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O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
 
A democracia é um regime político expressamente previsto no texto da Constituição 
Federal (CF) de 1988 que, em seu artigo 1º, parágrafo único, estabelece que a República 
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito, tendo entre seus fundamentos a 
cidadania, a dignidade humana e a soberania popular. a democracia deve ser 
considerada um princípio confirmado nos atuais ordenamentos constitucionais que 
se constitui em fonte de legitimação do exercício do poder e que tem sua origem no 
povo. 
Nesse sentido, a democracia é mais do que a forma atual de Estado e de governo. 
(DIAS, 2010, p. 58-59). A democracia implica a participação do povo, o que dá 
legitimidade à ação do Estado nas esferas legislativa, administrativa e judicial, 
conforme o que estabelece o parágrafo único do artigo 1º da CF (FREITAS, 2014, p. 
10). 
O pressuposto básico de um Estado Democrático de Direito é que os sujeitos do 
diálogo estejam no mesmo plano jurídico de argumentação e debate, uma vez que o 
Estado, ao se colocar em posição superior a esses sujeitos e impor soberanamente 
sua decisão, compromete evidentemente a legitimidade democrática dos 
provimentos estatais (COSTA, 2016, p. 30). 
 
LIBERDADE DE IR E VIR 
 
O valor da liberdade ganha mais projeção ao se inserir na dimensão da consciência 
e da crença individual, e em seus componentes lógicos, a saber, a "liberdade de 
expressão e a autodeterminação do indivíduo para fazer as escolhas existenciais" 
(VIEIRA, 2014, p. 123). 
O reconhecimento de direitos de liberdade do indivíduo decorre necessariamente do 
direito de os indivíduos serem tratados como iguais ou com respeito e consideração 
iguais. Desse modo, o igual respeito e consideração conduz, necessariamente, a 
liberdades iguais para todos os indivíduos (OMMATI, 2018, p. 65). 
Isso quer dizer que o direito à liberdade é assegurado a todo cidadão, desde seu 
nascimento, reflexo direto da autodeterminação e autonomia privada. 
O exercício do direito à liberdade não garante, no entanto, o direito de fazer o que se quer 
sem qualquer restrição, haja vista que "liberdade implica necessariamente o direito de 
tomar decisão com responsabilidade, ligando-se, portanto, com o igual respeito e 
consideração" (OMMATI, 2018, p. 65). 
 
 
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A privação da liberdade é medida excepcional e admitida apenas quando houver 
processo judicial em que se assegura ao acusado o direito efetivo à defesa. 
Todo cidadão goza constitucionalmente do estado de inocência, cabendo ao Estado 
desconstituir essa presunção de não culpabilidade para, então, possibilitar eventual 
privação de liberdade, conforme Art. 5°, LVII, CF: ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
 
A eventual privação de liberdade, contrariamente aos princípios 
constitucionais do processo (contraditório, ampla defesa e devido 
processo legal), acarretará o cerceamento de defesa e a ilicitude da 
prisão, reflexos de error in procedendo no âmbito do processo judicial 
autocrático. 
 
O ius puniendi e a privação de liberdade somente são possíveis 
mediante medida judicial excepcional que limita o direito fundamental 
de ir e vir, motivo esse que justifica a observância criteriosa do devido 
processo legal. 
 
O texto constitucional ainda prevê a vedação de pena de caráter 
perpétuo, deixando mais evidente a dimensão constitucional e humana 
do direito fundamental à liberdade de locomoção, pressuposto básico 
ao exercício dos demais direitos humanos previstos no ordenamento 
jurídico brasileiro. 
 
Os direitos fundamentais 
 
Os direitos fundamentais correspondem à constitucionalização de Direitos 
Humanos que desfrutaram de elevada justificação ao longo da história dos 
discursos morais, sendo, desse modo, entendidos como condições para que os 
demais direitos sejam construídos e exercidos plenamente (GALUPPO, 2003, p. 
233). 
Dessa forma, é possível afirmar que a democracia institui os direitos fundamentais, 
no entanto, "uma vez criados, tornam-se instrumentos que garantem a legitimidade 
moral do regime democrático" (MELLO, 2004, p. 151). 
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RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DE IR E VIR EM TEMPOS DE PANDEMIA 
 
