistoria.blogspot.com/2008/08/ostrogodos.html acesso Mar/2011 
 
 
http://hist7alfandega.blogspot.com/2009_02_01_archive.html. Acesso16/02/2011 
 
Os Merovíngios de 481 a 751 
O primeiro rei dos francos foi Clóvis, que foi também fundador da 
Dinastia dos Merovíngios. Antes de sua entrada os francos se dividiam em dois 
grupos: os francos sálidos e os francos ripuários. Clóvis assumiu 
primeiramente os sálidos e, em seguida, os ripuários. 
http://universodahistoria.blogspot.com/2008/08/ostrogodos.html
http://hist7alfandega.blogspot.com/2009_02_01_archive.html
 
11 
 
Em 496, Clóvis derrotou os alamanos e, neste momento, converteu-se ao 
cristianismo, pois grande parte da população de Gália era cristã, por isso 
acreditava que a sua conversão seria uma importante para sua carreira política. 
 
Reis Merovíngios 
http://1.bp.blogspot.com/_OR8URLTb58k/Sk-epGRvrLI/AAAAAAAAAXw/1OZ-
C52owO0/s400/carolingios22.JPG 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Quando Clóvis morreu em 511, o reino merovíngio incluía todos os 
francos e toda a Gália exceto a Borgonha. O reino, mesmo quando dividido sob 
diferentes reis, manteve a unidade e conquistou a Borgonha em 534. Após a 
queda dos ostrogodos, os francos também conquistaram Provença. A partir daí, 
suas fronteiras com a Itália (governada pelos lombardos desde 568) e com 
a Septimania visigoda permaneceram bastante estáveis. 
javascript:void(0)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Septimania
 
12 
 
Finalmente, em 613, Clotário II reuniu todo o reino franco sob um único 
rei. Divisões posteriores produziram as unidas estáveis 
da Austrásia, Nêustria, Borgonha e Aquitânia. 
As guerras frequentes enfraqueceram o poder real, enquanto a 
aristocracia lucrava e adquiria enormes concessões dos reis em troca de seu 
apoio. Estas concessões viram o poder absoluto do rei ser dividido e entregue 
aos principais comites educes (condes e duques). Muito pouco de fato é 
conhecido sobre as ocorrências do século VII devido à escassez de fontes, mas é 
certeza a permanência dos merovíngios no poder até o século VIII. 
 
Governo e Lei 
O rei merovíngio era o senhor dos espólios de guerra, responsável pela 
redistribuição das riquezas conquistadas entre seus seguidores, apesar de estes 
poderes não serem absolutos. "Quando ele morria, suas propriedades eram 
divididas igualmente entre seus herdeiros como se fosse propriedade privada: o 
reino era uma forma de patrimônio" (Rouche 1987 p 420). Alguns acadêmicos 
atribuem isso à falta de senso merovíngia de res publica, mas outros 
historiadores criticam este ponto de vista como uma simplificação demasiada. 
O rei indicava magnatas para serem comites (condes), incubindo-os da 
defesa, administração e do julgamento de disputas. Isto acontecia contra o 
pano de fundo de uma Europa recentemente isolada, sem os sistemas romanos 
de impostos e burocracia, que os francos foram empregando em sua 
administração à medida que penetravam nas regiões completamente 
romanizadas do oeste e sul da Gália. 
A lei merovíngia não era uma lei universal igualmente aplicável a todos; 
era aplicada a cada indivíduo de acordo com sua origem. No período 
merovíngio, a lei permaneceu como costume de memorização dos rachimburgs, 
que memorizavam todos os precedentes nos quais ela era baseada, devido ao 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clot%C3%A1rio_II
http://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1sia
http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%AAustria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aquit%C3%A2nia
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Administra%C3%A7%C3%A3o_(governo)&action=edit&redlink=1
 
13 
 
fato de que a lei merovíngia não admitia o conceito de criação de uma nova lei, 
apenas na manutenção da tradição. 
 
 
 
 
 
14 
 
UNIDADE 03. REINOS BÁRBAROS – PARTE 2 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Explicitar o estabelecimento dos Reinos Bárbaros. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Reconhecido como conquistador da Gália, Clóvis recebe o 
reconhecimento do Imperador Bizantino Anastácio e estabelece a capital de seu 
governo em Paris. Portanto, a Igreja se aliou à expansão do poder de Clóvis, 
pois os visigodos e os borgúndios adotaram uma heresia que era condenada 
pela Igreja. 
Para Herrs: 
Seu reino, entretanto, é essencialmente bárbaro e germânico. Toda a 
vida política repousa no poder absoluto do rei conquistador. O serviço 
do príncipe estabelece, entre os homens livres, uma hierarquia precisa 
em favor de uma nobreza de corte formada por companheiros fiéis ou 
leudes da estima do soberano. Os outros homens galos romanos ou 
guerreiros francos perdem, pouco a pouco, seus direitos políticos 
militares. 
 HEERSl, 1986, p:21. 
 
Neste sentido, o governo de Clóvis fica passível aos hábitos e tradições 
bárbaras e as tradições romanas são habitualmente esquecidas. Mas as ações 
dos francos continuam. Em 534, assassinam Sigismundo, rei dos borgúndios, e 
anexaram a região atual da França. Atacaram os gregos, romanos e godos. Em 
553, combatem, também, na Apúlia e, na Calábria, a Campânia, continuam a 
campanha, arrebatando os Turíngios no Saxe. Os alamanos e os bávaros 
 
15 
 
impõem um vasto império com cobranças de tributos, “que se estende até a 
região do Danúbio”. 
Em virtude de todas essas conquistas e de achar que o poder político era 
pessoal, Clóvis divide o poder com os filhos 
a história dos filhos e dos netos de Clovis a partir de então, foi apenas 
a de uma sequência inextricável de conflitos familiares, intrigas e 
assassinatos e guerras civis. 
HERRS,1986, p.21. 
 
No início, com as querelas da divisão do poder entre filhos, o poder real 
“dissolve-se” e o passa para os duques e comandantes de exércitos. Segundo 
Herrs, 
esta nova configuração forma uma verdadeira casta, estreita e 
solidária, enriquecida com a posse de grandes domínios de terras e 
capaz de arrancar importantes concessões aos soberanos. 
HERRS,1986, p.21. 
 
Neste sentido, as grandes tentativas de reposição do poder real, 
passaram para os “prefeitos” (chefes) dos palácios, que se colocam contra o 
poder dos grandes. Segundo Herrs, 
eles se afirmam desde meados do século VII com Pepino de Herstal 
(714), prefeito da Austrásia, vencedor de seus adversários numa série 
de impiedosas guerras, apresenta-se como o verdadeiro soberano, 
fundando de uma nova dinastia. 
HEERS 1986, p. 22. 
 
Com a invasão dos lombardos, na Itália, toda a região de Roma parece 
sofrer com um período de carestia e com a fome que assolava toda a região. Os 
Lombardos tomaram a região, fizeram com que a terra da aristocracia romana e 
a dos godos fossem confiscadas. 
 
 
16 
 
Para Herrs 
O Estado lombardo reuniu tribos de origens étnicas bem diversas; 
nascido da conquista após a morte de Alboíno. A única força política 
era o grande exército bárbaro, de início mal fixado, mais ou menos 
nômade, posteriormente estabelecido em blocos compactos na planície, 
comandados por Duques, praticamente independentes. O rei afirma-se 
lentamente no reinado de Liutprando somente (713-744) quando se 
desintegram as últimas defesas bizantinas doNorte. Pouco a pouco, 
chefe de guerra, grande justiceiro cercado em Verona, Milão, sobretudo 
em Paiva, por oficiais do palácio e depois de juntas administrativas 
inspiradas na chancelaria romana, impõe sua autoridade às províncias 
do norte. 
Instala oficiais, condes ou gastaldi, agentes do domínio real que 
usurpam os poderes dos duques e recrutam exércitos presidem 
tribunais. Mas, por outro lado, em meados do século VIII, assim que o 
Estado lombardo se desintegra sob o golpe dos exércitos francos, as 
terras do centro, sob o domínio dos duques de Espoleto e Benevento, 
permanecem praticamente autônomas. No sul, bandos de guerreiros, 
liderados por chefes insubmissos detêm os cantões montanheses, 
vendem seus serviços a Bizâncio, ao papa, ao imperador carolíngio, ou 
lutam contra todos em vista o butim. 
HEERS,1986,p.24-25. 
 
Na Inglaterra, embora a conquista tenha ocorrido através de lutas 
militares, após o assentamento a vida coletiva predominou. Havia assembleia 
para as decisões que teriam que serem tomadas. Tais assembleias formavam a 
hundred, instituição fundamental dos primeiros tempos anglo-saxônicos na 
Inglaterra, conforme HERRS, 1986. 
As características de cada povo estavam relacionadas aos aspectos 
étnicos de cada bando que estavam mais associados ao acaso da conquista, da 
implantação de tribos e de seu reagrupamento, como afirma Herrs. 
 
