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MÓDULO 3 - PLANEJANDO LICITAÇÕES COM A PARTICIPAÇÃO DE MPES

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MÓDULO 3 - PLANEJANDO
LICITAÇÕES COM A PARTICIPAÇÃO
DE MPES
Introdução
Módulo 3
Planejando licitações com a participação de MPEs
No módulo anterior, você conheceu a Lei Geral da Micro e
Pequena Empresa (Lei 123/06) e alguns de seus normativos
complementares especialmente direcionados às MPEs. Neste
módulo, você conhecerá as três legislações que orientam
todo o processo licitatório no Brasil. Naturalmente,
apresentaremos essas legislações considerando sua
aplicabilidade à contratação de MPEs nos processos de
compras governamentais.
Objetivos
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
● 1
● 1
● Identificar as determinações do Decreto
10.024/19 para a condução de licitações em
modalidade de Pregão Eletrônico e sua
aplicabilidade à realidade das MPES
considerando as peculiaridades quanto à
comprovação de regularidade fiscal a serem
adotadas para as MPEs, além da possibilidade de
realização de pregão presencial;
● 2
● 2
● Identificar o mecanismo de funcionamento da
Cotação Eletrônica e sua aplicabilidade às MPEs;
● 3
● 3
● Identificar as recomendações da Lei 12.462/11 e
do Decreto 7.581/11 para a condução de licitações
sob o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas – RDC e suas peculiaridades de
aplicação à participação de MPEs;
● 4
● 4
● Reconhecer os pontos específicos do Projeto de
Lei 1292/1995, que se encontra em tramitação no
Congresso Nacional e substituirá a Lei 8.666/93.
Organização do módulo
Este módulo está dividido em quatro tópicos. Observe seus
conteúdos individualizados na sequência.
A LEI DE LICITAÇÕES E SUAS PREVISÕES PARA A
CONTRATAÇÃO DE MPES
Neste primeiro tópico, você conhecerá as premissas apresentadas
pela Lei 8.666/93 e sua aplicabilidade à realidade das MPEs
brasileiras. Assim, o tópico destaca os itens aos quais o gestor
público deve estar atento considerando a participação de MPEs
nas compras realizadas por seu órgão.
A lei de licitações e suas previsões para a contratação de MPEs
Neste tópico, você conhecerá:
● bullet
https://eadlms.sebrae.com.br/courses/novo-sebrae/cg2020/scormcontent/index.html#
● A legislação que rege as contratações públicas no
Brasil (Lei 8.666/93) e sua aplicabilidade à realidade
das MPEs brasileiras;
● bullet
● Os normativos excepcionais adotados em função do
enfrentamento da pandemia Covid-19 e sua
aplicabilidade às compras governamentais.
No Brasil, a legislação básica que orienta a condução dos
processos
de compras governamentais é a
Lei 8.666 / 93 (BRASIL, 1993), que institui normas para licitações e
contratos de Administração Pública.
Esta é uma norma de larga aplicação, pois estabelece as “normas
gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a
obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e
locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. Ou seja: esta é a Lei que estrutura todo
o sistema de licitações brasileiro.
Atenção, gestor! Isso significa que mesmo as compras
estaduais e municipais se submetem a esta legislação.
Neste tópico, nosso propósito é apresentar a você, gestor, os
principais pontos desta legislação considerando sua aplicação à
participação das MPEs nas compras governamentais. É importante
ressaltar que esta Lei deverá ser substituída em breve, pois há um
Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional. Este projeto
será apresentado a você no Tópico 4 deste Módulo 3.
Lembre-se de que, além da Lei 8.666/93, também se deve estar
atento ao que determina a Lei Complementar nº 123/06, mais
conhecida como Lei Geral (BRASIL, 2006) em seu Capítulo V
(tratamento diferenciado para as MPEs), que você conheceu
no Módulo 2 deste curso.
A Lei 8.666/93 é uma das leis mais importantes para o Brasil. Ao
considerar que ela rege todas as aquisições realizadas pelas
administrações federais, estaduais e municipais, perceba que esta
Lei determina como o Brasil pode gastar, estima-se, até 15% do
seu PIB (SEBRAE, 2014). Assim, qualquer ponto que se precisa ou
que se altera nesta legislação tem o potencial de gerar impactos
financeiros muito expressivos.
