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,.. ,.. NEGOCIA AO, MEDIA AO e ARBITRAGEM Curso básico para programas de graduação em Direito ASSOCIAÇÃO SRASILElflA :IE O:REITOS REPftOGAAAOOS Resreite I.> direit1.> autl>ral Grupo Editorial ------------- Nacional O GEN I Grupo Editorial Nacional reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, Roca, AC Farmacêutica, Forense, Método, LTC, E.P.U. e Forense Universitária, que publicam nas áreas científica, técnica e profissional. Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construíram catálogos inigualáveis, com obras que têm sido decisivas na formação acadêmica e no aperfeiçoamento de várias gerações de profissionais e de estudantes de Administração, Direito, Enferma gem, Engenharia, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Educação Física e muitas outras ciências, tendo se tornado sinônimo de seriedade e respeito. Nossa missão é prover o melhor conteúdo científico e distribuí-lo de maneira flexível e conveniente, a preços justos, gerando benefícios e servindo a autores, docentes, livrei ros, funcionários, colaboradores e acionistas. Nosso comportamento ético incondicional e nossa responsabilidade social e ambiental são reforçados pela natureza educacional de nossa atividade, sem comprometer o cres cimento contínuo e a rentabilidade do grupo. COORDENAÇÃO Carlos Alberto de Salles Marco Antônio Garcia Lopes Lorencini Paulo Eduardo Alves da Silva e Curso básico para programas de graduação em Direito Autores Adolfo Braga Neto Alfred Habib Siouf Filho Camila Portilho Lopes Rego Carlos Alberto de Salles Célia Regina Zapparolli Diego Faleck Fernanda Tartuce Luís Fernando Guerrero Marco Antônio Garcia Lopes Lorencini Paulo Eduardo Alves da Silva Rafael Francisco Alves Samantha Pelajo Tania Almeida E D,I TORA METO DO SÃO PAULO • A EDITORA MÉTODO se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (impressão e apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). Os vícios relacionados à atualização da obra, aos conceitos doutrinários, às concepções ideológicas e referências indevidas são de responsabilidade do autor e/ou atualizador. Todos os direitos reservados. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem per missão por escrito do autor e do editor. Impresso no Brasil - Printed in Brazil • Direitos exclusivos para o Brasil na língua portuguesa Copyright© 2013 by EDITORA MÉTODO LTDA. Uma editora integrante do GEN I Grupo Editorial Nacional Rua Dona Brígida, 701, Vila Mariana - 04111-081 - São Paulo - SP Tel.: (11) 5080-0770 / (21) 3543-0770 - Fax: (11) 5080-0714 metodo@grupogen.com.br I www.editorametodo.com.br • Capa: Danilo Oliveira • CIP - Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. N293 Negociação, mediação e arbitragem - curso básico para programas de graduação em Direito / coordenação Carlos Alberto de Salles, Marco Antônio Garcia Lopes Lorencini e Paulo Eduardo Alves da Silva. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2012. ISBN: 978-85-309-4339-4 1. Mediação. 2. Administração de conflitos. 3. Resolução de disputa (Direito). 1. Braga Neto, Adolfo. li. Salles, Carlos Alberto de. Ili. Lorencini, Marco Antônio Garcia Lopes. IV Silva, Paulo Eduardo Alves da. 12-3406. CDU: 347 LISTA DE AUTORES ADOLFO BRAGA NETO , , Advogado, Mediador, Arbitro, Consultor e Professor. E coautor do livro O que é mediação de conflitos da Coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense e coorganizador do livro Aspectos atuais da mediação e demais métodos extra , e judiciais de resolução de conflitos da Editora GZ, Rio de Janeiro, 2012. E também autor de diversos artigos sobre conciliação, mediação e arbitragem em livros e revistas especializadas ou não. Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil - IMAB. ALFRED HABIB SIOUF FILHO Advogado. Especialista (Master 2 Professional) em Direito do Comércio Interna cional pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Especialista em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas. CAMILA PORTILHO LOPES REGO Graduanda do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Pau lo (PUC-SP). Estagiária da L.O. Baptista, Schmidt, Valois, Miranda, Ferreira e Agel Advogados. CARLOS ALBERTO DE SALLES Professor do Departamento de Direito Processual da USP. Livre docente, doutor e mestre pela USP. Procurador de Justiça em São Paulo. CÉLIA REGINA ZAPPAROLLI Advogada, mediadora de conflitos, docente e consultora em mediação de conflitos em Políticas Públicas ( de Justiça, Segurança Integral, Habitação e Desenvolvimento Urbano). Foi consultora em mediação do PNUD para Programas Nacionais e do Mercosul, que envolviam o instrumental da Mediação, e em ações diretas na Senasp, SRJ, Senad, TJDFT de 2006 a 2009. Cofundadora e cocoordenadora na primeira gestão do Fórum Nacional de Mediação - Foname. Presidente da Rede Internacional de Mediação Interdisciplinar - Rimi. Coordenadora técnico- NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito -metodológica do Projeto Integra na parceria das Promotorias e Varas Criminais de Santana, para mediação em contextos judiciários de conflitos já criminalizados. Autora do Plano de Gestão de Conflitos e Controvérsias do Programa Serra do Mar do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Habitação e Urbanismo, CDHU e Banco Interamericano para o Desenvolvimento (201 O). Coordenadora técnico-metodológica em Resolução de Conflitos pela Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo, no Programa Serra do Mar do Governo do Estado de São Paulo (2009 a 2011). crzapparolli17@uol.com.br DIEGO FALECK Mestre em Direito (LL.M.) pela Harvard Law School. Professor de Negociação, Mediação e Desenho de Sistemas de Disputas da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. Sócio fundador da Faleck & Associados, escritório especializado em resolução de disputas. Foi secretário interino e chefe de gabinete da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE/ MJ), Presidente do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (CFDD/MJ) e membro do Conselho Nacional de Seguros Privados do Ministério da Fazenda (CNSP/MF). FERNANDA TARTUCE Mestre e Doutora em Direito Processual pela USP. Professora do Programa de Pós-graduação em Direito (Mestrado e Doutorado) da Faculdade Autônoma de Direito - FADISP. Professora e subcoordenadora em cursos de especialização em Direito Civil e Processual Civil na Escola Paulista de Direito (EPD/SP). Professora em cursos preparatórios para carreiras jurídicas. Advogada orientadora do Departamento Jurídico do Centro Acadêmico XI de Agosto (USP). Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM e do Instituto Brasileiro de Direito Processual - IBDP. Mediadora. LUIS FERNANDO G UERRERO Mestre e Doutorando em Direito Processual pela Faculdade de Direito da Univer sidade de São Paulo. Especialista em Mediação de Conflitos pela Northwestern University. Visiting Scholar na Columbia University Law School. Membro do CBar, YAF da CCI, YAG da LCIA. Componente do Painel II do Comitê de Controvérsias sobre Registro de Domínio do Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCRD-CAMICCBC). Advogado. MARCO ANTÔNIO GARCIA LOPES LORENCINI Advogado. Mestre e Doutor em Processo Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Membro do Centro Brasileiro de Pesquisas Judiciá rias - Ce bepej. LISTA DE AUTORES PAULO EDUARDO ALVES DA SILVA Professor da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto (FDRP/USP). Mestre e Doutor em Direito Processual pela Universidade de São Paulo. Pesquisador Visitante doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). RAFAEL FRANCISCO ALVES Mestre em Direito Processual pela USP. LL.M. New York University. Advogado da L.O. Baptista, Schmidt, Valois, Miranda, Ferreira e Agel Advogados. SAMANTHA PELAJO Coordenadora do setor de Mediação Familiar do Mediare - Diálogos e Processos Decisórios. Professora da PUC-Rio em Mediação de Conflitos. Membro Funda dora do Gimec - Grupo Interdisciplinar de Mediação de Conflitos da PUC-Rio. Presidente da Comissão de Mediação de Conflitos da OAB/RJ. TANIA ALMEIDA Diretora-presidente do Mediare - Diálogos e Processos Decisórios. Pesquisadora, docente e supervisora em Mediação de Conflitos e Processos de Diálogo. Short Term Consultant do Programa de Mediação de Conflitos para América Latina do Banco Mundial. Professora convidada do Mestrado em Poder Judiciário da Escola de Direito-Rio da Fundação Getulio Vargas. APRESENTAÇAO E uma honra para nós apresentar este livro. A matéria - os chamados meios alternativos de solução de conflitos - é de nossa predileção. Mas o tratamento que lhe é dado é profundamente inovador. Trata-se de fornecer um instrumento de apoio ao ensino da matéria. E isto é extremamente relevante, para o ensino em geral e para o ensino dos meios alternativos de solução de conflitos, em particular: ensino este que