 
17 
 
 
 
Merovíngios 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Leia o texto a seguir: 
PARTILHA E REUNIÃO ANTE O INIMIGO 
Já em meados do século IX, o reino de Wessex havia expandido sua 
influência sobre as regiões de Surrey, Sussex, Essex e Kent. Devido as grandes 
dimensões de seu atual território, Æthelwulf designou seu filho Æthelstan como 
senhor das terras orientais do reino. Porém, Æthelstan morreria no inicio da 
década de 850. Pouco antes de ir para Roma em 855, Æthelwulf teria dividido 
seu reino entre seus dois filhos mais velhos. Desta forma, Æthelbald ficaria com 
Wessex e Æthelberht com as províncias orientais. Porém, enquanto seu pai e 
Alfred estavam viajando, Æthelbald conspirou contra o próprio pai para que ele 
não retornasse à Inglaterra. Mas seus planos falharam, e quando Æthelwulf 
 
18 
 
retornou, fez sua vontade prevalecer após a sua morte, mantendo Wessex com 
Æthelbald e as províncias orientais com Æthelberht (exatamente como era antes 
dele ir para Roma). Entretanto, em 860 Æthelbald morreu e Æthelberht assumiu 
todo o reino até 865. Æthelberht foi então sucedido por seu irmão Æthelred. 
Durante este período teriam ocorrido certos conflitos dentro da casa real de 
Wessex (entre Æthelred e Alfred) pela sucessão ao trono, uma vez que Alfred 
reclamava sua parte na herança das terras do reino de seu pai. Foi estabelecido 
um acordo, de que os filhos do irmão que morresse primeiro seriam muito bem 
recompensados e em troca eles deixariam o caminho livre para o tio rumo ao 
trono. Quando Æthelred morreu, seus filhos ficaram muito desapontados em 
ver o tio assumir o trono. Futuramente este problema com seus sobrinhos 
voltaria a tona por meio de novas disputas, mas com a vitória de Alfred e seus 
descendentes. Estes problemas e intrigas internas pela sucessão do reino 
perderam a importância frente a um problema muito maior: o “grande exército” 
dos vikings. 
http://www.revistafilosofia.com.br/ESLH/Edicoes/9/imprime89389.aspacesso17/02/2011 
 
O rei dos anglo-saxões, no início, estava ligado a uma corte guerreira que 
se constituía em uma pequena nobreza militar. Herrs afirma, 
que, no início do século VII, no reino de Wessex, uma barreira social 
bem delimitada que separava ainda o camponês livre do homem que 
leva a designação de ”companheiro” (do rei) e cujo wergeld (soma em 
dinheiro destinada ao pagamento de um resgate de sangue) é bem 
mais elevado: 1200 shilings em lugar de 200. 
HEERS, 1986, p. 23. 
 
Neste sentido, era tradição que os bens feitos no reino anglo-saxão 
fossem recompensados com terras, para Herrs “a virtude tradicional do chefe 
era a generosidade”, conforme Heers, 1986, p.23. 
http://www.revistafilosofia.com.br/ESLH/Edicoes/9/imprime89389.aspacesso17/02/2011
 
19 
 
Embora as tribos que se assentaram em território inglês não fossem 
coesas, a partir do século VI começaram a dar passos em direção a um estado 
centralizado. Os textos mais antigos, como a História Eclesiástica de Beda (673-
730), demonstravam como se deu o processo de entrelaçamento de uma 
nobreza dividida em casta que conseguiu a ampliação territorial e uma série de 
casamentos por interesse, como no caso do Rei Edwin no século VIII. 
 
 
 
 
20 
 
Uma heresia do século IV 
cuja doutrina sustentava 
que o Filho de Deus não era 
verdadeiramente divino, 
mas criado; não era eterno 
mas temporal. Seu 
fundador foi Ario, 
Sacerdote de Alexandria. 
Arianismo - O arianismo foi uma 
visão defendida pelos seguidores de 
Arius, bispo de Alexandria nos 
primeiros tempos da Igreja primitiva, 
que negava a existência de um ser 
único, entre Jesus e Deus, que os 
igualasse, fazendo do Cristo pré-
existente uma criatura. Jesus então, 
seria subordinado a Deus, e não o 
próprio Deus. Segundo Ário só existe 
um Deus e Jesus é seu filho e não o 
próprio. 
 
UNIDADE 04. A IGREJA E A EVANGELIZAÇÃO – PARTE 1 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
Propiciar conhecimentos sobre a evangelização dos bárbaros. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A História do processo de evangelização dos povos bárbaros tem início 
com os Godos, que já haviam sidos convertidos ao cristianismo, antes da 
chegada ao ocidente, implantando o arianismo. 
Com esta conversão a crença ariana propagou-se entre os vândalos, 
borgúndios, suevos e, mais tarde, entre os 
lombardos como afirma Herrs. As lutas religiosas 
foram constantes, tronando-se um difícil 
caminho a união dos germanos, considerados 
hereges, e romanos as igrejas passavam por 
momentos de constrição. Na África, o desejo de 
eliminar o poder dos romanos e da igreja leva os germanos a perseguição em 
massa dos cristãos mandando os 
mesmos ao exílio. 
Na Espanha, os visigodos 
viram, por muito tempo, no arianismo 
o sinal de um particularismo étnico e 
de certa superioridade. 
O rei Eurico (466-484) proibiu 
eleições para os arcebispados 
romanos vagos e as práticas públicas. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_primitiva
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus
 
21 
 
 Tomou posse de terras na Hispânia, tornando-se o mais influente e 
poderoso de sua época. 
Entre 569 e 586 é a vez do rei dos Visigodos, Leovigildo, que defendia o 
arianismo. 
Leovigildo tentou impor aos súditos o arianismo como única opção, 
porém em 580 permitiu que os romanos se convertessem, sem se rebatizar, 
apenas através da purificação das mãos, como um ato simbólico de sua 
lavagem. 
Anos mais tarde, em Gália ao norte da Espanha, a conversão se dá com o 
batizado do Rei Clóvis, rei dos francos, mas mesmo assim parte da Gália, 
Germânia e Reno permaneceram ligadas as suas antigas crenças. 
Essa passagem é muito importante para se compreender a história cristã, 
no período da Idade Média. 
 
O batismo de Clóvis http://povosgermanicos.blogspot.com/2010/02/clovis-i.html 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chlodwigs_taufe.jpg
 
22 
 
O batismo de Clóvis é um episódio de suma importância para a 
história da civilização cristã, e revela de maneira impressionante o 
papel da Igreja na construção da Idade Média a partir de matéria-
prima tão primitiva como os bárbaros da época. Foi descrito em 
seus pormenores por São Gregório de Tours, primeiro biógrafo de 
Clóvis: “Chegando ao limiar do batistério, onde os bispos reunidos 
para a circunstância tinham se postado para se juntar ao cortejo, foi 
o rei que, tomando por primeiro a palavra, pediu a São Remígioque lhe conferisse o batismo. Respondeu-lhe o prelado: ‘Inclina 
humildemente tua fronte, Sicambro. Adora o que queimaste e 
queima o que adoraste’.[...] 
“Em seguida, tendo entrado na piscina batismal, recebeu a tripla 
imersão sacramental em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
Ao sair do batistério, administrou lhe ainda o sacramento da 
confirmação, segundo o uso vigente nos batismos de adultos. Aos 
personagens principescos aplicou-se o mesmo procedimento”. 
 
http://heroismedievais.com/2011/01/o-batismo-de-clovis-um-
marco-na.html. Acesso fev/2011 
 
Como você pôde perceber, o registro deste acontecimento ocorreu nos 
mais altos livros da época, tornando-se história. A seguir coloquei duas leituras 
de extrema importância, que complementarão seus conhecimentos. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
TEXTO I 
LEITURA COMPLEMENTAR 
O Início da Idade Média 
A unidade política do Império Romano diminui na Europa Ocidental 
durante e depois do século III d.C., os seus territórios foram conquistados por 
sucessivas vagas de tribos bárbaras, algumas delas rejeitavam a cultura clássica 
 
23 
 
de Roma, enquanto outras, como os Godos, admiravam-na e consideravam-se 
eles próprios os herdeiros de Roma. 
Esses povos em movimento eram os Hunos e Avares e Magiares com um 
grande número de Germanos e mais tarde os povos Eslavos. O velho império 
desmoronava, mas ainda continuava em funcionamento. 
Os romanos do oriente construíram a sua versão de Cristandade com 
mais legitimidade do que os católicos do ocidente. Constantinopla foi uma das 
duas capitais do final do império, e estava na mira de ser capturada pelas tribos 
bárbaras. 
A era das migrações é referida como Período de Migração. Tem sido 
historicamente referido como "Idade das Trevas" pelos historiadores europeus 
ocidentais, e como Völkerwanderung ("Os povos Vagabundos) pelos 
historiadores alemães. 
O termo "Idades das Trevas" caiu em de certa maneira e deixou de ser 
usado, por causa das recentes descobertas nesse período terem revelado uma 
cultura complexa (incluindo uma arte sofisticada). 
É verdade que as estruturas políticas estavam menos organizadas e 
centralizadas em comparação com a cultura precedente, mas a unidade política 
do Império Romano tinha prevalecido na Europa até esse dia. 
As populações romanas não foram aniquiladas, a migração das 
populações alterou a sociedade estabelecida a lei, cultura e religião, e os 
padrões da sua propriedade. 
A Pax Romana deu origem a condições de segurança para o comércio e 
produção de bens, e a unificação cultural e educacional melhorou as relações, 
que tinham estado em declínio durante algum tempo do século V. 
Agora isso foi em grande parte perdido, sendo substituído pela 
governação dos potentados locais, o que deu origem a uma mudança gradual 
nas ligações econômicas e sociais e infraestruturas. Os proprietários romanos 
 