Especificamente sobre a participação de MPEs nas compras
governamentais, a Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993) determina, em seu
Art. 5º A, que “as normas de licitações e contratos devem privilegiar
o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
empresas de pequeno porte na forma da lei”.
Ou seja: é obrigatório adotar os benefícios que você conheceu
nos módulos anteriores, que são específicos para MPEs e
estão contemplados na Lei Complementar 123/2006 (BRASIL,
2006).
Justamente por ser uma legislação norteadora de procedimentos
de compras de forma ampla, a Lei 8.666/93 é a norma que
estabelece as linhas gerais para atuação dos gestores públicos em
suas compras. Todas as demais legislações brasileiras dialogam
com a Lei 8.666/93, que é o normativo maior. Desde sua
promulgação, no entanto, o cenário e a realidade das compras
governamentais se alteraram muito no Brasil.
Houve o surgimento das tecnologias de comunicação e sua
aplicação às compras governamentais, houve adoção de
mecanismos de transparência em diferentes esferas e mesmo
algumas modalidades
de licitação se tornaram, na prática, obsoletas.
Por tudo isso, a Lei 8.666/93 tem sido objeto de análises que
levaram à proposição e amadurecimento de um novo projeto de Lei
que deverá, em breve, substituí-la. O que isso significa para o
gestor público?
● bullet
● Quando a Lei 8.666/93 for substituída pelo projeto de
lei em tramitação no Congresso Nacional, haverá
novidades, inclusive, sobre os mecanismos de apoio
às MPEs. Estes itens são apresentados na Unidade 4
deste módulo para que você já possa se familiarizar
antecipadamente;
● bullet
● Ainda que se altere a principal Lei associada às
compras governamentais no Brasil, a premissa de
estabelecer tratamento diferenciado para as MPEs
continuará em vigor, pois é amparada na Constituição
Federal.
Ou seja: a intenção de promover o tratamento diferenciado
para as MPEs está amparada por uma norma maior e,
independentemente da substituição da Lei 8.666/93, se
manterá.
Por fim, um lembrete importante: a Lei 8.666/93 é uma norma geral
principal que rege as contratações públicas no Brasil, mas existem
legislações posteriores que também impactam a atuação do gestor
público. Um exemplo é a Lei 10.520/2002 (BRASIL, 2002), que
instituiu o Pregão no Brasil. Além desta, existem normas
específicas para o Pregão Eletrônico, Regime Diferenciado de
Contratações, etc., mas, excepcionalmente, podem surgir outras
normas que também incidam sobre o mesmo objeto. Foi o que
aconteceu, por exemplo, durante a epidemia de Covid-19, que
levou ao surgimento de uma série de normativos específicos para
as contratações de insumos de saúde no Brasil.
Observe este exemplo abaixo.
Pensando na prática
Em 2020, frente à epidemia mundial gerada pelo Coronavírus, a
administração pública brasileira precisou instituir,
emergencialmente, normas que permitissem tornar mais célere a
contratação de insumos relacionados ao enfrentamento da
pandemia.
A primeira norma editada neste sentido, a Lei 13.979/20, “dispõe
sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus,
responsável pelo surto de 2019” (BRASIL, 2020a). Tratava-se de
uma medida emergencial com vigência limitada à duração da
pandemia que admitia, por exemplo, dispensa de licitação para
aquisição de bens e serviços necessários para o enfrentamento da
crise.
Na sequência, foi editada a Medida provisória MP nº 961/20
(BRASIL, 2020c), que autorizou o pagamento antecipado nas
licitações e contratos, adequou os limites de dispensa de licitação e
ampliou o uso do RDC durante o estado de calamidade pública
reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 06, de 20/03/20 (BRASIL,
2020d), que foi convertida na Lei 14.065/2020 em 06 de maio de
2020 (BRASIL, 2020f).
A seguir, de forma complementar à Lei 13.979/20,em maio de
2020, promulgou-se a Emenda Constitucional Nº 106, que “Institui
regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para
enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente de
pandemia” (BRASIL, 2020b).
No mesmo sentido, foi sancionada a Lei nº 13.987/20 (BRASIL,
2020e) que alterou a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, para
autorizar, em caráter excepcional, durante o período de suspensão
das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade
pública, a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com
recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas públicas de
educação básica.
Essas experiências demonstram ao gestor público como situações
extraordinárias, ainda que temporárias, podem alterar radicalmente
a dinâmica das compras públicas.
Fique atento!
