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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS FMU Gabriela Pereira Santos APS BASE DAS RELAÇÕES PRIVADAS Analise do filme “O círculo” SÃO PAULO 2020 O filme “The Circle (2017)”, retrata uma distopia a respeito do uso da tecnologia para transparentar as relações no mundo moderno, onde as pessoas deveriam exibir suas atividades a todo momento, como forma de controle, já que se vigiadas as pessoas não teriam coragem de cometer erros pois saberiam que todos veriam. A questão a se refletir a respeito do filme é, como a tecnologia retratada na obra cinematográfica representa uma violação direitos com a exposição da personalidade. No art. 5, inciso X, da Constituição Federal, é garantido como inviolável o direito a intimidade, vida privada, honra e a imagem das pessoas. Além da CF, o Código Civil também trará em sua redação um artigo a respeito da inviolabilidade da vida privada (art. 21). Segundo o Ministro Alexandre de Moraes, no livro Direito Constitucional 13° edição, a diferença entre intimidade e vida privada está na abrangência. A intimidade trata das relações mais intimas das pessoas, como família e amigos. Já a vida privada atinge também as relações de trabalho, negócios e estudos. Em determinado momento do filme, a personagem Mae aceita participar do experimento em que usaria uma câmera durante todo seu dia, compartilhando todos os momentos da sua vida. Em um dos momentos Mae, ao tentar se comunicar com seus pais que estavam em outro local, acaba expondo-os em um momento íntimo do casal. Neste momento, os pais da personagem tiveram não só sua imagem exposta, mas também tiveram sua honra violada. O tratado internacional adotado pelo Brasil, Pacto de San Jose da Costa Rica, tem em sua redação a proteção da honra, previsto no art. 21 do tratado retro mencionado, que garante que toda pessoa deve ter a proteção da lei contra este tipo de ato. Outro direito violado ao longo do filme é o direito de inviolabilidade de correspondência e de comunicações telegráficas (neste caso, seria o de acesso a e- mails, telefonemas, mensagens instantâneas e dados dos aparelhos de comunicação, já que a lei se adequa ao período em que está vigente) com a senadora Olivia Santos, que permite o acesso de todos o eleitorado as suas movimentações nas plataformas digitais. Este não viola diretamente seu direito da personalidade, porém, dependendo daquilo que é exposto, pode infringir a intimidade da personagem. De acordo com o art. 5, inc. XII, é inviolável o sigilo das correspondências e comunicação telefônica, salvo em caso de ordem judicial. A lei 9.296/96, também dispões sobre a proteção dos dados de comunicação telefônica, e estende a proteção ao uso da comunicação em sistemas de informática e telemática (art. 1, parágrafo único). Vale lembrar que no livro do Ministro Alexandre de Moraes, ele explica que há uma diferença de como o direito a intimidade e a vida privada deve ser para pessoas jurídicas comuns, e para aqueles que exercem cargos políticos ou artistas. Os primeiros devem ter a consideração de seus direitos em sentido mais amplo, levando em relação a importância da relação familiar – que é extremamente pessoal. Já no caso dos políticos e artistas, estes devem ter seu direito considerado de forma mais estrita, uma vez que aqueles que se propõem a cargos políticos estão sujeitos a fiscalização dos eleitores, e os artistas por conta do exercício da profissão demanda uma maior exposição da imagem. Há também a cena do personagem Mercer é perseguido por outros participantes da rede que transmitem sua imagem sem sua autorização, o que caracteriza uso de imagem indevida, como visto no art. 20 do CC. Este mesmo personagem tem sua honra ofendida, por ser vítima de calunia, uma vez que após exposto seu trabalho (um lustre com chifres de cervos) as pessoas o acusaram injustamente de matar animais, o que infringe o art. 17 do Código Civil. O filme no geral apresenta uma violação do direito à privacidade e da vida intima, bem como da imagem e da honra. Apesar da personagem principal consentir em expor sua imagem como forma de experimento, os direitos da personalidade são irrenunciáveis, portanto, caso o experimento a ofendesse de alguma maneira, essa ainda teria seu direito da intimidade preservado. E é função da legislação vigente, - neste caso analisado a partir da legislação brasileira – preservar os direitos da personalidade, estes indisponíveis e indispensáveis para a convivência social.
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