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Disciplina_32-Articulacao_Federativa_completa_2

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Edição 2015
Planejamento 
e gestão pública 
da cultura 
Articulação Federativa 
Elaboração e texto Cleise Campos 
disciplina 32
 3
disciplina 32
A reta é uma curva que não sonha.
Manoel de Barros
Final do curso. Você atravessou um percurso de estudo, ao longo de nove meses, de 
trocas e refl exões, aqui no AVA e nas aulas presenciais. Chegamos à última disciplina, na qual 
proponho algumas refl exões: A primeira é que possamos considerar que você “encerra” o 
calendário acadêmico, mas não o seu processo de aprendizado, uma vez que esse continua 
no seu cotidiano, na sua prática como fazedor de cultura. O conjunto de conhecimentos agora 
tende a se alargar mais amplamente, e sua atuação no setor cultural (como animador ou 
agente cultural, conselheiro ou gestor público municipal de cultura) é que vai dar o “norte” da 
nova etapa de aprendizado.
O Curso de Formação de Gestores Públicos e Agentes Culturais, realizado pela Secretaria de 
Estado de Cultura do Rio de Janeiro – SEC e pelo Ministério da Cultura – MinC, em parceria com 
a Fundação Cecierj/Cederj e Faetec (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação 
do Rio de Janeiro), por intermédio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cultural dos 
Municípios – Padec, faz parte do processo em construção da efetivação de políticas públicas 
de cultura no estado fl uminense, em especial, nas iniciativas em prol da formação e qualifi cação 
para o setor cultural. O curso é um exemplo de ação a partir de um pacto de articulação 
federativa, envolvendo as três instâncias de poder público (municipal, estadual e federal) e a 
sociedade civil. Ele contribui ainda para cumprir as metas e diretrizes dos planos nacional e 
estadual de Cultura quanto à qualifi cação e capacitação profi ssional e formação continuada 
para os trabalhadores da área cultural. 
Segundo normativa da Secretaria de Articulação Institucional do MinC, podemos classifi car 
“articulação federativa”, no âmbito da política, como o 
[...] exercício da relação com a sociedade, envolvendo 
instituições públicas executivas, em função de profícua 
interlocução, tendo o diálogo como elemento primordial de 
sua prática, para formulação de pactos. É o entendimento 
de um conjunto de regras de cooperação, que interligadas 
Articulação Federativa 
 4
disciplina 32
entre si (junto aos seus componentes integrantes – como 
municípios, Estados e União), objetivam tornar possível a 
distribuição coerente e justa, de tarefas, ações e recursos, 
entre os entes federados. 
Uma vez articulados, os entes federados podem exercitar o 
compartilhamento das decisões administrativas, aprimorando 
a prática da transparência, da moralidade e da legalidade, 
conceitos recentes no Brasil pós-ditadura. Tal exercício tende a 
estimular a cooperação com variados setores, movimentando 
os espaços de interlocução público-privada, com a criação de 
novos mecanismos de gestão entre as instâncias de governo e 
dos diversos setores da sociedade civil. 
Chegamos ao nome que defi ne nossa última disciplina – Articulação Federativa, que pode 
ser exemplifi cada na fi gura de um mosaico, uma colagem de fragmentos, na composição 
de várias aspirações e metas ajustadas, compondo favoravelmente entre si, em uma 
retroalimentação, uma da outra. Outros exemplos práticos que resultam de uma Articulação 
Federativa, por intermédio do Padec, podem ser conhecidos nos municípios de Belford Roxo; 
Mendes; Petrópolis; São Fidélis; e, Varre-Sai (acesso ao vídeo em: http://www.cultura.rj.gov.br/
projeto/padec).
A imagem de uma espiral, em uma linha em círculo, em que se vê o cidadão, o município, 
o Estado e a União, é uma imagem interessante para visualizar o conceito de Articulação 
Federativa, tendo a política cultural como foco balizador. Para bom êxito desse círculo, é 
importante a presença de “articuladores”, que apresentem competências para estabelecer 
conexões entre as várias necessidades, com persistência para equilibrar com habilidade o 
trabalho colaborativamente, promovendo conexões e parcerias, continuadamente. 
Você percorreu ao longo de 31 (trinta e uma) disciplinas caminhos que podem levar a uma 
refl exão substancial para avaliar o quanto estamos vivendo, nesse momento da História, uma curva, 
em função da instalação dos Sistemas de Cultura. 
E aqui temos a segunda refl exão: Para que Sistemas de Cultura, conforme abordado na 
disciplina anterior, ministrada pelo Prof. Luiz Augusto Rodrigues, que você acabou de estudar? 
 5
disciplina 32
Renan, meu sobrinho de nove anos, é um menino muito perguntador. Faz milhares de 
perguntas. Outro dia mencionou que ia “desistir” de perguntar, porque nem sempre tem as 
respostas que deseja, ou no tempo que deseja. 
Enfatizei que era importante manter suas perguntas e repeti a lição recebida de um 
professor, na graduação em História (FFP-Uerj), nos idos de 1984: “O melhor das perguntas 
não são as respostas, e sim o processo de investigação e vivência que atravessamos para 
chegar até elas”.