se propaga em todas as Faculdades de Direito, em observância ao disposto na Resolução n. 125 do Conselho Nacional de Justiça. Exemplo disso, ao lado de outras iniciativas, é a nova disciplina de graduação da Faculdade de Direito da USP, integrante da grade curricular, sobre Mediação e Conciliação judiciais e extrajudiciais, que teve início no segundo semestre de 2012 e que tem, como objetivo primordial, não só difundir entre os estudantes a cultura da paz, mas ainda iniciar sua capacitação como mediadores e conciliadores. O livro que ora se apresenta insere-se nas metodologias inovadoras de ensino. Trata-se de traçar, nas palavras dos autores, um eixo condutor do curso, não exauriente e apenas provocativo, direcionador de abordagens e debates mais profundos em sala de aula. A orientação sobre leituras - de preferência prévias - com o material indicado como suplementar, bem como as questões a serem respondidas indicam o caráter dinâmico do processo ensino/aprendizagem. Importante, também, que os artigos, o material suple mentar e as questões podem ser utilizados de diversas maneiras, segundo a técnica que melhor se confizer com o professor e os alunos. Portanto, um guia e um norte, que não engessam e permitem a flexibilização. Os autores são todos especialistas em negociação, mediação, conciliação e arbitragem, com larga experiência profissional. A disposição dos artigos também atende a uma ordem didática. Os artigos iniciais apresentam conhecimentos gerais sobre os métodos de resolução de conflitos. Os que seguem tratam es pecificamente de cada técnica. E, finalmente, o último artigo é dedicado a uma relativa novidade: o desenho de solução de disputas, que permite a combinação de diversos métodos para adequá-los a situações concretas com características específicas. NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito Parabéns à coordenação e aos autores, que souberam escrever uma obra ímpar, que se inserirá entre aquelas realmente precursoras, com um objetivo • • • raro e precioso: ensinar a ensinar. São Paulo, setembro de 2012 Ada Pellegrini Grinover Kazuo Watanabe NOTA DOS AUTORES Um dos caminhos para a promoção do ''acesso à justiça'', já propunha Mauro Cappelletti, é a diversificação dos métodos de resolução de conflitos de interesses e direitos. Felizmente, os chamados ''meios alternativos de solução de conflitos'', que concretizam essa diversificação, são hoje uma realidade no cenário social e jurídico brasileiro. A arbitragem, que já há algum tempo desfruta da preferência na solução de disputas comerciais de maior projeção econômica, também tem sido praticada em lides menores e, paulatinamente, vence a resistência a seu uso pela Administração Pública. A conciliação não somente é praticada, como se tomou foco de política pública capitaneada pelo Poder Judiciário. A mediação finalmente se projeta para além de núcleos especializados que a praticam há algumas décadas sem o devido reconhecimento. E a negociação, ninguém negará, sempre compôs o ferramental básico do operador do direito. A formação jurídica procura acompanhar esse cenário. Diferentes ramos da ciência jurídica reincluíram os métodos de resolução de conflitos em suas agendas de pesquisa. A sociologia jurídica, o direito processual, o direito civil, o direito penal, o direito administrativo, o direito tributário, entre outros, têm produzido pesquisas direta ou indiretamente relacionadas com a transação, a mediação, a conciliação, a arbitragem etc. Os cursos de Direito também passam a oferecer formação nessas técnicas, ora incluídas em algu mas dessas disciplinas, ora em cadeiras autônomas, geralmente facultativas. A formação prática, em núcleos organizados em faculdades ou mesmo em estágios profissionalizantes, também reconhece e abre espaço para as técnicas de resolução não jurisdicional (não adjudicada) dos conflitos. São, porém, ainda raras as disciplinas autônomas e obrigatórias em métodos alternativos de solução de conflitos e mais raro que essas disciplinas sejam dadas nos anos iniciais da f armação jurídica. O processo de diversificação dos métodos de resolução de conflitos é complexo e lento. Por mais que se pratiquem, que se pesquisem e que se ensinem técnicas da nova sistemática, a sua assimilação na cultura jurídica é gradual e bem mais dificil do que aparenta. Arbitragem, conciliação, negocia ção, mediação, avaliação neutra etc. são diferentes entre si e possuem lógicas NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito próprias. Provavelmente, o que permite uni-los em uma única categoria seja a contraposição ao método de resolução clássico, que é o processo judicial operado pela jurisdição estatal, o que toma mais dificil o seu estudo e o seu ensino e mais lento o processo de assimilação na construção da formação jurídica. Por essas razões, é forte a recomendação de que se trabalhe com os métodos de resolução de conflitos na base da formação jurídica, antes do condicionamento do aluno aos padrões formais da litigância judicial. A resolução do conflito mediante a adjudicação de uma decisão estatal é um parâmetro sempre presente nas disciplinas jurídicas. Não se ensina direito civil, direito penal, direito processual ou direito administrativo sob a consi deração de que os conflitos de interesses e de direitos podem ser resolvidos por transação penal ou tributária, por conciliação judicial, por arbitragem privada ou por um ombudsman. A referência é sempre o Poder Judiciário e o processo judicial. Sequer os processos administrativos têm a mesma força como referencial do ensino jurídico. Este livro oferece conhecimentos básicos para a etapa inicial de formação jurídica do aluno. Trata-se de uma obra para ser usada preferencialmente, mas não exclusivamente, nos primeiros anos de graduação em direito, quando o aluno ainda não consolidou seu raciocínio instrumental-normativo e ainda não está exclusivamente condicionado à referência do processo judicial e da justiça estatal. E, preferencialmente (mas, de novo, não exclusivamente), um livro para ser usado em uma disciplina especificamente voltada ao estudo dos meios de resolução de conflitos na sociedade contemporânea. Seu temário cobre os métodos ''alternativos'' de solução de conflitos mais comuns: a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem. E seu conteúdo é composto por conceitos, técnicas e aspectos elementares desses métodos. Os autores são professores, pesquisadores e profissionais que atuam diretamente com esses métodos e carregam uma consolidada experiência notrato desse temário. E os artigos seguem uma linha editorial relativamente comum: são curtos, escritos em linguagem simples e direta e que fazem uso de casos e exemplos para auxiliar a compreensão do aluno. Os artigos são acompanhados ainda de duas seções finais: um roteiro de questões destinadas a orientar a leitura dos textos (prévia ou posteriormente à aula) e fomentar o debate que o professor poderá fazer em sala de aula e uma lista das referências de destaque para provocar a abordagem do conteúdo tratado no artigo, entre as quais: livros, artigos, decisões e, inclusive, filmes, peças de teatro, reportagens e programas de televisão. A disposição dos artigos também atende a uma ordem didática. Os três artigos iniciais procuram apresentar conhecimentos gerais sobre os métodos de resolução de conflitos: origem e difusão no Brasil, diferenças em rela ção à jurisdição e ao processo judicial, a ideia de um sistema multiportas NOTA DOS AUTORES XIII de solução de conflitos, a apresentação e noções básicas de cada técnica, atuação das partes e dos envolvidos em cada um dos métodos etc. O artigo seguinte apresenta as técnicas de negociação difundidas a partir do modelo da Escola de Negócios da Universidade de Harvard, referência ocidental para trato desse método e que, podemos dizer, podem ser usadas na aplicação de todos os outros métodos. Os dois artigos seguintes são dedicados à mediação, com ênfase na sistematização dos princípios que orientam a sua aplicação e no relato e reflexão a partir de interessantíssimos casos concretos. A conci liação judicial, que ganha cada vez mais espaço nos tribunais brasileiros, é tema do artigo seguinte. Os três artigos seguintes são dedicados a tratar de aspectos da arbitragem, em caráter não exaustivo, dadas a profundidade e a sofisticação técnica que esse mecanismo já apresenta. E, por fim, o último artigo é dedicado a uma relativa novidade: o desenho de solução de disputas, que permite a combinação de diferentes métodos para adequação à situação concreta com características específicas. As possibilidades oferecidas pela obra em termos de metodologia de ensino são variadas. Uma recomendação dos coordenadores é que ela sirva como um eixo condutor do curso, não exauriente e apenas provocativo e direcionador de abordagens e debates mais profundos em sala de aula. As questões de orien