Ainda que a fiscalização ocorra somente no futuro, a
recomendação dos órgãos de controle é clara: o gestor deve se
ater às obrigações e possibilidades expressamente manifestas na
legislação excepcional, pois a obrigação de prestar contas
permanecerá. Em seu Acórdão nº 1335/2020, o TCU estabeleceu
que “os processos de contratação relacionados ao enfrentamento
da crise do novo coronavírus (Covid 19) devem ser instruídos com
a devida motivação dos atos, por meio, no mínimo, de justificativas
específicas acerca da necessidade da contratação e da quantidade
dos bens ou serviços a serem contratados, com as respectivas
memórias de cálculo e com a destinação a ser dada ao objeto
contratado”, conforme art. 4º-E, § 1º da Lei 13.979/20 (BRASIL,
2020).
Sobre os normativos citados acima, é importante ressaltar que
foram editados para atender a uma excepcionalidade de saúde
pública. O gestor público, inclusive, não pode fazer uso deste
normativo para adquirir produtos ou serviços fora da
ocorrência da pandemia, sob pena de punição em auditoria
futura. E, além disso, os limites e condições estabelecidos
nesses normativos de excepcionalidade deixam de valer
imediatamente após a extinção de sua situação causadora (no
caso, a pandemia por Corona). Contudo, a história mostra que
ocasiões como esta podem ocorrer novamente. Por isso, é
preciso que o gestor público fique atento ao Diário Oficial e
aos meios formais de comunicação da administração pública.
ATENÇÃO, GESTOR!
Até o final de 2020 (prazo que pode vir a ser prorrogado), será
permitido contratar obras e serviços por dispensa de licitação até o
limite de R$100.000 (cem mil reais). Para a aquisição de bens,
pode-se fazer a contratação por dispensa até o limite de R $50.000
(cinquenta mil reais). Lembre-se de que estes limites podem ser
revistos (voltar aos valores anteriores ou ser prorrogados) e, assim,
cabe ao gestor público acompanhar suas atualizações.
O decreto do pregão eletrônico e
suas previsões para a contratação
de MPEs
Neste tópico, você conhecerá:
● bullet
● As determinações do Decreto 10.024/19 para
licitações em modalidade de pregão eletrônico e sua
aplicabilidade à realidade das MPES;
● bullet
● As peculiaridades quanto à comprovação de
regularidade fiscal a serem adotadas para as MPEs
em pregões eletrônicos.
Entre as legislações de referência para a participação das MPEs
nas compras governamentais, destaca-se o Decreto 10.024/19
(BRASIL, 2019), conhecido como Decreto do Pregão eletrônico,
que será nosso objeto de estudos neste tópico. Este Decreto
regulamenta a licitação que ocorre na modalidade de pregão
eletrônico e se aplica para aquisições de bens e serviços comuns,
inclusive os de engenharia. No entanto, não se aplica à contratação
de obras, locações imobiliárias e bens e serviços especiais (Art.
4º).
Atenção!
É obrigatório utilizar Pregão Eletrônico ou Dispensa Eletrônica para
“aquisição de bens e contratação de serviços comuns pelos entes
federativos com a utilização de recursos da União decorrentes de
transferências voluntárias”, como convênios e contratos de repasse
(Art. 1º, § 3º do Decreto 10.024/19). Além disso, a Instrução Normativa
nº 206/2019 (BRASIL, 2019b) estabeleceu os prazos específicos para
que os órgãos utilizem obrigatoriamente a modalidade de pregão
eletrônico ou dispensa eletrônica para a execução de recursos da
União oriundos de transferências voluntárias para aquisição de bens
e serviços comuns. Observe:
I - a partir da data de entrada em vigor desta Instrução Normativa,
para os Estados, Distrito Federal e entidades da respectiva
administração indireta;
II - a partir de 3 de fevereiro de 2020, para os Municípios acima de
50.000 (cinquenta mil) habitantes e entidades da respectiva
administração indireta;
III - a partir de 6 de abril de 2020, para os Municípios entre 15.000
(quinze mil) e 50.000 (cinquenta mil) habitantes e entidades da
respectiva administração indireta; e
IV - a partir de 1º de junho de 2020, para os Municípios com menos de
15.000 (quinze mil) habitantes e entidades da respectiva
administração indireta.
Este decreto foi publicado ao final
de 2019 e representou um ganho importante para os gestores
públicos por promover maior transparência e economicidade
nas compras governamentais.