Cito Renan e o ex-professor para enfatizar a importância das nossas repetidas perguntas 
no campo da política cultural, em especial, a mesma que muitos de nós temos feito 
recentemente – Para que Sistemas de Cultura? A Constituição, no seu artigo 215, assegura a 
Cultura como direito inalienável para todos. Se a Constituição brasileira já estabelece o que 
deve ser cumprido, no tocante à Cultura, para que os Sistemas de Cultura? Podemos pensar 
na utilidade dos sistemas, justamente para que o direito à cultura se efetive, para que seja 
uma realidade sob guarda e proteção dos seus respectivos protagonistas – conhecedores de 
sua realidade local (nos municípios e estados), onde a União assume papel norteador, com um 
padrão que integre e articule todos os entes federados. 
Os sistemas de cultura seriam, sob este ponto de vista, o conjunto de instrumentos para 
que aquele desejo – estabelecido na Constituição brasileira – do direito à cultura, tenha 
mecanismos reais de se materializar. Com os sistemas, temos mais chance de aprimorar o 
que já existe, a partir da Constituição, considerando a institucionalização da cultura como 
política de Estado. Bernardo Mata Machado, pesquisador mineiro, destaca que, ao instituir 
os Sistemas, mantendo harmônica articulação federativa integrando municípios, estados e a 
união, em especial na elaboração dos Planos de Cultura:
[...] é possível ter uma real radiografi a do que temos, o que 
queremos ter, e o que é preciso fazer para ter, para chegar lá, 
para onde orienta nosso desejo.
Tal ação é medida indiscutível na potencial ampliação do acesso e democratização da cultura, 
desejo comum entre todos que atuam na área cultural – gestores públicos e conselheiros de 
cultura, agentes e animadores culturais. Aprofundamos a democracia, vivendo plenamente 
 6
disciplina 32
nossa condição cidadã, do direito exercido, a cada passo que a política cultural é aprimorada. 
Para cumprir o que está determinado no citado artigo constitucional, na realização de 
prestação de serviços ao público no acesso às atividades culturais (na sua condição dinâmica 
e complexa), que articulamos a implantação dos sistemas de cultura.
Perseguindo esse objetivo geral e unifi cador aos diversos entes federados: a promoção do 
acesso e a democratização da cultura – como fruição, mas, sobretudo, como conquista dos 
meios de produção para todos (BOAL, 2011), como um dos benefícios diretos a ser considerado 
pelos municípios, quando da instalação dos seus sistemas, e mesmo os estados brasileiros, 
como o fl uminense, a partir da Lei 7035/2015 – que instituiu o Sistema Estadual de Cultura do 
RJ, é possível operar a transposição do discurso institucional para execução da ação. 
Outro benefício a ser destacado é o repasse formal de recursos, que se estabelece de 
modo automático, com a transferência de verba “fundo a fundo” dentro da determinação 
constitucional. Além dorepasse de recursos, a mesma medida pode ser aplicada para 
programas, projetos, editais ou prêmios, de modo a estimular a integração dos municípios, 
estados e união. Para os demais entes federados, ainda não integrados ao sistema, o repasse 
voluntário de recursos é expediente efetivado por meio de convênios ou parcerias técnicas 
específi cas entre partes. 
Deste modo, convém reafi rmar que, para os repasses entre os fundos, é necessário que os 
estados e municípios constituam os seus instrumentos. O estado do Rio de Janeiro já tem o 
seu, conforme os artigos 35 a 42 da já citada Lei 7035/2015. Sabemos da resistência do setor 
administrativo-fi nanceiro das prefeituras em encaminharem essa questão, mas esse é um 
instrumento concreto de fomento institucional à cultura e, acreditamos que cabe aos agentes 
culturais e conselheiros acompanhar e/ou apoiar os gestores municipais, para que estes 
tenham condições de conduzir a temática com os prefeitos e secretários (governo, fazenda, 
planejamento etc.) 
No conjunto de disciplinas ministradas por Tatiana Richard, Laura Chicayban, Eveli Ficher, 
Henilton Menezes, Carlos Marinho e Emanuel Vieira, você reuniu valiosos instrumentos de 
estudo e pôde entender mais sobre os mecanismos disponíveis para o fi nanciamento à 
cultura, tais como: leis estadual e federal de Incentivo à Cultura, Pró-Cultura (em discussão no 
nível federal – nos poderes legislativo e executivo) e acesso ao Salic-Web – sistema utilizado 
para esse fi m. Pôde também reconhecer características essenciais das leis orçamentárias: 
 7
disciplina 32
Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano Plurianual, gestão fi nanceira, prestação de contas e 
programas de apoio, aprofundando substancialmente seus conhecimentos. 
Quase sempre é a parte que menos interessa (pois é para muitos, a mais penosa), mas 
é imprescindível a necessidade de se apropriar desses conceitos para avançar na gestão 
cultural, mudando aquele roteiro de dependência. Essas diversas frentes e instrumentos se 
relacionam, por exemplo, com os planos municipais de Cultura, que para efetivarem as suas 
diretrizes, metas e ações decorrentes, necessitam de recursos. 
