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Poder Constituinte

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI - UNIASSELVI 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
ANA CAROLINE MARIANO 
 
 
 
 
 
 
PODER CONSTITUINTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU/ SC 
2020 
 
RESUMO 
 
Esta monografia tem por finalidade fazer um estudo sobre o Poder Constituinte, 
abordando os diversos tópicos sobre sua origem e desenvolvimento até a 
atualidade, assim como seus modos de exercício, suas divisões, seus conceitos, 
suas características e seus limites. O objetivo é realizar uma análise mais 
aprofundada sobre o assunto, baseando-se em conhecimentos adquiridos em sala 
de aula, em doutrinas de Direito e em artigos científicos publicados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….4 
1.1. Contexto histórico……………………………………….…………………...4 
1.2. Conceito……………………………………………………………………….4 
2. DESENVOLVIMENTO……………………………………………………..……….6 
2.1. Formas de exercício do Poder Constituinte………………………………6 
2.2. Poder Constituinte Originário…………………………………………...….6 
2.2.1. Conceito……………………………………………………………….6 
2.2.2. Divisões do Poder Constituinte Originário………………………...7 
2.2.2.1. Quanto ao momento…………...…………………………....7 
2.2.2.2. Quanto às dimensões……………………………………….7 
2.2.3. Características do Poder Constituinte Originário………………...8 
2.3. O Poder Constituinte Derivado…………………………………………….9 
2.3.1. Conceito………………………….…………………………………...9 
2.3.2. Divisão do Poder Constituinte Derivado…………………………..9 
2.3.3. Características do Poder Constituinte Derivado………………..10 
2.3.4. Limitações do Poder Constituinte Derivado……………………..10 
2.3.4.1. Limites do Poder Constituinte Derivado Reformador…..10 
2.3.4.2. Limites do Poder Constituinte Derivado Revisor…….….12 
2.3.4.3. Limites do Poder Constituinte Derivado Decorrente……12 
2.4. Poder Constituinte Difuso………………………………………………….13 
2.5. Poder Constituinte Supranacional………………………………………..13 
3. CONCLUSÃO……………………………………………………………………….14 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………...15 
 
 
 
 
 
 
 
2 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. Contexto histórico 
 
A teoria do Poder Constituinte surgiu com ​Emmanuel Joseph Sieyès, político 
e pensador nascido na França, que em 1789, através de seu livro “​Qu’est-ce que le 
Tiers État​?” (O que é o Terceiro Estado?), trouxe diversos pensamentos inovadores 
acerca do tema. Naquela época, o modelo de governo era a monarquia, onde o 
poder das decisões do Estado era do rei, com pouquíssima participação popular. 
Assim, em sua obra, Sieyès defende que a sociedade era dividida em três Estados: 
o primeiro Estado era constituído pela igreja e todos aqueles relacionados a ela, o 
segundo Estado pelo rei, pela rainha e pela nobreza e por fim, o terceiro Estado era 
formado pelo povo. O primeiro e o segundo Estado eram privilegiados, já que 
detinham grande parte do poder e das riquezas do país, além de não pagarem 
impostos e desfrutarem de benefícios políticos. No entanto, o pensador não 
concordava com esse tipo de divisão, já que, segundo ele, era o povo era quem 
carregava a nação nos ombros, ainda que não possuíssem benefício algum. 
Assim, sua obra “O que é o Terceiro Estado?” foi o primeiro passo para o 
desenvolvimento da Revolução Francesa, onde Sieyès atuou de forma ativa a fim de 
estabelecer uma Assembleia Nacional Constituinte, quem deveria criar uma 
Constituição, iniciando uma nova ordem na França de forma a garantir mais direitos 
à população e limitar os poderes daqueles que governavam. 
 