Sabe-se que a modalidade eletrônica é uma tendência
incontornável e, por isso, esta norma é um marco para as
compras realizadas por órgãos da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional, para os quais seu uso
é obrigatório.
Atenção, gestor! O Decreto 10.024/2019 estabelece a
obrigatoriedade de uso do pregão eletrônico para as
contratações. No entanto, o gestor ainda pode realizar o
pregão presencial tradicional caso justifique “a inviabilidade
técnica ou a desvantagem para a administração na realização
da forma eletrônica” (BRASIL, 2019, Art. 1º, § 4º). Assim, é
importante saber que esta opção ainda se mantém disponível
para o gestor público. É uma opção útil, por exemplo, para
pequenos municípios que tenham dificuldade para estabelecer
conexão com a internet (BRASIL, 2019).
O Decreto 10.024/19 estabelece que as compras deverão ser
realizadas no portal https://www.gov.br/compras/pt-br/ ou
em outras ferramentas que utilizem os mesmos regramentos
legais do Decreto. Para participar de compras no portal
https://www.gov.br/compras/pt-br/
https://www.gov.br/compras/pt-br/, os concorrentes a
fornecedor devem necessariamente ser previamente
credenciados no SICAF. Estes sistemas serão apresentados
em detalhes no próximo módulo deste curso.
Além de definir o regramento para a realização dos Pregões,
o Decreto 10.024/19 também estabelece (BRASIL, 2019):
● bullet
● Os procedimentos a serem adotados para os
pregões;
● bullet
● As regras para condução do processo;
● bullet
● As orientações para estabelecer o planejamento
da contratação;
● bullet
● As regras para publicação de aviso de edital;
● bullet
● As orientações para apresentação da proposta e
dos documentos de habilitação dos licitantes;
● bullet
● Procedimentos para realizar abertura da sessão
pública e para recebimento de lances dos
licitantes;
● bullet
● Critérios e normas para julgamento e habilitação
dos licitantes;
● bullet
https://www.gov.br/compras/pt-br/
● Orientações para recursos, adjudicação e
homologação;
● bullet
● Como formalizar a contratação e estabelecer
sanções, quando necessário.
Assista agora a entrevista com o especialista sobre a
importância do Decreto 10.024/19.
Sobre a participação das MPEs, há um ponto, em especial,
que deve ser observado pelo gestor que promove pregões
eletrônicos. Trata-se de uma especificidade sobre os
procedimentos de verificação para fins de habilitação dos
fornecedores participantes no pregão.
O QUE DIZ O DECRETO?
Observe o que determina o Decreto 10.024/19 (BRASIL, 2019)
sobre os procedimentos de verificação para os licitantes.
Art. 43. A habilitação dos licitantes será verificada por meio do
Sicaf, nos documentos por ele abrangidos, quando os
procedimentos licitatórios forem realizados por órgãos ou
entidades integrantes do Sisgou por aqueles que aderirem ao
Sicaf.
Na verdade, este mesmo Decreto 10.024/19 nos indica que:
Art. 43. § 7º A comprovação de regularidade fiscal e trabalhista
das microempresas e das empresas de pequeno porte será
exigida nos termos do disposto no art. 4º do Decreto nº 8.538, de
6 de outubro de 2015.
Agora, sim! No Decreto 8.538/15 (BRASIL, 2015), a
informação completa para o gestor:
Art. 4º A comprovação de regularidade fiscal das microempresas
e empresas de pequeno porte somente será exigida para efeito de
contratação, e não como condição para participação na licitação.
Ou seja: como norma geral, deve-se verificar a regularidade
fiscal dos licitantes no Sicaf. No entanto, se houver MPEs
entre as empresas licitantes, esta verificação só deve ocorrer
para efeito de contratação e não como condicionante à sua
participação.
Além disso, este mesmo Decreto 8.538/15 (BRASIL, 2015)
também estabelece que:
● bullet
● Caso haja alguma restrição na regularidade da
MPE, deve-se conceder “prazo de cinco dias
úteis, prorrogável por igual período, para a
regularização da documentação, a realização do
pagamento ou parcelamento do débito e a
emissão de eventuais certidões negativas ou
positivas com efeito de certidão negativa” (Art.
4º, § 1º).
● bullet
● Este prazo, por sinal, só será contado após a
divulgação do resultado da fase de habilitação,
em caso de pregão.
