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PEDAGOGIA DOS ESPORTES II: BASQUETEBOL E HANDEBOL E-book 3 Priscilla de Souza Neste E-Book: Introdução ���������������������������������������������������� 3 CONTEXTO HISTÓRICO DO HANDEBOL �������������������������������������������������� 5 Handebol no Brasil ������������������������������������������������ 9 Organização do handebol �������������������������������������� 9 América ����������������������������������������������������������������10 Habilidades motoras e qualidades físicas no handebol ��������������������������������������������������������������13 Treinamento esportivo no handebol: da iniciação esportiva ao alto rendimento �������������� 19 MINI-HANDEBOL �������������������������������������� 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������28 SÍNTESE �������������������������������������������������������30 2 INTRODUÇÃO Neste módulo, vamos conhecer a modalidade do handebol, na área da Educação Física� Nosso ob- jetivo aqui é apresentar a modalidade, bem como sua trajetória histórica, conceito, organização, ha- bilidades específicas, classificação das categorias e adaptação do esporte por meio de metodologias lúdicas� Você irá aprender a identificar as capacidades condi- cionantes e coordenativas necessárias e específicas para a modalidade� Compreenderá, também, como são organizadas as competições de handebol no Brasil e no mundo, e quais órgãos são responsáveis por propagar a modalidade� Além disso, conhecerá o mini-handebol como ferramenta metodológica para trabalhar com crianças menores, proporcionando uma prática educativa produtiva� O handebol é um esporte coletivo que possui uma importante ferramenta pedagógica, pois é durante uma partida de jogo que é possível observar, nos praticantes, valores psicológicos, sociológicos e educativos� No entanto, para que essa prática apresente valores sociais relevantes, necessita de profissionais da área da Educação Física capaci- tados e experientes, com vasto conhecimento da modalidade� Para obter resultados produtivos, o professor deve planejar e organizar suas ações durante o processo 3 de ensino do aluno� Portanto, este módulo de estudo visa a ampliar os conhecimentos dos profissionais da área esportiva, por meio dessa modalidade, que possui uma trajetória histórica muito antiga e que vem crescendo de modo gradativo no mundo e no Brasil, como forma de prática desportiva e prática de atividade física� Cabe ressaltar que o handebol é uma das modali- dades de maior preferência do público infantil, fato este importante, pois a prática de atividades físicas tem perdido espaço para os meios tecnológicos – o que torna a vida menos ativa e o ser humano mais propenso a se tornar sedentário� Durante a leitura deste módulo, você perceberá que a prática desse esporte inicia-se um pouco mais tarde na vida do praticante, por ser uma modalidade com um teor de complexidade e exigência de habilidades específicas, que devem ser trabalhadas com frequ- ência, dentro das fases de desenvolvimento do pra- ticante, sem ultrapassar seus limites e faixa etária� Por isso, o mini-handebol faz parte deste conteúdo: para atender as crianças menores de modo lúdico e prazeroso, fazendo com que elas se familiarizem com a prática da modalidade� 4 CONTEXTO HISTÓRICO DO HANDEBOL O handebol é uma das práticas esportivas mais an- tigas e diversas foram as atividades com bola que contribuíram para as características desse esporte atualmente� O sociólogo Pierre Bourdieu comenta que é difícil obter uma informação precisa sobre o surgimento do handebol, pois várias práticas contribuíram para as características do esporte atual� O campo esportivo provém da ruptura das atividades lúdicas ancestrais, até se constituir em práticas es- pecíficas com regras próprias. Esse esporte possui características próprias e só consegue romper com aspectos de atividade lúdica a partir do momento em que as regras são unificadas e coordenadas por um órgão soberano� No entanto, para melhor com- preender as características e a origem do handebol é preciso conhecer seus precedentes� Na Grécia Antiga, Homero escreveu em