24 
 
por exemplo não podiam pegar nas suas terras e partir, mudando rapidamente 
as suas alianças para os novos colonos e reis, deixando cair a cidadania romana 
e estabelecendo novos modos de vestir, língua e costumes, o que em uma 
ou duas gerações tornaria difícil distinguir entre um romano e um bárbaro. 
Esta situação piorou dramaticamente por causa da falta de segurança no 
transporte das mercadorias em quaisquer distâncias o que levou ao colapso do 
comércio e produção. As maiores indústrias que dependiam do comércio, tais 
como a produção em larga escala de cerâmica, foi varrida do dia para a noite de 
lugares como foi caso da Bretanha. 
As invasões Islâmicas dos séculos VII e VIII, as quais conquistaram o 
Levante, Norte de África, Espanha, Portugal e algumas ilhas do Mediterrâneo 
(incluindo a Sicilia), ficando com muito do que restava do comércio 
marítimo. Lugares como foi o caso Tintagel na Cornualha que continuavam a 
conseguir obter produtos luxuosos do vindos do Mediterrâneo durante o século 
VI perderam esta ligação. 
A infraestrutura administrativa, educacional e militar do Império Romano 
rapidamente se desvaneceu, o que originou, entre outras coisas, a diminuição 
da literacia apesar da maioria da população de Roma ter sido sempre iletrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Ostrogodos 
 
http://historia-7.blogspot.com/2010_04_01_archive.html Acesso fev/2011 
 
 
 
http://1.bp.blogspot.com/_lMekTckkxY0/S8YTf0c9BgI/AAAAAAAAB-E/IReFLf823YM/s1600/guerreirovisigodoseculov.jpg
 
26 
 
UNIDADE 05. A IGREJA E A EVANGELIZAÇÃO – PARTE 2 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
Propiciar conhecimentos sobre a evangelização dos bárbaros. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Durante a Idade Média (século V ao XV) a Igreja Católica conquistou e 
manteve grande poder. Possuía muitos terrenos (poder econômico), 
influenciava nas decisões políticas dos reinos (poder político), interferia na 
elaboração das leis (poder jurídico) e estabelecia padrões de comportamento 
moral para a sociedade (poder social). 
Como religião única e oficial, a Igreja Católica não permitia opiniões e 
posições contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis). Aqueles que 
desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e 
punidos. Na Idade Média, a Igreja Católica criou o Tribunal do Santo Ofício 
(Inquisição) no século XIII, para combater os hereges (contrários à religião 
católica). A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de 
pessoas que não seguiam às ordens da Igreja. 
Para cumprir a missão de evangelização dos reinos bárbaros entre os 
séculos V e VII, parte do clero passou a conviver com os fieis, constituindo o 
clero secular, isto é, aquele que vive no mundo. Entretanto, com o tempo, parte 
dos religiosos se vinculou aos aspectos temporais e materiais do mundo 
medieval, ou seja, aos hábitos, interesses, relações, valores e costumes dos 
homens comuns, afastando-se das origens doutrinárias e religiosas. 
Paralelamente ao clero secular surgiu o clero regular, formado por 
monges que serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos 
em mosteiros. São Bento organizou a primeira ordem monástica no ocidente, a 
 
27 
 
ordem dos beneditinos, baseado na regra orar e trabalhar, que significa viver, na 
prática, em estado de obediência, pobreza e castidade. Na verdade, os 
mosteiros acabaram se tornando o centro da vida cultural e intelectual da Idade 
Média e também cumpriram funções econômicas e políticas importantes. 
Entre os séculos XI e XIII a Igreja viveu diversas crises e mudanças. Contra 
a concentração de poderes materiais da Igreja surgiram, por exemplo, vários 
movimentos que questionavam alguns dogmas cristãos e por isso eram 
considerados heréticos. Os cátaros, valdenses, patarinos, entre outros, 
condenavam a riqueza da Igreja e não se submetiam à autoridade do papa. Os 
hereges foram combatidos com extrema violência pela Igreja Católica, 
principalmente após a organização do Tribunal do Santo Ofício, no século XII, o 
julgamento chamava-se Inquisição do Santo Oficio. Dessa crise surgiu uma 
reforma na Igreja Católica, promovida pelo papa Gregório IX, no século XI. Entre 
os pontos fundamentais estava a questão de que os senhores feudais não 
poderiam mais nomear os bispos de sua região, o fim do comércio de bens 
religiosos, a imposição do celibato clerical e os movimentos das cruzadas. 
Na própria Igreja também existiam movimentos contrários ao seu 
envolvimento nas questões materiais e ao uso da violência contra os hereges. 
Eram os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso 
eram conhecidos como ordens mendicantes, que se misturavam ao povo, 
procurando demonstrar a vida pobre e sacrificada do cristão. No entanto, eles 
foram incapazes de realizar a moralização definitiva da Igreja. Pode-se 
considerar que toda movimentação contra as interferências da Igreja 
Católica no mundo material, iniciada na Idade Média, acabaramoriginando a 
grande divisão dos católicos no século XVI, com a Reforma Protestante. 
 
http://www.brasilescola.com/historiag/o-poder-igreja-catolica-no-mundo-
feudal.htm 
 
28 
 
 
http://www.joaodefreitaspereira.net.br/fotos/fogueiracatolica.jpg 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
A Nova Ordem 
Até recentemente tem sido comum falar de "invasões bárbaras" que 
atravessaram as fronteiras do Império Romano e acabando com o mesmo 
império. 
Os historiadores modernos sabem agora que isso apresenta um retrato 
incompleto do tempo complexo da migração. 
Em alguns importantes casos, tais como os Francos que entraram na Gália, 
ocupando o seu lugar, olhando para as oportunidades econômicas que 
cruzavam o território romano, mantendo o seu líder tribal, e sofrendo da 
aculturação ou integração numa sociedade Gaulês-Romana, muitas vezes sem 
violência. 
Outros como Teodorico dos Ostrogodos, eram civilizados, com padrões 
iletrados, viam-se eles próprios como sucessores da tradição de Roma, 
empregando ministérios culturais romanos, tais como Cassiodorus. 
 
29 
 
Como os Godos, muitos outros eram federados, aliados militares do 
império, com o qual tinham ganhado direitos de colonização. 
Entre os séculos V e VIII uma completa e nova política social e 
desenvolvimento de infraestruturas atravessou as terras do velho império, 
baseado no poder regional das famílias nobres, e o estabelecimento de reinos 
como o dos Ostrogodos em Itália, Visigodos em Espanha e Portugal, Francos e 
Burgúndios na Gália e Alemanha Ocidental, e os Saxões em Inglaterra. Essas 
terras permaneceram cristãs, e os seus conquistadores Arianos em breve se 
converteram, seguindo o exemplo do pagão Franco Clovis I 
A interação entre a cultura dos novos residentes, o que foi deixado da 
cultura clássica, e as influências cristãs, produziram um novo modelo de 
sociedade. A centralização administrativa do sistema dos romanos não 
aguentou o choque, as taxas e impostos baixaram, e o apoio institucional á 
escravatura desapareceu. 
Contudo atrás dessas áreas da Europa onde muitos povos não tinham 
contactos com a cristandade ou a clássica cultura romana. Sociedades marciais 
tais como os Avaros e Vikings eram capazes de causar confusão nas novas e 
emergentes sociedades da Europa Ocidental. 
A igreja cristã, a única instituição a sobreviver á queda do Império 
Romano do Ocidente, foi a maior influência cultural unificada que preservou a 
sua seleção da aprendizagem latina, mantendo a arte da escrita, e centralizando 
a administração através da sua rede de bispados. 
O início da Idade Média é caracterizado pelo controlo urbano dos bispos 
e o controlo territorial exercido pelos duques e condes. O nascimento das 
comunidades urbanas marcou o início da Alta Idade Média. 
 
