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BUDESONIDA Desenvolvimento dos corticoides e Síntese da UFJF - SÍNTESE DE FÁRMACOS Anna Beatriz Martins Franco Eduarda Barbosa Ester Zanini Pereira Lívia Lourenço Moreira Maria Eduarda de Paula Discentes: Docente: Prof. Dr. Marcos Brandão SUMSUMÁRIO 01. Introdução aos cortícoides 02. História dos cortícoides 04. Síntese da budesonida 03. Características físico-químicas 05. Mecanismo de ação 06. Farmacocinética 07. Curiosidades Introdução O que são corticoides? É um grupo de hormônios esteróides produzidos pelas glândulas suprarrenais. São conhecidos também como corticosteroides. São sintetizados a partir do cortisol, um hormônio normalmente produzido pela glândula suprarrenal. A descoberta dos corticoides constitui um dos maiores progressos da farmacologia moderna. 3 Introdução O que são corticoides? Os glicocorticoides atuam suprimindo a indução de respostas pró-inflamatórias Interferem em várias etapas do processo da inflamação: -Imunidade inata -Imunidade adquirida 4 O que são corticoides? Fonte: Livro Fundamentos de química medicinal Atuam suprimindo a indução de respostas pró-inflamatórias Interferem em várias etapas do processo da inflamação: -Imunidade inata -Imunidade adquirida 5 Descrição: “Estado geral de languidez e debilidade, fraqueza na ação do coração, irritabilidade no estômago e peculiar mudança na coloração da pele.” História dos corticoides A descrição que Thomas Addison fez da melanodermia, que mais tarde ficou conhecida como doença de Addison. Fonte: Britannica Esses pacientes evoluíram para óbito. Associação de Addison: a substância produzida pela glândula seria responsável pelacondição mórbida. GLÂNDULAS SUPRARRENAIS (OU ADRENAIS) RINS As autópsias confirmaram alterações em suas glândulas suprarrenais. 6(PIZARRO, F el at. 2020) 1564 História dos corticoides Bartolomeo Eustachi, descreveu as suprarreinais Fonte: Toda Matéria Com a descrição de Addison, em seu livro “Sobre os efeitos constitucionais e locais das cápsulas suprarrenais”foi possível demonstrar a importância funcional das glândulas suprarrenais. 1855 7(PIZARRO, F el at. 2020) Glândulas suprarrenais removidas Apresentaram melhorias. SÉCULO XX História dos corticoides Através de estudos experimentais em animais Demonstrou-se que: Desenvolviam uma doença semelhante a doença de Addison. Administração extrato do córtex adrenal 1 2 Concluiu-se a existência de um composto no córtex das glândulas que melhorava a doença de Addison. Gerou um trabalho com solventes objetivando a obtenção de um extrato purificado para tratar a doença. 8 (PIZARRO, F el at. 2020) A Clínica Mayo em Rochester, foi o local reuniram-se médicos e cientistas que permitiram o desenvolvimento e estudo de corticosteroides aplicados à prática clínica. 1925 História dos corticoides Apatia Hipotensão Doença renal O reumatologista Phillip S. Hench, chefe do departamento de doenças reumatológicas da Clínica, notou sintomas: Em pacientes que possuia artrite reumatóide. Nas autópsias não foi encontrada alteração estrutural das glândulas suprarrenais, e consequentemente ele abandonou os estudos. PORÉM 9 (PIZARRO, F el at. 2020) 1929 História dos corticoides Hench observou: Sua natureza como clínico e as inúmeras abordagens de pesquisa em cadáveres não poderiam explicar as associações mencionadas ou determinar o mistério da “substância x”. Pacientes com icterícia e AR (Artrite Reumatoide), quando tratados para icterícia também havia remissão dos sintomas da AR. A relação entre esses fenômenos com uma certa “substância x” antirreumatóide, que foi inicialmente associado à disfunção hepática. PORÉM 10 (PIZARRO, F el at. 2020) Edward Calvin Kendall, juntamente com sua equipe da Clínica Mayo, preparam, a partir de extratos adrenais, um composto cristalino através de 30 substâncias. 