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Anne Karolyne Morato – P4 Tutoria Descrever o ciclo menstrual normal e suas alterações: Anatomia funcional do trato genital feminino: Definições: → Folículo = base do sistema reprodutor feminino. É uma estrutura que contém uma célula em seu interior que é capaz de originar um ovócito. → FSH = hormônio folículo estimulante. → LH = hormônio luteinizante. Oogênese: → Antes do nascimento: Já ocorre a produção folicular na mulher, no período intrauterino. Ocorre mitose. Por volta do 6º mês de vida intrauterina, os ovários contêm cerca de 7 bilhões folículos. → Infância: inatividade no ovário. Dictióteno = interrupção da divisão celular. Os ovócitos ficam congelados nessa fase até a puberdade. • Em cada ovócito primário é circundado por células foliculares, gerando folículo, denominado de folículo primordial. → Puberdade até menopausa: Como alguns folículos sofrem atresia, ao atingir a menarca, a mulher tem cerca de 300 mil folículos. Durante a puberdade, o hipotálamo inicia gradualmente a liberação do GnRH, que estimula a hipófise a secretar de hormônios gonadotróficos (LH e FSH). Esses hormônios estimulam os ovários a produzir os hormônios sexuais femininos, levando à menarca, a primeira menstruação de uma mulher, que marca o início de sua vida reprodutiva. Os primeiros ciclos menstruais costumam ser irregulares e podem permanecer assim por até 2 ou 3 anos. Anne Karolyne Morato – P4 → A duração média do ciclo menstrual é de 28 dias, variando entre 25 e 35 dias. Nesse período de 28 dias, existem 2 diferentes ciclos que ocorrem ao mesmo tempo: o ciclo ovariano e o ciclo endometrial. → Para que o ciclo sexual mensal feminino ocorra, é necessário um bom funcionamento do eixo hipotálamo- hipófise-gonadal. → O ciclo ovariano ocorre devido às alterações cíclicas dos hormônios gonadotróficos (FSH e LH) secretados pela hipófise anterior (adenohipófise), que estimulam as células-alvo ovarianas. → O ciclo ovariano é divido em 2 partes: a fase folicular (do desenvolvimento do folículo até a ovulação) e a fase lútea (a partir da ovulação). → A ovulação ocorre no 14º dia de um ciclo de 28 dias. Um pouco antes da ovulação, a parede externa do folículo forma um bico que rompe e libera o líquido folicular A fase folicular dura cerca de 14 dias. A fase lútea é fixa e dura 14 dias. Meiose: → Meiose I – reducional: Ovócito primário precisa continuar sua divisão, para isso ocorre a OVULAÇÃO → o ovócito primário tem a primeira meiose → dá origem a 1 ovócito secundário e 1 primeiro corpo polar (morre) → o ovócito secundário congela novamente a sua divisão e só termina a meiose quando o espermatozoide fecundar. → Meiose II – equacional: Depois da fecundação, ocorre a formação do zigoto (célula diploide) e o segundo corpo polar. A primeira etapa da foliculogênese é o recrutamento de folículos primordiais para reiniciar o desenvolvimento. Isso ocorre entre os dias 1 e 4 do ciclo menstrual. O da secreção de FSH, cerca de 1 dia antes da menstruação, permite a iniciação desse processo. Anne Karolyne Morato – P4 Ciclo menstrual normal: → Colocando a menstruação como o start do ciclo, temos primeiramente a descamação do epitélio endometrial, ou seja, ocorre uma descamação do epitélio que estava sendo preparado para gestar. Com o epitélio descamando, significa que não teve implantação do embrião (blastocistos), e consequentemente, não tem a produção de hCG (hormônio gonadotrofina coriônica). → O hCG é importante para manter o corpo lúteo mais de 14 dias, ou seja, quando um blastocisto estiver produzindo hCG fazendo com que o corpo lúteo se mantenha durante toda a gestação, produzindo progesterona. → Quando não existe o blastocisto produzindo hCG, temos a regressão do corpo lúteo. O corpo lúteo é responsável por produzir ESTRÓGENO e PROGESTERONA. Se ocorre uma regressão