 
 
 
30 
 
A CIVILIZAÇÃO URBANA 
Os Bispos 
Os bispos no século VI, constituem-se os únicos mandatários da cidade e 
a encarnação da vida espiritual e em alguns casos se identificam com a “nação” 
romana (HERRS, 1981,p.32). 
Os Bispos são escolhidos dentro da aristocracia, ricos proprietários de 
terra geralmente hábil controlador das despesas da cidade e ele que tem a 
função de assegurar a estabilidade das cidades. 
Segundo Herrs os campos, porém permanecem ainda, no século VI, 
pouco influenciados pela vida cristã.Com paróquias pouco numerosas e 
isoladas: 37 na diocese de Auxerre contra 217 no século XIII(p.32). 
E no século VII que se estabelece nestas regiões o crescimento de 
paróquias rurais a “regulamentação dos ritos mais precisos, as práticas religiosas 
em particular a missa quotidiana e a comunhão’(HERRS;1981,p.32). 
Para Herrs “o empenho na evangelização nas zonas rurais e dado 
por,exemplificando, Sulpício, bispo de Bourges, de 624 a 644, conselheiro de 
Clotário II e que se deu mostras de grande zelo na conversão de heréticos e 
judeus na extinção dos ídolos pagãos (p:32). 
Mas o autor afirma que na região da Gália do Norte e na Germânia, o 
trabalho foi, principalmente feito pelos monges missionários de duas famílias 
espirituais opostas. 
http://www.enciclopedia.com Acesso fev/2011 
 
TEXTO II 
Leia o texto atentamente: 
A conversão religiosa dos germanos 
Ao longo de sua trajetória, a Igreja Cristã teve grande papel na 
divulgação e expansão do cristianismo pelos vastos territórios dominados pela 
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31 
 
população romana. Inicialmente, como bem sabemos, os cristãos realizavam a 
pregação do Cristianismo, mesmo com as perseguições empreendidas pelos 
romanos que se opunham ferrenhamente ao conteúdo das crenças 
disseminadas. Com o crescimento da religião, o Império Romano acabou 
revertendo tal situação ao oficializar o Cristianismo e, desse modo, observamos 
a configuração de uma hierarquia que mais tarde consolidaria a presença da 
Igreja como instituição atuante. 
Entre os séculos III e IV, a Igreja Cristã realizava a disseminação do 
Cristianismo com o apoio do Império Romano, que oferecia enormes facilidades 
para que populações inteiras paulatinamente se voltassem para a nova religião. 
Contudo, essa situação veio a se transformar com o advento das invasões 
bárbaras, as quais trouxeram uma variedade de povos, culturas e crenças para 
os antigos domínios imperiais. A partir de então, diferentes estratégias deveriam 
ser elaboradas para que os clérigos cristãos conseguissem penetrar no interior 
dos recém-formados reinos bárbaros e, de tal forma, garantir a sobrevivência da 
religião. 
Inicialmente, vemos que a ação da Igreja se concentrou na formação de 
mosteiros em regiões rurais, na promoção de estratégias que aproximassem os 
clérigos dos monarcas e na melhoria da formação dos membros cristãos que 
promoveriam o diálogo junto às populações pagãs. No entanto, devemos 
salientar que esse processo de diálogo para com os povos germanos, aconteceu 
muito mais em função de práticas que não só apresentavam uma nova religião, 
mas também colocavam em voga vários hábitos, instituições e modelos 
provenientes da própria cultura clássica que se mostrava viva, apesar da crise 
romana. 
De forma alguma, não podemos apontar que tal experiência fosse 
determinante para que a cultura dos povos germanos desaparecesse ou que a 
Igreja tivesse seus esforços radicalmente voltados para tal objetivo. Ao mesmo 
 
32 
 
tempo em que as conversões aconteciam, o processo de unificação de tribos 
em reinos unificados, as novas rivalidades experimentadas e a modificação das 
estruturas sociais germanas também atuavam na formação de um novo 
mosaico cultural. Com isso, percebemos que a cristianização dos germanos 
esteve longe de configurar um tipo de transformação histórica imposta de cima 
para baixo. 
Ao longo do tempo, podemos ver que as formas de representação da 
crença cristã, a organização dos calendários, o reconhecimento da santidade de 
alguns indivíduos e a formação dos movimentos heréticos nos indicavam um 
movimento de penetração da cultura germana em direção ao Cristianismo. Por 
outro lado, a consolidação da hierarquia, a manutenção de importantes traços 
da cultura greco-romana e o poder de mobilização da Igreja indicavam o 
sentido contrário dessa relação. Com isso, percebemos que as negociações e 
trocas culturais são bem mais eficazes para enxergarmos o mundo formado por 
bárbaros e cristãos ao longo da Idade Média. 
 
Fonte: http://povosgermanicos.blogspot.com/2010/05/conversao-religiosa-dos-
germanos.html 
 
 
 
 
 
 
33 
 
UNIDADE 06. OS MONGES IRLANDESES 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Propiciar conhecimentos sobre a simbologia religiosa. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Irlanda, situada à margem do mundo romano e, posteriormente, da 
Bretanha anglo-saxônica, conservava seus antigos costumes, suas estruturas 
políticas e sociais bem particularizadas: grandes famílias tribais dominados por 
chefes, reis, submissos eles próprios a reis poderosos. 
A evangelizaçãofoi obra de missionários: sacerdotes enviados pelo papa 
(em 431 por Celestino I) e, sobretudo, Patrício, um bretão, que mais tarde se 
torna São Patrício, teve uma vida dura. Com dezesseis anos, é capturado e 
mantido como escravo na Irlanda, mas consegue fugir e, ao voltar para suas 
terras, dedicou-se à religião. Converteu inúmeras pessoas, a maioria tornaram-
se Monges. 
Passou uma temporada na Gália, onde foi consagrado Bispo por Germain 
D´Auxerre, em 432, para ir evangelizar os irlandeses. 
Para explicar como a Santíssima Trindade era três em um ao 
mesmo tempo utilizava o trevo de três folhas e por isso o mesmo 
tem papel importante na cultura Irlandesa. Foi incentivador do 
sacramento da confissão particular, tal como conhecemos hoje, 
visto que antes o mesmo era realizado de forma comunitária. Um 
século mais tarde essa prática se propagou para o restante da 
Europa. (http://rhbjhistoria.blogspot.com/2010/07/historia-de-
santos-cristaos-3.html) 
 
 
34 
 
Você deve ter percebido como ele foi importante para a divulgação da 
Religião Cristã. A religiosidade se tornava tão forte na sociedade, que, na 
ausência de cidades e da presença de Bispos, as pessoas construíam moradias 
ao redor dos mosteiros que exerciam toda autoridade e lhes garantia 
segurança, principalmente, espiritual. 
Os primeiros monges irlandeses viviam em ermidas (mosteiros). No 
século VI, porém, multiplicaram-se os conventos, ou seja, as instituições 
religiosas para as mulheres, dispersas por toda ilha: Clouard, fundado por S. 
Finiano, Clonmacnoise por Ciaran, Durrow e Derry por Columba que emigrou, 
em seguida, para a costa da Escócia, onde se estabelece na ilha de Iona (aí 
morre em 597). 
Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o 
período histórico conhecido por Idade Média. Na Idade Média a arte 
tem as suas raízes na época conhecida como Paleocristã, trazendo 
modificações no comportamento humano, com o Cristianismo a arte 
voltou-se para a valorização do espírito. Os valores da religião cristã 
vão impregnar todos os aspectos da vida medieval. A concepção do 
mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo cristianismo é 
chamada de teocentrismo (teo = Deus - Do gr. theós). Deus é o centro 
do universo e a medida de todas as coisas. A igreja como 
representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados. 
http://josmaelbardourblogspotcom.blogspot.com/2010_03_28_archive.
html19/02/2011 
 
Em razão do teocentrismo, até a arquitetura dos mosteiros são voltados 
para o céu, como reverência a Deus. Ao homem só cabia adorar e obedecer a 
Deus. 
Observe a figura que se segue, veja as pontas das torres, percebeu? 
Todas voltadas para o céu, como em forma de adoração. 
 
 
35 
 
Mosteiro da Batalha 
 
http://josmaelbardourblogspotcom.blogspot.com/2010_03_28_archive.html19/02/2011 
 
Conhecidos como Raths, os mosteiros construídos lembravam castelos, 
protegidos por todos os lados, por meio de muralhas contra ataques de 
bandidos e animais. Eram construções imponentes com pedras talhadas, com 
teto pontiagudo, de três a cinco metros de comprimento. Já a celas dos 
monges, eram simples, feitas de galhos de árvores e teto de palha. 
Na parte interior, estão as igrejas, onde se faziam orações cinco vezes ao 
dia; refeitório; celas para os monges; claustros; biblioteca; albergaria; escola; 
asilo e campo de cultivo. 
Os monges deviam ser obedientes, sujeitos a penitências; o tempo devia 
ser usado para a leitura e a oração, que deveriam ser castos e humildes. 
O refeitório, o claustro e a biblioteca eram de uso exclusivo dos 
religiosos, a população só tinha acesso á Igreja e ao albergue. O campo de 
http://3.bp.blogspot.com/_8DLJzsb-GEg/S7exUJfxnlI/AAAAAAAAA9U/ArDSZ5OEqik/s1600/3822908.j
 