1930 História dos corticoides Kendall e sua equipe não sabiam quais dessas substâncias, quando ausentes, determinavam a doença de Addison. E após a purificação desses compostos ele os nomeou, A,B,C,D,E... Testando os diferentes compostos, fabricou o composto que conseguiu aliviar um paciente com artrite reumatoide. Cortisona Fonte: Shawn Hempel 1947 11(PIZARRO, F el at. 2020) Com a ajuda das empresas Merck, Armor e do laboratório Upjohn, iniciou-se a produção de cortisona parenteral. História dos corticoides Upjohn conseguiu uma apresentação oral. Fonte: Tua Saúde Fonte: Sandwalk 1949 1950 12(PIZARRO, F el at. 2020) História dos corticoides A descoberta da atividade da cortisona levou ao conhecimento moderno sobre os hormônios do córtex adrenal e seus usos no medicamento. Contribuições: Identificação do receptor de glicocorticóide Mecanismos de ação (genômicos e não genômicos Desenvolvimento da técnica de uso local Redução dos efeitos sistêmicos Isto permite hoje uma ampla gama de utilizações terapêuticas em diferentes áreas da medicina. 13(PIZARRO, F el at. 2020) 3 anéis hexano Características físico-químicas Estrutura molecular básica dos glicocorticóides 14 1 anel pentano ciclopentanoperidrofenantreno grupo 11-hidroxila confere o efeito esperado Variações: -Potência -Meia vida -Metabolisma -Efeitos mineralocorticoide (Líbia et al., 2007) Ligação dupla entre C4 e C5 necessária para atividade adrenocorticosteroide A Características físico-químicas Por dentro da molécula: 15 (Liddie, 1961) Ligação dupla entre C4 e C5 necessária para atividade adrenocorticosteroide A Características físico-químicas Por dentro da molécula: Introdução de uma dupla ligação entre 1,2 : proporção entre a potência reguladora de carboidrato e a de retenção de sódio metabolização + lenta 16 (Liddie, 1961) B metilação na posição 6 ou a halogenação, modificam a atividade antiinflamatória Características físico-químicas Por dentro da molécula: 17 cortisol aumenta os efeitos antiinflamatórios, a eliminação de nitrogênio e a retenção de sódio metilprednilsolona potência antiinflamatória potência reguladora de eletrólitos em relação á prednisolona (Liddie, 1961) B Características físico-químicas Por dentro da molécula: 18 dexametasona adição de flúor na posição 9 acentua todas as atividades biológicas dos corticosteróides* *efeito de retirada de elétrons 11-hidroxi ancinonida uso tópico (Liddie, 1961) presença de um oxigênio em C11 é indispensável para uma potência antiinflamatória significativa OBS.: não necessária para alta potência retentora de sódio C Características físico-químicas Por dentro da molécula: 19 desoxicorticosterona usado na doença de Addison (Liddie, 1961) Ligação dupla no anel A: maior atividade do fármaco Características físico-químicas Molécula da Budesonida 20 Grupo éster na posição 17: maior solubilidade em água (Santos, G. et al., 2021) Síntese da Budesonida (Santos et al., 2021) 21 Síntese da Budesonida (Santos et al., 2021) Fermentação biológica 22 16-hidroxiprednisolona Prednisolona Síntese da Budesonida / Dioxano Adição de cadeia alquil Formação de grupo quiral 23 16-hidroxiprednisolona Budesonida Quebra da dupla ligação Isômeros da Budesonida (Huang et al., 2022; Santos et al., 2021, Hou et al., 2000) Mais potente 24 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Huang+Y&cauthor_id=35243840 Mecanismo de Ação Glicocorticoides ligam-se a receptores intracelulares Induzem a síntese de algumas proteínas e inibe outras. Ações dos glicocorticoides é medida por interações de fatores regulatórios com o receptor citosol Ações metabólicas Ações anti-inflamatórias e imunossupressoras 25 Efeitos dos corticosteroides Mecanismo de Ação Diminuição da vasodilatação e da permeabilidadedos capilares. Diminuição da migração de leucócitos para locais de inflamação. A ligação dos corticosteroides ao receptor glicocorticoide trás mudanças na expressão genética: Proporcionam um efeito anti- inflamatório Inibem a apoptose e desmarginação de neutrófilos Inibem a fosfolipase A2 Inibem o NF-Kappa B 26 Mecanismo de Ação BUDESONIDA É um corticosteroide sintético A budesonida se liga aos receptores GRs Induz a expressão de genes responsivos