seu livro, Odisseia, um jogo – conhecido como “Jogo de Urânia” –, em que os competidores passavam a bola (do tamanho de uma maçã) com as mãos entre seus colegas de equipe, com o objetivo de ultrapassar seus oponentes através de passes� 5 No século 1 d�C�, o médico romano Claudius Galenus registrou um jogo em que se arremessava a bola com as mãos, cujo objetivo era a troca rápida de passes, com a finalidade de dar o maior número de toques possíveis, sem a intercepção da equipe ad- versária� O esporte era chamado de Harpastum, e era praticado pelos soldados da época� Figura 1: Harpastum. Fonte: Zero Zero. Já na Idade Média, o médico austríaco Walther von der Vogelwide relatou um jogo de pegar a bola, pra- ticado pelos cavaleiros medievais� Em 1848, o professor Holger Nielsen criou, na Escola Real Ortrup, o jogo conhecido por Haanbold-spiel, handebol danés ou simplesmente dinamarquês� Em 1906, Nielsen estabeleceu as primeiras regras do 6 https://www.zerozero.pt/text.php?id=5351 handebol� O jogo acontecia em um campo de 45 X 30m, com sete jogadores, e os participantes deve- riam lançar a bola em um arco de 3 X 2m, podendo correr livremente com ela� Em 1892, na então Tchecoslováquia, surgiu o Hazena, um jogo praticado com as mãos, em um campo de 45 X 30m, com sete jogadores� A pontua- ção era realizada em balizas de 3 X 2m� O professor Kristof Antonin regulamentou esse jogo, porém, suas regras só foram publicadas na Europa em 1921� Por volta de 1911, o professor Gualberto Valetta criou o Balon uruguaio – um jogo com base no fu- tebol e que deveria ser jogado com as mãos� Com equipes de 12 jogadores, a bola podia ser passada, jogada e quicada livremente entre os integrantes da equipe; mas o arremesso só poderia ser executado de fora da pequena área do futebol� O professor alemão de Educação Física, Karl Schelenz, após observar a prática, decidiu levar esses jogos para a Alemanha� Seu objetivo era in- troduzir no país um esporte menos violento e que pudesse ser praticado por adolescentes e adaptado para mulheres. Em 1919, Schelenz oficializou as regras adaptadas, e o jogo acontecia em um campo de futebol� Ainda em 1919, na República Tcheca estava sendo regulamentado um jogo parecido com o handebol, com apenas sete jogadores� 7 Com o passar do tempo, a Suécia, devido a seu in- verno rigoroso, resolveu adaptar o handebol para um jogo de quadra em ginásios� O esporte era pra- ticado por sete jogadores de cada equipe, tornando o handebol de quadra uma modalidade mais veloz, por ser praticado em um ambiente interno� Em 1934, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu incluir o handebol de campo nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim – evento que contou com 26 países participantes, e no qual a Alemanha venceu a Áustria na afinal por 10 a 6. Somente em 1972, nos Jogos Olímpicos, em Munique, foi que ocorreu a estreia da modalidade em jogos dispu- tados em quadra, com sete jogadores para cada equipe� Figura 2: Alemanha e Suíça, durante os Jogos Olímpicos de 1936. Fonte: Radio poliesportiva. 8 http://www.radiopoliesportiva.com.br/handebol-de-campo-sim-e-ja-foi-olimpico Handebol no Brasil Após a Primeira Guerra Mundial, Emil Shemehlin trouxe o handebol de campo para o Brasil� O esporte era praticado por grupos germânicos que habitavam as regiões sul e sudeste do país� O Primeiro Torneio Aberto de Handebol aconteceu em São Paulo, em 1954, pela Federação Paulista de Handebol, que instituiu o handebol de salão� Logo foi criado um Departamento de Handebol, com o objetivo de organizar torneios e campeonatos bra- sileiros pela Confederação Brasileira de Desportos� O esporte foi difundido para outros estados princi- palmente por intermédio das escolas� Em 1971, na cidade de Belo Horizonte, foi inserido como moda- lidade nos III JogosEstudantis Brasileiros� A partir de então, o esporte começou a crescer no país, com a participação em jogos universitários, a criação de campeonatos adultos, o surgimento das federações estaduais, a fundação da Confederação Brasileira de Handebol, em 1979; e o Brasil teve sua primei- ra participação nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona� (HUBNER; REIS, 