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Prática Jurídica Penal II Plano de Ensino – Grade 2017 - CEUNSP Autor: Uillian Antonio de Souza 1. Elaboração de Peça Prática de Resposta a Acusação no Procedimento comum ordinário. A resposta à acusação é a peça processual que deve ser apresentada pela defesa após a citação, nos termos e prazo previstos no artigo 396 do CPP. Trata- se de peça de estrutura simples, com matéria de defesa restrita, de forma totalmente distinta das alegações finais, onde todas as teses de defesa devem ser alegadas. No caso da resposta à acusação, a defesa visa essencialmente a absolvição sumária do cliente. No processo penal, devemos sempre fundamentar o pedido de absolvição com base no dispositivo legal correto, inclusive com a indicação do inciso que abrange a hipótese referente ao caso concreto. Para fundamentar de forma correta a absolvição na peça de resposta à acusação, você deve utilizar o artigo 397 do Código de Processo Penal: Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV – extinta a punibilidade do agente. Mesmo nos crimes dolosos contra a vida, para o qual o procedimento previsto nos artigos 406 a 411 do CPP não consagra a absolvição sumária do art. 397 do CPP de forma expressa, como algo possível logo no início da primeira fase do procedimento, devemos atentar ao que dispõe o § 4o. do art. 394 do CPP, o qual acaba por consagrar a possibilidade daquela espécie de absolvição sumária em todos os procedimentos criminais em curso na 1a. instância. Cabe destacar que o cabimento da absolvição sumária do artigo 397 do CPP no procedimento do júri é tema controvertido e não se confunde com a absolvição sumária do artigo 415 do CPP. Esta última pode se dar ao final da primeira fase do procedimento do júri. Admitindo a aplicação do artigo 397 do CPP, seriam duas chances de absolvição sumária ao longo do procedimento do júri. Assim, muito embora o rito do júri, como visto acima, não contemple o art. 397 do CPP, devemos inseri-lo por força do disposto do art. 394, § 4o., do mesmo código. 2. Elaboração da Defesa Preliminar da Lei 11.343/2006. O artigo 55 da Lei de Drogas (Lei 11.343/06) prevê o cabimento da resposta através de defesa preliminar e tem cabimento em todos os delitos descritos na vigente lei, com exceção dos crimes definidos nos artigos 28, 33 e seu parágrafo 3º e o 38, cujas penas podem ser enquadradas como menor potencial ofensivo e direcionadas ao JECRIM, nos termos dos artigos 60 e 61 da lei 9.099/95. O cabimento desta peça processual tem previsão para o procedimento descrito única e especificamente na Lei de Drogas. O momento desta se apresenta por ocasião da notificação da denúncia ofertada contra o acusado pelo Ministério Público e destina-se esta ao juízo criminal. O realce desta peça é singular, única no processo e temporal, a entendemos sempre fundamental. É a primeira vez que o réu, por seu defensor, fala no processo; é a oportunidade formal dele de se manifestar com o juiz; é com ela que já se pode atacar as preliminares e ponderar tudo que interessa à defesa; oferecer documentos, justificações, especificar as provas que se farão pela defesa, arrolar testemunhas. A peça de Defesa Preliminar deverá sempre pedir: • que seja recebida a defesa (juízo de admissibilidade); • a rejeição da denúncia; • a absolvição sumária (ver hipóteses do art. 397 do CPP); • a inquirição de testemunhas (esse é o momento e arrolá-las); • a juntadas documentos e protesto futuro; • informar as provas que pretende produzir (perícia, reconhecimento pessoal, acareações, exame de dependência toxicológica, entre outros). Ainda, sempre é válido enfrentar preliminares na defesa. Verificando o cabimento da inépcia da denúncia (art. 41, do CPP), inépcia material, ausência de justa causa, nulidades nos mandados extraídos (busca e apreensão, notificação, interceptação telefônica etc.), bem como a falta de qualquer pressuposto processual ou condições da ação. 3. Elaboração de peça prática de alegações finais por Memoriais. Independente do ramo processual, os memoriais, são as exposições que as partes realizam após finalizada a instrução processual e, portanto, antes do juiz proferir sua sentença. Como é uma etapa que antecede a fase final de um processo de conhecimento, ou seja, da sentença, o objetivo dos memoriais é possibilitar que as partes revisem o processo e as provas produzidas, trazendo nesta peça processual os pontos fortes para as suas alegações e, é claro, tentem convencer o juiz dos pedidos realizados. A partir disso, é notável que os memoriais possuem