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Estabilidade no Emprego

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Estabilidade no Emprego 
 
A estabilidade no emprego representa a restrição ao direito potestativo 
do empregador de rescindir o contrato de trabalho. É, pois, o direito do 
empregado de permanecer no emprego, mesmo contra a vontade do 
empregador, desde que inexista fato objetivo que justifique a extinção 
do contrato de trabalho, traduzindo uma forma de garantia de emprego. 
 
Como já estudado, o direito do trabalho tem como um de seus 
princípios basilares a continuidade da relação de emprego. Sendo 
assim, a estabilidade é uma importante medida na concretização do 
referido escopo, sendo por meio do trabalho que a pessoa obtém a 
remuneração necessária para viver e se manter com dignidade. 
 
O direito do empregador de dispensar o trabalhador passa a sofrer 
efetiva restrição com a estabilidade, representando o direito de 
permanecer no emprego. 
 
Historicamente, cabe destacar o Decreto 4.682, de 24 de janeiro de 
1923, a chamada Lei Eloy Chaves, por ter sido a primeira norma a 
tratar efetivamente da estabilidade, no entanto, de forma específica 
aos ferroviários. 
 
A efetiva estabilidade no emprego, não obstante, vem sendo 
enfraquecida ao longo dos tempos, pelas diversas mudanças no plano 
do Direito, as quais foram, em boa parte, influenciadas e decorrentes 
 
 
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de forças econômicas e ideológicas mais comprometidas com o capital 
do que com o social. 
 
Mesmo assim, faz-se relevante estudar e compreender, no plano do 
Direito do Trabalho, como a estabilidade encontra-se prevista, o que 
restou na legislação atual, bem como analisar as chamadas garantias 
de emprego, verificadas no presente. 
 
O nome do instituto, já consagrado na doutrina e na jurisprudência, é 
estabilidade, oferecendo a ideia de permanência, no caso, do 
trabalhador em seu emprego. 
 
Classificação das estabilidades 
 
As espécies de estabilidades podem ser agrupadas sob diversos 
critérios: 
 
1- Legais e Convencionais 
 
A estabilidade legal decorre da lei (inclusive da própria Constituição 
Federal), como é o caso da estabilidade destinada à gestante, ao 
dirigente sindical e o membro integrante da CIPA. 
 
A estabilidade convencional é aquela prevista no próprio contrato de 
trabalho, em convenção coletiva ou acordo coletivo; ou seja, decorre 
da vontade das partes. 
 
 
 
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Ex: Documento coletivo da categoria - O direito à estabilidade pode 
ser garantido em cláusula no documento coletivo da categoria, como 
criar garantia de emprego para outros casos diferentes dos elencados 
abaixo. (ex: estabilidade para quem está para se aposentar). 
 
2- Absoluta e Relativa 
 
Podemos destacar duas modalidades de estabilidade: a estabilidade 
definitiva e a estabilidade provisória, sendo a primeira modalidade a 
que configura a efetiva e verdadeira estabilidade. 
 
2-1 Estabilidade Absoluta e Definitiva 
 
A estabilidade definitiva também é chamada de estabilidade absoluta, 
sendo considerada pela doutrina como aquela que assegura a 
permanência do trabalhador no emprego, salvo na hipótese da 
extinção da empresa, do estabelecimento ou setor em que trabalha o 
empregado, bem como no caso de cometer falta grave, nos termos da 
lei. 
A estabilidade por tempo de serviço era prevista no art. 492 da CLT, 
no sentido de que: 
 
Art. 492. “O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço 
na mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de 
falta grave ou circunstâncias de força maior, devidamente 
comprovadas”. 
 
 
 
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Parágrafo único. “Considera-se como serviço todo o tempo em que o 
empregado esteja à disposição do empregador”. 
 
Computa-se na contagem de tempo de serviço, para efeito de 
indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver 
afastado do trabalho, prestando serviço militar e por motivo de 
acidente do trabalho (art. 4º, parágrafo 1º da CLT). 
 
A referida estabilidade, também conhecida como decenal, não tem 
como ser adquirida depois da entrada em vigor da Constituição 
Federal de 1988. A partir da nova ordem constitucional, a indenização 
por tempo de serviço foi substituída, de forma, completa, pelo sistema 
do Fundo de Garantia do tempo de Serviço. 
 
