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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE FARMÁCIA Relatório síntese do Ácido Acetilsalicílico CURITIBA 2022 Ana Carolina de Mattos Lima Gustavo Rodrigues Coelho Martins Maria Luisa Cavalheiro Chaves Walkiria de Oliveira Relatório síntese do Ácido acetilsalicílico Relatório parcial para obtenção de avaliação formativa da matéria de síntese farmacêutica do 6° período de farmácia. Professor: Matheus Murmel Guimarães CURITIBA 2022 1. INTRODUÇÃO O ácido acetilsalicílico é um anti-inflamatório esteroidal, amplamente utilizado como analgésico e antipirético. Sua origem vem das cascas do salgueiro onde era utilizado na antiguidade para tratamento de dores. O princípio ativo denominado por Johann A. Buchner em 1828 foi salicilina, encontrada em plantas como por exemplo a Spirae (MENEGATI, FRAGA; BARREIRO, 2011). Em 1838, o químico italiano Raffaele Piria sintetizou o ácido salicílico que posteriormente em 1859 começaram a sintetizar salicilatos, porém devido a efeitos colaterais desagradáveis, houve a motivação de estratégias de síntese para buscar ou fármaco melhorado, que mais tarde tornou-se a Aspirina. Em 1897, Hoffman conseguiu sintetizar a partir do ácido salicílico através de acetilação, o ácido acetilsalicílico, e em 1899 a Aspirina foi introduzida na Alemanha pela Bayer como fármaco sintético empregado na terapêutica (MASSABNI, 2006). A síntese propriamente dita é produzida a partir de uma reação nucleofílica acílica, ou esterificação. Os reagentes utilizados no procedimento são o ácido salicílico, anidrido acético e como catalisador o ácido sulfúrico (PAVIA et al., 2009). A prática foi realizada no laboratório da PUCPR, com objetivo de experienciar os conhecimentos teóricos-práticos, avaliar as técnicas empregadas, correlacionar reações orgânicas, empregar métodos de purificação e cristalização e obter rendimentos de fármaco. 2. OBJETIVOS Nosso objetivo em realizar a síntese do ácido acetil salicílico é aplicar nossos conhecimentos teóricos-práticos adquiridos em aula, avaliar técnicas empregadas, correlacionar reações orgânicas, empregar métodos de purificação e cristalização, obtendo rendimentos e o resultado final do fármaco. https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-893X2019000200054#B14 https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-893X2019000200054#B11 https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/330/o/Apostila_de_Quimica_Organica_Experimental.pdf 3. MATERIAIS E REAGENTES ● 20 gramas de ácido salicílico; ● 40 mL de anidrido acético; ● Água destilada; ● Solução hidróxido de bário 1M; ● 30 gotas de ácido sulfúrico; ● Carvão ativado 0,5 gramas; ● 2 Erlenmeyer 250 mL; ● 2 Béquer 500 mL; ● 1 Pipeta volumétrica; ● 1 Pera; ● 1 Bico de bunsen; ● 1 Funil simples; ● 1 Funil kitassato; ● 2 Papel Filtro; ● 1 Relógio de vidro; ● 1 Termômetro; ● 1 Bastão de vidro; ● 1 Pipeta pasteur; ● 1 Tripé; ● 1 Sistema de bomba a vácuo: funil kitassato; funil de Buchner, bomba de vácuo, bomba de água, mangueira, pinça de pressão. Foi utilizada para obtenção do ASS as orientações descritas por Gonçalves, D.; wal, E.; Almeida, R. R., com algumas adaptações de tempo e temperaturas para síntese. O procedimento experimental da síntese do AAS foi separada em etapas: Passo 1 Foi adicionado num Erlenmeyer de 250 mL 20 gramas de ácido salicílico e 40 mL de anidrido Acético. Agitou-se vigorosamente até obter uma mistura homogênea. Foi adicionado 30 gotas de ácido sulfúrico concentrado e elevou-se a temperatura até 45° C. Passo 2 Foi adicionado o produto formado num béquer que continha 400 mL de água destilada. O ácido acetilsalicílico precipitou. Passo 3 Foi aquecido próximo ao ponto de ebulição até a dissolução do precipitado. Foi filtrado a quente e esfriado. Passo 4 Foi filtrado a vácuo e lavado com água destilada até retirar o resíduo de ácido sulfúrico. Para isso, foi utilizado hidróxido de bário reagindo com o filtrado, até não haver precipitado devido a reação ácido-base. Passo 5 Para a purificação, foi utilizado 0,5 gramas de carvão ativado, juntamente com o produto e 400 mL de água e aquecido próximo da ebulição. Foi filtrado a quente por papel pregueado. Passo 6 Foi cristalizado por resfriamento em gelo, e após filtrado a vácuo e dessecado em temperatura ambiente. Pesado para cálculo de rendimento. Imagem 01: Cristalização por resfriamento Imagem 02: Filtração à vácuo 4. DISCUSSÃO Nesta prática, foi realizada a síntese do ácido acetilsalicílico por meio da reação do ácido salicílico e anidrido acético, em presença de ácido sulfúrico concentrado. Como produtos da reação, foi obtido o ácido acetilsalicílico e o ácido acético. Por fim, o ácido acetilsalicílico foi purificado por recristalização. A reação para a obtenção AAS é ilustrada na imagem 3. O rendimento em massa do AAS foi calculado pela razão entre a quantidade de produto (AAS) e a quantidade