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Bianca Pires D’Occhio RA: 1757607 Atividade 1 Com um tom perturbador o autor Victor Hugo tem um objetivo certo, ou seja, deixa clara a sua posição de ser contra a pena de morte. Um livro que traz questões desinteressantes ao público que tem como foco principal o discurso de ódio na sua forma de se expressar, como por exemplo, liberação do porte de armas, a pena de morte e demais. Os argumentos do autor apesar de serem do século XIX, porém permanecem atuais, principalmente nos dias difíceis ao qual vivemos. No Brasil a questão principal do livro que é a pena de morte, não existe. O termo “fazer justiça” acontece literalmente à margem da justiça, ou seja, da lei. No Brasil segundo o inciso XLVII, do artigo 5º, da Constituição Federal (CF) diz que em nossa nação não haverá penas de morte, salvo em caso de guerra declarada. Diante disso, pode-se dizer que o Brasil contempla sim a possibilidade de pena de morte, mas sua aplicação não ocorre em tempos de paz, já que para sua incidência é necessário a instauração de guerra, ato que é de incumbência do Presidente da República. Diante disso, embora haja previsão legal expressa de pena capital no país está somente poderá ser aplicada em situações específicas (crimes militares) e em período não comum (guerra declarada). A base legal para aplicação da pena de morte no Brasil é a alínea “a” do artigo 55 e artigo 56, ambos do Código Penal Militar – CPM, de 1969. Os delitos que podem levar a essa punição máxima também estão elencados no CPM, no Livro II da Parte Especial. Um exemplo é o agente que, em tempo de guerra, pratica o delito de Traição (militar). No Brasil quando um individuo é condenado pela legislação brasileira pelo cometimento de um crime ou de uma contravenção penal, o Estado exigirá que ele se sujeite a uma determinada penalidade, o que irá variar de acordo com as previsões legais que correspondem ao delito. Mediante à análise de inúmeros fatores sopesados pelo juízo, como, por exemplo, existência de reincidência, hipótese de confissão etc, chegar-se-á a um resultado punitivo formal, o que depois será transformado na pena que cairá sobre o sujeito. Como regra o Direito Penal prevê hoje dois tipos de penas, são as chamadas: Pena Restritiva de direitos – PRD Pena Privativa de liberdade – PPL A Lei de Execução Penal, bem como o Código Penal Brasileiro, compreende três tipos de regimes, o aberto, semiaberto e fechado. É o juiz, no momento de decidir a sentença, que determina em qual regime o réu irá cumprir a pena. Como já citado anteriormente, os atenuantes definem qual regime será adotado. A dinâmica dos encarceramentos se dá por conta dos sistemas de progressão de regime e os de não-progressão. Certamente que, sendo o Brasil um país democrático, as aplicações dos regimes são de ordem progressista. Neles, a intenção é que o resultado seja a educação, o desenvolvimento profissional e a ressocialização de condenados. O abrandamento da pena, conforme o comportamento dentro do encarceramento, tem a mesma visão. Conquanto, a reinserção do condenado na sociedade depende também das políticas públicas adotadas. Por exemplo, os modelos educacionais implementados dentro da instituição prisional, bem como os de trabalho. Regime fechado é o cumprimento do tempo de pena estipulada em mais de 8 anos para o encarceramento. O detento passa dia e noite dentro de uma penitenciária, não podendo sair de forma alguma, uma vez que está em contenção da liberdade. Contudo, ele pode ter algumas horas por dia fora da cela para tomar banho de sol e para trabalhar. Segundo informações do relatório de 2017, existem cerca de 307.880 indivíduos cumprindo pena dentro do regime fechado. Esse número compreende quase 42% do total de custodiados pelo sistema prisional no Brasil. Em termos de progressão de regime, o semiaberto é o próximo passo para o detento. Porquanto, aquele que tem a pena determinada de 4 a 8 anos, não sendo reincidente, pode cumprir a pena dessa forma. No entanto, o réu que já tiver comedido um crime