Antes de 5 de outubro de 1988, os trabalhadores rurais e, no âmbito 
urbano, apenas os empregados que não tivessem optado pelo sistema 
do FGTS (regulado pela Lei 5.107/1966) eram regidos pela 
indenização por tempo de serviço, regulada nos arts. 477 e 478 da 
CLT, podendo adquirir a respectiva estabilidade após dez anos de 
serviço, na forma do art. 492 da CLT. 
 
Com a Constituição da República de 1988, apenas os empregados 
(rurais e urbanos) que tenham adquirido a estabilidade por tempo de 
serviço até a sua promulgação, é que possuem o referido direito 
adquirido. 
 
 
 
 
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2-2 Estabilidade Relativa e Provisória 
 
Estabilidade relativa e provisória – refere-se ao direito de permanência 
no emprego, salvo hipóteses como a falta grave praticada pelo 
empregado ou extinção da empresa, mas durante certo período de 
tempo. 
 
As estabilidades provisórias são também chamadas de garantias de 
emprego. Tecnicamente a doutrina diz ser mais correto a 
nomenclatura garantia no emprego, no sentido de permanecer no 
emprego durante certo período, salvo prática de justa causa ou 
extinção da empresa. 
 
A estabilidade relativa seria aquela que permite a sua conversão em 
pecúnia ou indenização, como ocorre no caso do dirigente sindical e 
outras. 
 
 São hipóteses de estabilidade provisórias ou relativas: 
 
a) Dos empregados dirigentes sindicais (art. 8º, VIII, da CF, art.543, 
§3º da CLT). 
Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a 
partir do momento do registro da candidatura a cargo de direção ou 
representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 
um ano após o final de seu mandato (súmula 369,II do TST), caso seja 
eleito, inclusive como suplente, salvo se houver o cometimento de falta 
grave. Mas se o empregado fizer o registro da candidatura durante a 
 
 
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vigência do aviso prévio, ainda que indenizado, não terá direito a 
estabilidade. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado após 
a conclusão do inquérito judicial para a apuração de falta grave. 
Mandato em média de 3 anos. 
 
b) Dos membros representantes dos empregados nas comissões 
de conciliação prévia (titulares e suplentes). Art.625 B, §1º da CLT 
É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros 
da Comissão de conciliação Prévia (criada por alguns sindicatos para 
solucionar questões relativas ao contrato de trabalho sem ter que se 
socorrer do Poder Judiciário). A estabilidade será de até um ano após 
o final do mandato, salvo se houver o cometimento de falta grave. 
Mandato de 1 ano com direito a uma recondução. 
Obs: A Comissão instituída no âmbito das empresas será composta de 
no mínimo , dois, e no máximo, dez membros (art. 625-B, caput). 
 
 
 
c) Da empregada gestante. 
Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa as empregada 
gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o 
parto. Mesmo que o empregador não tenha conhecimento do estado 
gravídico da empregada, deverá reintegrar ao trabalho ou pagar a 
indenização decorrente da estabilidade no caso de demissão sem 
justa causa (estabilidade que se destina também à empregada 
doméstica). Fundamentação Jurídica: art. 10, II, b do ADCT e Súmula 
244 do TST. 
 
 
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REFORMA TRABALHISTA 
 
Art. 391-A - A confirmação do estado de gravidez advindo no 
curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo de aviso 
prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante 
estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 
do ADCT. 
 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se ao 
empregado adotante ao qual tenha sido concedida guarda 
provisória para fins de adoção.d) Do empregado eleito membro da Comissão Interna de 
Prevenção de Acidentes – CIPA (inclusive na condição de suplente), 
Art.165 da CLT e art. 10, II, a do ADCT - desde o registro da 
candidatura e, se eleito, até um ano após o término do mandato, não 
beneficiando, portanto, os representantes do empregador, que não 
são eleitos, e sim designados. Vale destacar que no caso da empresa 
deixar de existir, fechar ou falir, os empregados eleitos e suplentes 
(dos eleitos) não terão direito a estabilidade e nem a indenização pelo 
respectivo período, uma vez que a comissão somente tem razão de 
existir em quando a empresa está em atividade. 
 
e) Do empregado acidentado no trabalho. 
 