2005) Organização do handebol O Comitê Olímpico Internacional (COI) reconhece a IHF (International Handball Federation) como uma entidade que representa o handebol internacional- 9 mente. Sua sede fica em Basileia, na Suíça, e tem por finalidade organizar competições, desenvolver e promover a modalidade no mundo inteiro� As com- petições internacionais organizadas pela IHF têm parcerias com as federações dos continentes (Ásia, África, Europa e Américas) e dos países que sediam tais eventos� As competições internacionais que fazem parte da IHF são: • Campeonatos mundiais que acontecem nas ca- tegorias adulto, júnior e juvenil, tanto no masculino quanto no feminino, e ocorrem de dois em dois anos; • Jogos Olímpicos que acontecem nas categorias adulto e juvenil, tanto no masculino quanto no fe- minino, e ocorrem de quatro em quatro anos; • Torneios de qualificação olímpica que acontecem apenas para a categoria adulto, tanto no masculino quanto no feminino, e ocorre de quatro em quatro anos� América Nas Américas, quem organiza as competições de handebol é a Federação Pan-Americana de Handebol (PTHF – Pan-American Team Handball Federation), com sede em Aracaju, no Brasil, e que promove as seguintes competições: 10 • Campeonatos pan-americanos que acontecem nas categorias adulto, júnior e juvenil, tanto no masculino quanto no feminino, e ocorrem de dois em dois anos; • Jogos desportivos pan-americanos que acon- tecem nas categorias adulto, tanto no masculino quanto no feminino, e ocorrem de quatro em quatro anos; • Campeonatos pan-americanos de clubes que acontece apenas na categoria adulto, tanto no mas- culino quanto no feminino, e ocorre anualmente� Na América do Sul, a Confederação Sul-Americana de Handebol é a responsável pelas competições sul-americanas� São elas: • Campeonatos sul-americanos em que jogam atle- tas das categorias adulto, júnior e juvenil, tanto no masculino quanto no feminino, e ocorrem de dois em dois anos� • Jogos desportivos sul-americanos que acontecem apenas na categoria adulto, tanto masculino quanto feminino, e ocorre de quatro em quatro anos� No Brasil, as competições de handebol são orga- nizadas pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), fundada no final da década de 1970. FIQUE ATENTO Há uma curiosidade interessante sobre a letra “b” na sigla da confederação: a Confederação Brasileira de Hipismo, por ser mais antiga, já 11 havia registrado a sigla CBH; então, para evitar confusões, a instituição de handebol passou a usar CBHb� A modalidade é praticada em todos os estados e, anualmente, acontecem as seguintes competições: • Liga Nacional – apenas na categoria adulto, tanto no masculino quanto no feminino; • Copa Brasil – na categoria adulto, feminino e masculino; • Campeonato Brasileiro de Primeira Divisão – na categoria adulto, tanto feminino quanto masculino; • Campeonato Brasileiro de Clubes – nas categorias júnior, juvenil e cadete, feminino e masculino; • Campeonato Brasileiro de Seleções – apenas na categoria cadete, no feminino e masculino� Os principais campeonatos regionais são: • Liga Nordeste – acontece apenas na categoria adulto, tanto no feminino quanto no masculino� • Taça Amazônica – ocorre na categoria adulto, tanto feminino quanto no masculino� • Copa Nordeste de Clubes – acontece apenas na categoria juvenil, masculino e feminino� • Copa Nordeste de Seleções – acontece na cate- goria cadete, masculino e feminino� No estudantil, há as Olimpíadas Escolares, com alu- nos de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos� 12 A CBHb promove muitas ações, com o intuito de difundir o handebol no país, mas cabe ressaltar que, mesmo diante de tantas ações que o Brasil realiza, a Europa, além de ser o “berço” do handebol, é também o lugar onde se concentram os melhores jogadores e equipes de todo o mundo� Podcast 1 Habilidades motoras e qualidades físicas no handebol A prática do handebol é capaz de contribuir, de modo global, com o processo de desenvolvimento do prati- cante por ser uma modalidade com grande variedade de movimentos associados à manipulação de bola e à interação entre os jogadores� A