desse corpo lúteo, consequentemente ocorre uma queda de estrógeno e progesterona. → Com a queda dos níveis de estrógeno e progesterona, ocorre alta liberação do FSH e diminuição do feedback negativo. E com isso, a produção de GnRH. → Ocorre estimulo de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina) no hipotálamo, para a produção de FSH e LH na adenohipófise. A depender da frequência do GnRH (tem a produção pulsátil), pode-se gerar um hormônio diferente. Na baixa frequência de GnRH ocorre uma nos níveis de FSH. Estimula o crescimento do folículo. → Ocorre rápido crescimento folicular. A célula folicular produz estrógeno e inibina. → A inibina diminui a secreção de FSH. → Para crescer, os folículos precisavam do FSH, então se ocorre uma diminuição na secreção de desse hormônio, consequentemente ocorre uma atresia (fica sem função) de QUASE todos os folículos. Apenas UM folículo não entra em atresia, o chamado folículo dominante (tem mais receptor de FSH). Por ter muito receptor de FSH, o folículo dominante consegue absorver todo esse hormônio e se manter funcionando. Esse folículo continua aumentando a produção de estrógeno e inibina. → A manutenção dos altos níveis de estrógeno leva a um pico de LH (hormônio luteinizante) – feedback +. → Esse na produção de LH faz com que o ovócito termine a fase de Meiose I → produza o ovócito secundário e libere o corpo polar → ocorra a ovulação. → Depois da ovulação ocorre a formação do corpo lúteo (é a reorganização do que sobrou do folículo). Durante a formação do corpo lúteo ocorre a alta produção de progesterona e estrógeno. → O estrógeno e a progesterona preparam o corpo da mulher para receber o blastocisto (feto). Anne Karolyne Morato – P4 → Depois disso (14 dias) pode ocorrer: fecundação ou ausência de fecundação. Fecundação: • O ovócito secundário termina a Meiose II → forma o zigoto junto com o espermatozoide → o blastocisto se implanta no endométrio. • Com o blastocisto implantado, ele produz hCG (embrião) → isso mantem o corpo lúteo (produção de estrógeno e progesterona durante toda a gravidez). Ausência de fecundação: • O epitélio que estava preparado no útero para receber o blastocisto sofre descamação, ou seja, ocorre a menstruação. • Ocorre regressão do corpo lúteo → diminuição dos níveis de estrógeno e progesterona → diminuição do feedback negativo sob o FSH, ou seja, o GnRH em sua frequência baixa volta a produzir o FSH → reinicia o ciclo. Funções hormonais: → Osso – estrógeno: Fechamento das placas epifisárias. Induz a síntese óssea: absorção intestinal de cálcio. Sobrevivência dos osteoblastos. Apoptose dos osteoclastos. Menopausa = ausência de estrógeno → osteoporose (não ocorre a síntese óssea). → Fígado – estrógeno: LDL (colesterol ruim). HDL (melhora o perfil lipídico). incidência de doenças cardiovasculares. Regula as proteínas de transporte, do cortisol, hormônios tireoidianos e globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG). → Pele – estrógeno e progesterona: Deixam a pele saudável e lisa. a apoptose dos queratinócitos. a síntese de colágeno. → Tecido adiposo – estrógeno: a quantidade de tecido adiposo. → Não circulam livremente no plasma: Estrógeno = transporte por SHBG, albumina e forma livre. Progesterona = transcortina/albumina. Existem contraceptivos progestinicos (não tem o estrógeno), que é sintetizado em laboratório. As vezes podem conter hormônios similares a testosterona (mais androgênico) → ocorre aumento da acne. Anne Karolyne Morato – P4 Alterações: → Duração: Hipermenorreia = fluxo sanguíneo + de 8 dias. Hipomenorreia = fluxo sanguíneo dura - de 3 dias. → Quantidade: Menorragia= não se altera período, mas é grande quantidade de fluxo. Oligomenorreia = escassez no fluxo. → Intervalo: Opsomenorréia = intervalo 35 dias. Polimenorreia = frequência 24 dias. → Metrorragia = perda de sangue atípica, fora