O Estado não pode intervir arbitrariamente na liberdade de escolha das pessoas, 
salvo se tais escolhas esbarrarem no interesse coletivo ou nos direitos de outras 
pessoas, admitindo-se a responsabilidade jurídica (civil e criminal) em decorrência 
de eventuais abusos comprovados. 
A constitucionalização do direito fundamental à liberdade de ir e vir permite concluir 
que esse direito é um desdobramento interpretativo da presunção de inocência, 
ressaltando-se que a privação da liberdade somente se torna juridicamente viável 
mediante a observância do devido processo legal. 
Numa sociedade onde os indivíduos são considerados constitucionalmente livres, 
assegura-se, também, a igualdade no que tange ao exercício dos demais direitos 
fundamentais previstos no plano constituinte. 
Excepcionalmente, em tempos de pandemia, o Estado tem legitimidade 
constitucional para limitar o direito individual de liberdade de locomoção (ir e vir), 
haja vista o interesse coletivo de proteger a saúde pública e, assim, evitar a 
proliferação de doenças que podem atingir a dignidade humana das pessoas. 
Torna-se importante esclarecer que a intervenção estatal em relação à limitação 
temporária do direito de ir e vir em tempos de pandemia é constitucionalmente 
admitida, pois essa é uma das estratégias para garantir a proteção jurídica do 
interesse público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
O texto da CF é claro ao sistematizar nos seus mais diversos pontos o direito à 
liberdade. Desde o preâmbulo, o legislador constituinte reconheceu a instituição do 
Estado Democrático de Direito, estabelecendo como um de seus pilares o exercício 
da liberdade, visto como valor supremo da sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida com a ordem interna e 
internacional. 
O texto constitucional garante, ainda, a plena liberdade de associação para fins 
lícitos, vedada a de caráter paramilitar (inciso XVII, artigo 5°); a punição legal de 
qualquer discriminação atentatória aos direitos e liberdades fundamentais (inciso 
XLI, artigo 5°); a manifestação de pensamento, criação, expressão e informação 
(artigo 220, caput), proibindo a aprovação de leis que objetivem constituir embaraço 
à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação 
social. 
A liberdade de pensamento "é o direito de exprimir, por qualquer forma, o que se 
pense em ciência, religião, arte, ou o que for", ou seja, "trata-se de liberdade de 
conteúdo intelectual e supõe o contato do indivíduo com seus semelhantes, pelo 
qual o homem tenda, por exemplo, a participar a outros suas crenças, seus 
conhecimentos, sua concepção de mundo, suas opiniões políticas ou religiosas, 
seus trabalhos científicos" (SILVA, 2002, p. 240). 
Reconhecer a liberdade de pensamento como uma das estruturas da 
constitucionalidade democrática é legitimar juridicamente a autodeterminação do 
sujeito, a autonomia privada como elemento fundamental para sua dignidade e 
reconhecimento como pessoa. 
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"A liberdade de expressão e de manifestação de pensamento não pode sofrer 
nenhum tipo de limitação prévia, no tocante à censura de natureza política, 
ideológica e artística" (MORAES, 2004, p. 80), pois "a censura prévia significa o 
controle, o exame, a necessidade de permissão a que se submete, previamente e 
com caráter vinculativo, qualquer texto ou programa que pretende ser exibidoao 
público em geral" (MORAES, 2004, p. 
 
Liberdade de expressão x Censura 
 
Censurar é o mesmo que limitar o exercício democrático da liberdade 
de expressão, numa tentativa de calar vozes dissidentes que buscam, 
muitas vezes, opor-se às estruturas sociais que naturalizam a 
desigualdade, a discriminação e a indignidade. O ato de censura 
constitui um atentado ao modelo jurídico que preconiza o direito de fala, 
a autonomia de gestão conferida a cada sujeito de se expressar 
conforme suas convicções, vontades, comportamentos, gestos e meios 
próprios de enxergar-se e compreender socialmente o locus onde se 
encontra inserido. 
 
Atenção 
A liberdade não pode ser vista, no entanto, como um direito absoluto, já 
que seu exercício abusivo terá como consequência responsabilidades 
no campo cível e/ou penal. 
 
Deve-se pensar o gozo da liberdade de expressão num contexto 
democraticamente legítimo: ser livre é respeitar o outro, reconhecendo-
o como igual e digno quanto ao pleno exercício de todos os direitos 
fundamentais previstos constitucionalmente. Quando o exercício da 
liberdade individual esbarra em direitos fundamentais alheios 
(individuais e/ou coletivos), tal exercício se torna ilegítimo, devendo o 
agente reparar eventuais danos como forma de restabelecer o status 
quo ante ou compensar monetariamente os prejuízos de ordem material 
e/ou moral causados. 
 