rica combina- ção de habilidades motoras fundamentais com as habilidades motoras naturais é o que o torna um esporte tão completo� Portanto, é imprescindível o conhecimento das habilidades motoras específicas dessa modalidade, antes de iniciar o trabalho com este esporte� De acordo com Matos, “aprenderá mais rapidamente aquele que tiver o maior número de ex- periências motoras, uma formação multilateral e um alto nível de qualidades físicas básicas�” (MATTOS apud BARBANTI, 1979) Pode-se dizer que a habilidade motora específica tem caráter voluntário, possui complexidade, du- 13 rante a combinação de movimentos, e um objetivo definido. Ladewig (apud Gallahue; Ozmun, 2001) classifica as habilidade motoras em três categorias: • Locomoção: envolve mudanças de local, havendo deslocamento corporal em relação a superfície; • Manipulação: subdividida em finas (envolve peque- nos grupos musculares; por exemplo: costurar, es- crita) e amplas (envolve grandes grupos musculares; por exemplo: chutar, rebater, receber, arremessar); • Estabilização: (equilíbrio), exige certo grau de ba- lanço dos movimentos� A complexidade de diferentes movimentos espor- tivos pode fazer com que variadas habilidades se- jam associadas� Por exemplo: durante um jogo de handebol, no momento da finta, o atleta realiza a habilidade de locomoção (velocidade), realiza uma habilidade de manipulação durante o drible (com boa velocidade de reação), e apresenta a habilidade de estabilização (equilíbrio) durante a jogada� Para Costa (2018), há muito tempo, o handebol vem sendo investigado quanto às suas capacidades ine- rentes, com o objetivo de encontrar talentos, ajustar e prescrever treinamentos, realizar metodologia de ensino de qualidade, desenvolver e potencializar tais capacidades – entre elas força, resistência muscular, agilidade e velocidade� A prática do handebol proporciona uma ampla vivên- cia psicomotora, importante ao repertório motor da criança, propiciando o desenvolvimento de diversas 14 habilidades físicas e cognitivas, dentre elas, dife- rentes gestos, tais como: correr, lançar, arremessar, saltar, e deslocamentos com mudança de direção e de planos� O handebol é caracterizado por modalidade esporti- va coletiva que, além de contribuir com os aspectos motores e cognitivos do praticante, é capaz de pro- porcionar ações de cooperação, interação, situações de oposição, invasão do campo adversário em am- bientes variáveis� Para tanto é necessário compre- ender como são classificadas as qualidades físicas específicas na modalidade; para que o professor, ao elaborar seu planejamento, possa apresentar aos alunos estratégias de ensino de qualidade, tanto no processo de desenvolvimento motor quanto nos seus processos de ensino e aprendizado� Barbanti (1979) classifica algumas qualidades fí- sicas que são de maior relevância no trabalho com o handebol� O quadro abaixo apresenta sua classificação: Qualidade Física Variação Adaptação FORÇA Máxima Força muscular máxima empregada no movimento - Importante na tomada de decisão - Importante para suportar contato físico 15 Qualidade Física Variação Adaptação Potência Máximo de energia em um ato explosivo (movimento de força com o máximo de velocidade) - Realização de saltos (verticais e horizontais) - Realização de lançamentos (arremessos e passes) - Realização de sprints - Saídas e mudanças de direção rápidas Para suportar repetiçõesde movimentos explosivos Resistência - Realização de saltos - Realização de lançamentos - Deslocamentos VELOCIDADE De reação Para produzir respostas motoras rápidas - Manuseio de bola - Deslocamentos - Contramovimentos Agilidade Permite rápidas mudanças de direção e posição - Realização de fintas - Realização de arremessos - Realização de deslocamentos Da força Para produzir movimentos rápidos contra resistência - Realização de deslocamentos ofensivos/ defensivos - Realização de fintas com marcação (contato) 16 Qualidade Física Variação Adaptação Máxima Movimentos realizados com velocidade máxima - Deslocamentos com velocidade máxima - Arremessos RESITÊNCIA Aeróbica Possibilita a manutenção do rendimento durante a partida - Adaptação