do período menstrual. → Amenorreia = falta da menstruação. → Dismenorreia = menstruação dolorosa ou cólica menstrual, intensa, podendo estender-se por todo o período menstrual. Primaria = cólica sem doença pélvica. Secundaria = cólica relacionada a doença pélvica (endometriose, DIU, mioma uterino). → TPM – tensão pré-menstrual: Sintomas pré-menstruais; Fase lútea do ciclo; Melhoram com o início do fluxo menstrual; 80% das mulheres em idade reprodutiva apresentam algum sintoma pré-menstrual que não interfere no dia a dia. os sintomas podem ser diferentes a cada mês, podem ou não ser percebidos e pode ser mais de um. → SDPM – síndrome disfórica pré- menstrual: 3 a 8% tem grande interferência no seu dia a dia como consequência dos sintomas pré-menstruais. Necessário a presença de no mínimo 5 sintomas, e 1 deles sendo obrigatoriamente comportamental (depressão, ansiedade, irritabilidade...) Causas da irregularidade: → Considerada normal no primeiro ano após a menarca, devido a imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-gonadotrofinas. Após isso, deve-se considerar irregularidade menstrual em períodos acima de 90 dias sem menstruarão ou menos de 8 ciclos por ano. Descrever os critérios diagnósticos e quadro clinico da SOP: Introdução: → A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das doenças endócrino- metabólicas mais comuns nas mulheres em idade reprodutiva. → Essa desordem endócrina é caracterizada por disfunção ovulatória e hiperandrogenismo, além de relacionar- se com complicações metabólicas e cardiovasculares. → A etiologia ainda é desconhecida. Acredita-se que sua origem pode ser genética, poligenética ou multifatorial. Anne Karolyne Morato – P4 → Síndrome: conjunto de sinais e sintomas. Ciclos anovulatórios; • Paciente que não ovula de forma regular, causa alterações tanto no padrão menstrual quanto na infertilidade. Hiperandrogenismo; • dos níveis de androgênios = hormônios masculinos. Ovários micro policísticos. → A SOP é uma doença metabólica, pois aumenta os riscos de: Alterações lipídicas – colesterol e triglicerídeos. Diabetes. Hipertensão arterial. Doença cardiovascular. Epidemiologia: → É a endocrinopatia mais comum na menacme. Pode acometer até 10% dessas mulheres. → A SOP é a causa mais comum da anovulação crônica, hiperandrogenismo, infertilidade de fator ovulatório e hirsutismo. Quadro clinico: → Essa patologia traz consequência não só fisiológicas, caracterizada por distúrbios metabólicos importantes, mas também impactos psicossociais. → A acne e o hirsutismo, por exemplo, são manifestações clinicas do hiperandrogenismo que afetam diretamente a autoestima das mulheres e consequentemente sua qualidade de vida. → Além desses sintomas, que interferem no bem-estar social dessas pacientes, existem certas condições que as portadoras da SOP apresentam maior probabilidade de desenvolver, como: Doenças cardiovasculares; Resistência insulínica; Obesidade; E até mesmo infertilidade. DISFUNÇÃO MENSTRUAL: → Amenorreia/oligomenorreia: → Sangramento uterino anormal: Variam de intensidade e duração e aparecem de maneira imprevisível. Esses sangramentos se devem a estimulação do endométrio pelos estrógenos, sem contraposição da progesterona, levando ao surgimento do endométrio espesso e instável. HIPERANDROGENISMO: → Acne: Se deve por 4 fatores: 1 Bloqueio da abertura folicular por hiperceratose; 2 Produção excessiva de cebo; 3 Proliferação de propiomibacterium acnes comensal; 4 Inflamação por ação androgênica. → Alopecia: Ocorre devido a ação da 5-alfa- redutase no folículo piloso, gerando a queda de cabelo. Anne Karolyne Morato – P4 → Hirsutirmo: Presença de pelos mais escuros e ásperos em padrão de distribuição tipicamente masculino. Dentro do folículo piloso, a testosterona é convertida em di- hidrotestosterona (DTH) pela enzima 5-alfa-redutase. A testosterona