anteriormente só poderá permanecer no regime fechado. Em geral, os condenados no semiaberto são encaminhados para instituições com base nas colônias agrícolas. Portanto, saem pela manhã e retornam à noite para dormir nas unidades prisionais. Assim, existe também a chance de trabalho diurno dentro do próprio presídio. Dessa forma, diminui-se um dia de pena para cada 3 dias de trabalho. Contudo, os detentos só podem ser beneficiados com esse sistema se já tiverem cumprido mais de 1/6 do tempo total da pena.O bom comportamento é determinante para a progressão de regime. Caso o preso apresente boa conduta dentro da cadeia, tem a chance de transitar do regime fechado para o regime semiaberto a fim de cumprir o tempo restante determinado para a pena. O último regime prisional pelo qual o condenado pode passar é pelo aberto. Ele é reservado aos réus que têm que cumprir menos que 4 anos de condenação. Mas, caso não sejam reincidentes.Nele, as penas podem ser cumpridas em estabelecimentos apropriados, casas de albergados, até mesmo nas próprias residências. No regime aberto, os condenados podem se deslocar dentro do período diurno, uma vez que devem retornar logo à noite. Em termos de progressão de regime, somente podem gozar desse “benefício” os que já estão no semiaberto. Entretanto, devem preencher todos os requisitos de cunho legal, por exemplo: bom comportamento, cumprimento de tempo mínimo de pena. A liberdade condicional é o direito que o preso tem à antecipação de sua liberdade. Conquanto, para estar apto para tal condição, ele deve preencher os seguintes requisitos, como por exemplo, ter bom comportamento, ter desenvolvido alguns trabalhos dentro da cadeia, conseguir emprego fora das unidades prisionais, entre outros. Voltando ao livro de Victor Hugo o mesmo afirma que o dia em que o povo perder totalmente a fé na justiça, o primeiro justiçamento abrirá caminho para outros tipos de guilhotinas, ainda mais bárbara, o que não deixa de ser uma verdade, ora se pagarmos um homicio com outro homicio onde terminará isso? Será um ciclo sem fim! O livro nos traz a visão de um condenado a pena de morte, a qual está prestes a ocorrer. É praticamente o diário do homem que vive os seus últimos dias antes de enfrentar a guilhotina, não sabemos o nome dele e nem o seu crime, somente que possui uma filha e ao que parece pertence a classe média baixa, nos conta sua vida na prisão, sobre os seus sentimentos, medos e esperanças. Victor Hugo argumenta que a pena capital é cruel, a guilhotina não é totalmente indolor e rápida como alguns pensam, ele detalha as execuções sem pedir desculpas por estar ofendendo a sensibilidade de seus leitores. Ele aborda esse assunto dessa forma para que ao chocar o leitor propositalmente acredita que mais pessoas irão agir contra esse absurdo. Ao não especificar a trajetória do condenado o autor nos faz entender que a vedação a pena de morte não se pauta por particularidade do caso ou do individuo. A narrativa não apela para o sensacionalismo do leitor e tampouco o seduz com um longo apelo a inocência do condenado, ao contrario, nos mostra que independentemente do crime ou da sua crueldade, a rejeição a pena de morte constitui antes de tudo postura humanista. Muitos modos de aplicação de penas capitais se sucederam ao redor do mundo. No entanto, a grande maioria dos países compreendeu por abolir tal prática, aderindo a políticas comprometidas com a dignidade da pessoa humana (embora, na prática, nem sempre com tanta eficiência). Segundo relatório do ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da Organização, cerca de 170 países, dos 193 que compõe a Organização, haviam abolido a pena capital até o mês de junho de 2016 Tudo isso nos aponta querechaçar a pena de morte é um caminho civilizatório. A Literatura, a História e o Direito já nos deram provas significativas disso. Não deixa de surpreender e de estarrecer, que, quase duzentos anos depois de sua publicação, O último dia de um condenado ainda tenha tanto a nos ensinar e a nos fazer refletir em termos de avanço civilizacional.