tação de leitura e o material indicado como referência suplementar são, nessa perspectiva, um referencial de apoio importante para as aulas. Para otimizar os debates em sala de aula, o professor poderá solicitar que os alunos leiam previamente os artigos, tomem contato com o material suplementar indicado e tentem responder as questões de orientação. Pode também recomendar a leitura prévia e utilizar as questões e o material indicado como provocação e condução dos debates em sala de aula - e, com isso, instrumentalizar um diálogo entre o material, as questões e os artigos do livro. Pode, ainda, en tregar as questões para que sejam respondidas previamente - num exercício de provocação do senso cognitivo do aluno -, conduzir a aula com base no material indicado - especialmente o audiovisual -, e solicitar a leitura e fichamento dos artigos posteriormente aos encontros. Enfim, a partir da ideia de eixo condutor do curso, professores e alunos poderão utilizar o livro de acordo com os objetivos didático-pedagógicos seus e do curso, bem como os interesses e as necessidades da turma. A obra espera estar alinhada à dificil tarefa da promoção e qualificação do acesso à justiça pela diversificação dos métodos de resolução de conflitos e assimilação de uma cultura jurídica menos formalista e judicializante. Um processo, como foi dito, longo e complexo e para o qual outros pesquisa dores vêm, há algum tempo, envidando seus melhores esforços. Esta obra presta homenagem e agradecimento a todas essas figuras, aqui representadas nas pessoas dos Professores Kazuo Watanabe e Ada Pellegrini Grinover. Merece também menção de agradecimento o grupo de alunos da Faculdade NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo/Turma de 2011, Beatriz Carvalho Nogueira, Eliana Miki Tashiro Nakamura, Frederico Ge raldo Clementina, Isis Magri Teixeira, João Gilberto Belvel Fernandes Jr., Julia Jeuken, Juliana Moyses, Lucas Fulanete Bento, Thaís Negrão, Wilton Bastos de Jesus, que aceitaram, voluntária e graciosamente, ser os ''pilotos de testes'' e revisores primeiros dos escritos contidos neste livro - e, assim, deram a sua medida de contribuição a esse processo. Nota da Editora: o Acordo Ortográfico foi aplicado integralmente nesta obra. su RIO 1. Solução de controvérsias: métodos adequados para resultados possíveis e métodos possíveis para resultados adequados - Paulo Eduardo Alves da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1. Introdução: a sociedade, a justiça e a solução de conflitos ............. . 2. Justiça formal e justiça informal - afinal, o que são e por que ' d '' 1 . '' d 1 "" d ' . ? meto os a temat1vos e so uçao e controvers1as . ....................... . 2.1 Os mecanismos de ''ADR'' no Brasil: da inovação legislativa à política pública .............................................................................. . 2.2 Arbitragem, mediação e conciliação são espécies do mesmo " ? O . d ''ADR'' "" d . . ? genero . s mecanismos e sao to os 1gua1s . .............. . 2.3 ''ADR'', jurisdição e processo judicial: quem é o ''altemative'' , '' . t d''? e quem e o appropna e . ......................................................... . 3. Resultados, estrutura e procedimento dos ADR: variações a partir de acordo ou decisão .......................................................................... . 4. Apontamentos conclusivos - O conflito como ponto de partida ....... . Referências bibliográficas ......................................................................... . Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula ............... . Sugestões de material complementar ...................................................... . 2. Procurando entender as partes nos meios de resolução pacífica de conflitos, prevenção e gestão de crises - Célia Regina Zapparolli ... 1. Introdução ............................................................................................ . 2 Part . . d . - . es e Juns 1çao ............................................................................. . 3. Partes na arbitragem ........................................................................... . 4. Partes na conciliação .......................................................................... . 5 P rt . "" . a es na negoc1açao ........................................................................... . 5.1 Negociação simples, multipolos e coletiva ................................ . 1 1 4 7 10 11 15 19 22 23 24 27 27 33 37 37 39 40 NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito 6. Partes na mediação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 6.1 A amplitude do conceito de ''partes '' na mediação .. .... .... .... ... .. 40 6.2 Partes nas mediações pré-processuais, paraprocessuais e pós- -processuais . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . 42 6.3 Partes na mediação comunitária................................................... 43 6.4 Partes na mediação em contextos de violência e crime ............ 44 7. Partes na mediação e a visão de sistema . .. . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . 45 8. Partes da facilitação assistida.............................................................. 46 9. Partes na prevenção e gestão de crises nos sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 1 O . Indo além das partes.......................................................................... 51 Referências bibliográficas ......................................................................... 53 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula ................ 55 Sugestões de material complementar....................................................... 55 3. ''Sistema Multiportas'': opções para tratamento de conflitos de forma adequada - Marco Antônio Garcia Lopes Lorencini ................ 57 Introdução .................................................................................................. 57 1 . Conflitos por toda parte....................................................................... 5 8 2. Métodos alternativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3. ADR movement e os métodos alternativos ......................................... 60 4. Modalidades de meios alternativos ..................................................... 61 4 .1 Mediação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 4.2 Arbitragem .................................................................................... 63 4.3 A avaliação do terceiro neutro (''Early Neutral Evaluation - ENE '') ........................................................................................... . 4.4 Outras modalidades na experiência norte-americana: o ''minitrial'' . . d 1 1 ('' . d '') e o JUlZ e a ugue rent a JU ge ........................................... . 4.4.1 Minitrial ............................................................................. . 4.4.2 Juiz de aluguel (''rent a judge'') ........................................ . 4.5 Med-Arb (''Mediation-Arbitration '') ........................................... . 5. Os tipos de conflito ............................................................................ . 6. Sistema Multi portas : os modelos possíveis ....................................... . 7. O modelo multiportas a partir de um tribunal ( court annexed) ...... . 8. Aspectos fundamentais em um modelo multiportas a partir de um 65 65 65 66 67 69 72 74 tribunal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 5 SUMÁRIO 8 .1 A seleção e o seu responsável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 5 8.2 O ambiente e o momento............................................................. 76 9. A escolha do método adequado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 1 O. Sistema Multiportas no Brasil. A Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça .. ... .... .... .... ....... .... .... ... ........ ... .... .... ....... .... .... ..... 79 11. Conclusão............................................................................................ 80 Referências bibliográficas ......................................................................... 80 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula ................ 84 Sugestões de material complementar....................................................... 85 4. Negociação para resolução de controvérsias - Alfred Habib Siouf Filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 7 2. Criação de valor ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 8 2.1 A criação de valor como mudança de mentalidade negocial .. .. 89 2.2 O equilíbrio entre criação e distribuição de valor...................... 93 3. Ferramentas e barreiras........................................................................ 97 3 .1 Ferramentas do negociador de resoluções e controvérsias......... 