e principalmente a DTH são responsáveis por engrossar e escurecer os pelos em áreas sensíveis a androgênios. A quantificação da distribuição de pelos pode ser feita utilizando a Escala de Ferriman-Gallwey que possui 9 imagens com diferentes padrões de hirsutismo e o grau é pontuado de 0 a 4. A pontuação para considerar o hirsutismo varia de acordo com a etnia, sendo considerados o valor de 4 para orientais ou 6 para outras etnias. DISFUNÇÕES ENDÓCRINAS: → Resistência insulínica: Um dos marcadores é a Acantose Nigricans, que é a consequência doe estimulo insulínico no desenvolvimento de queratinócitos e fibroblastos da pele, levando ao escurecimento em áreas de flexão da pele, principalmente axilas e nuca. → DM2/intolerância a glicose: O risco elevado para o desenvolvimento desses problemas, é devido a disfunção das células beta pancreáticas. DISLIPIDEMIA: Níveis de LDL, triglicerídeos e colesterol, além dos níveis de HDL. OBESIDADE: O padrão típico é andrógeno, da relação cintura/quadril que contribui para o do risco cardiovascular. INFERTILIDADE: → Devido ao processo de alteração do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, ocorre anovulação, visto que o desenvolvimento folicular não é completado. → Responsável por cerca de 80% dos casos de infertilidade anovulatória. Anne Karolyne Morato – P4 Critérios diagnósticos: → Em 2003, no Consenso de Rotterdam, foram definidos os critérios mais amplamente aceitos e abrangentes para diagnosticar a SOP. De acordo com Rotterdam, para o diagnóstico da síndrome é necessário que a paciente tenha pelo menos 2 dos 3 critérios: Hiperandrogenismo clinico e/ou laboratorial; Oligo-amenorreia; Critérios ultrassonográficos. → Com base nisso é possível observar a formação de 4 fenótipos de SOP: 1. Oligoovulação ou anovulação, hiperandrogenismo e ovários policísticos; 2. Oligoovulação ou anovulação e ovários policísticos; 3. Hiperandrogenismo e ovários policísticos; 4. Oligoovulação ou anovulação e hiperandrogenismo. → No período pós-puberal as mudanças fisiológicas do eixo hipotálamo-hipófise- ovário ainda não estão completamente consolidadas, resultando em irregularidades menstruais e ciclos anovulatórios, fato que dificulta o diagnóstico da SOP na adolescência. → Desse modo, para a definição desta síndrome na pós-menarca é necessário que a adolescente tenha os 3 critérios de Rotterdam completos, não apenas 2, além da presença de hiperandrogenismo e anovulação após 2 anos da menarca. → Já no período de transição da menopausa, os distúrbios endócrinos se sobrepõem aos ginecológicos. Nessa fase ocorre uma na produção androgênica, fato que torna difícil o diagnóstico. Em razão disso e das alterações clinicas marcantes do período, a caracterização dessa desordem é confirmada com base na história clínica da paciente, que ocorre antes da menopausa. Correlacionar a SOP com outras comorbidades: Obesidade: → A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal de forma excessiva, prejudicando a saúde do indivíduo. → Segundo a OMS, uma pessoa é considerada obesa quando o IMC é maior ou igual a 30 kg/m². Anne Karolyne Morato – P4 → Frequentemente a obesidade faz parte do quadro clinico da SOP, estando presente em 30% a 70% das mulheres com essa síndrome. → A correlação entre a SOP e a obesidade é complexa, mas alguns estudos sugerem que existe uma relação entre a adiposidade e a severidade das manifestaçõesclinicas das mulheres com essa síndrome, ou seja, a obesidade pode agravar o quadro clinico da paciente, exacerbando distúrbios metabólicos e reprodutivos que estão associados comumente a SOP. → Segundo uma análise de Rehme, Pontes, Corrente, Franco Júnior e Pontes (2013): A obesidade por si só interfere no ciclo menstrual das mulheres, alterando o seu padrão, já que, neste estudo, todas as mulheres obesas que apresentavam SOP manifestaram