Estabelecer diálogo e articulação entre os entes federados e a própria sociedade é um 
exercício novo, uma prática recente, considerando a própria História Política Brasileira, 
sobretudo a das políticas culturais, permeada durante séculos pelo dirigismo, sem qualquer 
condição de diálogo ou participação social nas esferas de poder. A presença da sociedade 
civil é um dos mais importantes aspectos nesse processo de efetivação das políticas culturais, 
modernizando e ampliando a prática da participação e escuta da sociedade civil, garantindo o 
controle social (fi scalização das ações e efetivação das decisões tiradas nos conselhos, fóruns 
e conferências de cultura). Albino Rubim (2007) nos diz que: 
A trajetória brasileira das políticas culturais produziu tristes 
tradições e enormes desafi os. Estas tristes tradições podem 
ser emblematicamente sintetizadas em três palavras: ausência, 
autoritarismo e instabilidade. 
Enfrentando a tradição do autoritarismo, acima citada, que tem como um dos traços 
ainda presentes nas gestões culturais a ausência de diálogo, é justamente a partir das trocas e 
das parcerias, com a participação de vários atores, que o processo tende a ser efetivado. Cabe ao 
poder executivo atenuar a condição de inibição – e em alguns casos de desconfi ança – de boa parte 
dos participantes da sociedade civil nas discussões e encaminhamentos sobre políticas e ações 
culturais. 
Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa – FCRB, a historiadora Lia Calabre, com 
sua valorosa participação em várias disciplinas, fez importante contextualização do período 
“inaugurador” das políticas culturais no Brasil, destacando as principais características da 
pioneira e ao mesmo tempo inovadora experiência de gestão pública cultural implementada 
 8
disciplina 32
no município de São Paulo, com a presença de Mario de Andrade no Departamento de Cultura 
da Municipalidade de São Paulo (1935–1938). Tal registro é para que você possa considerar o 
tempo que temos percorrido no processo de construção de políticas culturais no país. 
A cultura com base em um conceito mais amplo, antropológico, com efetividade da 
democratização da gestão e das políticas públicas, tem espaço recentíssimo na história 
republicana do Brasil, em uma sucessão de fatos, ao longo das últimas oito décadas. Outros 
marcos emblemáticos, além da gestão de Mario de Andrade, merecem atenção, como:
• As transformações ocorridas no fi nal da década de 1970, no âmbito 
federal, em plena ditadura militar, sob a direção de Aloísio Magalhães 
à frente da Secretaria Nacional de Cultura do Ministério da Educação e 
Cultura – MEC. O gestor, um prestigiado designer, que galgou espaço 
na estrutura do governo federal, após realizar e estimular pesquisas no 
Centro Nacional de Referência Cultural. 
• A criação do próprio Ministério da Cultura – MinC (1985). 
• A promulgação da Constituição em 1988 – contribuindo com uma 
estrutura um pouco mais democrática, combinando com o período 
político de redemocratização, iniciado em 1985.
• A presença de Marilena Chauí como titular na Secretaria Municipal de 
Cultura de São Paulo (1989–1992), gerando as formulações de cidadania 
cultural que orientam diversos programas e políticas culturais no Brasil.
• A chegada de Gilberto Gil, à frente do Ministério da Cultura (2003), 
ampliando em escala nacional a discussão da política cultural, 
antes restrita às áreas de Artes e do Patrimônio, e a partir de então, 
incorporando outras dimensões, como a simbólica, a econômica e a 
cidadã, como vimos ao longo do curso. 
• A realização, nos diversos estados brasileiros, dos seminários Cultura 
para Todos (2003 e 2004), provocando debates e discussões sobre 
políticas e ações estruturantes para o campo da cultura. 
• A convocação das primeiras conferências municipais, estaduais e 
setoriais de cultura, bases para a 1ª Conferência Nacional de Cultura e 
palco de discussão do Plano Nacional de Cultura – PNC (2005). 
 9
disciplina 32
Foram estas articulações que possibilitaram a consolidação do PNC e o começo de uma 
maior integração das ações do Poder Público com a sociedade civil. A partir desse conjunto de 
marcos, foram sendo estabelecidas outras ações signifi cativas em uma perspectiva sistêmica 
e estruturante para o setor cultural. 
O rico processo das demais conferências nacionais de Cultura realizadas em 2010 e 2013 
foi decisivo para o avanço da comunicação, potencializando a escuta e a fala do cidadão e da 
cidadania da sociedade civil (importante destacar que os delegados eleitos pela sociedade 
civil foram maioria nessas conferências em todas as suas etapas – municipais, estaduais e na 
nacional, em uma conta percentual propositadamente estabelecida pelo MinC). 
O Conselho Nacional de Política Cultural (Decreto nº 5.520/24 agosto de 2005 – Presidência 
da República), inova com a eleição de seus representantes da sociedade civil, mudando a 
antiga tradição da indicação, estabelecendo uma nova composição paritária – governo e 
sociedade, com caráter consultivo e deliberativo. 
Vários estados e municípios passam a aderir esse novo formato para os Conselhos – a 
exemplo do estado do Rio de Janeiro, que teve seu processo eleitoral fi nalizado em março do 
corrente, após seis meses de eleição dos conselheiros das dez regionais do estado fl uminense, 
e segmentos artísticos, que vão se somar a outros 16 (dezesseis) nomes, na composição fi nal 
de 32 (trinta e dois) conselheiros de cultura do estado, e respectivos suplentes. 