aos glicocorticóides - codificam mediadores inflamatórios. Citocinas Interleucina 10 Lipocortinas Anti-inflamatória e imunomoduladoras 27 Mecanismo de Ação As lipocortinas inibem a fosfolipase A2 BLOQUEIA Impede a síntese de prostaglandinas e leucotrienos IL-6, IL-8, INFb inibe o fator nuclear kappa-B (NF-kB) Budesonida previne a liberação de citocinas pró- inflamatórias de células epiteliais e macrofágos. Liberação de ácido araquidônico Diminuindo a inflamação mediada por NF-kB. 28 Efeitos Adversos Irritação local Sangramento Perfuração septal Disfonia Aumento da tosse Epistaxe Boca seca Náusea Dispepsia Disgeusia Dermatite perinasal 29 A budesonida é um composto moderadamente lipofílico, com rápida absorção pela mucosa das vias aéreas. Após administração oral o pico de concentração plasmática é atingido entre 1 a 2 horas e a disponibilidade sistêmica absoluta é de 6% a 13%. Por nebulização o pico de concentração plasmática ocorre em aproximadamente 10 a 30 minutos. Farmacocinética Absorção 30 (Stanley J. Szefler, MD et al 1999) Farmacocinética A budesonida é amplamente distribuída nos tecidos e liga-se em 85% a 90% às proteínas plasmáticas. Distribuição 31 (Stanley J. Szefler, MD et al 1999) Metabolismo Farmacocinética Liga-se às proteínas, sofre metabolismo hepático de primeira passagem e é rapidamente metabolizada pelo sistema do citocromo P450 no fígado especificamente pelas enzimas CYP3A. Os principais metabólitos resultantes da budesonida são 16α-hidroxiprednisolona e 6β-hidroxibudesonida. 32(Stanley J. Szefler, MD et al 1999) Metabolismo Farmacocinética Budesonida 6-beta-hidroxibudesonida 22-hidroxi da budesonida Metabolito intermediário 16-alfa-butirloxiprednisolona 16-alfa-hidroxipredinisolona delta 6-budesonida 23-hidroxibudesonida 33(Stanley J. Szefler, MD et al 1999) DEPURAÇÃO SISTÊMICA Farmacocinética A elevada depuração plasmática da budesonida inalatória é vantajosa para minimizar potenciais efeitos adversos sistémicos associados ao tratamento com doses elevadas. 34 (Stanley J. Szefler, MD et al 1999) Eliminação Farmacocinética A budesonida é excretada principalmente por via renal, como metabólitos na urina e fezes. 35 (Stanley J. Szefler, MD et al 1999) Comercialização Budesonida 32 mcg: R$ 26 a R$30 Budesonida 50 mcg: R$ 40 36 Farmácia Popular (Programa Farmácia Popular) 37 Budesonida 32 mcg e 50mcg Sistema de copagamento COVID-19 38 REFERÊNCIAS Ferreira RCS, Yoshimatsu GS, Duarte LF, Sato LV, Gonçalves RFF. Bulário explicativo de Medicamentos.São Paulo, ed. Rideel, 2013. Líbia, A. et al. Uso sistêmico de corticosteróides: revisão da literatura. Med Cutan Iber Lat Am, v. 35, n. 1, p. 35–50, 2007. Sarino, Emanuel. Budesonida inalatória em asma aguda – uma questão de tempo e espaço?. Jornal de Pediatria, Recife, PE. Disponível em: < chrome- extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.scielo.br/j/jped/a/QsGKBhWjTCtj N46ydpkpf6d/?format=pdf&lang=pt>. Acesso: novembro, 2023. Szefler, Stanly J; MD. Pharmacodynamics and pharmacokenetics of budesonide: A new nebulized corticosteroid.The Journal of Allergy and clinical Immunology;Denver ,Colorado. Disponivel em https://www.jacionline.org/article/S0091-6749(99)70059-X/fulltext . Acesso em novembro 2023. Pizarro, F. Historia de los corticoides. Revista Colombiana de Endocrinología, Diabetes & Metabolismo, v. 7, n. 3, p. 206–208, 2020. REFERÊNCIAS Santos, G. et al. A Químicapor trás dos medicamentos distribuídos pelo programa farmácia popular no Brasil: rotas sintéticas, relação estrutura-atividade e perspectivas futuras. Química Nova, 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.21577/0100-4042.20170770 Liddie, G. W. Clinical pharmacology of the anti-inflammatory steroids. Clinical Pharmacology & Therapeutics, v. 2, n. 5, p. 615–635, 1 set. 1961. Shuguang Hou; Miguel Hindle; Peter R Byron (2001). A stability-indicating HPLC assay method for budesonide., 24(3), 371–380. DOI:10.1016/s0731-7085(00)00424-6 Obrigada!
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