 
 
Direito de fala e expressão 
 
O direito de fala e de expressão no Estado Democrático de Direito não inclui a 
reprodução do discurso de ódio contra minorias socialmente vulnerabilizadas 
(minorias sexuais; pessoas em situação de rua; negros; imigrantes; refugiados); 
significa que o direito de se expressar não comporta a possibilidade de dizer o que 
bem entende, sem o cuidado quanto aos desdobramentos do conteúdo da própria 
fala. 
Exemplo 
Toda pessoa tem o direito de se expressar em redes sociais, mas esse direito não 
inclui a possibilidade de ofender os outros, seja no âmbito individual ou coletivo. 
Postagens racistas, misóginas, homofóbicas, machistas, transfóbicas e que 
estimulam a violência no seu mais amplo espectro (físico, moral, psicológico) são 
formas de exercer abusivamente o direito fundamental à liberdade de expressão e, 
por isso, têm consequências jurídicas tanto na perspectiva cível (reparação civil) 
quanto penal (aplicabilidade de pena prevista em lei). 
A liberdade individual dá ao indivíduo a possibilidade de desenvolver seu potencial 
integralmente, controlar seu próprio destino e ter influência sobre as decisões 
coletivas. Isto pode ser sustentado pelo argumento que considera a autonomia 
individual com base no pressuposto de que, se os indivíduos não gozarem do direito 
de minimamente fazer escolhas por si mesmos, eles deixam de ser realmente 
indivíduos. Também se considera que a liberdade de expressão é desdobramento 
de o discurso ser, efetivamente, uma concretização da liberdade individual 
(FIGUEIREDO, 2020, p. 31). 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PARTICIPAÇÃO POPULAR 
 
Significa dizer que todos os provimentos estatais, seja no âmbito 
legislativo, executivo ou judicial, quando regidos pelo princípio da 
publicidade e impessoalidade, autorizam o direito de seus destinatários 
serem coautores, possibilitando a direta participação para controlar a 
legalidade de tais atos, além de conferir-lhes democraticidade. 
Ao estudar o processo legislativo no Estado Democrático de Direito, 
compreendemos que a população e a sociedade civil podem ser 
autoras de propostas legislativas, mediante a iniciativa popular. Veja: 
 
 
O artigo 14, inciso III do texto da Constituição brasileira de 1988, estabelece que a 
soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, 
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante iniciativa popular. 
 
O artigo 27, parágrafo 4 do texto constitucional vigente, prevê que a lei disporá sobre 
a iniciativa popular no processo legislativo estadual. 
 
O artigo 29, inciso XIII, prevê que os municípios são regidos pela lei orgânica, 
devendo ser assegurado o direito à iniciativa popular de projetos de lei de interesse 
municipal específico ou de bairros, através da manifestação de, pelo menos, cinco por 
cento do eleitorado. 
 
O artigo 61, parágrafo 2° do texto constitucional, prevê que a iniciativa popular pode 
ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito 
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco 
estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
 
Esses dispositivos materializam a possibilidade efetiva de exercício do direito à 
liberdade, corolário da participação na formação discursiva dos provimentos 
legislativos. No mesmo sentido, temos o direito de os destinatários finais dos 
provimentos jurisdicionais serem seus coautores, como é o caso, por exemplo, do 
processo coletivo cujas demandas de cunho metaindividual têm o poder de atingir 
toda a coletividade, permitindo-se, assim, que esses sujeitos afetados pelos efeitos 
dessas decisões possam participar discursivamente da sua construção, requisito 
essencial para assegurar sua democraticidade. 
Atenção 
Na seara do Poder Executivo, o direito à liberdade de expressão, como 
desdobramento do direito à participação popular, permite que todo cidadão possa 
fiscalizar a legalidade e a moralidade administrativa dos atos praticados pelos 
gestores públicos, como é o caso, por exemplo, dos processos licitatórios, abertos 
como requisito para a seleção de pessoas habilitadas a contratar com o poder 
público. 
 