É nesse novo cenário de participação social e ampliação do debate e do raio de ação sobre 
as políticas de cultura no Brasil que tem sido construído o Sistema Nacional de Cultura – SNC, 
que articula ofi cialmente uma agenda de planos e ações no/para opaís, em que cada ente 
federativo, nos três níveis, estrutura o seu próprio sistema.
O Prof. Luiz Augusto Rodrigues apresentou estudo sobre o Plano Nacional de Cultura – PNC 
(2010), peça estruturante do Sistema Nacional de Cultura – SNC (2012), na maior disciplina do 
curso, proporcionando para você mais conhecimentos sobre os componentes obrigatórios 
do SNC: o PNC, o Sistema Nacional de Indicadores Culturais – SNIIC, a Conferência Nacional 
de Cultura – CNC, e o Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC, bem como tratou da 
importância da adesão ao acordo de cooperação e Plano de Trabalho do SNC. Dessa forma, 
você teve (ou terá) mais propriedade para participar, de modo ainda mais protagonista, na 
discussão de instalação dos Sistemas de Cultura em seu município, participando especialmente, 
da elaboração dos planos municipais de Cultura.
 10
disciplina 32
Fortalecendo os sistemas de cultura no estado do Rio de Janeiro, com outro expediente 
de estímulo à qualifi cação da gestão cultural, mais de 30 (trinta) prefeitos assinaram termos de 
compromisso com a Secretária de Estado de Cultura, Eva Doris Rosental, para ação articulada 
entre municípios e Secretaria de Estado de Cultura, no apoio à elaboração dos Planos 
Municipais de Cultura, pela dinamização dessas tarefas nas cidades fl uminenses (http://sec.
cecierj.edu.br/dinamizadores.php). 
Quanto à dinamização proposta pela SEC, apoiando a elaboração de planos de cultura nos 
municípios, em parceria com o Ministério da Cultura, além do executivo (prefeituras, governo 
estadual e federal), a sociedade civil tem papel estratégico, assumindo uma participação 
decisiva, em que a articulação, a gestão, a informação e a promoção de políticas públicas de 
cultura avançam na construção, pactuadas entre todos. 
Toda essa prática, recente e nova, é a própria democracia brasileira em evidência, em que 
as conferências, os conselhos, as trocas entre os órgãos culturais, a destinação de recursos, o 
acesso à fruição aos bens e meios de produção culturais consolidam as articulações possíveis 
para que o direito à cultura seja materializado, se tornando uma realidade. 
Quando enxergamos as peças integradas, com a forma de um conjunto harmônico 
(conselho, plano, fundo e instrumentos de ação – participação social, levantamento de dados, 
ofertas de formação), o quebra-cabeça montado, com a devida localização das atribuições 
de cada ente federado, o processo, ainda que recente, tende a avançar. Identifi car nesse 
tempo de “primeiras vezes” o que cabe aos municípios, ao estado do Rio de Janeiro e à União, 
é aliviar em parte, as tensões, frente às tarefas que estão postas. É fundamental identifi car 
as respectivas competências, em uma nova forma de interação entre os entes federados e a 
sociedade, impactando positivamente as relações.
Passada mais de uma década da atual fase de debate das políticas culturais, iniciada em 
2003, é bom refl etir sobre o atual cenário cultural: neste tempo contemporâneo, no qual a 
linha do tempo do Facebook deixa escapar informações que nunca param de “passar” na tela 
do seu computador, notebook, tablet ou celular, em que os eventos digitais que alimentam 
as redes sociais exigem pressa, tamanha a rapidez e pulverização da notícia-acontecimento, 
ou mesmo pelo acúmulo de tantas informações, sem às vezes potencializar de fato a própria 
informação, no avesso do objeto da comunicação em si, é fundamental manter interesse à 
pauta cultural nos municípios, alimentando o já citado Sistema Estadual de Cultura. 
 11
disciplina 32
Terceira refl exão: Como integrar mais os municípios fl uminenses, nesta pauta estadual, 
frente a esse cenário de pressa e imediatismo, mantendo a “tarefa” produtiva, sem gosto de 
inservível?
A pesquisadora Eliane Costa, ex-diretora de cultura da Petrobras, que inovou nos anos 
1990 implantando um estratégico modelo de fi nanciamento cultural, com a implantação da 
política de editais, abordou a complexidade da proposição da cultura como o quarto pilar 
da sustentabilidade. 
Com mais acúmulo para compreender o tempo que atravessamos na construção de 
políticas culturais, após os debates nos fóruns em sua turma, e o conjunto de conhecimento 
adquirido a cada disciplina, você tem mais propriedade para pensar na resposta à indagação 
apresentada: Como integrar os municípios, nesta pauta estadual, com este cenário de pressa 
e imediatismo, mantendo a “tarefa” produtiva, sem gosto de inservível?
Em resposta a estas urgências, deve ser considerada a necessidade de um planejamento, 
tarefa indiscutível para quem atua na gestão cultural, como bem exemplifi cado pela Prof.a Katia 
Macabu e a pesquisadora Heloisa Bueno no debate sobre o processo organizacional do setor, 
com destaque para a construção de um plano de ação (prático e exequível), para alcance real 
das ações propostas, com a elaboração de projetos culturais focados na organização do novo 
setor cultural (detalhando etapas de conceituação, análise, estruturação, viabilização técnica 
e fi nanceira). 