teoricamente esperada a partir da estequiometria da reação, considerando que todo o reagente limitante origina se o produto principal. Imagem 03: Reação de ácido acetilsalicílico partindo do ácido salicílico. Ácido Salicílico MM: 138 g/mol Anidrido acético MM: 102 g/mol Ácido acetilsalicílico MM: 180g/mol Ácido acético MM: 60g/mol Imagem 04: protonação (ativação) da carbonila do anidrido acético Imagem 05: ataque do ácido salicílico ao centro catiônico Imagem 06: migração do hidrogênio Imagem 07: eliminação do ácido acético da estrutura Imagem 08: etapa final da desprotonação do ácido acetil salicílico O carbono carbonílico do anidrido acético possui nuvem eletrônica desorganizada, baixa eletronegatividade por conta da presença do oxigênio. Sua densidade eletrônica o torna mais eletrofílico (carbono eletrodeficiente). Ao ser acrescentado um meio ácido (com ácido sulfúrico), é liberado H+, o que ativa a sua carbonila. Ocorre o ataque nucleofílico do oxigênio no H+, tornando a carbonila ativada. O composto entra em ressonância tentando se estabilizar, e o carbono fica com carga positiva aparente. O anidrido acético age como um nucleófilo, pois tem elétrons para atacar a carbonila. O ácido sulfúrico atua como catalisador para facilitar o ataque nucleofílico a carbonilas quando os nucleófilos são fracos ou moderados, sendo assim, o rendimento se torna maior para a esterificação com o meio ácido. Considerando a reação estequiométrica de 1:1 foi calculado o rendimento a partir do Ácido salicílico utilizado no início da reação (20 gramas) e o peso do produto final. O anidrido acético em excesso não foi considerado. Cálculos: Papel filtro 1,584 gramas Peso final: 8,828 gramas Peso do produto final: 7,2448 gramas. Cálculo porcentagem: 138g/mol de Ácido Salicílico —------------------- 180g/mol AAS 20 gramas de AS —--------------------- X g de AAS x: 26 gramas de AAS em 100% de rendimento 26 gramas de AAS —-------------- 100% de rendimento 7,2448 gramas de AAS —------- X % de rendimento Rendimento de 27,76 % Na reação realizada obtivemos um rendimento de 27,76 % considerando a massa final de Ácido acetilsalicílico. Houve perdas significativas durante o procedimento devido a passagem do produto na filtração a vácuo e outras perdas nos processos de aquecimento e transferência de material para vidrarias utilizadas. As constantes físicas do produto não foram avaliadas, o aspecto do sólido era de agulhas/escamas cristalinas com opacidade (imagem 09), a explicação é devido ao tempo de aquecimento no processo de purificação, no qual não chegamos a ebulição, portanto ficou o aspecto opaco. Imagem 09: Aspecto dos cristais de AAS 5. CONCLUSÃO Os procedimentos usados no laboratório são muito semelhantes aos utilizados na indústria para síntese de aspirina. Este procedimento, tem como a base a quebra das moléculas de ácido salicílico e do anidrido acético, catalisada por um ácido, neste caso o H2SO4. Portanto, conclui-se que a prática de síntese do AAScumpriu com os objetivos de unir conhecimentos teóricos-práticos adquiridos em aula, além de criar um caráter avaliativo às técnicas empregadas, especialmente nos atentando aos erros que podem ser cometidos durante os processos, como perdas durante o processo, impactando diretamente no rendimento final da reação. Além disso, permitiu a prática da avaliação das reações que acontecem no processo, a identificação dos reagentes, materiais iniciais e produto final, além do entendimento e a aplicabilidade do Workup na reação. 6. REFERÊNCIAS GONÇALVES, D.; WAL, E.; ALMEIDA, R. Química Orgânica Experimental. Mcgraw-Hill, São Paulo, 1985. MENEGATTI, R.; FRAGA, C. A. M.; BARREIRO, E. K. (2011). A Importância da Síntese de Fármacos. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/03/sintese>. Acesso em: 14 set. 2022. MASSABNI, A. C. (2006). Aspirina. Química viva (Conselho regional de Química): Instituto de Química/UNESP. Disponível em: <https://www.crq4.org.br/quimica_viva__aspirina>. Acesso em: 14 set. 2022. LUZ, L. T. S. et al. Avaliação e otimização das condições de obtenção do ácido acetilsalicílico para fins didáticos. Educ. quím vol.30 no.2. Ciudad de México, 2019. Disponível em: <https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-893X201900020 0054#B17>. Acesso em: 14 set. 2022. http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/03/sintese.pdf https://www.crq4.org.br/quimica_viva__aspirina PAVIA, D.L; LAPMAN, G.M; KRIZ, G. Z. (2009). Química orgânica experimental. Porto Alegre. Bookmam. Segunda edição. 59-67. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/330/o/Apostila_de_Quimica_Organica_Experime ntal>. Acesso em: 14 set. 2022. https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/330/o/Apostila_de_Quimica_Organica_Experimental https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/330/o/Apostila_de_Quimica_Organica_Experimental
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