36 
 
cultivo, muitas vezes, tinha a presença de auxiliares escolhidos entre a 
população. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
ROMA E A REGRA DE SÃO BENTO 
Na Gália do Sul, entretanto, os primeiros mosteiros foram, de início, 
fundados nas costas da Provença, onde se exerciam mais intensamente as 
influências do Oriente: as ilhas de Lérins (em 410 por Honorato) São Vitor e São 
Salvador em Marselha (em 418 por Cassiano), Arles (S. Cesário em 513). Em 
seguida, mais ao norte, os reis borgúndios e francos auxiliaram em larga escala 
as novas comunidades, cujos representantes foram: Sigismundo, rei dos 
borgúndios (515, Ayanne), Clóvis e Clotilde (Sta Genoveva em Paris), 
Childeberto (S Germain-des-Prés), Clotário (Saint Medard em Soissons) 
Redegunda, sua mulher (Sta Cruz de Poitiers), Brunhilda (S. Martinho de Autum). 
No século VII, multiplicaram-se, na Normandia, na Ilha de França e no 
centro as fundações em terras de grandes, condes ou familiares do palácio. As 
primeiras regras da vida monástica, na Provença, foram ainda inspiradas no 
ascetismo oriental: longas preces e mortificações, poucos contatos com o 
mundo. Algumas dessas tradições mantiveram-se, por muito tempo; em 
Ayanne, por exemplo, no início do século VI, os monges deviam cantar salmos 
ininterruptamente. 
A regra de Cesário de Arles foi estabelecida após o concílio de Agde (em 
506), que fixou as regras disciplinares para o clero secular, assinalou, entretanto, 
um primeiro passo em direção a uma vida monástica mais liberta das práticas 
orientais, uma vida menos contemplativa, melhor adaptada às exigências da 
evangelização das zonas rurais. 
A ação decisiva, nesse caso, foi a de São Bento, nascido em 480, em 
Núrcia, na Úmbria, viveu muito tempo, como eremita, numa gruta dos Abrúzio, 
 
37 
 
perto de Subiaco; já célebre entre os camponeses em virtude de inúmeros 
milagres, estabeleceu-se em Monte Cassino em 529. Para dirigir seus monges, 
redigiu ele próprio uma regra marcada por um senso agudo de organização e 
ordem. Destacam-se as atribuições do Abade, o emprego do tempo dos 
religiosos, a distribuição das funções. A originalidade, em relação às tradições 
orientais, situa-se, sobretudo, na necessidade de participação da vida (o que 
coloca os monges numa posição particular entre os eclesiásticos) na vida 
comunitária e no trabalho intelectual ou manual. 
A regra de São Bento, clara e cômoda, foi, entusiasticamente, aprovada 
pelo papado e mais particularmente por Gregório, o Grande (590-604). 
Pertencia ele a uma rica família patrícia de Roma e foi primeiramente prefeito 
da cidade. Eleito papa, soube restaurar as ruínas da cidade, alimentar as 
populações esfaimadas e enfraquecidas. Inclinou-se, principalmente, à 
reorganização da Igreja, à imposição de uma férrea disciplina, através do envio 
de visitantes e pelo controle das eleições episcopais em todo o Ocidente. 
Suas obras (os Diálogos, as Morais acerca de Jó, os sermões ou prédicas, 
a Pastoral) demonstram, por outro lado, o abandono das grandes controvérsias 
dogmáticas e a intenção de apresentar regras práticas de religião e de vida 
cristã. Enfim, afirma sua supremacia sobre os metropolitanos da Itália do Norte 
e os patriarcas orientais. Em seu pontificado, em face de Constantinopla e 
Ravena, Roma reassumiu seu papel de capital, mas desta vez de capital 
espiritual, conforme assinala Heers,1981. 
O processo de evangelização missionária fora fundamental na maneira 
de cristianização dos povos bárbaros. Possibilitou diminuir a liberdade de 
atuação da Igreja da Irlanda e estabeleceu critérios para a evangelização da 
Inglaterra (os saxões). 
Conversões foram feitas, como o exemplo do monge Agostinho, que 
conseguiu, rapidamente, converter o rei Etelfrido (p.35). Após Agostinho, muitos 
 
38 
 
outros monges tiveram que lutar contra a possibilidade da volta do paganismo. 
As divergências entre a Igreja da Irlanda e a Sé romana continuaram até 631, 
quando o sul uniu-se com Roma e o norte somente em 704 e 716. 
 
 
 
 
 
39 
 
UNIDADE 07. EXPRESSÃO CULTURAL BÁRBARA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Explicitar ainfluência cultural bárbara na cultura romana. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Para Herrs (1981), a afirmativa de que as invasões bárbaras teriam 
provocado a “destruição” da cultura romana, impondo um novo padrão de 
pensar seria “completamente” era equivocada. 
Para o autor citado, o Código de Eurico ou a lei Sálica, regidos em latim, 
mostraram-se profundamente influenciadas pelo próprio direito romano, ao 
menos em algumas de suas províncias. 
Para entendermos mais a cultura bárbara e seus pressupostos na língua e 
nas letras, como também na arte bárbara, transcrev a pesquisa de Jaques Heers 
sobre o tema, recomendando que sejam anotadas as principais características 
das mesmas. 
 
A LÍNGUA E AS LETRAS 
Dificilmente encontraremos, no domínio literário e intelectual, traços de 
uma verdadeira cultura germânica. A escrita rúnica, utilizada pelas línguas 
nórdicas jamais teve grande influência no continente; adotada tardiamente, 
tende ela a desaparecer desde o século VI(L.Musset). A língua Gótica, escrita em 
alfabeto grego, brilhante no momento da conversão dos godos, cede 
definitivamente sua influência ao latim dois séculos mais tarde.Por outro lado, 
na época dos reinos bárbaros, as manifestações de uma cultura popular, de um 
folclore rural oposto à cultura dos letrados, parecem ainda difíceis de definir e 
 
40 
 
de analisar.São, sem dúvida, em grande parte a marca de revivescência de 
antigos temas indígenas, celtas, mais do que contribuições realmente novas. 
A vida literária liga-se sempre às expressões antigas. A língua latina, o 
gosto pela retórica, mantêm-se com brilho nos reinos godos.Assim em Ravena 
com Boécio (480-524; a Consolação Filosófica)e Cassiodoro (480-575; de 
Institutione divinarum litterarum); assim, após a reconquista bizantina, no 
mosteiro de Vivarium, na Calabria, onde Cassiodoro dirige uma espécie de 
Academia Literária e científica, dotada de uma considerável biblioteca.Na 
Espanha, Isiodoro de Sevilha (560-636; História dos Godos, Sinônimos, Origens 
ou Etimologias, Livro da natureza e das coisas),personalidade forte , um dos 
clérigos mais brilhantes de toda a Idade Média ocidental, permanece também 
bastante fiel a cultura latina. Depois dele, numerosas obras profanas de valor 
testemunham sempre o prestígio das letras romanas: as Cartas de Braulion de 
Saragoça, a Crônica de Juliano de Toledo. Os mosteiro (Dumio perto de Braga, 
Servitano próximo a Valência, Agaliense perto de Toledo, Caulanium perto de 
Mérida), as escolas episcopais (Sevilha, Saragoça,Toledo), os reis e os nobres da 
Espanha enriquecem suas bibliotecas com livros antigos. Na Irlanda o latim 
permanece uma língua de sábios, erudita protegida dos atentados do vulgar. 
Na própria Gália, pode-se encontrar alguma afetação nas lamentações de 
Gregório de Tour que deplora o declínio das letras: a cultura antiga sobrevive 
sempre na Provença (Arles) e em Viena (bispos Avit, 450-518, depois Didier 540-
610) 
Essa imitação portanto não é forçosamente servil. Se a obra de Isiodoro 
de Sevilha marca uma forte nostalgia pela antiga grandeza de Roma, uma viva 
atração pelos antigos temas filosóficos e certa sobriedade de formas e de 
expressão, testemunha também uma profunda originalidade. Encontra-se aí 
uma sincera emoção, um poder de afeição e de sugestão, uma mentalidade 
diferente, uma adesão profunda a seu tempo e aos valores do momento. A 
 
41 
 
História dos Godos assemelha-se a uma espécie de canto épico nacional para J. 
Fontaine, a “uma das primeiras formas de expressão literária da sensibilidade 
medieval”. Esta emoção “nacional”, o abandono do universalismo romano do 
qual Cassiodoro já havia dado os primeiro exemplos, anuncia a nova cultura 
(HERRS,1981,p.37-38) 
 
A ARTE BÁRBARA 
As migrações bárbaras trazem para o Ocidente ao que parece, 
expressões artísticas totalmente novas. Nos tempos bárbaros, as artes ditas 
“menores” (dever-se-ia mais dizer “mobiliaria” ou “industriais”) superaram a 
arquitetura e a grande escultura à maneira antiga.Pode-se numa certa medida, 
ligar essa nova arte às tradições nômades, ao desejo de manter a riqueza nas 
armas, nas vestimentas e nas joias. A espantosa habilidade dos trabalhadores 
godos ou francos, primeiramente ambulantes e depois fixados na margem do 
Reno, em Worms, Colônia ou Bonn onde seus ateliers são célebres já no século 
VI, demonstra todo interesse mantido no trabalho e na decoração de armas, na 
joalheria religiosa ou profana (fíbulas, fivelas de cintos e colares de ouro). O 
trabalho sempre precioso, atento de um objeto original ao qual o artesão dá o 
máximo de si, rompe claramente com a produção grosseira em série, da Gália 
romana. Afirmam-se então novas técnicas :trabalho em finas folhas de metal, 
em filigrana, em placas cloisonnés incrustadas de esmalte.Das tradições 
nômades e do Oriente, os bárbaros conservam também o gosto pelo luxo 
bárbaro: as descrições de Sidônio Apolinário, as do cronistas árabes que 
mostram os nobres visigodos cativos em Damasco após a conquista, os tecidos 
e as joias encontrados no túmulo da princesa Arnegunda em Sainte Denis(por 
volta de 570) principalmente os extraordinários tesouros visigóticos da 
Espanha(as coroas descobertas em Guarrazar) e as artes lombardas de Monza. 
 