Na sequência, as professoras e produtoras culturais Ana Luisa Lima e Ana Lúcia Pardo 
discorreram, em suas disciplinas, sobre os artistas, que de igual forma necessitam de 
planejamento para o bom êxito das suas iniciativas culturais, com aplicação de metodologia 
na atuação profi ssional. Apontaram questionamentos sobre o futuro da carreira, mercado 
de trabalho, sobre os segmentos que carecem de fomento e mais investimento (longe de 
cobertura por parte do mercado e/ou iniciativa privada), sobre a criatividade e subjetividade do 
artista, sobre as diversas formas pelas quais o contexto social infl uencia a produção artística e 
vice-versa e as relações entre arte e política. 
Ou seja: é arte, é simbólico, mas é preciso tentar se adaptar ao novo contexto do recorte 
organizacional da política cultural. É importante tecer ajustes entre o frio das exigências 
protocolares e o subjetivo das linguagens artísticas. Tentar composição entre a intuição e 
 12
disciplina 32
o talento criador do artista, o imprevisto natural da arte, com a rigidez necessária dos 
planejamentos, sem perder a potencialidade da arte, sem perder a rota do caminho do bem-
estar e da felicidade – lugar comum desejado no ambiente cultural. 
Em especial na gestão pública, equilibrar o abstrato da arte com a formalidade dos 
ritos burocráticos é tarefa espinhosa. Com a necessidade da elaboração de projetos, 
desenvolvidos e “aplicados” dentro de programas culturais, na prática, dando corpo às ações 
contínuas de médio e longo prazo, como preveem os Planos de Cultura, o artista também 
está sendo “convidado” a repensar seu papel, transitando entre um e outro campo. A prática 
de “organização de eventos”, ou a espera/expectativa de apoios relâmpagos para essa ou 
aquela atividade, que marcaram por um bom tempo a gestão cultural nos municípios, deve ser 
aprimorada para a efetivação de programas contínuos, nos quais os projetos – devidamente 
planejados – serão o objeto da ação cultural em si. 
Para realizar um bom projeto cultural, que dá corpo aos programas culturais, é preciso 
trabalhar com análises de dados. Para consolidar políticas culturais de médio e longo prazo, 
com planejamento pautado em projeções futuras, é preciso estar calçado em informações, 
fruto de diagnóstico, de pesquisa. A aplicação de um embasamento teórico, a partir dos 
resultados apontados pelos indicadores culturais, com diagnóstico da cultura local, foi assunto 
do pesquisador Frederico Silva. Esse círculo de ações (mapeamento da cultura local, projetos 
e programas) envolve todos os atores do setor cultural. 
Nesse movimento de articulações, o Estado deve atuar, sobretudo, como um motivador, 
um mobilizador, incentivando gestores e agentes culturais, comunidades e sociedade em 
geral. No cenário de urgências apresentado pelos municípios, a descentralização das ações e 
competências do “fazer cultural”deve ser assumido por todos os atores. As trocas e parcerias 
no mapa local, regional, estadual e nacional (e internacionalmente) é a articulação federativa 
na prática, considerando o objetivo comum na defesa dos bens culturais, na valorização da 
identidade cultural.
No roteiro das aulas presenciais, Deborah Lima, pesquisadora da Fundação Casa de Rui 
Barbosa, provocou discussão oportuna sobre a dinâmica que atravessamos e enfatizou que 
para compreender o lugar da cultura é necessário vislumbrar as características deste tempo, 
“onde o cheio provoca o oco, a saciedade gera angústia, o permanente é trocado pelo atual, o 
‘mais novo’, ‘o mais moderno’ (OLIVEIRA, 1999. p. 16).
 13
disciplina 32
Um pacto de adesão real, exequível, com regras para todos, com propostas integradoras, 
fruto de um tratamento igualitário, observando o tempo de cada ente federado, no seu próprio 
tempo de construção, é uma das respostas às últimas indagações, dando conta de manter 
integrado o seu município na pauta cultural, mesmo com esse tempo de pressa e imediatismo, 
no qual o cheio provoca o oco. 
Aloísio Magalhães (1976) sempre potencializou o tamanho dos municípios, destacando que 
é na cidade o lugar primeiro de se pensar a cultura, buscando proteger, apoiar, promover e 
garantir o acesso e a manutenção dos bens culturais, como pontua: 
É na cidade que estão os blocos de rua, as manifestações 
culturais populares, os artistas, os artesãos... É na cidade 
que vivenciamos o despertar das artes, onde preservamos a 
memória, que nos apropriamos do saberes e fazeres culturais, 
nas suas diferentes expressões. É na cidade que a determinação 
de resolver os problemas deve ser o primeiro pré-requisito da 
ação de proteção do bem cultural, desenhando um caminho, 
mais do que detalhar uma trilha. 
Reconhecendo que uma das difi culdades para a efetivação de tais ações articuladas entre 
os entes federados é a falta, e/ou inexistência de atuação nos próprios governos (municipais, 
estaduais e federal), em função de realidade semelhante nas três esferas, desde a ausência 
de pessoal qualifi cado, falta de estrutura e recursos, descontinuidade das ações ou, ainda, 
ausência de vontade política ou personalismo extremado, é necessário localizar as fragilidades 
que difi cultam a ação, para a superação das lacunas que emperram o processo, que não 
“deixam a máquina” andar. 