1.2. Conceito 
 
Segundo o pensador Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1993, p.19-29), o 
Poder Constituinte é responsável por estabelecer a organização jurídica 
fundamental, definindo o conjunto de regras jurídicas relacionados à forma do 
Estado e do governo, ao estabelecimento de seus órgãos e aos limites de sua ação, 
assim como as pertencentes às bases do ordenamento econômico e social. Ou seja, 
o Poder Constituinte é aquele que tem por função criar, denominado Poder 
Constituinte Originário, ou modificar, denominado Poder Constituinte Derivado, a 
3 
Constituição, visando à limitação do poder do Estado e a preservação dos direitos e 
garantias individuais. 
De acordo com Emmanuel Joseph Sieyès (1973, p.21), o titular do Poder 
Constituinte é a nação, pois a titularidade desse poder está relacionado à ideia de 
soberania do Estado. Em sua teoria, o pensador dizia que a vontade da nação era 
como o resultado das vontades individuais dirigidas ao interesse em comum, 
colocando-se acima dos interesses particulares. Assim, o que é comum de todos 
pertence ao terceiro Estado, que então teria legitimidade para escolher seus 
representantes responsáveis por discutir os assuntos relacionados ao governo e 
tomar decisões pela população, e por consequência pela criação de uma 
Constituição, que garantiria direitos ao povo e limitaria o poder daqueles que 
governam. O fato de existirem representantes que agem em nome da população, 
não tira sua titularidade, que se dá por permanente. 
O pensador ​José Celso de Mello Filho ​(2006, p.21)​, concordando com esse 
pensamento, conclui que as Assembleias Constituintes, aquelas responsáveis pela 
formulação da Constituição, ​“não titularizam o poder constituinte. São apenas órgãos 
aos quais se atribui, por delegação popular, o exercício dessa magna prerrogativa”. 
Dessa forma, a titularidade do Poder Constituinte compete ao povo, já que o Estado 
resulta da soberania popular e assim a vontade da Constituição é a vontade do povo 
- representada por meio da escolha de seus representantes através de votos e da 
participação popular nas decisões do Estado. Seguindo o mesmo pensamento, 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, deduz que: 
 
O povo pode ser reconhecido como o titular do Poder Constituinte, mas não é 
jamais quem o exerce. É ele um titular passivo, ao qual se imputa uma vontade 
constituinte sempre manifestada por uma elite (FERREIRA, 1993, p.23). 
 
 
 
Assim sendo, concluímos que o titular desse poder é o povo, no entanto, não 
é ele quem o exerce, mas sim os representantes escolhidos por ele. 
Nos dias de hoje, ​isto mostra-se de forma clara na Constituição de 1988, que 
diz que: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”. 
4 
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1. Formas de exercício do Poder Constituinte 
 
O exercício do Poder Constituinte pode acontecer de duas maneiras: de 
forma Autocrática ou por Outorga, onde o Poder Constituinte é usurpado, ou seja, a 
Constituição é estabelecida por um indivíduo ou grupo que alcança o poder sem a 
participação popular, ou de forma Democrática ou por Convenção, que ao contrário 
da anterior, ocorre por meio da escolha de seus representantes, que irão representar 
e falar em seu nome. 
A segunda ainda pode se dar diretamente, onde o povo participa de forma 
direta no processo de elaboração da Constituição através de plebiscitos ou 
referendos, ou indiretamente, onde a população apenas escolhe seus 
representantes que serão responsáveis pela criação do documento. 
 
2.2. Poder Constituinte Originário 
2.2.1. Conceito 
 
O Poder Constituinte Originário, também conhecido como Instituidor, Genuíno, 
Primário ou dePrimeiro Grau, é aquele capaz de criar uma nova Constituição, 
rompendo com a ordem jurídica anterior e iniciando um novo conjunto de normas 
que irão reger aquele Estado, baseadas nos interesses da população. Dessa forma, 
o Poder Constituinte Originário pode se dar tanto no surgimento de uma primeira 
Constituição de um país, quanto na elaboração de uma Constituição futura. 
Assim sendo, o ex-presidente Michel Temer afirma que o Poder Constituinte 
Originário: 
 
Ressalta-se a ideia de que surge novo Estado a cada nova Constituição, provenha 
ela de movimento revolucionário ou de assembleia popular. Não importa a 
rotulação conferida ao ato constituinte. Importa a sua natureza. Se dele decorre a 
certeza de rompimento com a ordem jurídica anterior, de edição normativa em 
desconformidade intencional com o texto em vigor, de modo a invalidar a 
normativa vigente, tem-se novo Estado (TEMER, 2000, p.33). 
 