97 3 .2 Barreiras e limites da negociação................................................ 98 4. Conclusão.............................................................................................. 100 Referências bibliográficas .... ... .... .... ... .... .... .... ... .... .... .... ... .... .... ... .... .... ..... 1 O 1 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula ................ 101 Sugestões de material complementar....................................................... 1 O 1 5. Mediação de conflitos: conceito e técnicas - Adolfo Braga Neto ..... 103 1. Introdução ............................................................................................. 103 2. Alguns aspectos relevantes sobre a mediação de conflitos ............... 104 3. O processo interventivo do mediador e o processo interativo da mediação de conflitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 4. Alguns aspectos jurídicos relevantes................................................... 111 5. O mediador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 6. Algumas observações sobre a capacitação teórica e prática mínima em mediação de conflitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 7 7. Algumas áreas de utilização da mediação de conflitos..................... 120 XVIII NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito 8. Conclusão a partir de um breve histórico sobre a mediação de conflitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . . 1 24 Sugestões de material complementar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 25 6. A mediação de conflitos em casos concretos - Tania Almeida e Samantha Pelajo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 1 . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 2. Os Almeida - um caso de empresa familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 28 2.1 Breve caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 28 2.2 O momento de deflagração do conflito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 2.3 O processo de mediação: aportes teóricos e técnicos . . . . . . . . . . . . . . . . 130 3. Os Campeio - um caso de sucessão hereditária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2 3 . 1 Breve caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 3.2 O momento de deflagração do conflito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 3. 3 O processo de mediação - aportes teóricos e técnicos . . . . . . . . . . . . . . 13 3 4. Os Castro - um ex-casal que chega ao Juizado Especial Criminal . . . . . 135 4. 1 Breve caracterização e o momento de deflagração do conflito . . . 135 4.2 O processo de mediação - aportes teóricos e técnicos . . . . . . . . . . . . . . 136 5. A Mineradora e o Condomínio - um caso de conflito ambiental . . . . 138 5 . 1 Breve caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 8 5.2 O momento de deflagração do conflito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 5.3 O processo de mediação/facilitação de diálogos com múltiplas partes - aportes teóricos e técnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 6. Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Bibliografia comentada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Sugestões de material complementar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 7. Conciliação em juízo: o que (não) é conciliar? - Fernanda Tartuce . . . . 149 1 . Ambiguidades e questionamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 2. Cultura de paz e ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5 1 3 . A conciliação no Poder Judiciário: conciliar é legal? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 SUMÁRIO 4. O que é conciliar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 8 4. 1 Participar vivamente da comunicação.......................................... 1 59 4. 2 Estimular a flexibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 4.3 Colaborar para a identificação de interesses............................... 162 4.4 Contribuir para a elaboração de soluções criativas ................... . 5. ''Pseudoautocomposição'': meio aparente de se livrar do litígio ..... . 6 O ,.., , ·1· . que nao e conc1 1ar ......................................................................... . 6 .1 Perguntar se o acordo já foi obtido ............................................ . 6.2 Explorar as desvantagens da passagem judiciária ..................... . 6 3 Int. 'd . . 1m1 ar e pressionar .................................................................. . 6.4 Prejulgar e comprometer a parcialidade ..................................... . 6. 5 ''Forçar o acordo'' ........................................................................ . 7. Conclusões ........................................................................................... . Referências bibliográficas ......................................................................... . Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula ............... . Sugestões de material complementar ...................................................... . 8. Convenção de Arbitragem e processo arbitral - Luis Fernando Guerrero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Parte I - Convenção de Arbitragem ....................................................... . 1 . Conceito e categorias .......................................................................... . 2. Arbitrabilidade ..................................................................................... . 3. Efeitos da Convenção de Arbitragem ................................................ . 4. Transmissão, extensão e extinção da Convenção de Arbitragem .... . Parte II - Processo Arbitral ..................................................................... . 5 P . . . t , t ' . nnc1pa1s carac ens 1cas ..................................................................... . 6. O árbitro .............................................................................................. . 7. Procedimento ....................................................................................... . 8. Relação com o Judiciário ................................................................... . Parte III - Conclusão ............................................................................... . Referências e sugestão de material complementar ................................. . Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula ............... . 1 64 1 65 167 167 1 69 170 17 1 173 174 175 1 77 1 77 179 179 179 182 186 187 189 189 191 193 196 201 203 205 NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito 9. Arbitragem e Poder Judiciário - Carlos Alberto de Salles . . . . . . . . . . . . . . . 207 1 . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 2. A exclusão da jurisdição estatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 2.1 Autonomia da cláusula arbitral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 O 2 2 c " . " . . ompetenc1a-competenc1a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 1 2.3 Causa de extinção do processo judicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 12 3. Respaldo da jurisdição estatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 15 4. Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 19 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 19 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . . 221 Sugestões de material complementar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 222 1 O. Notas introdutórias sobre a fase instrutória de uma arbitragem de acordo com o direito brasileiro - Rafael Francisco Alves e Camila Portilho Lopes Rego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 1 . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 2. Noções preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 2.1 A arbitragem deve buscar a verdade dos fatos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 2.2 Onde buscar respostas sobre o procedimento de produção de b. ? provas na ar 1tragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2. 1 Convenção de arbitragem e termo de arbitragem: as bases do procedimento arbitral (autonomia das partes e flexibi- 227 li dade) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2 7 2.2.2 Lei e jurisprudência: os limites impostos pelas garantias processuais ao procedimento arbitral ( devido processo legal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 2.2.3 Referências doutrinárias e IBA Rufes: a importância da . " . , . ex pen enc1a prat1 ca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 Tempo e custos na produção de provas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 . O procedimento de produção de provas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 . 1 A regra de ouro: o árbitro é o destinatário das provas . . . . . . . . . . . . 