anovulação, e mesmo nas mulheres obesas que não tem SOP, a anovulação estava presente. → O mesmo estudo ainda mostrou que todas as mulheres obesas com SOP apresentavam hiperandrogenismo, já o grupo de mulheres obesas sem a SOP não apresentavam essa manifestação característica as síndromes. → Na tentativa de explicar essa interferência da obesidade na severidade clínica da SOP, vários estudos analisaram a fisiopatologia do tecido adiposo. Segundo Rehme, Pontes, Corrente et al., (2013), o tecido adiposo é metabolicamente ativo e, na obesidade em vigência de SOP, há uma predominância da obesidade hipertrófica, em que há um no tamanho dos adipócitos, em prejuízo da obesidade hiperplásica, caracterizada pelo do número dessas células. → Essa predominância da obesidade hipertrófica em mulheres com SOP sugere que a capacidade lipolítica dos adipócitos esteja desequilibrada e, assim, esse prejuízo no metabolismo de lipídios nessas mulheres poderia exacerbar os distúrbios metabólicos como resistência a insulina e síndrome metabólica. → Outro estudo que tenta explicar essa relação é o de Tavares e Barros (2019): segundo o qual há 2 aspectos importantes na fisiopatologia da síndrome e da obesidade que formam uma espécie de retroalimentação: Hiperandrogenismo e hiperinsulinemia. → De acordo com os autores, o hiperandrogenismo da SOP aumenta a expressão dos genes envolvidos com a lipogênese, o que predispõe o acumulo de gordura. Assim, é favorecido o desenvolvimento ou agravo de obesidade, situação já estabelecida de agravo de RI. Além disso, na SOP, a RI com a hiperinsulinemia compensatória estimula os ovários e as adrenais a produzir andrógenos, agravando o quadro de hiperandrogenismo. → Em pesquisa de Sales et al. (2015), ainda pode-se observar a relação da obesidade com o desequilíbrio de hormônios sexuais nas mulheres. Nesse estudo, fala-se que os níveis de SHBG Anne Karolyne Morato – P4 tendem a diminuir na medida em que a gordura corporal aumenta, o que causa um da fração livre de andrógenos no sangue, podendo agravar o quadro de hiperandrogenismo. Hiperandrogenismo e hirsutismo: → Os achados fundamentais para o diagnóstico da SOP durante a adolescência se evidenciam por critérios delimitados, como o ciclo menstrual irregular representado pela oligomenorreia e/ou amenorreia por, pelo menos, dois anos após a menarca, a ultrassonografia apresentando ovários policísticos e volume ovariano maior ou igual a 10 cm³ e sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo (Rehme, Pontes, Goldberg et al., 2013). → Nesse contexto, na SOP, a produção exacerbada de androgênios se relaciona com a atuação das adrenais e dos ovários. O aumento dos androgênios ovarianos é o mais evidente e provoca especialmente a elevação da testosterona, advinda do hiperestímulo do LH, fortalecida pela ampliação intrínseca da secreção destes androgênios nas células da teca ou pela ação da insulina. → Com efeito, ainda não estão inteiramente esclarecidos os mecanismos do hiperandrogenismo adrenal na SOP, todavia, a maior proposição tem sido o catabolismo do cortisol e/ou a resposta aumentada dos androgênios adrenais a níveis normais do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). → Nas mulheres, o hiperandrogenismo acarreta manifestações clínicas de diferentes intensidades, como acne, alopecia, seborréia, irregularidades menstruais, puberdade precoce, distúrbios psicológicos, síndrome metabólica, virilização e hirsutismo. Síndrome metabólica e risco cardiovascular: → De acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2005), a SM é uma condição complexa, normalmente relacionada à deposição central de gordura e à resistência à insulina e que resulta no aumento do risco cardiovascular. → O diagnóstico da SM baseia-se fundamentalmente em cinco parâmetros, dos quais a presença de pelo menos três determina o diagnóstico: 1. pressão arterial (PA); a. 130 mmHg para PA sistólica e de 85 mmHg para PA diastólica. 