 
 
5 
2.2.2. Divisões do Poder Constituinte Originário 
2.2.2.1. Quanto ao momento 
 
Nessa classificação, o Poder Constituinte Originário divide-se em dois, 
podendo ser classificado como Histórico ou Revolucionário. O Poder Constituinte 
Originário Histórico é responsável por criar a primeira Constituição de um Estado, 
como por exemplo, a Constituição Brasileira de 1824. Já o Revolucionário é aquele 
que cria uma nova Constituição para o Estado, substituindo a anterior, como por 
exemplo a Constituição Brasileira de 1988, a que rege o Brasil atualmente. É de 
extrema importância percebermos que o Poder Constituinte Originário 
Revolucionário tem esse nome por representar o rompimento com a ordem jurídica 
anterior, e não necessariamente a forma de tomada de poder. 
 
2.2.2.2. Quanto às dimensões 
 
O Poder Constituinte Originário também pode dividir-se em material e formal. 
De acordo com a doutrina de Pedro Lenza em seu livro “Direito Constitucional 
Esquematizado”, o autor faz a divisão em: 
 
1. material: é o lado substancial do poder constituinte originário, qualificando 
o direito constitucional formal com o status de norma constitucional. Assim, será o 
orientador da atividade do constituinte originário formal que, por sua vez, será o 
responsável pela “roupagem” constitucional. O material diz o que é constitucional; 
o formal materializa e sedimenta como constituição. O material precede o formal, 
estando ambos interligados. 
 
2. formal: é o ato de criação propriamente dito e que atribui a “roupagem” 
com status constitucional a um complexo normativo (LENZA, 2011, p.175). 
 
 
Ou seja, podemos dizer que esses seriam dois momentos distintos na 
revelação desse poder. Primeiramente, há o momento material, em que se define 
quais são os valores a serem defendidos pela nova Constituição, sendo esta a fase 
em que se decide construir um novo Estado-nação. Em seguida, há o momento 
formal, em que se é atribuído juridicidade àquele documento. 
 
6 
2.2.3. Características do Poder Constituinte Originário 
 
Conforme o pensador Alexandre de Moraes: 
 
O Poder Constituinte, na teoria de Sieyés, seria um poder inicial, autônomo e 
omnipotente. É inicial porque não existe, antes dele, nem de facto nem de direito, 
qualquer outro poder. É nele que se situa, por excelência, a vontade do soberano 
(instância jurídico- política dotada de autoridade suprema). É um poder autônomo: 
a ele é só a ele compete decidir se, como e quando, deve dar se uma constituição 
à Nação. É um poder onipotente, incondicionado: o Poder Constituinte não está 
subordinado a qualquer que seja regra de forma ou de fundo (MORAES, 2006, 
p.22). 
 
 
Assim, podemos dizer que o Poder Constituinte Originário possui cinco 
características principais. Ele é inicial, pois é onde a nova ordem jurídica tem início, 
rompendo com a anterior e iniciando um novo conjunto de regras. Além de inicial, o 
Poder Constituinte Originário é ilimitado, já que não encontra limites na ordem 
jurídica anterior e apenas se submete à sua vontade própria. No entanto, ainda que 
seja ilimitado, Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1985, p.70) defende que “ser 
juridicamente ilimitado não significa que o Poder Constituinte seja moralmente 
ilimitado”. Ademais, este poder é incondicionado, uma vez que não se subordina a 
nenhuma forma preestabelecida para se manifestar. É também político, pois possui 
natureza pré-jurídica, ou seja, ele antecede o direito em si. E por fim, o Poder 
Constituinte Originário é permanente, já que não se esgota com a publicação de uma 
nova Constituição, mas mantém-se oculto, esperando um novo chamado para 
revelar-se. 
 