3 2 0r . - d . t -. gan1zaçao a ms ruçao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 . 3 Meios de produção das provas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3. 3 . 1 Prova documental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234 237 239 239 241 244 244 3.3.2 Prova oral em audiência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245 SUMÁRIO 3 .3 .2. 1 Depoimento pessoal da parte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246 3 .3.2.2 Testemunhas de fato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247 3 .3.2.3 Testemunhas técnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250 3 .3. 3 Prova pericial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 O 4. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Q - . 1 . uestoes para onentar a e1 tura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências para aprofundar o estudo em matéria de provas na 252 253 255 arbitragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5 11. Um passo adiante para resolver problemas complexos: desenho de sistemas de disputas - Diego Faleck . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257 1 . Desenho de sistemas de disputas (DSD) : o quê e para quê?. . . . . . . . . . . 257 2. Exemplos de DSD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259 3. O ''passo a passo'' do DSD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262 3 . 1 Mapeamento das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262 3.2 Análise jurídica e avaliação de custos e riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 3.3 Diagnóstico: sistema existente x alternativas disponíveis . . . . . . . . . . 264 3.4 Definição de objetivos e princípios institucionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267 3. 5 Desenvolvimento do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269 3.6 Implementação e avaliação do sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270 4. DSD: um passo adiante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272 Sites consultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4 Questões para orientar a leitura e o debate em sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . . 274 - � SOLUÇAO DE CONTROVERSIAS: � METODOS ADEQUADOS PARA � � RESULTADOS POSSIVEIS E METODOS � POSSIVEIS PARA RESULTADOS ADEQUADOS Paulo Eduardo Alves da Silva Sumário: 1 . Introdução: a sociedade, a justiça e a solução de conflitos - 2. Justiça formal e justiça informal - afinal, o que são e por que métodos "alternativos" de solução de controvérsias?: 2.1 Os mecanismos de "ADR" no Brasil: da inovação le gislativa à política pública; 2.2 Arbitragem, mediação e conciliação são espécies do mesmo gênero? Os mecanismos de "ADR" são todos iguais?; 2.3 ADR, jurisdição e processo judicial: quem é o "alternative" e quem é o "appropriated"? - 3. Resultados, estrutura e procedimento dos ADR: variações a partir de acordo ou decisão - 4. Apontamentos conclusivos - O conflito como ponto de partida. 1 . INTRODUÇÃO: A SOCIEDADE, A JUSTIÇA E A SOLUÇÃO DE CONFLITOS A ocorrência de conflitos de interesses na sociedade civil, entre indivíduos, grupos ou com o Estado, é algo inevitável. E, por conta da configuração social contemporânea, estes conflitos têm sido mais frequentes e mais com plexos. Os dados sobre o volume e a movimentação processual da Justiça brasileira, em progressivo aumento nos últimos anos, são um indicativo claro da tendência de explosão de litigiosidade (CNJ, 2010, série histórica). Relatórios similares de outros países sinalizam no mesmo sentido. NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito Desde a consolidação dos Estados modernos, generalizou-se a crença de que o método mais adequado para a solução justa dessesconflitos é aquele oferecido pelo próprio Estado por meio da jurisdição e do processo judicial. O mecanismo estatal possui princípios próprios e um conjunto bastante farto de regras, que constituem o ''direito processual''. Em linhas gerais, a juris dição, que deve, sobretudo, ser imparcial, só atua mediante solicitação dos conflitantes (inércia) e estes, por sua vez, são compulsoriamente sujeitos a esse poder (inevitabilidade). A resolução dos conflitos é obtida por um pro cedimento de investigação racional da verdade fundado no debate entre as partes conflitantes (contraditório e ampla defesa). O julgador tem liberdade para formar seu convencimento, que deve ser racional e motivado, e suas decisões sempre públicas. Nas últimas décadas, a hegemonia do método estatal tradicional tem sido frequentemente questionada: o processo judicial é sempre o método mais adequado para se produzir justiça? A jurisdição estatal é o único ente competente para tanto? Poderia a própria sociedade promover, de forma au tônoma e difusa, uma solução para o conflito mais justa que a provinda da jurisdição estatal? Determinados conflitos seriam resolvidos com mais justiça mediante outros mecanismos? Essas questões são feitas em perspectiva teórica por juristas e cientistas políticos, mas, atualmente, é a própria sociedade que, na prática, insatisfeita com os serviços de justiça estatal, as tem feito com mais frequência - e, naturalmente, com mais legitimidade. Paralelamente ao crescimento da liti giosidade e do volume de processos judiciais, avaliações qualitativas reve lam que a confiança da população na Justiça segue em sentido inverso: sua avaliação geral é abaixo da média em relação às outras instituições públicas e ela é considerada morosa, cara e de difícil utilização para a maioria da população. 1 E certo que estes índices devem ser analisados dentro de um contexto mais amplo, mas parece evidente que há uma demanda social por um acesso 1 Segundo o ''Sistema de Indicadores de Percepção Social'' (Sips ), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (lpea), de maio de 2011 , a nota média atribuída à Justiça foi de 4.55, numa escala de O a 1 O. Em relação à rapidez, acesso, custo, decisões justas, honestidade e imparcialidade, a média nacional da Justiça brasileira foi de mal a regular, com piores indicadores nas duas últimas características. De forma semelhante, o ''lndice de Confiança na Justiça'' da Fundação Getulio Vargas referente ao segundo trimestre de 201 O, aponta que a Justiça é considerada morosa para 88% dos entrevistados, 80% disseram que os custos para acessar o Judiciário são altos ou muito altos e 72% acreditam que o Judi ciário é difícil ou muito difícil para utilizar. A falta de competência para solucionar os casos foi apontada por 54% dos entrevistados. Quando indagados quanto à confiabilidade no Judiciário, apenas 33% dos entrevistados responderam que ele é confiável ou muito confiável. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/1 0438/6878/ Rel1CJBRASIL2TRI2010.pdf?sequence=l >Acesso em: 2 1 ago. 201 1 . Cap. 1 - SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS à justiça direto e imediato, sem a intermediação de um agente estatal e regras formais que mais parecem distanciar a justiça da sociedade do que aproximá las. A insatisfação da população com a Justiça estatal sugere a carência por mecanismos mais céleres e menos formais de solução de conflitos. A possibilidade de se chegar à justiça por outros caminhos não é nada nova. A ciência jurídica, embora construída sob a premissa da atuação ofi cial da lei, nunca deixou de admitir a solução de controvérsias pela própria sociedade. A teoria geral do processo, por exemplo, sempre apresentou a jurisdição entre outros métodos de solução de conflitos - o mais sofisticado e mais bem elaborado, mas não o único. Sempre se ensinou, nos cursos básicos de teoria do Estado e direito processual, que, ao menos no plano teórico, a jurisdição convive com outros métodos heterocompositivos de resolução de conflitos, com os métodos autocompositivos e, inclusive, com a heresia da autotutela: '' a eliminação dos conflitos ocorrentes na vida em sociedade pode-se verificar por obra de um ou de ambos os sujeitos dos interesses conflitantes, ou por ato de terceiro. Na primeira hipótese, um dos sujeitos (ou cada um deles) consente no sacrificio total ou parcial do próprio interesse (autocomposição) ou impõe o sacrificio do interesse alheio (autodefesa ou autotutela). Na segunda hipó tese, enquadram-se a defesa de terceiro, a mediação e o processo '' (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 1998, p. 20). Na verdade, já eram praticados mecanismos privados e informais de justiça quando a jurisdição estatal ganhou corpo. A jurisdição e o processo judicial representam, da perspectiva do Estado moderno, a resolução mais formal e, supostamente, mais democrática e mais justa. Mas é possível que, atualmente, haja uma oscilação no sentido da resolução menos formal. Cada sociedade desenha o quadro de métodos de resolução de conflitos conforme as suas expectativas acerca do que seja ou não formal, o que seja