 
 
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Art. 118 da Lei 8213 e Súmula 378, II do TST. O segurado que sofreu 
acidente do trabalho tem garantia, pelo prazo mínimo de doze meses, 
a manutenção de seu contrato de trabalho na empresa, após a 
cessação do auxílio doença acidentário, independentemente de 
percepção de auxílio acidente. A Súmula 378 do TST trás 
complemento ao artigo citado acima: 
 
II- São supostos para a concessão da estabilidade o afastamento 
superior a 15 dias e a consequente percepção do auxilio doença 
acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença 
profissional que guarde relação de causalidade com a execução do 
contrato de emprego. 
 
f) Dos membros do Conselho Nacional da Previdência Social 
(CNPS) – Art. 3º, §7º da Lei 8213 de 1991. 
Aos membros eleitos para representar os trabalhadores no Conselho 
Nacional da Previdência Social (CNPS), enquanto representantes dos 
trabalhadores em atividade, titulares e suplentes, é assegurada a 
estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do 
mandato de representação, somente podendo ser demitidos por 
motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo 
judicial. 
 
Nomeados pelo ministro da previdência e assistência social – Dois 
anos de mandato e uma recondução – Lei 8213/91. 
 
 
 
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g) Dos membros do Conselho Curador do FGTS – Art. 3º, §9º da 
Lei 8036 de 1990. 
 
Aos membros eleitos para representar os trabalhadores no Conselho 
Curador do FGTS, enquanto representantes dos trabalhadores, 
efetivos e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, desde 
a nomeação até um ano após o término do mandato de representação, 
somente podendo ser demitidos por motivo de cometimento de falta 
grave, regularmente comprovada através de processo judicial. 
Indicados pelas Centrais Sindicais e Confederações - Mandato de 2 
anos podendo ser reconduzidos uma única vez. 
 
h- Dirigente de sociedade de cooperativas de empregados. 
 
Dispõe o art. 55 da Lei 5.764/71 
 
Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores de 
sociedades cooperativas pelos mesmos criadas gozarão das garantias 
asseguradas aos dirigentes sindicais pelo art. 543 da Consolidação 
das Leis do Trabalho. 
 
Assim, o dirigente de cooperativa de empregados de uma determinada 
empresa só poderá ser dispensado se praticar falta grave 
devidamente apurada em inquérito judicial (CLT, arts. 494 e 853). 
 
Em que pese a norma em apreço assegurar aos diretores eleitos das 
cooperativas criadas pelos empregados de dada empresa as mesmas 
 
 
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garantias conferidas aos dirigentes sindicais, a OJ 253 da SDI-1 do 
TST interpreta-a restritivamente nos seguintes termos: 
 
Estabilidade provisória. Cooperativa. Lei 5.764/71. Conselho fiscal. 
Suplente. Não assegurada (inserida em 13.03.2002). O art.- 55 da Lei 
5.764/71 assegura a garantia de emprego apenas aos empregados 
eleitos diretores de Cooperativa, não abrangendo os membros 
suplentes. 
 
i-- Comissão de empregados para acompanhamento e 
fiscalização da regularidade da cobrança e distribuição da gorjeta 
Art. 457, parágrafo 10º da CLT: 
 
“Para empresas com mais de sessenta empregados, será constituída 
comissão de empregados, mediante previsão em convenção ou 
acordo coletivo de trabalho, para acompanhamento e fiscalização da 
regularidade da cobrança e distribuição da gorjeta de que trata o 
parágrafo 3º deste artigo, cujos representantes serão eleitos em 
assembleia geral convocada para esse fim pelo sindicato laboral e 
gozarão de garantia de emprego vinculada ao desempenho de suas 
funções para que foram eleitos, e para as demais empresas, será 
constituída uma comissão intersindical para o referido fim. 
Prazo estabelecido em Convenção Coletiva. 
 
j) Da Representação dos Empregados 
Art. 510-A da CLT. Nas empresas com mais de duzentos empregados, 
é assegurada a eleição de uma comissão para representá-los, com a 
 
 
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finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os 
empregadores. 
I- nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por 
três membros; 
II- nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por 
cinco membros; 
III- nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete 
membros. 
Art. 510-D – O mandato dos membros da comissão de representantes 
dos empregados será de um ano. 
 
Parágrafo 3º do art. 510-D – Desde o registro da candidatura até 
um ano após o fim do mandato, o membro da comissão de 
representantes dos empregados não poderá sofrer despedida 
arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo 
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

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