2. HDL- colesterol; a. de 50 mg/dL. 3. Triglicerídeos; a. 150 mg/dL. 4. Glicemia de jejum; a. 100 mg/dL. 5. Circunferência abdominal (CA). a. Variam conforme a referência utilizada, ou igual a 80 ou 88 cm. Anne Karolyne Morato – P4 Relacionar a fisiopatologia da resistência a insula com a SOP: Definição: → De acordo com Pontes et al. (2012), define-se a resistência a insulina (RI) como um estado metabólico no qual ocorre desequilíbrio da homeostase dos níveis glicêmicos, levando a uma falha no metabolismo da glicose. → Síndrome metabólica associada a obesidade visceral → resistência insulínica. → Acúmulo de tecido adiposo visceral. Outras consequências além da resistência à insulina, seria também uma dislipidemia e/ou hipertensão. → O estado de hiperinsulinêmia resultante da RI é responsável pela da produção androgênica no organismo feminino, devido a ação desse hormônio estimulando diretamente as células da teca ovariana. Além disso, a insulina também atua na da produção da proteína carregadora de androgênios no fígado. Assim, com base nesses processos, ocorre uma da concentração da testosterona livre, o principal androgênio, na circulação sanguínea. → Existe a resistência à insulina periférica (exemplo: músculos) e a resistência a insulina central (hepática). Processo normal: → O processo normal da captação de glicose pela célula, ocorre da seguinte maneira: A célula possui receptores para insulina, quando a insulina se liga ao receptor → ela fosforiza a tirosina. A tirosina atua sobre o GLUT 4, que quando ativado, funciona como uma porta de entrada da glicose na célula. • É uma proteína que capta a glicose. Fisiopatologia: → A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo (principalmente do fígado e do músculo), não captam a glicose que está no sangue. → O que acontece no processo patológico é que a insulina não tem a capacidade de sinalizar a tirosina, então não ocorre ativação da GLUT 4. → A insulina vai acabar ativando outro aminoácido, por exemplo, a serina, que não tem tanta afinidade com o GLUT 4. Ou seja, ela não consegue ativar o GLUT 4, então a glicose ao invés de entrar na célula, fica na circulação. Anne Karolyne Morato – P4 → Com a dos níveis de glicose sérica ocorre a resistência à insulina. → No caso da resistência a insulina central ocorre um prejuízo na sinalização da insulina no fígado, onde a captação não é eficaz, pois a via glicolítica está prejudicada. Quando a glicose entra no fígado ela é convertida em glicose-6- fosfato por meio da enzima glicocinase. No caso ocorre um prejuízo na função dessa enzima. → Além disso, existe outros fatores envolvidos, como o da produção hepática de glicose por ativação de enzimas da gliconeogênese. → Ou seja, a mulher apresenta 2 tipos de alterações/resistência à insulina: Não capta glicose pelo músculo e tecido adiposo. Produção de glicose pelo fígado. Relação entre RI e SOP: → Nem todas as mulheres com SOP apresentarão a RI. → As evidencias cientificas demonstram que há forte correlação entre a presença do mecanismo de RI e o desenvolvimento da SOP. → Uma manifestação importante consistena Acantose Nigricante (NA), que corresponde a um marcador cutâneo da condição de taxa glicêmica no organismo e possui grande associação com a RI. Caracterizada por uma mancha aveludada e acastanhada na pele, a NA possui relevante prevalência na SOP. A NA deve ter uma inspeção rotineira, pois sua presença qualifica um fenótipo de gravidade na SOP e possui relação intrínseca com disfunções metabólicas. → A paciente que apresenta resistência à insulina, terá mais insulina disponível no sangue → o que leva a maior produção de androgênios. → Esses andrógenos ficam circulando no sangue, mas para que ocorra a circulação adequada, existem proteínas que