Caso a MPE não consiga regularizar sua documentação no
prazo admitido pelo Decreto 8.538/15, ela perderá o direito à
contratação e o gestor público poderá convocar os licitantes
remanescentes ou, então, revogar a licitação.
Além das normas citadas acima, a Portaria 306/01 (BRASIL,
2001) obriga o uso de um sistema de Cotação Eletrônica nas
aquisições de bens de pequeno valor realizadas por órgãos
que compõem o SISG. Esse modelo de contratação, que
atualmente utiliza o Comprasnet-SIASG, permite que haja
alguma concorrência mesmo não seguindo os ritos
tradicionais de uma licitação. Além disso, a Cotação
Eletrônica permite a participação de qualquer empresa,
inclusive MEIs, e, em alguns casos, até de pessoas físicas. Os
interessados em participar da seleção devem estar
cadastrados no SICAF, no nível I de credenciamento.
Como as contratações feitas por esse sistema têm um valor
reduzido, os critérios para a contratação também podem ser
simplificados, inclusive as exigências de capacidade técnica,
o que possibilita que o gestor prestigie a participação de
pequenos negócios sediados localmente fomentando da
economia local, conforme estabelece o § 3º do artigo 48 da
LC 123/06 (BRASIL, 2006). O procedimento se assemelha ao
de um pregão eletrônico, em que, depois de avaliadas as
propostas iniciais, os participantes poderão dar lances
abaixo da sua oferta inicial.
Gestor, fique atento! A Secretaria de Gestão do Ministério da
Economia está trabalhando no aperfeiçoamento da Norma da
Cotação Eletrônica, que se chamará Dispensa Eletrônica. No
futuro a ideia é lançar também uma espécie de Market Place.
O Decreto do RDC e suas
previsões para a contratação de
MPEs
Neste tópico, você conhecerá:
● bullet
● As recomendações da Lei 12.462/11 e do Decreto
7.581/11 para a condução de licitações sob o
Regime Diferenciado de Contratações Públicas –
RDC;
● bullet
● A obrigatoriedade de exigir declaração de
enquadramento para as MPEs em licitações sob o
RDC;
● bullet
● As normas para estabelecimento de preferência e
de desempate para MPEs em licitações sob o
RDC;
● bullet
● A vedação de acréscimo de até 30% no valor
exigido para qualificação econômico financeira
de consórcios integralmente compostos por
MPEs em licitações sob o RDC.
Além da Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993), que orienta a
condução dos processos de compras governamentais, da Lei
123/06, que estabeleceu o tratamento diferenciado para os
pequenos negócios nas aquisições públicas, e do Decreto
10.024/19, que regulamenta o pregão eletrônico, há ainda
uma terceira Lei, e seu respectivo Decreto, a serem
observados pelo gestor público para promover a participação
das MPEs nas compras governamentais. Trata-se da Lei
12.462/11 (BRASIL, 2011a), que institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, e do Decreto
7.581/11 (BRASIL, 2011B), que regulamenta o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas – RDC. Neste tópico,
este será nosso foco.
O Regime Diferenciado de Contratações (RDC) foi instituído
no Brasil em 2011, justamente pela Lei 12.462/11 (BRASIL,
2011a). Seu propósito inicial era estabelecer um Regime
Diferenciado para as contratações públicas de forma ágil
para a aquisição dos bens e serviços necessários para a
realização de três grandes eventos nacionais:
Os Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos de 2016,
a Copa das Confederações
da Federação Internacional
de Futebol Associação e a
Copa do Mundo Fifa 2014.
Posteriormente, no entanto, outras situações foram
admitidas no contexto do RDC por Leis posteriores. Em 2020,
havia dez casos estabelecidos para aplicação do RDC pelo
gestor público:
● bullet
● Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
● bullet
● Copa das Confederações da Federação
Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e
Copa do Mundo Fifa 2014;
● bullet
● Obras de infraestrutura e de contratação de
serviços para os aeroportos das capitais dos
Estados da Federação distantes até 350 km
(trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades
sedes dos mundiais;
● bullet
● Ações integrantes do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC);
● bullet
● Obras e serviços de engenharia no âmbito do
Sistema Único de Saúde – SUS;
● bullet
● Obras e serviços de engenharia para construção,
ampliação e reforma de estabelecimentos penais
e unidades de atendimento socioeducativo;
● bullet
● Ações no âmbito da Segurança Pública;
● bullet
● Obras e serviços de engenharia, relacionadas a
melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de
infraestrutura logística;
● bullet
● Contratos de locação de bens móveis e imóveis,
nos quais o locador realiza prévia aquisição,
construção ou reforma substancial, com ou sem
aparelhamento de bens, por si mesmo ou por
terceiros, do bem especificado pela
administração;
● bullet
● Ações em órgãos e entidades dedicados à ciência,
à tecnologia e à inovação.