Despersonalizar os espaços do poder público, empoderando as instituições a bem de 
consolidar as políticas públicas de cultura, para que fi quem a salvo das descontinuidades 
da presença de pessoas em determinadas funções, é um exemplo para ser considerado. 
Estabelecer critérios de composição da equipe, a partir de currículo qualifi cado, e instalar 
concursos públicos com atesto de formação para o setor são outras medidas para atenuar o 
quadro das difi culdades.
 14
disciplina 32
Para ampliar as condições de ações em nossos municípios, saindo da solidão que às vezes 
limita e enquadra o extrato simbólico potencial da cultura, frente às difi culdades que se 
repetem de “sem” (sem recursos, sem equipamentos culturais, sem equipe, sem planejamento, 
sem espaço nas pautas dos chefes do executivo, sem alternativas efi cientes de comunicação 
e estrutura), é necessário conversar, dialogar, ver, visitar, buscar, se articular, enfi m, estar em 
movimento, gerar movimento – se movimentar.
Nas disciplinas de Luciana Guilherme e Eveli Ficher, você que atua como gestor público, 
conselheiro de cultura, agente ou animador cultural, refl etiu sobre a participação e as 
problemáticas contemporâneas, articulando a cultura com dinâmicas de conexão em redes, 
territórios criativos, potencializando estratégias de desenvolvimento e de inovação locais. 
Conheceu as principais características das organizações do terceiro setor, com dois tipos 
de processos de modelos de cogestão (OS e OSCIP), ou seja: tem mais elementos, bastante 
substanciais, para pensar a cultura em sua cidade, e se movimentar.
Se a nossa maior riqueza são as nossas diferenças, e o município – ponto chave onde a 
cultura “começa” – é o melhor guardião do seu próprio patrimônio – conforme nos ensinava o 
já citado Aloísio Magalhães em seus discursos – valorizar potencialmente a identidade cultural 
local é atribuição primordial dos órgãos e entidades municipais, cabendo ao Estado criar as 
condições para proteger os seus bens culturais, não só os materiais, assim como os imateriais. 
Uma questão simples, para nossa ponderação e melhor entender a preocupação do gestor 
de Cultura do MEC, é nossa quarta refl exão: Como fazer sobreviver o Jongo, o Mineiro Pau, 
o Candomblé, a Folia de Reis, as diversas manifestações culturais populares, diante da invasão 
eletrônica, que quase atropela a cultura dos municípios, em tempos do III Milênio?
O empobrecimento que representa, para cada município, a perda de parte da sua identidade 
cultural deveria ser “medido” e exposto em um gráfi co para conhecimento de todos, a tal 
ponto que tal exposição promovesse imediata ação para a salvaguarda do patrimônio cultural. 
O historiador do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – Inepac, Sergio Linhares, apresentou 
na sua disciplina os principais conceitos do Patrimônio Cultural, com sua legislação básica e os 
princípios da Educação Patrimonial, e Deborah Lima trouxe componentes fundamentais para 
a compreensão sobre a diversidade cultural no Brasil, capaz de ampliar sua dimensão, bem 
como seu reconhecimento, proteção, promoção e necessidade de preservação. 
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Tomando como referência a premissa da preservação do patrimônio cultural, dois exemplos 
de ausência de uma prática articulada entre os entes federados pesam na condição primária de 
proteção de importantes patrimônios culturais, apresentando quadro de fragilidade, em função 
da ausência de uma divisão de atribuições, articulados harmonicamente. 
A Fazenda Colubandê, situada no município de São Gonçalo, Região Metro III – Leste 
Fluminense, onde prefeitura, governo estadual e união ainda não avançaram na composição 
de ações em prol da preservação do patrimônio de posse do estado do Rio de Janeiro, 
tombado pelo Iphan desde 1940, com a saída do Batalhão Florestal da PMERJ, em 2012, um 
valioso patrimônio histórico cultural, construída em 1618, apresenta preocupante cenário de 
abandono.
O mesmo cenário é realidade no Solar Del Rey, na Ilha de Paquetá, Regional Metro I – Capital, 
patrimônio estadual, mas cedido ao município do Rio de Janeiro por tempo indeterminado 
desde 1976. O prédio histórico, que recebeu o tombamento federal em 1938, encontra-se 
interditado desde 2009 e a comunidade reivindica, desde então, que além de restaurado seja 
transformado no primeiro centro cultural público da localidade, já tendo realizado diversas 
ações com esse reclame. 
Já como um bom exemplo de ação articulada entre os entes federados, no mesmo 
expediente de preservação do patrimônio cultural, destaca-se a Casa Casimiro de Abreu, em 
Barra de São João/Casimiro de Abreu, na Regional Baixada Litorânea, onde município, estado 
e União desempenham com êxito a divisão de tarefas, na especifi cidade das atribuições de 
cada um. 
Na cartilha da Educação para o Patrimônio Cultural, como cidadãos, todos temos 
responsabilidades públicas, sendo classifi cados como coresponsáveis pela preservação do 
patrimônio material e imaterial dos nossos municípios fl uminenses. 