 
 
 
 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DIREITO À IGUALDADE E À DIFERENÇA 
 
 
O estudo crítico do direito fundamental à liberdade de expressão no Estado 
Democrático exige, inicialmente, a análise do direito à igualdade no contexto das 
diferenças que marcam o pluralismo e a diversidade da sociedade contemporânea. 
O direito fundamental à igualdade pressupõe o reconhecimento de todas as 
pessoas no âmbito de suas individualidades. 
Ao direito democrático cabe a responsabilidade de proteger todos os cidadãos 
indiscriminadamente, não se admitindo que a ciência jurídica seja utilizada como 
parâmetro para discriminar, excluir e marginalizar pessoas. 
A violação dos direitos fundamentais ocorre em grande medida pela dificuldade de 
reconhecer o outro em sua diferença e pelo temor ao diferente, que gera a dicotomia 
eu X outro, faz com que o distinto seja motivo para diminuir o outro em seus direitos 
e dignidade. O direito à diferença é corolário do direito fundamental à igualdade. Ou 
seja, não é juridicamente viável, sob o ponto de vista democrático, utilizar-se da 
norma jurídica para discriminar e segregar pessoas, justificando tal tratamento com 
base no cognominado direito à diferença. 
 
É nesse contexto propositivo que pessoas são segregadas e violadas no direito 
constitucional de serem livres, seja em razão da inadequação aos padrões 
homogêneos e universais, seja em virtude da naturalização da invisibilidade desses 
sujeitos. 
A igualdade formal e material proposta pelas legislações constitui um mecanismo 
que objetiva amenizar os impactos dessas desigualdades estruturais que 
acometem os sujeitos excluídos ao longo da história pelas instituições (família, 
sociedade, religiões, Judiciário, Legislativo, Executivo), proporcionando condições 
fático-jurídico-legais de assegurar a liberdade como corolário da dignidade humana. 
 
 
Igualdade formal 
A igualdade formal é a que garante idêntico tratamento a todos perante a lei. 
 
Igualdade material 
Já a igualdade material leva em consideração as diferenças, de modo a possibilitar 
o tratamento desigual àqueles que estão em situações desiguais. 
 
 
 
A dignidade humana emerge como fundamento da República Federativa do Brasil, 
expressamente mencionada no artigo 1° da Constituição brasileirade 1988, para 
despatrimonializar a forma de compreender a ciência do direito, colocando a pessoa 
humana como centro da proteção jurídica de todo o ordenamento legal e 
constitucional. A ampla proteção integral da pessoa humana exige o respeito à 
diferença, o reconhecimento do outro como igual no que tange ao acesso aos 
direitos civis, além da vedação de qualquer tipo de discriminação ou preconceito 
que venham reproduzir o modelo institucionalizado de segregação daquelas 
pessoas que fogem aos padrões homogêneos impostos pelos ideais individualistas 
e patrimonialistas reproduzidos pela modernidade. 
Assim, com a exaltação da dignidade humana, o direito à diferença encontra-se 
amparado pela perspectiva universalista que considera o ser humano como 
destinatário final da tutela jurídica, de modo que o respeito à sua individualidade e 
realização é observado como desdobramentos lógicos da concretização do direito 
fundamental à liberdade de expressão. O direito à diferença se traduz, enfim, em 
uma luta pelo reconhecimento das classes minoritárias da sociedade que, na 
dicotomia eu x outros, constantemente são prejudicadas. 
Apenas o decreto de igualdade de todos perante a lei não é suficiente para garantir a 
possibilidade de realização do reconhecimento pleno desse direito na vida social 
(BITTAR, 2009, p. 553). A simples letra fria do texto legal é insuficiente para corrigir 
as desigualdades estruturais e, assim, permitir aos cidadãos o direito digno de 
serem livres em suas diferentes formas de ver, ler e compreender o mundo. 
 
Podemos notar, então, que o equilíbrio das relações humanas não é suprido pela 
ideia de igualdade, mas sim pelo reconhecimento da diversidade da natureza humana 
como forma de desconstrução das estruturas de dominação (família, Estado, 
sociedade, igreja) que naturalizam historicamente a marginalidade, a exclusão, a 
segregação e a desigualdade daqueles sujeitos que integram as "ditas" minorias 
sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eixos da tutela do direito 
Na visão de Farias (2015), a tutela do direito à diferença ocorre em três eixos: 
EIXO EXPRESSIVO: Defende que as normas punitivas servem para tutelar 
as identidades individuais e grupais e, portanto, o Direito Penal pode 
funcionar como instrumento de promoção da cidadania. Como exemplo 
de atuação desse eixo, podemos mencionar a Lei 7.716/1989, que trata 
dos crimes resultantes de preconceito por raça, cor, etnia, credo ou 
nacionalidade. 
 