um papel relevante dentro do curso processual, tanto quanto as demais peças, como a petição inicial, a contestação e outras necessárias para o trâmite. Os memoriais possuem grande relevância, pois é o último momento que os advogados têm para revisar provas, apontar pedidos e direitos e tecer a narrativa dos fatos de forma com que o juiz fique mais propenso a concordar com os pedidos realizados. Assim sendo, não é difícil de concluir que fazer os memoriais de forma clara, objetiva, coerente e persuasiva é fundamental para que a possibilidade de uma sentença favorável aumente, portanto, todo cuidado na elaboração dessa peça é imprescindível. A estrutura da peça segue o padrão das peças mais relevantes, como inicial e contestação, de forma que podemos pontuar que serão compostos por: • Endereçamento; • Qualificação das partes; • Narrativa dos fatos até então, considerando todo desenrolar da lide; • Fundamentação, com análise das provas e situações expostas nos autos; • Pelos pedidos, que geralmente são uma reiteração do que já fora requerido em sede inicial ou contestatória; • Data e assinatura. Assim como é muito importante se fazer uma boa petição inicial para iniciar bem o processo, igualmente importante fazer memoriais bem elaborados para que se finalize o processo de maneira proveitosa também, buscando causar impacto e visando o convencimento do juiz. Desta forma, nota-se que as alegações finais por memoriais têm seu espaço assegurado dentro do processo, e o advogado sempre irá de separar com esta peça independente do ramo processual que atue, devendo sempre tomar os devidos cuidados para elaborá-la da melhor forma possível, não subestimando sua repercussão. Pois, pode até parecer um ato pouco relevante para o deslinde do feito, mas elas certamente podem fazer toda a diferença se feitas de forma adequada, objetiva e persuasiva. 4. Elaboração de peça prática de Recurso de Apelação. A apelação criminal é um recurso do Código de Processo Penal que busca, de maneira geral, o reexame da matéria já examinada em sentença definitiva (ou com força de definitiva) de primeira instância. Dessa maneira, a parte sucumbente, isto é, a parte considerada prejudicada pela decisão, recorre ao princípio do duplo grau de jurisdição. Através da apelação criminal a matéria é revista pelo órgão jurisdicional superior, de forma a tentar reformar, anular ou substituir a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição. A apelação criminal pode ser plena (quando se dirigir ao inteiro teor da decisão) ou parcial (quando o inconformismo é com apenas uma parte da decisão). A apelação criminal está prevista no art. 593 do CPP, além de estar também nos arts. 76 e 82 da Lei nº 9.099/1995, que trata do Juizado Especial Criminal. Há cinco personagens dentro do Processo Penal que podem interpor um recurso de apelação criminal. Eles são definidos pelo art. 577 do CPP: o Ministério Público; o querelante(autor da queixa-crime na ação penal privada); o assistente de acusação; o réu e seu procurador ou defensor. Lembrando que o parágrafo único do art. 577 dispõe que o recurso penal não será admitido quando a parte recorrente não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. O Ministério Público não está restrito apenas à acusação. O Ministério Público pode interpor a apelação criminal em favor do réu, em seu papel de fiscal da lei, caso ele já não tenha apelado tempestivamente contra sentença condenatória. Todavia, o Ministério Público não pode lançar mão da apelação em sentenças absolutórias nas ações penais privadas, pois lhe falta titularidade. Esta é conferida apenas ao particular, e não ao Estado. Ainda assim, segundo Guilherme de Souza Nucci, o MP pode “apresentar recurso de apelação contra a decisão condenatória, que não aplicou corretamente a pena ou que, injustamente, sem provas suficientes, condenou o querelado.”. Por outro lado, nas ações penais privadas subsidiárias da pública, há legitimidade recursal do MP, independentemente do caso. A contagem de prazo para interposição da apelação criminal pelo Ministério Público se dá a partir do recebimento dos autos no setor administrativo do MP. Esse entendimento jurisprudencial cria uma exceção para a contagem de prazos processuais penais a partir da intimação, disposta pela Súmula 710 do STF. Os prazos de apelação criminal pelo Ministério Público: • Prazo para interposição da apelação criminal: 5 dias. • Prazo para razões: 8 dias. • Prazo para vista dos autos nas ações penais movidas pelo ofendido: 3 dias.
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