O cientista social e produtor cultural Flavio Aniceto trouxe interessante visão na sua 
refl exão, com propostas de ação fruto de processos construídos a partir do diálogo, 
destacando as parcerias criativas institucionais, públicas ou da sociedade civil, que 
combinadas tendem a contribuir para o desenvolvimento, a gestão e as ações culturais em 
suas realidades socioculturais. Aniceto destacou que as redes e coletivos culturais, como uma 
forma contemporânea de organização fazem, na prática, valer osconceitos de cidadania e 
autonomia cultural e as relações entre os direitos à cultura e à cidade. 
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Associar tal conceito às práticas de produção de ações culturais comunitárias, ou à criação 
de redes (fóruns presenciais ou nas redes sociais, e mais recentemente, no WhatsApp), é 
buscar como estes conceitos podem contribuir para as realidades socioculturais de gestores 
públicos e conselheiros de cultura, agentes e animadores culturais, investindo em retornos 
mais consistentes e efetivos para as políticas culturais. 
Ainda no destaque da cidade como ponto chave do fazer cultural, o economista Mauro 
Osório endossou, na sua disciplina, a importância histórica das cidades, evidenciando as 
políticas desenvolvimentistas e clientelistas que não se encaixam com as necessidades reais do 
Estado, questionando sobre a necessidade de uma defi nição precisa do papel dos municípios, 
nesse “quadro de necessidades” no cenário nacional. 
Citada nas referências da historiadora Lia Calabre, a fi lósofa Marilena Chauí (2006) oferece 
uma cartilha “guia” para a nova administração/gestão da cultura, pautada na “cidadania 
cultural” – conceito que dada a sua importância apareceu reiteradas vezes nessa disciplina e 
ao longo do curso – como alternativa possível para a implementação de políticas culturais de 
caráter mais universal, do “direito a ter direitos”.
Ampliando nosso olhar para o mundo, sem perder de vista o tamanho – importância da 
cidade nesse mapa mundial – cabe a refl exão da obra do sociólogo francês Pierre Bourdieu, 
mais um destaque apontado pela historiadora Lia Calabre quanto à necessidade de enfrentar 
o desafi o da “desigualdade natural das necessidades culturais”.
Nas dez regiões do estado fl uminense, com municípios que apresentam diferentes 
cenários culturais, não cabe o simplismo de afi rmar que uma realidade é mais importante ou 
desenvolvida do que a outra, seja pela quantidade de equipamentos e investimentos culturais 
ou de artistas e manifestações existentes nelas, o que seria negar os próprios direitos e a 
cidadania cultural dos seus munícipes. É preciso associar o marco do desenvolvimento, como 
uma condição de oportunidades, potencializando-as. É por esse prisma que devemos pautar 
nossa prática cultural, buscando ampliar as oportunidades, e fazendo valer a prática cotidiana, 
os conceitos que adquirimos ou revemos ao longo do curso que ora encerramos. 
Por exemplo, uma das oportunidades de refl exão, de pensar sobre e agir a partir de, vocês 
tiveram com as pesquisadoras Eliane Costa e Eliane Sousa e Silva, na compreensão sobre as 
relações entre cultura e desenvolvimento regional, as dimensões singular, particular e global 
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das manifestações artísticas e culturais, sobre a identifi cação das convenções internacionais 
que são referenciais para articular os dois temas e as concepções contemporâneas relativas a 
ambos. O objetivo das duas Elianes pesquisadoras – e realizadoras, diga-se de passagem – nessa 
abordagem, foi auxiliá-lo na importante localização de oportunidades de desenvolvimento no 
seu contexto de atuação local e regional, uma vez que o mapa do mundo começa na sua 
própria rua, bairro, localidade, município, estimulando uma análise do papel das instituições 
culturais e das práticas dos indivíduos, numa perspectiva integrada. 
Nesse caso, o “indivíduo” aqui é você, que é acima de tudo um sujeito cultural conforme a 
perspectiva de cidadania e dos direitos culturais. 
Na composição Mundo & Cidade, estude um pouco mais o relatório do Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD/2004 (Unesco), que trata dos direitos e 
liberdades culturais no centro da temática sobre o desenvolvimento. O documento destaca 
que, para o mundo atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio e acabar por erradicar 
a pobreza, precisa enfrentar primeiro o desafi o da construção de sociedades culturalmente 
diversifi cadas e inclusivas. Essa tarefa do “mundo” é sobretudo um desafi o a ser encarado nas 
cidades, com o exercício da democracia, na prática dos direitos culturais. A própria Unesco 
tem trabalhado nessa tarefa, ao longo de oitenta anos (desde a década de 1940), com quinze 
documentos formulados que tratam dos direitos culturais. 
Nossa quinta refl exão: Com todas as constatações do lugar de importância da cultura 
no mundo (e o que temos lavrado em lei, que estabelece a cultura como direito), o que é 
necessário fazer para que a cultura saia do patamar de desimportância nas pautas e decisões 
políticas?
Nas publicações do especialista em políticas culturais, Teixeira Coelho, autor do livro-
referência Dicionário crítico de Política Cultural (1997), a provocação de que “todos querem a 
cultura, mas ninguém quer pagar pela cultura” é um alerta na contramão do que aponta o 
relatório da Unesco. É uma provocação frente à constatação de cientistas sociais das grandes 
nações europeias, em 2001, que potencializa a cultura como quarto pilar de crescimento e 
desenvolvimento mundial, atrás da economia e do meio ambiente.