42 
 
Esta arte bárbara liga-se a decoração lisa e negligencia decididamente o relevo: 
pedras gravadas, desenhos em filigrana .Além disso indica bem um novo 
gosto:motivos abstratos, entrelaçamentos geométricos formas estilizadas em 
todo o caso. A arte animalísta dos godos (água, peixe) enriquece-se a seguir 
com a chegada dos lombardos cuja influência parece considerável, com temas 
tomados à arte das estepes (arte dos citos-sámatas) animais fantásticos tais 
como grifos e dragões. É também uma arte de movimento:feras digladiando-se 
em duros combates,entrelaçadas, monstros contorcidos. 
Entretanto deve-se evitar exageros quanto a importância das 
contribuições propriamente germânica . A arte bárbara é também uma arte 
síntese, que reúne elementos bastante complexos, de origem por vezes incerta. 
As tradições romanas permanecem ainda bem vivas nos reinos mediterrânicos 
dos godos onde são erguidas as grandes igrejas de Ravena, de Mérida ou de 
Évora; mais tardia(segunda metade do século VII) AS de S. João de Bãnos, na 
região de Valência, e de Terrassa, próximo a Barcelona, com plano 
cruciforme,ornadas com arcos em ferradura,são cobertas por abóbadas de 
pedra. Santo Isidoro consagrou três capítulos de suas Etimologia à construção 
dos edifícios religiosos ou profanos. Nas regiões do Norte,por outro lado,onde 
se enfraqueciam as técnicas arquitetônicas, fundo celta.A arte irlandesa, através 
dos magníficos manuscritos iluminados nos mosteiros (o Book of Kells, por 
exemplo) e as grandes cruzes de pedra esculpida, ofereceu um exemplo 
apaixonante dessa síntese de elementos diversos: decoração tomada aos 
sarcófago gauleses dos séculos IV e V (Sacrifício de Abraão; Daniel na gruta dos 
leões), cenas populares imitações da joalheria saxônica, imagens pagãs.Os 
escribas irlandeses adotam naturalmente os motivos pagãos, transformam-nos 
em símbolos cristãos que, entretanto, respeitam as antigas crenças (os 
entrelaçados simbolizando a água corrente, os patos símbolos da 
fertilidade).Enfim por todo o Ocidente, numerosos contribuições bárbaras 
 
43 
 
refletem empréstimos às civilizações orientais, a Bizâncio, ou a Pérsia dos 
sassânidas. De maneira que, assim, reforçam a evolução da arte romana já no 
fim do Império cada vez mais influenciada pelo Egito e pela Síria, evolução cujos 
monumentos e objetos bizantinos de Ravena testemunham de forma decisiva. 
De fato, sem menosprezar a importância das novas técnicas principalmente no 
trabalho do metal, a estética bárbara deve muito ao Oriente mediterrânico. 
(HERRS,1981,p.38-39). 
 
O Império Carolíngio 
Lembra-se da Unidade III? Abordamossobre o império Franco, sua 
fragmentação e sobre o Rei Pepino. Pois é, em 768, Pepino morreu e seu reino 
foi dividido entre os dois filhos Carlos e Carlomano, porém, três anos depois, 
Carlos assumiu como único rei, pois seu irmão morreu. 
Carlos Magno tornou-se um dos maiores guerreiros da Alta Idade Média. 
Usando como pretexto da fé cristã, invadiu as áreas mulçumanas da Espanha e 
perseguiu os pagãos da Germânia. 
 
BUSCADO CONHECIMENTO 
Carlos Magno dominou os povos como os frisões, ávaros, saxões, 
cristianizando os mesmos. A totalização do Império deu-se com a conquista e 
reconhecimento do poder de Carlos Magno pelos habitantes de Constantinopla. 
Herrs, citando L Halphen, R Folz e H Fichtenau, diz: 
“permitem o relacionamento com a noção de um imperium 
christianum, mais herdado do exemplo Bizantino: um só reino no céu 
e um só chefe na terra. O Cristo só pode ter um único vigário. Ao 
reino de Cristo, criador do universo corresponde o de Carlos, todo 
poderoso escolhido por Deus, em suma lugar tenente do Cristo, 
intendente da Igreja. 
HEERS,1981 p.43. 
 
44 
 
Indubitavelmente, a principal preocupação de Carlos Magno foi a de 
estabelecer uma administração sólida, igual, centralizada em todas as regiões 
do Império. Todos os autores salientam, nesse ponto, a importância de sua 
obra. Alguns se perguntam, porém, em que medida a autoridade do rei de fato 
respeitada. 
Ele tentou controlar as comunidades de homens livres, seus tribunais, 
seus centeniers, impor-lhes, se não outros costumes políticos, ao menos um 
mesmo procedimento moral; desejou estender as instituições francas aos países 
estrangeiros recentemente conquistados. Salvo no coração do reino 
solidamente mantido, o rei institui, acima dos condes, grandes governos 
provinciais confiados a um prefeito, duque ou margrave. Nas fronteiras, são as 
marcas de verdadeiros governos militares: marcas na Espanha, da Bretanha, do 
Friul, marcas dinamarquesas ao norte, avaras a leste. 
Carlos Magno, porém, muito frequentemente, confiava essas funções a 
membros da nobreza local, os únicos capazes de ser obedecidos. Fortalecidos 
por importantes domínios territoriais, providos de numerosas clientelas, os 
condes, desde cedo, tornaram-se independentes e transmitem seus cargos aos 
filhos. Do que resulta, para melhor supervisão e repressão dos abusos dessas 
dinastias províncias, os célebres missi domici, enviados do senhor, para 
inspecionar seus domínios e seus encarregados. Os missi são quase sempre 
fiéis, francos; geralmente viajam juntos de um leigo, funcionário adido ao 
palácio e um bispo. 
Carlos Magno esperava governar a Igreja do mesmo jeito: ele a dirigia 
protegia, no interior do reino, contra os abusos e as heresias e, no exterior, 
contra inimigos não cristãos. Os Libri Carolini, escritos segundo sua vontade 
(791), atacaram os teólogos do Concílio de Níceia (787) seres divinos. Ataques 
sinceros, talvez, mas que tinham como principal objetivo firmar os bispos 
provenientes de todo o Ocidente, da Bretanha, mesmo, condenar, sob sua 
 
45 
 
ordem, o adocionismo, doutrina professada na Espanha, principalmente, em 
Toledo. 
O imperador, praticamente, decidia a escolha de cada bispo e os 
empregava em seguida em toda espécie de funções, como simples funcionários. 
Condes e bispos foram instruídos no próprio palácio, onde Carlos atraiu, a peso 
de ouro, ao que parece, oferecendo-lhes, todavia, bons benefícios aos sábios 
estrangeiros: Alcuíno, o mestre da escola episcopal de York, o espanhol 
Teodulfo, Paulo Diácono e Paulo de Pisa, os dois italianos. 
Desse modo afirmou-se, na corte imperial, um movimento intelectual e 
literário, designado, de uma maneira bem simplista, como a “renascença 
carolíngia”. Ao brilho das letras corresponde o luxo da arte oficial: mosaicos e 
mármores das capelas nos palácios imperiais e episcopais; tal como o de 
Germigny-les-Prés, oratório de uma vida de campo de Teodullfo, bispo de 
Orléans. Mais ainda, afirmou-se o luxo das miniaturas, suntuosas sobre fundo 
de ouro: escola palatina, sob Carlos Magno mesmo (evangeliário de Ebbon e 
Bíblia de Carlos, o Calvo) e de Tours (Evangeliário de Lotário). No domínio 
intelectual, entretanto, as ambições de Carlos limitavam-se ao que parece à 
formação de bons administradores e de bons bispos, instruídos e dignos. O 
essencial era dar-lhes instrumentos de trabalho, textos claros, principalmente 
jurídicos, aos quais deveriam dar forma. Isso limita, singularmente, a 
importância dessa “renascença carolíngia”. Desse modo, os sábios da corte 
esforçam-se em precisar as regras da gramática e se prendem, via de regra, a 
uma simples imitação, por vezes servil, formal, dos modelos antigos. A reforma 
da escrita, a famosa Carolina, que tornou mais fácil a cópia e a leitura dos textos 
essenciais, responde a uma mesma preocupação. Na escola palatina, é que 
foram retranscritos e posteriormente recopiados por escribas, em vários 
exemplares, as Capitulárias de Carlos Magno – suas leis - certamente, mas 
também as obras de Gregório, o Grande, e dos pais da Igreja, o manual litúrgico 
 
46 
 
romano, compilações de decretos e de direito canônico. Assim, sem 
originalidade, mais ocupados em citar do que em criar, os eruditos que se 
ligaram a Carlos Magno, ao menos conservaram, fielmente, uma parte 
importante da herança de Roma e dos primeiros tempos da Igreja; sem dúvida, 
prepararam um lento desenvolvimento das letras e uma lenta renovação da 
espiritualidade cristã. 
 