2.3. Poder Constituinte Derivado 
2.3.1. Conceito 
 
Além do Poder Constituinte Originário, há o Poder Constituinte Derivado, 
responsável por autorizar as alterações e modificações da Constituição Federal, 
assim como elaborar as Constituições Estaduais. Como já diz seu nome, deriva do 
Poder Originário, visto que quando elaboradas, as Constituições pretendem ser 
eternas, porém não imutáveis, a fim de se adaptar às mudanças ​históricas, sociais, 
7 
políticas e econômicas ​ocorridas na sociedade. Este poder é também conhecido 
como ​instituído, constituído, secundário ou poder de 2º grau. 
 
2.3.2. Divisão do Poder Constituinte Derivado 
 
Assim como o Originário, o Poder Constituinte Derivado também possui 
divisões, sendo dividido em: Reformador, Revisor e Decorrente. 
O Poder Constituinte Derivado Reformador tem como finalidade alterar, 
mudar e revogar partes do texto constitucional quando necessário. Ele se dá se por 
meio das Emendas Constitucionais e somente se torna efetivo caso respeite as 
regras e limites estabelecidos no artigo 60º da própria Constituição Federal, que 
será, juntamente com os demais limites, abordado mais tarde neste trabalho. 
O Poder Constituinte Derivado também pode ser classificado como Revisor, 
que disposto no artigo 3º do ADCT (Atos de Disposição Constitucional Transitório) 
da Constituição de 1988, determina que esta poderia ser revisada certo tempo após 
sua promulgação através de um processo simplificado. Nesse artigo, diz-se que “a 
revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da 
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, 
em sessão unicameral”. Assim sendo, foi determinado que cinco anos após sua 
promulgação, a Constituição de 1988 poderia ser revisada por meio do voto da 
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
Então, em 1994, foram aprovadas seis Emendas Constitucionais de revisão. 
Sua última divisão é o Poder Constituinte Decorrente, que de acordo com o 
pensador Alexandre de Moraes: 
 
(...), consiste na possibilidade que os Estados-membros têm, em virtude de sua 
autonomia político-administrativa, de se auto-organizarem por meio de suas 
respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as regras limitativas 
estabelecidas pela Constituição Federal (MORAES, 2002, p.92). 
 
Assim, podemos entender que o Poder Constituinte Decorrente é responsável 
pela elaboração das Constituições Estaduais, respeitando todas as regras limitativasdefinidas pela Constituição Federal. Encontra-se presente no artigo 11º do ADCT ou 
8 
no artigo 25º da Constituição, dizendo que “​cada Assembléia Legislativa, com 
poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, 
contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta”. 
 
2.3.3. Características do Poder Constituinte Derivado 
 
 O Poder Constituinte Derivado possui características opostas ao Originário, 
apresentando-se como um poder limitado, constituído, não autônomo, condicionado 
e jurídico. Ele é limitado, pois encontra limitações constitucionais implícitas e 
explícitas, não podendo desrespeitar a Constituição e estando sujeito a controle de 
constitucionalidade. É também constituído, já que é fruto do Poder Constituinte 
Originário, e não autônomo, uma vez necessita dele para existir. Ademais, este 
poder é condicionado, pois precisa obedecer ao processo estabelecido na 
Constituição para a sua modificação (emenda constitucional). E por fim, é jurídico, 
dado que é regulado pela Constituição, dessa forma, está preestabelecido no 
ordenamento jurídico vigente. 
 
 
2.3.4. Limitações do Poder Constituinte Derivado 
 
Como dito anteriormente neste trabalho, o Poder Constituinte Derivado possui 
suas limitações, que foram preestabelecidas na Constituição Federal. 
 