Antonio Albino Canelas Rubim, pesquisador, professor da área de políticas culturais da 
Universidade Federal da Bahia – UFBA, que presidiu o Conselho Estadual de Cultura da Bahia, e 
também secretário de Estado da Cultura, participou do último eixo de disciplinas, apresentando 
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questionamentos sobre a gestão cultural e a compreensão do cenário histórico-político; 
abordou conceitos e o perfi l profi ssional de quem atua na área; enfatizou a discussão sobre 
os elementos que levam ao reconhecimento social da profi ssão/atuação no setor cultural. 
Lucas Van de Beuque, na sua explanação sobre os processos de gestão e produção para o 
setor, tratando da aplicação das ferramentas da administração ao universo cultural, dos papéis 
e funções de gestores, produtores, conselheiros e agentes culturais, trouxe boa soma aos 
questionamentos do pesquisador baiano, remetendo-nos à manutenção e sustentabilidade 
de grupos e espaços. 
Menciono os dois colaboradores conteudistas juntos – um com larga experiência e 
trajetória, que ocupou o posto mais alto da hierarquia da máquina estadual (fora o governador), 
e o segundo – mais jovem, diretor do singelo Museu Casa do Pontal, resistente na defesa da 
cultura popular, para atestar que tanto um, como o outro, nas suas diferentes caminhadas, 
respondem a nossa quinta refl exão: estão atuando, seguindo, sem desistir. 
Sexta e última refl exão: Os meses de estudo no Curso de Formação de Gestores Públicos 
e Agentes Culturais contribuíram – ou poderão contribuir – para um novo comportamento na 
sua prática cultural?
Não existe uma fórmula, um “pulo do gato”, para “dominar” os assuntos da cultura. Até 
pouco tempo antes, se aprendia “fazendo”. Agora existem instrumentos com mais solidez 
para atuar, tanto na gestão pública, como nas instituições e entidades da sociedade civil. Se o 
curso equipou você com tais instrumentos, é possível que tenha hoje uma nova prática no seu 
espaço-local de atuação. Desta feita, acreditando que “que o caminho se faz, entre o alvo e a 
seta” (ABRUNHOSA), que você possa fazer bom uso desses instrumentos e refl exões.
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Agradecimentos 
Aos tutores Aline Andrade, Ana Sobral, Carla Marques, Carolina Rocha, Flavia Junqueira, 
Giordanna Santos, Juliana Lopes, Marcella Carvalho, Mariana Carvalho, Rosemeri Maria da 
Conceicão, Rubens Ramos, Theotonio de Paiva e Thiago Ramires, que atuaram como “ponte”, 
facilitando, estimulando a participação dos alunos no AVA e nas aulas presenciais em Duque 
de Caxias, Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu, Vassouras, Mangaratiba, 
Bom Jardim e Itaperuna; e a toda a equipe Cecierj e Faetec, parceiros de alta conta nesse 
investimento da qualifi cação da gestão cultural no estado fl uminense.
Para todos os gestores, conselheiros, animadores e agentes culturais, parabéns pelacaminhada até aqui. Com especial registro, pedimos sua licença para homenagear:
Prof.a Cascia Frade – por sua incansável atuação ao longo de décadas, desde a organização 
da Divisão de Cultura na Secretaria de Estado de Educação do RJ, em 1975, até recentíssima 
participação no Departamento Cultural da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ.
Juareis Mendes – o animador cultural de São Gonçalo, com 70 (setenta) anos e muita 
disposição para continuar seus rabiscos e desenhos pelo Brasil.
Marina – o bebê de Paraíba do Sul (fi lha da aluna Verônica – Turma 1), presente em várias 
aulas do curso. 
E ainda, in memorian: Rosinéa Belmont, de São Francisco do Itabapoana; e Wellington Lyra, 
de Cachoeiras de Macacu. 
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ABRUNHOSA, Pedro. Quem me leva os meus fantasmas. Lisboa, 2007.
BOTELHO, Isaura. Romance de formação: Funarte e Política Cultural. 1976-1990. Rio de 
Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2000. 
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. 22. ed. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2011.
BOURDIEU, Pierre; DARBEL, Alain. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu 
público. São Paulo: Edusp/Zouk, 2003. 
BRASIL. O dia a dia da cultura. Protocolo disponível em: http://www.cultura.gov.br.
CHAUÍ, Marilena. Cidadania cultural: o direito à cultura. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 
2006. 
COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de Política Cultural. São Paulo: Iluminuras, 1997. 
CALABRE, Lia. Políticas públicas culturais de 1924 a 1945: o rádio em destaque. In Revista 
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CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 1998. 
FONSECA, Maria Cecília Londres. Da modernização à participação: a política federal de 
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Fronteira; Fundação Roberto Marinho, 1997.
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Bibliografi a 
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desafi os. In RUBIM, Antonio Albino Canelas; BARBALHO, Alexandre. Políticas Culturais no Brasil. 
Salvador, Edufba, 2007.
	Disciplina 32E3 Iniciais 2
	Disciplina 32E3 2

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