ou não seguro, o que seja ou não violento e, principalmente, o que seja ou não justo. E, no último século, as sociedades contemporâneas têm demonstrado atravessar um estado de crise com seus conceitos de forma, segurança, violência e justiça. Naturalmente, isto compromete a hegemonia da jurisdição e do processo judicial e abre flancos para o ressurgimento de métodos ''alternativos'' de solução de controvérsias. Hoje em dia, já se pode dizer relativamente harmoniosa, para ambos os sistemas, o romano-germânica e o anglo-saxão, a convivência da jurisdição e do processo judicial com mecanismos ditos ''extraordinários'' ou ''alternativos'' de solução de conflitos, como a arbitragem, a mediação, a conciliação e mesmo a negociação. A despeito do crescente uso, ainda há um generalizado desconhecimento sobre a arbitragem, a mediação, a conciliação e os meios ditos alternativos, NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito de modo geral. Não se conhece com precisão seus princípios e regras básicas, como operam e, principalmente, como se integram à jurisdição estatal. Em que consistem exatamente estes mecanismos? Quais suas semelhanças e suas diferenças? Quais suas características e regras? Como devem ser operados? E, principalmente, quais são os mais adequados? Quais conduzem à justiça ?2 Questões como esta precisam ser investigadas para se chegar a um grau de convivência segura entre a jurisdição e os métodos ditos alternativos. Diferentemente do processo judicial, os mecanismos ditos ''alternativos'' de solução de controvérsias ( os ''ADR'') não possuem um corpo estrutura do de regras de manuseio. O que pauta sua operação são regras básicas e princípios gerais derivados de sua natureza e características peculiares. Os capítulos deste livro exploram essas características e as regras básicas. Este capítulo inicial, por sua vez, limita-se a uma abordagem panorâmica dos mecanismos de ADR, preliminar ao contato com os capítulos seguintes. E está organizado em quatro partes: esta introdução, a apresentação das ca racterísticas essenciais desses mecanismos, as estruturas de cada um deles (partes envolvidas e procedimentos) e, enfim, uma conclusão. 2. JUSTIÇA FORMAL E JUSTIÇA INFORMAL - AFINAL, O QUE SÃO E POR QUE MÉTODOS ''ALTERNATIVOS'' DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS? A expressão ''meios alternativos de solução de conflitos'' é derivada da homônima em língua inglesa ''alternative dispute resolution'' (ADR) e representa uma variedade de métodos de resolução de disputas de interesses, distintos e substitutivos da sentença proferida em um processo judicial. São exemplos: a arbitragem, a mediação, a conciliação, a avaliação neutra, o ''minitrial'', a própria negociação, entre outros. A expressão em língua inglesa é atribuída a Frank Sander,professor da Harvard Law School, em um trabalho organizado para a famosa ''Pound Conference: perspectivas sobre a justiça no futuro'', realizada em Mineapólis, EUA, em 1976.3 Ao defender a diversificação de meios de solução de disputas, ele menciona o termo ''alternative dispute resolution'', enfatizando o caráter de contraposição à justiça estatal: 2 3 Interessante notar, no fundo dessas indagações, a sofisticada questão do acesso à justiça. Que mecanismos propiciam efetivo acesso à justiça? E possível diferenciá-los por este critério? O que é, atualmente, acesso à justiça? A conferência teve o nome de ''N ational Conference on the Causes of Popular Dissatisfac tion with the Administration of Justice''. E o artigo de Sander foi inicialmente publicado como Varieties of dispute processsing. Federal Rules Decisions, v. 70, p. 1 1 1-134, 1976 e, alguns anos depois, republicado como SANDER, Frank E. A. Varieties of Dispute Processing. The Pound Conference: Perspectives on Justice in the Future. West: A. Levin & R. Wheeler eds., 1979. Cap. 1 - SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS ''( ... ) there is a rich variety of different processes, which ( ... ) may provi de for more 'effective' conflict resolution. ( . . . ) What are the significant characteristics of various altemative dispute resolution mechanisms ( such as adjudication by courts, arbitration, mediation, negotiation, and various blends of these and other <levices?)'' (grifei). A raiz da oscilação recente em prol das ADR remonta ao início do sé culo XX, também nos EUA. Na época, também era observada a crescente insatisfação popular com as instituições legais e a intensificação do uso da conciliação e da arbitragem, anunciados como menos demorados, menos custosos e menos beligerantes que o litígio judicial. O marco teórico parece situado nas críticas de Roscoe Pound ao caráter adversaria! da justiça. O que ele chamava de ''sporting theory of justice'' tomava a sentença judicial mais o resultado de uma batalha campal entre litigantes, por meio de seus advogados, do que a concretização de valores substancialmente desejados para a sociedade (POUND, 1906). A versão atual do movimento, portanto, tem pouco mais de cem anos. Politicamente, este período corresponde à consolidação e a ''falência'' do modelo de Estado centralizador e provedor ( o ''Estado Social'', em contra posição ao ''Estado Liberal'') e a estruturação de uma sociedade de massas, voraz consumidora, centrada em grandes centros urbanos, organizada em redes e amparada por sofisticados recursos tecnológicos. Em verdade, os mecanismos não jurisdicionais de solução de conflitos estão bem longe de ser uma criação do século XX. Sempre houve, em cada sociedade e em cada época, maior ou menor propensão a mecanismos de justiça formais e centralizados no Estado ou de mecanismos informais, com menor ou nenhuma presença estatal (ROBERTS & PALMER, 2005, p. 3). Os chamados ADR representam a mais recente oscilação no sentido dos mecanismos informais e privados de justiça. A história registra muitas outras experiências de justiça informal, não estatal e não decisional. A China pré-imperial, por exemplo, presenciou, no século III a.C., a transição de um modelo informal, fundado na ideologia confucio nista, para um padrão de legalismo e formalismo. Na filosofia de Confúcio, o tratamento dos conflitos deveria se fundar na harmonia, liderança moral, educação e sacrificio; o tratamento legal e formalizado estimularia, segundo ele, o dissenso e subtrairia dos litigantes a noção substancial de justiça. O que garantiria a convivência harmoniosa seria projeção da conduta moral do líder sobre as pessoas comuns. Em determinado momento da história da China, este modelo deu lugar a um sistema legalista e formalista de justiça - naturalmente, com traços do modelo anterior (ROBERTS & PALMER, 2005, p. 12). Roma, por sua vez, também atravessou graus variados de formalismo e legalismo no tratamento dos conflitos. Em sua fase mais antiga, em que o NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito governo ainda era teocrático, os assuntos legais eram confiados a um colégio de pontífices e os procedimentos não eram detalhadamente estruturados. O modelo de justiça formalista romana com que tomamos contato e que tanto influenciou a Europa muitos séculos depois é, em grande parte, o do período republicano. Mecanismos bastante informais de resolução de conflitos, como a justiça popular e o fiagitatio, só foram suplantados por mecanismos mais formais e racionais, como o processo judicial, a partir das Leis das XII Tábuas. E as regras procedimentais que então começaram a ser desenhadas não eliminaram imediatamente a transatio, que as partes ainda podiam firmar mesmo após o início do procedimento ou a prolação da decisão do iudex (KELLY, 1966, p. 148 e 150). Valiosa tese de antropologia legal defende haver uma tendência constante na história das sociedades para a desformalização dos mecanismos de solução de conflitos. Segundo esta perspectiva, sempre houvera impulsos religiosos, étnicos, políticos, territoriais e temporais no sentido dos mecanismos menos formais de justiça. E esses impulsos teriam sido, de tempos em tempos, refreados por reações no sentido da institucionalização de mecanismos formais, normalmente baseados em leis e no poder de um órgão centraliza dor (ROBERTS & PALMER, 2005). Os ADR que hoje discutimos seriam apenas o resultado do impulso mais recente em direção à justiça informal. Em algumas décadas, a insatisfação popular com a justiça desemboca em um movimento em prol da justiça informal com correspondentes em várias outras partes do mundo. Como todo impulso, o movimento das ADR enfrentou considerável resis tência. Na década de 70, quando Sander forjou o termo, já havia um intenso debate na doutrina norte-americana sobre o modelo desejado de justiça, o papel do juiz e, consequentemente, a viabilidade de se investir nos meios alternativos de solução de conflitos. Alguns dos principais argumentos contrá rios aos ADR são encontrados nas reflexões que o