EIXO PREVENTIVO: Atua por meio de políticas públicas voltadas para a 
defesa dos direitos humanos — como a educação, por exemplo —, 
partindo do pressuposto de que é fundamental auxiliar as pessoas a 
reconhecerem o que é dignidade e a exercerem a cidadania. 
 
EIXO INCLUSIVO: Consiste na atuação do poder público ou privado por 
meio de ações afirmativas que buscam orientar os cidadãos quanto à 
solução das situações de desigualdades já existentes. Visam, assim, ao 
desfazimento de exclusões históricas. Ações desse eixo podem ser 
vistas, por exemplo, nas políticas públicas voltadas ao público LGBTQI+, 
assim como às minorias historicamente marginalizadas e às cotas 
raciais para ingresso na educação de nível superior e em concursos 
públicos (FARIAS; 2015). O respeito à diferença, além de ser visto como 
um desdobramento da interpretação extensivo-sistemático-integrativa 
do direito fundamental à igualdade, materializa-se no reconhecimento 
da liberdade de expressão, na possibilidade de garantir às pessoas 
autonomia e autodeterminação para se construírem conforme suas 
subjetividades, sem que essas diferentes formas de ler e ver a vida 
sejam utilizadas como ferramentas para discriminações. 
 
 
 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DISCURSOS VIOLENTOS 
 
A proteção dos direitos humanos, a repressão do discurso de ódio 
contra as minorias, a regulamentação dos limites constitucionais do 
exercício do direito fundamental de liberdade de expressão, a 
efetividade do princípio da não discriminação e o repúdio a qualquer 
meio ou forma de tornar invisível o direito à diferença são alguns dos 
compromissos assumidos pelo Estado Democrático de Direito. 
 
A liberdade de expressão, nesse contexto, não pode ser entendida 
como direito ilimitado de veicular opiniões. Em um regime político 
democrático, que ao menos se propõe a prezar pelo igual respeito e 
dignidade entre seus cidadãos, não é possível considerar que esteja 
dentro da esfera de direitos de uns vociferar palavras de ódio contra 
outros. A liberdade de expressão encontra limites em outros valores 
reputados importantes e, no limite, na própria segurança dos membros 
da comunidade política. 
O preconceito e o ódio, portanto, não podem ser considerados 
exercícios da liberdade individual, sob pena de serem vistos sob uma 
ótica individualizante e de cortesia, quando, na verdade, estão em jogo 
problemas estruturais e de justiça social. 
 
Uma primeira aproximação possível com os temas de discursos 
violentos, liberdade de expressão e democracia que preza por direitos 
humanos parte da noção de que as identidades humanas são 
necessariamente formuladas na interlocução com o outro. O diálogo 
com o outro, no sentido mais amplo possível, é o que viabiliza a 
consolidação do próprio "eu", tanto na afirmação e retroalimentação do 
que os outros afirmam quanto na luta contra os que querem se ver em 
nós. 
 
 
 
 O PROCESSO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO 
 
O direito constitucional possibilitou juridicamente a aquisição da condição de cidadãos 
mediante a previsão legislativa da inviolabilidade dos direitos fundamentais e das garantias 
e princípios constitucionais. O estudo do processo constitucional nos tempos atuais 
viabiliza indagações acerca da hermenêutica constitucional, do controle de 
constitucionalidade, da aplicabilidade e do exercício dos direitos fundamentais como meio 
de controle e de fiscalidade da construção dos atos e provimentos estatais. 
O parâmetro para a interpretação racional das normas jurídicas é a Constituição, 
considerada a norma limitadora dos excessos praticados pelo Estado e pelo julgador, que 
muitas vezes utiliza de outros critérios em detrimento da objetividade e racionalidade crítica 
no julgamento das demandas. Considerado um dos princípios regentes do Estado 
Democrático de Direito, a soberania popular viabiliza, por meio do devido processo 
constitucional, a participação popular na construção e no controle dos atos estatais. 
Atenção 
A importância do processo como concretizador dos direitos fundamentais no Estado 
Democrático de Direito deve ser compreendida com fundamento nos princípios do devido 
processo constitucional, isonomia, contraditório, ampla defesa, fundamentação das 
decisões judiciais, reserva legal, inafastabilidade do controle jurisdicional e supremacia da 
constituição. 
Nesse sentido, o processo constitucional deve ser visto como "lugar" de discursividade 
isonômica e isomênica dos direitos fundamentais, que deverão ser implementados pelo 
Estado, como forma de garantir o exercício da cidadania. 
 
qual a função do Judiciário? A ele cabe a responsabilidade de utilizar a jurisdição 
constitucional como meio de viabilizar o exercício de tais direitos, já que a jurisdição 
constitucionalmente democratizada é uma função estatal que supera o 
protagonismo judicial. 
 