2.3.4.1. Limites do Poder Constituinte Derivado Reformador 
 
O Poder Constituinte Derivado Reformador apresenta limites circunstanciais, 
materiais e formais. 
Os limites circunstanciais determinam que, em certas circunstâncias, o texto 
constitucional não pode sofrer alteração, em prol da necessidade de tranquilidade 
social. Eles estão expostos no parágrafo 1º do artigo 60 da Constituição Federal, 
que diz que “a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção 
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio”. 
9 
Os limites materiais definem que os incisos I a IV, apresentados no parágrafo 
4º do artigo 60 da Constituição, são imutáveis, ou seja, não podem, de forma 
alguma, serem alterados. Estes incisos, também conhecidos como cláusulas 
pétreas, dizem que: 
 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
Por fim, há os limites formais, que determinam aqueles que podem propor 
PEC (Projeto de Emenda Constitucional), além de definir os procedimentos formais 
de aprovação, a fim de impedir que sejam aprovadas emendas constitucionais que 
desrespeitem os princípios da Constituição. Eles estão presentes nos incisos I, II e III 
do artigo 60º e nos parágrafos 2º e 3º, também presentes no mesmo artigo da 
Constituição, que diz que: 
 
 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em 
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos 
votos dos respectivos membros. 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
 
 
 
10 
2.3.4.2. Limites do Poder Constituinte Derivado Revisor 
 
O Poder Constituinte Derivado Revisor apresenta limites formais, materiais e 
temporais. 
Assim como o Poder Constituinte Derivado Reformador, este poder também 
possui limites formais que dizem respeito ao processo de alteração da Constituição, 
estando dispostos no artigo 3º da ADCT, já citado neste trabalho. Nele, está escrito 
que a aprovação ocorrerá pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso 
Nacional, contando a Câmara dos Deputados Federais e o Senado Federal, em 
sessão unicameral. 
Há também os limites materiais, que assim como o Poder Constituinte 
Derivado Reformador, está relacionado às certas matérias que não podem, em 
hipótese alguma, sofrer alteração, chamadas de cláusulas pétreas. 
Além disso, este poder possui limites temporais, já que a Constituição 
estabelece um certo período no qual ela pode sofrer alterações. Como já citado 
anteriormente, no caso da Constituição de 1988, esse período foi de cinco anos 
após sua promulgação. 
Apresentados os limites, é possível percebermos que o Poder Constituinte 
Derivado Reformador serve para alterações mais pontuais, geralmente sobre um 
tema ou artigo, possuindo um processo mais dificultado. Ao contrário do Poder 
Constituinte Derivado Revisor, que tem por função fazer alterações mais amplas e 
gerais, possuindo um processo mais simples. 
 
2.3.4.3. Limites do Poder Constituinte Derivado Decorrente 
 
O Poder Constituinte Derivado Decorrente possui as mesmas limitações que 
o Poder Constituinte Derivado Reformador - circunstanciais, materiais e formais, 
juntamente com as regras de repetição obrigatória. Uma exceção é o Distrito 
Federal, que ainda que seja regido por uma lei orgânica, possui Poder Constituinte 
Derivado Reformador, já que, neste caso, ele tem poder de Constituição Estadual. 
 
 
11 
2.4. Poder Constituinte Difuso 
 
O Poder Constituinte Difuso é outra forma de modificação da Constituição, 
atuando de maneira informal, diferentemente do Poder Constituinte Derivado 
Reformador. Este poder representa a necessidade da Constituição em adaptar-se à 
realidade social do momento, visto que a sociedade está em constante processo de 
transformação. No Brasil, ele é exercido pelo Supremo Tribunal Federal, responsável 
por interpretar e modificar informalmente o texto constitucional. 
 
2.5. Poder Constituinte Supranacional 
 
Segundo o pensador Pedro Lenza: 
 
Agindo de fora para dentro, o Poder Constituinte supranacional busca estabelecer 
uma Constituição supranacional legítima faz às vezes do poder constituinte porque 
cria uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em que organiza a 
estrutura de cada um dos Estados ou adere ao direito comunitário de viés 
supranacional por excelência, com capacidade, inclusive, para submeter às 
diversas constituições nacionais ao seu poder supremo (LENZA, 2011, p.185). 
 