 
 
 
47 
 
UNIDADE 08. ASPECTOS ECONÔMICOS DO REINADO DE 
CARLOS MAGNO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Propiciar conhecimentos sobre os aspectos econômicos do reinado de 
Carlos Magno. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Economia no Governo Carlos Magno 
Alguns problemas teriam ocasionado a ruína da economia no governo de 
Carlos Magno, a conquista dos muçulmanos dos mercados dos cristãos na 
região do mediterrâneo, o fato de o império ter uma economia territorial 
voltada somente para sua subsistência quase não tendo trocas internacionais 
sem fluxo monetário. Entretanto, para Herrs, isso seria quase improvável, pois o 
declínio da economia já teria começado bem anteriormente com as conquistas 
“árabes e sarracenas”. A economia no período Carolíngio seria uma expressão 
de declínio do grande período de empobrecimento do Ocidente, desde a 
derrocada do império Romano. 
Herrs, citando M.Lombard e Pirrene, diz que os dois autores 
“notaram, nos tempos carolíngios, sinais precursores de um 
renascimento mercantil. Demonstram a importância da reforma 
monetária que afirma o monopólio real e institui a cunhagem de 
dinários de prata, peças de bom quilate aceitas no mundo muçulmano 
e nas regiões nórdicas 
HERRS, 1981, p.47. 
 
 
48 
 
As terras continuam sendo fonte de enriquecimento, fato herdado do 
império romano, quando da invasão dos germânicos e, posteriormente, as 
conquistas francas. Surgiram, nesse momento, instruções para estabelecer a 
utilização das terras como as Capitulária de Villis, cujo teor continha 
informações dadas por Carlos Magno, para a maneira de “administrar e explorar 
as terras”. 
A corte, que comanda a villa, unidade territorial para fins de exploração 
agrícola, era caracterizada por “paliçadas, a casa do senhor, alojamentos de 
empregada, estábulos, chiqueiros, cercado para ovelhas, granja, adegas e 
celeiros e, além disso, as oficinas: ferraria, cutelaria, pisoeiro, moinho, lagar”. 
Os trabalhos desenvolvidos na Villa, no início, eram feitos por escravos 
domésticos, que habitavam as casas próximas a do senhor. Esses escravos 
trabalhavam diariamente em conjunto, sob a direção de funcionários livres, 
embora existissem escravos que desenvolviam trabalhos especializados como 
artesãos, que trabalhavam madeira, o ferro ou o couro, enquanto as mulheres 
nos gineceus, teciam telas de cânhamo ou de linho, panosde lã. 
 
 
49 
 
 
Carlos Magno por Albrecht Dürer / http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Magno 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
As Invasões dos Séculos IX e X no Ocidente 
O território do Império Ocidental de Carlos Magno, com os ataques dos 
povos do mar e também dos cavaleiros das estepes sofria, com o passar do 
tempo, um processo de dispersão, orquestradas pelas invasões que criavam 
migrações forçadas. 
 
 
 
 
 
50 
 
Para Herrs 
“o Império, na segunda metade do século IX, foi incapaz de resistir a 
esses ataques, já perigosos, entretanto, na época de Carlos Magno: 
De uma parte a debilidade da ideologia imperial, expandida somente 
no estreito círculo dos condes, duques, margraves ou bispos e 
praticamente desconhecida pelos chefes subalternos, e mais ainda, 
certamente, pelas massas populares, Desde o fim do reinado de Luís o 
piedoso, foi difícil reunir contingentes militares para fazê-los participar 
da defesa comum, longe de suas províncias. 
Muito frequentemente os chefes, mesmo os grandes, recusavam-se a 
atender ao apelo do rei e Carlos, o Calvo, jamais conseguiu manter 
guarnições suficientes nas pontes fortificadas que barravam o Sena 
- Por outro lado, a organização dos exércitos carolíngios destinada 
somente à ofensiva: uma cavalaria bastante pesada, pouco maleável, 
muito demorada para se reunir, disponível somente alguns meses por 
ano; uma marinha praticamente inexistente; principalmente a ausência 
de praças fortes: cidades e mosteiros encontravam-se, na maior parte, 
sem muralhas. 
- Enfim, o pânico que tomou conta da população desde os primeiros 
ataques. Os invasores esforçaram-se por criar um clima de terror 
através de abominações massacres, atrocidades exemplares, seus 
próprios costumes, desintegrando assim qualquer tipo de resistência. 
O império Carolíngio, já enfraquecido por frequentes divisões,sofre ao 
mesmo tempo ,os ataques dos povos do mar em todas as suas costas 
e dos cavaleiros das estepes em suas fronteiras do Leste. Essas novas 
migrações algumas vezes, se fixam em determinadas regiões 
formando novos estados, mais ou menos estáveis e modificaram 
assim o mapa político do Ocidente.Elas debilitaram inclusive a 
coesão do mundo cristão,minaram a autoridade real,precipitaram a 
evolução das estruturas políticas e a emancipação dos pequenos 
chefes. 
HERRS, 1981, p.53-54. 
 
 
51 
 
A debilidade da ideologia do império, difundida apenas entre as altas 
dignidades, que não as divulgavam com a pretensão de monopolizar os 
conhecimentos da ideologia e aumentar sua autoridade, deixavam os chefes 
subalternos e mais certamente a massa popular na ignorância dos objetivos 
gerais e assim desinteressados, ou resistentes em cumprir ordens ou fazer 
sacrifícios em prol da defesa do império, principalmente, nas fronteiras distantes 
dos centros de decisão. A falta de conhecimento e de tentativas de acordos ou 
convencimentos agravava as disputas entre as famílias mais ilustres, com 
pretensões de reinar ou formar seus próprios reinos. 
 
NATUREZA DAS INVASÕES 
Seguindo as antigas rotas das invasões Germânicas ou rotas mercantes, 
bastante frequentadas, os invasores, partindo de regiões distantes e fortificadas, 
por muito tempo, não tinham outra pretensão que não a de saquear tesouros 
de mosteiros, relicários, estátuas, objetos de arte, mobiliário litúrgico e ouro, 
este fundido tão logo chegavam de volta. Nenhuma pretensão de dominação 
política, apenas a aventura das incursões e a posse dos espólios. 
Essas condições jamais foram ultrapassadas pelos cavaleiros da estepe e 
os sarracenos; já os piratas do norte, vikings, estabeleceram algumas relações 
comerciais, infelizmente, quase que apenas no tráfico de escravos. Pouco 
adiante, desistiram de pilhar a população, passando a exigir tributos, mais ou 
menos regular, por fim, formam Estados e, desde logo, assimilaram a doutrina 
cristã. 
Como sugestão de leitura, recomendamos o site: 
http://www.historiadomundo.com.br/idade-media/francos.htm 
 
LE GOFF, Jacques. O maravilhoso e cotidiano no Ocidente médio. Lisboa. Ed. 70, 
1985. 
 
52 
 
 
Deixamos também como sugestão o filme CRUZADAS, para que você 
possa ter um conhecimento mais profundo sobre o período, suas vestimentas, 
sua economia, sua distinção de classe social e com a ideia de que deus eles 
louvavam. 
 
 
DICA DE FILME: 
 
Título original: (Kingdom of Heaven) CRUZADAS 
Lançamento: 2005 (Espanha, EUA, Inglaterra) 
Direção: Ridley Scott 
Atores: Orlando Bloom, Liam Neeson, Eva Green, Michael Sheen. 
Duração: 145 min 
Gênero: Aventura 
Sinopse 
Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que guarda luto pela 
morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam 
Neeson), seu pai, que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e 
dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também 
à esta meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título de 
nobreza em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento, Balian decide 
permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado como cavaleiro. 
Paralelamente ele se apaixona pela princesa Sibylla (Eva Green), a irmã do rei. 
 
 
 
 
http://www.adorocinema.com/diretores/ridley-scott
http://www.adorocinema.com/atores/orlando-bloom
http://www.adorocinema.com/atores/liam-neeson
http://www.adorocinema.com/atores/eva-green
http://www.adorocinema.com/atores/michael-sheen
 
53 
 
UNIDADE 09. SOCIEDADE FEUDAL – PARTE 01 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Explicitar conhecimentos sobre a organização social feudal. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Toda a Europa esteve por séculos à deriva, tomada por guerras e 
atrocidades importadas, mas o que se tem de registro leva-nos a concluir que a 
sociedade feudal foi a mais importante resposta à desorganização gerada com 
o desmonte do Império Romano e aos inúmeros invasores que se aproveitaram 
da fragilidade e ausência de coesão dos povos da Europa. 
Nessa época, passou a prevalecer a lei do mais forte, no lugar do 
contrato, o juramento homem a homem; no lugar da civilidade, o servilismo; 
no lugar das leis escritas, prevaleciam os costumes. Diríamos que o feudalismo 
foi a resposta possível na ausência prolongada de um comando com 
credibilidade, centralizado e coerente, frente às invasões, pilhagem e exploração 
de que a Europa se tornou palco. 
Para Guy Antonetti, 
 do ponto de vista quantitativo, a economia medieval foi caracterizada 
pela pequenez relativa das unidades de produção e dos volumes dos 
bens produzidos. A exiguidade das unidades de produção valia tanto 
para agricultura quanto para o artesanato. A exploração agrícola 
permaneceu antes de tudo concebida em função das necessidades da 
manutenção de uma “corte” senhorial (domínios senhoriais) ou de 
uma família camponesa (tenência dos rendeiros): camponês que 
recebia o usufruto de uma parcela da terra do senhor, chamada 
tenência”, a comercialização dos excedentes agrícola para um 
mercado mais ou menos vasto, mesmo excitando a atividade do 
produtor não se tornou objetivo do setor primário. Quanto a 
 