A interpretação das normas constitucionais não pode restringir ou tolher direitos, 
tampouco conferir tratamento jurídico ofensivo ao princípio da isonomia. O 
processo constitucional é o meio garantidor da eficácia e do exercício dos direitos 
fundamentais via ações constitucionais. O Judiciário, no exercício da função 
jurisdicional, viabilizará tal exercício através das pretensões levadas até ele, uma vez 
que os problemas estruturais enfrentados pelo Estado não servem de justificativa 
ao descumprimento dos direitos fundamentais. 
 
 
javascript:void(0)
javascript:void(0)ESCOLA PAULISTA DE PROCESSO 
 
A Escola Paulista de Processo, também denominada de Escola Instrumentalista, 
defende o entendimento por meio do qual o processo é um instrumento para o 
exercício da jurisdição, facultando ao julgador utilizar discricionariedade e 
protagonismo judicial, proferindo decisões unilaterais e autocráticas por meio das 
quais prevalecerá a onisciência e a forte carga metajurídica do julgador. 
 Na perspectiva instrumentalista, o magistrado tem o poder de decidir 
solitariamente a lide, haja vista que não é obrigado a permitir que os sujeitos que 
integram a relação jurídica participem diretamente da construção da decisão 
judicial. 
A superação do instrumentalismo processual, mediante a ruptura com os escopos 
metajurídicos da jurisdição e o protagonismo judicial, será possível mediante a 
utilização do espaço processual como locus de ampla discursividade da pretensão 
deduzida no contexto da racionalidade crítica, pois assim se tornará viável 
abandonar a forte carga axiológica das decisões judicias e, assim, garantir a 
segurança jurídica por meio do princípio da fundamentação racional das decisões 
judiciais. 
O estudo da jurisdição é outro tema que gera debate na doutrina. Para a Escola 
Instrumentalista, a jurisdição é um poder pessoal do magistrado, que o coloca em 
posição hierarquicamente superior aos demais sujeitos do processo. Os 
instrumentalistas defendem que a jurisdição tem escopos (finalidades) 
metajurídicos (valorativos), como é o caso dos fins sociais, políticos, econômicos e 
morais. 
No momento em que se permite ao juiz buscar fundamentos fora da ciência do 
Direito para proferir suas decisões judiciais, fortalece-se o seu protagonismo, 
legitimando-o pressupostamente ao poder de decidir de modo unilateral, sem 
permitir a participação dos destinatários do provimento final na formação 
participada do mérito. 
 
Uma das principais características do processo constitucional democrático é a 
possibilidade de os destinatários do provimento final serem coautores do conteúdo 
decisório de mérito. Compreender a jurisdição constitucional como um direito 
fundamental é o mesmo que reconhecer a legitimidade democrática de acesso 
amplo e igualitário ao Poder Judiciário a todos os cidadãos. 
 
 
 
 
 
	O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
	LIBERDADE DE IR E VIR
	Os direitos fundamentais
	RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DE IR E VIR EM TEMPOS DE PANDEMIA
	DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO
	"A liberdade de expressão e de manifestação de pensamento não pode sofrer nenhum tipo de limitação prévia, no tocante à censura de natureza política, ideológica e artística" (MORAES, 2004, p. 80), pois "a censura prévia significa o controle, o exame, ...
	Liberdade de expressão x Censura
	Atenção
	Direito de fala e expressão
	Exemplo
	LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PARTICIPAÇÃO POPULAR
	Atenção
	LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DIREITO À IGUALDADE E À DIFERENÇA
	Igualdade formal
	Igualdade material
	Podemos notar, então, que o equilíbrio das relações humanas não é suprido pela ideia de igualdade, mas sim pelo reconhecimento da diversidade da natureza humana como forma de desconstrução das estruturas de dominação (família, Estado, sociedade, igrej...
	Eixos da tutela do direito
	LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DISCURSOS VIOLENTOS
	O PROCESSO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO
	Atenção
	Nesse sentido, o processo constitucional deve ser visto como "lugar" de discursividade isonômica e isomênica dos direitos fundamentais, que deverão ser implementados pelo Estado, como forma de garantir o exercício da cidadania.
	ESCOLA PAULISTA DE PROCESSO

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