 
Ou seja, o Poder Constituinte Supranacional ocorre quando vários Estados 
abrem mão de parte de sua soberania em favor de um poder central. Ele busca sua 
fonte na cidadania universal, no direito comunitário e na vontade de integração dos 
países, alterando o conceito de soberania. Esta ideia, até os tempos atuais, ainda 
não se concretizou. No entanto, há certo tempo atrás, na Europa, havia um projeto 
de uma constituição que iria reger os países da União Europeia, porém alguns, como 
França e Holanda, posicionaram-se contra a ideia. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
3. CONCLUSÃO 
 
Com este trabalho, foi possível concluirmos que o Poder Constituinte surgiu 
com o pensador Emmanuel Joseph Sieyès, através de sua obra “O que é o TerceiroEstado?”, em 1789. Ele tem como seu titular o povo, que por meio de votos e 
participação popular, faz a escolha de seus representantes, que então serão os 
responsáveis por estabelecer o conjunto de regras relacionadas à forma do Estado e 
do governo, assim como ao estabelecimento de seus órgãos e ao limite de suas 
ações. O Poder Constituinte pode acontecer de forma Autocrática, sendo 
estabelecido por um indivíduo ou grupo, sem participação popular, ou Democrática, 
onde há participação da população através da escolha de seus representantes. O 
Poder Constituinte Originário é aquele capaz de criar uma nova constituição, 
rompendo com a ordem jurídica anterior. Este pode ser classificado como Histórico 
ou Revolucionário, quanto ao momento, e material ou formal, quanto às dimensões. 
Este poder é considerado inicial, ilimitado, incondicionado, político e permanente. Já 
o Poder Constituinte Derivado é aquele capaz de autorizar as alterações e 
modificações na Constituição, assim como elaborar as Constituições Estaduais. Ele 
pode ser dividido em Reformador, Revisor e Decorrente. Ademais, este poder tem 
por características ser limitado, constituído, não autônomo, condicionado e jurídico. 
Ele possui diversos limites, como por exemplo a determinação daqueles que podem 
propor Projetos de Emenda Constitucional e dos procedimentos formais de 
aprovação. Além do Poder Constituinte Originário e Derivado, há também o Difuso e 
o Supranacional, que embora não sejam tão discutidos, são de grande importância 
para nós, estudante de Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. ​Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
 
CAMPOS, Juliana Diniz. ​As origens da teoria do Poder Constituinte: um resgate 
da obra de Siéyes e suas múltiplas releituras pela doutrina publicista 
continental. ​Disponível na revista da faculdade de direito da UERJ- rfd- v.1, n.25, 
2014. 
 
GOMES, Daril Vieira. ​O Poder Constituinte​. Trabalho de curso (Bacharel em 
Direito) - Centro Universitário Eurípides de Marília, Fundação de Ensino “Eurípides 
Soares da Rocha”, Marília, 2014. 
 
MARCO, Anelise Rigo de. ​Os Limites da Competência Reformadora da 
Constituição e o Risco na Tributação​. Disponível em: 
file:///C:/Users/USER/Downloads/709-Texto%20do%20artigo-2739-1-10-20150702.p
df. Acesso em: 13 abr. 2020. 
 
PACHECO, Eliana Descovi. ​A importância do poder constituinte e sua formação 
histórica ao longo do tempos​. Âmbito Jurídico, 2007. Disponível em: 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-importancia-do-poder-c
onstituinte-e-sua-formacao-historica-ao-longo-dos-tempos/. Acesso em: 12 abr. 
2020. 
 
SALES, Décio Pimentel Gomes Sampaio. ​Poderes constituintes e limitações 
constitucionais: o papel do Supremo Tribunal Federal como guardião da 
Constituição​. Trabalho de curso (Mestrado em Direito Constitucional) - 
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, 2006. 
 
 
14

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