Professor Owen Fiss, da Universidade de Yale, fez em artigo sugestivamente intitulado ''Against the settlement'' (1984). Fiss argumenta, apoiando-se na função pública da juris dição e do processo, que os acordos não necessariamente produzem justiça e ainda impedem que o Estado o faça; e que, além disso, também intensificam a não rara dessimetria entre os litigantes. Segundo ele, o papel do juiz vai além de produzir paz entre as partes. Exige-se dele que promova a proteção aos valores públicos considerados mais importantes pela sociedade. O acordo impediria a tutela destes valores. Apenas a decisão judicial seria capaz de promover um estágio desejado de justiça substancial. Em suas palavras: ''( . . . ) when the parties settle, society get less than what appears, and for a price it does not know it is paying. Parties might settle while leaving justice undone. ( . . . ) Although the parties are prepared to live under the terms they Cap. 1 - SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS bargained for, and although such peaceful coexistence may be a necessary precondition of justice, and itself a state of affairs to be valued, it is not justice itself. To settle for something means to accept less than some ideal'' {FISS, 1984, p. 1.086). E preciso reconhecer que o argumento de Fiss faz bastante sentido, espe- cialmente em sistemas jurídicos como o brasileiro, baseados na primazia da lei e situações de assimetria entre litigantes. O sistema político hegemônico condiciona a ideia de justiça à lei e, assim, o sistema jurídico é construído com base em um emaranhado normativo. Como a jurisdição é a atividade essencialmente destinada a aplicar as leis aos casos concretos - e como os mecanismos de ADR não têm essa preocupação -, Fiss conclui que a verdadeira justiça somente pode advir do processo judicial e da jurisdição estatal. Ademais,para as partes econômica e socialmente hipossuficientes, sem as mesmas condições de compreender o que lhe seria justo e negociar um bom acordo, os mecanismos de ADR equivaleriam a uma 'justiça de segunda classe''. Justos ou não, de primeira ou segunda classe, fato é que, em três déca das, os mecanismos de ADR ganharam largo espaço em sistemas de justiça de todo o mundo: a arbitragem é hoje talvez a principal forma de resolução de conflitos no comércio internacional, a mediação e a conciliação têm sido amplamente utilizadas para a solução de conflitos de variados perfis e a negociação, que nunca deixou de ser praticada, foi sistematizada e ganhou espaço nos programas escolares. 2.1 Os mecanismos de ''ADR'' no Brasil: da inovação legislativa à política pública No Brasil, a história da versão recente dos ADR tem uma defasagem temporal de duas décadas em relação à experiência norte-americana, mas se desenvolve de forma relativamente semelhante: inicialmente ancorada na arbitragem para, mais tarde, disseminar-se pela conciliação e mediação. Por meio de ousada inovação legislativa, o Brasil instituiu a possibilida de de as partes resolverem seus conflitos mediante uma arbitragem privada e, o mais importante, com a mesma eficácia vinculante de uma decisão judicial (Lei 9.307/1996). Embora condicionada à concordância das partes, uma vez pactuada a arbitragem, ambos os litigantes seriam compelidos (in clusive pelo próprio Estado) a observá-la e a dar cumprimento à decisão nela proferida. As inovações da Lei da Arbitragem provocaram reflexões profundas sobre a natureza da jurisdição e a amplitude das regras processuais. A equi- NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito paração da eficácia do então ''laudo'' arbitral à da sentença judicial permitiu redimensionar a atividade que o Estado realiza sob a alcunha de jurisdição (CARMONA, 1998). Seguindo uma linha de estudos fundada na efetividade e no acesso à justiça, a ideia de tutela jurisdicional passa a ser compreendida em função das carências do direito material. O direito processual, por sua vez, passa a ser pautado mais pelo caráter dialógico do debate e da justiça da decisão do que a partir da natureza formal da condução estatal. A decisão arbitral, nesse sentido, embora não prestada pelo Estado, enquadra-se neste conceito de tutela jurisdicional. E o procedimento arbitral, por lei disponível às partes, deve atender a uma moldura mínima de devido processo legal, formada pelos princípios do contraditório, da igualdade das partes, da impar cialidade do árbitro e do livre convencimento (LA, art. 21, § 2°). Além de disponível, o procedimento da arbitragem é mais restrito quantitativamente do que as regras que pautam o processo judicial tradicional. A recepção da Lei de Arbitragem brasileira não foi imediata. Por cinco anos, pendeu contra ela uma impugnação de constitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal, fundada no argumento de violação da garantia de acesso à justiça (CF, art. 5°, inciso XXXV). Em 2001, a Corte confirmou a constitucionalidade da Lei, por sete votos a quatro. Fundamentou-se no fato de a arbitragem se limitar a demandas envolvendo direitos disponíveis e, afinal de contas, ''o inciso XXXV representa um direito à ação, e não um dever'' (STF, SE 5.206). Desde então, e com relativa rapidez, a arbitragem ganhou amplo espaço para a solução de disputas comerciais e, em seguida, para as de cunho do méstico. O Poder Judiciário brasileiro respondeu com o devido apoio para garantir a credibilidade do mecanismo, compelindo os litigantes à arbitragem previamente pactuada, deferindo tutelas de urgência e conduzindo a execução das decisões arbitrais. Segundo recente pesquisa, o Poder Judiciário brasileiro, de modo geral, aplica a lei de arbitragem de acordo com as premissas sobre as quais ela foi criada (CBar/FGV, 2009). A aceitação e a rápida difusão da arbitragem no Brasil parecem ter quebrado o primeiro nível de uma eventual resistência cultural ao uso de mecanismos de ADR - resistência que ruiu por completo anos depois, diante do clamor público generalizado contra a chamada morosidade da Justiça e a utilitária esperança de que acordos reduzissem o volume de processos ju diciais. O estado geral de crise da Justiça, somado à nossa vocação para as pretensas soluções universais, parecem ter direcionado o apoio inicialmente dado à arbitragem para os mecanismos alternativos de solução de conflitos. Além da arbitragem - popular no nome, mas ainda cara e restrita a uma elite -, faltava-nos um mecanismo que franqueasse a nossa natureza essen cialmente cordial e pacífica. A resolução consensual de conflitos, notadamente a conciliação e a mediação, ganharam espaço junto aos expedientes forenses Cap. 1 - SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS com muito mais rapidez e amplitude e muito menos resistência interna que a arbitragem enfrentara dez anos antes. Sob a premissa ideológica da ''cultura da pacificação'', diversas inicia tivas de promoção da conciliação em juízo foram implantadas em todo o país, em caráter isolado ou com apoio institucional. Perspicaz análise teórica identificou, na formação jurídica brasileira, uma exagerada dependência da resolução de conflitos pela decisão judicial - a ''cultura da sentença'', em contraposição à ''cultura da pacificação'', que promove a resolução consensual (WATANABE, 2005). Tentou-se, primeiramente, a reforma legislativa - que naufragou nos vãos do Parlamento. Então, deu-se início às tentativas de mudança por meio de políticas públicas específicas - o que, inclusive, faria mais sentido se realmente se tratar de uma questão de cultura. O Conselho Nacional de Justiça, recém-instituído, apoiou iniciativas se torizadas e formalizou as bases para uma política nacional de resolução de conflitos, centrada na integração entre os mecanismos formais e decisionais aos mecanismos baseados em consenso. Segundo suas próprias justificativas, a Resolução n. 125 do CNJ significou, neste aspecto, mais do que um marco legal que permitiu a instalação de setores de conciliação junto aos fóruns. Tratou-se do marco de uma política pública judiciária, pela qual a resolução consensual dos conflitos seria paulatinamente organizada na sociedade civil a partir do próprio Poder Judiciário. A partir dele, os tribunais organizaram os seus setores de conciliação judicial e, em alguns casos, capitanearam a organização de núcleos comunitários de solução de conflitos. 4 E é este o ponto em que hoje se encontra o movimento em prol dos ADR no Brasil: constatado que a questão é de cultura jurídica, mais que de carência legislativa, parte-se para as políticas públicas de apoio e dissemi nação da resolução consensual. Uma das medidas, talvez a mais frutífera, é o investimento na formação de base dos atores do sistema de justiça, para instrumentalizá-los com cultura e técnicas que permitam operar métodos variados e adequados conforme o conflito em questão. Em larga medida, esta obra didática se filia a este propósito específico. 