Atenção, gestor! Apesar de ter sido criado com a intenção de
ser um regime temporário e de excepcionalidade, nos últimos
anos, o RDC tem sido adotado para novos casos. A MP 961/20
(BRASIL, 2020a), convertida na Lei 14.065/2020 (BRASIL,
2020c), por exemplo, autorizou a utilização do RDC durante o
estado de calamidade pública da pandemia do Coronavírus
reconhecido pelo Decreto Legislativo n 06, de 20 de março de
2020 (BRASIL, 2020b), para licitações e contratações de
quaisquer obras, serviços, compras, alienações e locações.
Por isso, é importante estar atento às possíveis ampliações
nesta lista de situações às quais se aplica.
Peculiaridades
Em relação à participação das MPEs nas licitações realizadas
sob o RDC, há três peculiaridades às quais o gestor deverá se
atentar. Vejamos cada uma em detalhes.
1. Obrigatoriedade de exigir declaração de
enquadramento para as MPEs
Em seu Art. 16., o Decreto Legislativo nº 7.581/11 (BRASIL,
2011b) apresenta uma peculiaridade a ser atendida pelas
MPEs no momento de apresentação de propostas ou lances
em uma licitação. Para todas as empresas, este artigo
estabelece a obrigação de apresentar declaração de
atendimento aos requisitos da licitação. Para as MPEs, no
entanto, há uma exigência adicional: apresentar
autodeclaração de seu enquadramento como MPE.
Mas atenção!
O Decreto prevê, ainda, que “nas licitações sob a forma
eletrônica, constará do sistema a opção para apresentação
pelos licitantes das declarações de que trata este artigo”
(BRASIL, 2011b, Art. 16., § 2º).
2. Preferência e desempate para MPEs
O Artigo 38 do Decreto 7.581/11 (BRASIL, 2011b) também
aborda o que deve ocorrer em caso de empate em licitações
conduzidas sob o RDC, que recupera a mesma definiçãoda
Lei Geral da MPE para definir que empate ocorre nos casos
em que a MPE apresente proposta em valor igual ou até 10%
superior ao valor da proposta melhor classificada.
Nestes casos, “a microempresa ou empresa de pequeno
porte que apresentou proposta mais vantajosa poderá
apresentar nova proposta de preço inferior à proposta mais
bem classificada” (BRASIL, 2011b, Art. 38, § 1).
Mas atenção!
Caso a MPE não apresente nova proposta, as demais MPEs
que detenham propostas em valor igual ou até 10% superior
à proposta mais bem classificada poderão exercer o direito.
Assim, lembre-se de conceder a todas as MPEs essa
oportunidade!
3. Vedação de acréscimo de até 30% no valor
exigido para qualificação econômico
financeira de consórcios integralmente
compostos por MPEs
O Decreto 7.581/11 (BRASIL, 2011b) admite que haja
participação de empresas em formato de consórcio em
licitações sob o RDC. No entanto, estipula-se uma norma
para a comprovação de qualificação econômico-financeira
dos licitantes que afeta todos os consórcios, exceto aqueles
formados exclusivamente por MPEs.
Para todos os consórcios, deve-se exigir “apresentação do
somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de
sua respectiva participação, podendo a administração
pública estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até
trinta por cento dos valores exigidos para licitante
individual” (BRASIL, 2011b, Art. 51., IV).
Ou seja: o gestor pode exigir que os consórcios apresentem
comprovação de valores até 30% superior ao exigido para
licitantes individuais para comprovar sua qualificação
econômico-financeira.
Mas atenção!
Este acréscimo de 30% não pode ser aplicado a consórcios
formados exclusivamente por MPEs. Nestes casos, deve-se
manter o valor original (BRASIL, 2011b, § 6º do Art. 51).
UMA INFORMAÇÃO FINAL PARA VOCÊ,
GESTOR!
O sistema de RDC do Governo Federal já está completamente
preparado para aplicar a subcontratação de MPEs prevista na Lei
Geral da MPEs.

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