54 
 
produção artesanal, ela foi estabelecida na origem por 
trabalhadores a domicílio que transformavam a matéria-prima 
levada pelo cliente,os quais se tornaram depois produtores 
independentes , trabalhando por sua conta e vendendo seus 
produtos: a oficina, na própria casa do artesão, não exigia senão 
um material rudimentar e um pessoal reduzido. Esta exiguidade 
das dimensões das empresas seguia paralela com a fraqueza 
das quantidades produzidas: o desenvolvimento agrícola foi 
sempre travado pela mediocridade das técnicas; o artesão , por 
sua vez, trabalhava na maior parte dos casos para satisfação das 
necessidades de um mercado localconhecido, o que quase não 
o incitava a desenvolver muito a produção. A franqueza desta, a 
mediocridade dos rendimentos e a insuficiência dos meios de 
trocas conjugaram-se com a visão dos grupos sociais (mundo 
eclesiástico e senhorial em sentido amplo) que canalizavam para 
si o essencial dos rendimentos, para aviltar a atividade e o 
progresso técnico, restringindo as vendas. 
ANTONETTI, DATA, P. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Você já deve ter ouvido falar em pirâmide social. Observe bem como ela 
se estrutura. Em sua base, a grande maioria da população, seguida pela nobreza 
e, no alto, o clero, detentor de poder e riqueza. 
 
http://www.asdicas.com.br/feudalismo-resumo/ acesso20/02/2011 
 
55 
 
Estas são características que, no econômico, definem o início da era 
feudal: no social, correspondem à fixação dos laços homem a homem, no 
estabelecimento de costumes e mesmo de certas regras e a uma maior precisão 
do vocabulário político e social. A hereditariedade dos feudos e dos encargos, 
sobretudo a uma ligação obrigatória, entre o poder exercício e da atividade 
das armas e a possessão das terras para o nobres. 
Para Pirene (l937), a quebra da hegemonia dos povos do ocidente sobre 
as terras da Europa estaria situada, no século VIII, após as invasões árabes. A 
economia antiga, mais ou menos decadente, teria sobrevivido até que os árabes 
realizassem o corte norte-sul do mundo mediterrâneo: de centro de gravidade 
que ele era, na economia antiga, o Mediterrâneo ter–se-ia então tornado uma 
fronteira. Senhor do mar Tirreno, os árabes teriam separado a Europa Ocidental 
do Império Bizantino, daí o encolhimento continental do Império Carolíngio. A 
despeito de certas formulações excessivas e das críticas de que ela tem sido 
objeto, a explicação de Pirenne ainda é aceita por uma grande maioria. 
 
O FEUDO 
 
http://tocadekigan.blogspot.com/2009_05_01_archive.html ACESSO20/02/2011 
http://tocadekigan.blogspot.com/2009_05_01_archive.html
http://1.bp.blogspot.com/_TStOwLEILII/SLloBebAk1I/AAAAAAAAAI8/9Z0PHOqepOs/s400/feudo.bm
 
56 
 
Vivendo em economia fechada, isto é, em economia rural, praticando 
pouco ou nada de troca, a Europa carolíngia satisfazia mal às necessidades de 
uma simples economia de subsistência. 
Se os acidentes naturais, que destruíam as colheitas, provocavam fomes 
horríveis com retorno à antropofagia, no século X, é porque os homens não 
tinham a menor poupança que lhes permitisse alimentarem-se, pois os preços 
eram exorbitantes. A obsessão da fome impediu a adoção de divisão do 
trabalho no espaço: cada domínio procurava produzir tudo o que era necessário 
a sua sobrevivência, daí um desperdício considerável de mão de obra. Por outro 
lado, as condições de utilização dessa mão de obra concorriam para manter a 
fraqueza das margens de benefício: os rendeiros, requisitados a cultivar a 
reserva do senhor, não podiam mais consagrar senão um tempo limitado as 
suas próprias tenências, o que acarretava uma dupla consequência: a 
modicidade das rendas que os rendeiros podiam pagar a seus senhores por 
suas tenências e a impossibilidade de tirar proveito da exploração destas. 
Quanto aos senhores, eles não podiam esperar obter vantagens senão de suas 
reservas, mas este lucro eventual era desviado do investimento produtivo pela 
necessidade de distribuir favores e assistência aos protegidos e aos indigentes. 
Convêm salientar que nem tudo no século X foi desastroso para a Europa 
Ocidental, mas pode ser considerado um preâmbulo para o milagre ocorrido no 
século XI. 
Guy Antonetti ( 1977, p.15), afirma que, em relação ao século XI, no 
tocante ao desenvolvimento populacional, quantitativa e qualitativamente, as 
estruturas econômicas sofreram uma profunda transformação: Na história do 
desenvolvimento econômico da Europa Ocidental, a revolução do século XI foi 
relativamente tão importante quanto foram a do século XVI e XVIII. O 
crescimento sensível da população e a melhoria da produção agrícola, o 
renascimento das cidades, o desenvolvimento das trocas e a expansão 
 
57 
 
transformaram a economia dominial rural da alta idade média, em economia 
artesanal urbana: o domínio rural começou, então, a perder seu papel de célula 
fundamental da economia,em proveito da aglomeração urbana que estendia 
sua dominação sobre uma região mais ou menos extensa. Certamente, a 
produção agropastoril conservou uma grande importância, mas o campo 
circundante caiu sob a dependência econômica da cidade vizinha, por um lado 
servindo-lhe de saída para parte de sua produção artesanal e por outro 
assegurando-lhe um aprovisionamento em matérias-primas agrícolas e em 
produtos alimentícios. 
Este laço entre a cidade e o campo, entre a cidade e sua zona rural de 
influência, supunha o renascimento da divisão do trabalho e da economia de 
troca que resultava dela. 
 
 
 
 
 
58 
 
UNIDADE 10. SOCIEDADE FEUDAL – PARTE 02 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Explicitar conhecimentos sobre a organização social feudal. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O Feudalismo na Europa Ocidental - Evolução e Limites 
Até aqui, foi apresentado o feudalismo clássico, contudo, sabemos da 
quase impossibilidade de um sistema social e econômico permanecer íntegro 
no espaço e tempo. No caso a Europa, palco de ex-impérios poderosos e de 
longa existência, Heers, citando F. L. Ganshof e Marc Blach, afirma: 
As estruturas feudais não penetraram na sociedade de uma maneira 
tão profunda em todas as partes. O domínio geográfico onde o 
historiador pode constatar um feudalismo triunfante, “clássico”, 
apresenta-se singularmente restrito. 
HEERS, 1986, p. 77. 
 
Assim é que lá onde a riqueza e o poder militar permaneceram 
concentrados nas cidades, guardando seu prestígio e seu poder, e com 
estrutura social e política, do tempo do domínio romano ainda vivas na 
lembrança, os postos leigos e eclesiásticos continuavam com a aristocracia não 
guerreira nem rural; mesmo na zona rural, o feudalismo convivia com as 
propriedades individuais terras pessoais e livre de toda sujeição e vassalagem. 
Isso ocorre na Europa meridional, França, Espanha, na Itália ao sul do Loire. 
A parte da Alemanha, beneficiada por mudanças nas rotas comerciais em 
virtude dos ataques Wikings, as instituições carolíngias resistiram por mais 
tempo, como assinala Heers, 
 
59 
 
A sociedade feudal alemã apresenta diante desse esquema, traços 
acentuadamente originais. Ligam-se de início à manutenção, de 
direito ao menos e sobretudo no tempo dos imperadores otônidas, de 
uma autoridade superior, preocupada em tornar mais lenta a 
feudalização dos altos cargos e em aplicar o mais amplamente 
possível o antigo direito público.Essa resistência traduz-se 
principalmente por uma introdução mais tardia das estruturas ou, de 
qualquer maneira, do vocabulário do feudalismo. 
HEERS, 1986, p. 80. 
 
Caso análogo ocorreu em lugares, onde os costumes Romanos ou 
carolíngios não haviam penetrado, tais como, na Alemanha do Leste, no saxe e 
nos reinos Anglo-Saxônicos da Inglaterra. Na Frísia, as comunidades de 
camponeses livres, não admitiam o senhorio territorial e as relações de 
vassalidade. Mesmo assim, possuíam alguns traços comuns ao feudalismo 
clássico, dependência pessoal, recomendação e formação de clientela, por outro 
lado não são organizados em função da vida militar ou da exploração do solo. 
Existiram casos de feudalismo imposto; como o caso do Papa Silvestre II, 
tentando implantá-los nos estados pontificais e os casos de conquistas 
militares, com os normandos na Inglaterra e na Itália meridional. Esse 
feudalismo de importação, inclusive os da Terra Santa, foram um tanto 
artificiais, pois permaneceram as tradições e antigas estruturas, tornando-se um 
feudalismo aparente e superpostos. 
 
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