4 A Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça visa instituir uma ''Política Judiciá ria Nacional de tratamento dos conflitos de interesses''. Confere aos órgãos judiciários a tarefa de ''oferecer mecanismos consensuais de soluções de controvérsias, para além da solução dada por sentença, como a mediação e conciliação e prestar atendimento e orientação ao cidadão''. Fixa as bases para essa política: ''centralização das estruturas judiciárias, adequada formação e treinamento de servidores, conciliadores e mediadores, bem como acompanhamento estatístico específico, sendo possível firmar parcerias com entidades públicas e privadas para a prestação do serviço''. E, no âmbito dos Tribunais, determina que mantenham Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos e Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, para realização das sessões de conciliaçãoe mediação e atendimento e orientação ao cidadão. NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito 2.2 Arbitragem, mediação e conciliação são espécies do mesmo gênero? Os mecanismos de ''ADR'' são todos iguais? Os mecanismos de ADR são bastante diferentes entre si. O que lhes permite integrar a mesma categoria é o fato de serem todos, de determinado ponto de vista, uma ''alternativa'' à jurisdição. Isso fica bastante claro ao compararmos os dois principais mecanismos alternativos em desenvolvimento no Brasil: a arbitragem e a conciliação judicial. Por mais que impulso sistema tizante nos induza a enquadrar arbitragem, mediação e conciliação no mesmo gênero dos ADR, é preciso atentar para diferenças essenciais na natureza e, consequentemente, no cabimento e operação desses mecanismos. Suas características funcionais são bastante distintas. Arbitragem e conci liação são, ambas, manifestações de justiça informal - ou menos formal que a jurisdição estatal. Mas são mecanismos diferentes entre si, com origem em contingências distintas para servir a interesses específicos. Segundo Auerbach, transcrito abaixo, a arbitragem nasceu para resolver conflitos complexos, verificáveis em uma camada específica da sociedade, que já utilizava os serviços de justiça, mas estava insatisfeita com seus resultados. E a mediação e conciliação foram inicialmente oferecidas a uma ''clientela marginal'', com pouco acesso ao sistema de justiça. Como analisa James Auerbach: ''Conciliation was a reform offered by legal community to a marginal clientele; it was designed to resolve the claims of poor people who could not aff ord counsel, and who were especially victimized by court congestion and delay. Arbitration, by contrast, expressed the preference of commercial interests, especially in New York, for self-regulation untrammeled by the intrusion of law and lawyer'' (AUERBACH, 1983, p. 96). Se a arbitragem aparece com caráter de autorregulação de demandas específicas, a versão contemporânea da conciliação nasce para assistir a uma política social específica, em coro com a assistência jurídica gratuita, os juizados de pequenas causas e os defensores públicos. Registra-se que, em Cleveland, 1913, foi implantado um setor de conciliação junto ao tribunal local para atender os litigantes sem condições de contratar um advogado em demandas de até 35 dólares. O procedimento era voluntário e informal. Esse modelo foi em seguida implantado em Chicago, em Nova Iorque e na Filadélfia, sempre por intermédio do estímulo à harmonia e o consenso em lugar do conflito e animosidade. (AUERBACH, 1983, p. 97). A questão aqui é saber se, a partir dos distintos propósitos iniciais, a arbitragem e a conciliação resultariam em algum desigual resultado de acesso à justiça. Na conclusão de Auerbach, a origem distinta levou a resultados também distintos: ''conciliation limped along in a state of neglect, while Cap. 1 - SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS arbitration fiourished to become a national institution - deeply enmeshed, ironically, in the legal system '' (idem). Para o Brasil, é possível por ora afirmar que o trajeto dos mecanismos foi similar: uma inicial permissão legal para os mecanismos arbitrais seguido de uma política pública de disseminação dos mecanismos consensuais. Resta investigar eventuais resultados de desigual acesso à justiça na experiência brasileira - sobre a qual só é possível dizer que parece caracterizada pelo incentivo e subsídio da própria Justiça estatal, dentro de uma política de redução do contingente de processos judiciais. 2.3 ADR, jurisdição e processo judicial: quem é o ''alternative'' e quem é o ''appropriated''? A experiência recente com os mecanismos de ADR permite afirmar que eles servem para resolver vários tipos de conflitos e, em alguns casos, sua solução parece a mais natural, adequada, legítima, efetiva e justa. Ou seja, em muitos casos eles são a solução mais adequada para o conflito. Consequentemente, nesses casos, a jurisdição estatal e o processo judicial perderiam a sua hegemonia ou o seu caráter de mecanismo padrão - como afirma a literatura norte-americana, deixariam de ser o ''one size .fits ali litigation''. 5 Esta constatação nos permite indagar o que significa, ao certo, o conceito de ''altemative'' da sigla ADR. Do ponto de vista de adequação do método ao conflito, em alguns casos, o ADR não é o alternativo, mas o principal - no sentido de ''o mais adequado''. E a jurisdição, sendo menos adequada ao conflito, se tomaria a alternativa - no sentido de ser menos adequada e, assim, o meio ''subsidiário''.6 Esta inversão de adequação e prioridade entre a jurisdição e os ADR pode acontecer em diversos tipos de conflitos, inclusive os de natureza in disponível, como os de direito de família, direito penal e de direito público. Embora tradicionalmente absorvidos pela jurisdição estatal, é comum estes 5 6 Como descreve NOLAN-HALEY, 1992, p. 1 . Assumo, aqui, a confusão proposital entre ser o método adequado e ser principal, assim como entre o método ser alternativo e subsidiário. E verdade que, como analisaram dois alunos meus, quando lhes apresentei este texto em versão não definitiva, ''ser um método o apropriado não significa que ele seja o regular; ser inapropriado, ou genérico, não o transformaria num método alternativo. Apropriado é aquilo que se tomou próprio e que, logo, exclui uma generalidade''. De algum modo, eles estão corretos. Aqui, contudo, confundo propositalmente as duas grandezas para facilitar o raciocínio sobre o caráter apenas aparentemente alternativo dos ADR. NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - Curso para programas de graduação em Direito casos serem hoje solucionados pelos mecanismos de ADR com aparente alto grau de satisfação das partes. 7 O caráter de acessoriedade e a suplência que caracterizavam os ADR em sua concepção original cedem posto ao caráter de ''mais adequado'' e, portanto, ordinário e principal. Por conta disso, não é dificil encontrar quem defenda que locução ''altemative'' da sigla ADR seja suplantada pelo ''appropriated'', que melhor exprime o caráter de adequação para determinados conflitos. Nestes casos, a lógica não nos permite escapar, o método ''altemative'' seria o próprio processo judicial estatal. Na experiência brasileira, a atribuição de caráter principal ou acessório à jurisdição e aos ADR é ainda menos nítida, já que, como vimos, a conci liação e a mediação têm sido integradas à jurisdição oficial, sob patrocínio e condução do próprio Poder Judiciário. As políticas dos órgãos de cúpula da Justiça brasileira, como o Conselho Nacional de Justiça ( v.g. , Resolução 125, supra) e o Supremo Tribunal Federal, assim como o incentivo que os magistrados em geral têm dado à realização de acordos nos processos sob sua condução, são exemplos mais que suficientes do caráter oficial da dis seminação dos ADR no Brasil. Do ponto de vista teórico, a pluralidade de métodos de resolução de conflitos impõe novas questões para a ciência processual: os ADR podem ser um exercício da jurisdição? Existe atividade jurisdicional além do processo e decisão judicial? Existe jurisdição na resolução consensual realizada pelo próprio Poder Judiciário? Do ponto de vista mais prático, os ADR devem ser usados antes, durante ou depois do processo judicial? Os ADR em juízo devem ser promovidos pelo juiz ou por um agente com formação específica? Como são integrados o processo judicial e o método de ADR quando operados no mesmo caso? Que aberturas devem ser feitas no procedimento judicial ( e, de modo geral, na teoria do processo) para permitir esta interação? A dogmática processual romano-germânica baseia-se em conceitos de jurisdição e de processo que apenas com algum ajuste comportam os meca- 7 A Lei 9.099/1995, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, prevê a pos sibilidade de transação criminal para os chamados
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