transportam esses hormônios. No caso das pacientes com resistência a insulina, ocorre grande chance de uma redução dessas proteínas transportadoras. Consequentemente existe uma fração maior do hormônio livre e maior a sinalização/resposta do hormônio em excesso. Compreender o mecanismo de ação da Metformina no tratamento da SOP: → A principal ação da Metformina é o efeito anti-hiperglicemiante na redução da glicogênese hepática. → Ademais, a Metformina diminui a absorção de glicose no aparelho digestivo, aumenta a sensibilidade a insulina nos tecidos muscular e adiposos e melhora indiretamente a resposta da célula β a glicose. → Nos tecidos periféricos, ocorre um aumento do transporte de glicose, por Anne Karolyne Morato – P4 aumentar a concentração da GLUT 4 na membrana das células que respondem a insulina. → Além disso, gera muitos dos seus efeitos a partir de uma proteína quinase ativada por adenosina monofosfato (AMPK), que tem uma importante função no metabolismo, controlando o gasto de energia e o apetite. → A metformina é administrada por via oral, sendo absorvida lentamente pela parte superior do intestino delgado (duodeno-jejuno), é importante lembrar que a presença de alimento na bolsa estomacal retarda a sua absorção, mas não prejudica, visto que boa parte da administração esse fármaco é pós- prandial. → Sua biodisponibilidade é da ordem de 50 a 60% e sua excreção é, principalmente, por via urinaria. → A redução glicêmica ocorre devido suas ações no tecido hepático e muscular, possuindo efeito sensibilizador a insulina. → É importante ressaltar que, ao contrário dos fármacos secretagogos, a metformina não aumenta os níveis séricos de insulina, sendo bem menos passível de causar hipoglicemia. → O mecanismo de ação não é bem conhecido; ela diminui a glicemia produzindo efeitos tipo insulina em diversos tecidos. Atua na presença de insulina aumentando a utilização de glicose e reduzindo a mesma, portanto contrabalançando a resistência à insulina. → Os efeitos incluem a elevação da utilização da glicose, oxidação e glicogênese pelos músculos sem modificar a síntese de glicogênio do musculo esquelético. → Aumenta o metabolismo da glicose a lactato em nível intestinal, diminui a glicogênese hepática e, possivelmente, a taxa de absorção intestinal de glicose. → Pode haver perda de peso, já que diminui a hiperglicemia pós-prandial por aumento da captura de glicose pelo musculo e tecido adiposo, e isto possivelmente diminui o apetite. → Incrementa a captura da glicose em pacientes obesos e diminui lentamente ou não modifica em pacientes não obesos. Por isso a redução de peso corporal ocorre apenas em pacientes obesos. → Causa baixa na glicose e insulina plasmática em jejum, melhora a tolerância a glicose e eleva os níveis plasmáticos dos lipídios de forma independente as alterações do peso corporal. → Diminui triglicérides, colesterol total e lipoproteínas de baixa densidade. → Não incrementa as lipoproteínas de alta densidade. A fertilidade e o desempenho reprodutor não são afetados pela Metformina. Anne Karolyne Morato – P4 Descrever as outras possibil idades terapêuticas para a SOP: → Tratamento dietético: Controlando a alimentação da paciente → controle do excesso de gordura → não ocorre resistência a insulina → não eleva os níveis de androgênios livres. → Modificações no estilo de vida: Cessação do tabagismo e do uso abusivo de álcool; Pratica de atividade física regular; Alimentação saudável; Perda de peso (obesidade). • Melhora os índices de ovulação, contribuindo para redução da infertilidade, além de se relacionar com a redução de abortos e doenças gestacionais. A perda de peso é fundamental, pois a Metformina (principal medicamento utilizado no tratamento da SOP) é mais eficaz quando ajustada a uma intervenção no estilo de vida.
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