cardiorrespiratória - Recuperação durante e após o esforço - Adaptação metabólica (redução na produ- ção de lactato) De velocidade Possibilita realização de movimentos velo- zes e potentes - Habilidades técnicas rápidas e repetitivas Muscular Localizada - Deslocamentos rápidos e repetitivos Permite a realização de repetições de movi- mentos com eficiência por um longo período - Favorece a manutenção de uma determina- da posição - Favorece a realização de arremessos - Favorece a realização de saltos FLEXIBILIDADE Condiciona a capacidade funcional das articulações a movimentarem-se nos limites ideais de determinadas ações - Maior amplitude de movimentos - Melhor relaxamento muscular - Aperfeiçoamento técnico 17 Qualidade Física Variação Adaptação - Prevenção de lesões COORDENAÇÃO Habilidade Execução de movimentos com precisão e economia de energia - Realização de movimentos simples - Drible - Passe Destreza - Recepção Realização de movimentos complexos - Fintas - Arremessos especiais Quadro 1: Classificação das Qualidades Físicas envolvidas no han- debol. Fonte: BARBANTI (1979) Conforme verificado, são destacadas força, veloci- dade, resistência, flexibilidade e coordenação como qualidades físicas imprescindíveis no trabalho com o handebol� Durante uma partida de jogo, todas elas aparecem combinadas com diversos movimentos técnicos e táticos� Ao longo do treinamento, o atleta deve vivenciar essas práticas motoras, de modo estruturado e organizado, para obter melhor per- formance durante seu desenvolvimento� 18 Treinamento esportivo no handebol: da iniciação esportiva ao alto rendimento Cabe ressaltar que, quando o profissional da área esportiva decide realizar um trabalho com deter- minados esportes, ele precisa compreender que o atleta, ao iniciar o treinamento, irá vivenciar práticas de atividades físicas de longa duração, graduada de forma progressiva, individualizada, atuando es- pecificamente nas funções fisiológicas, humanas e psicológicas, com o objetivo de superar tarefas motoras mais exigentes do que as praticadas em seu cotidiano� Tendo em vista o conhecimento desse contexto quanto ao treinamento, o ponto de partida deve acontecer na fase da iniciação esportiva� O professor/técnico deve buscar a capacidade de percepção, de antecipação e tomadas de decisão desde o início do processo de ensino e aprendizado do treinamento, prezando as etapas de desenvolvi- mento e formação do praticante de handebol� Para Ehret et al. (2002), o período de formação bási- ca do treinamento acontece com crianças de até 12 anos de idade, no qual se deve valorizar o trabalho de capacidades condicionantes e coordenativas com grande frequência� Ao categorizar as fases de treinamento, as faixas etárias por categorias são as seguintes: 19 • Período de formação básica (11-12 anos de idade, mirim); • Período de formação básica (13-14 anos de idade, infantil); • Treinamento de formação (15-16 anos de idade, cadete)� De acordo com os regulamentos da Federação Paulista de Handebol e da Confederação Brasileira de Handebol, as demais faixas etárias são catego- rizadas em: • Juvenil (17-18 anos de idade); • Júnior: gênero masculino, com idade entre 19 e 21 anos; • Júnior: gênero feminino, com idade entre 19 e 20 anos; • Adulto acima de 22 anos� Figura 3: Iniciação esportiva Fonte: Portal educação física. 20 http://educacaofisicaportal.blogspot.com/2012/09/handebol-sugestoes-de-atividades.html Portanto, durante o processo de treinamento na iniciação esportiva, o treinador deve ter em mente que o atleta em fase de formação necessita de uma metodologia qualificada, que atenda as fases em que o praticante se encontra, sem ultrapassar seus limites, no qual deverá buscar amplas estratégias de ensino, proporcionando um bom resultado em jogo, e atendendo as demandas individuais do aluno, seja no aspecto físico, cognitivo ou socioafetivo� Categoria mirim De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), quem está na categoria mirim, entre a idade de 11 e 12 anos, passa pela fase da pré-pubescência, sendo esta in- termediária entre a fase da infância e intermediária/ avançada com a fase da pós-pubescência – perío- do marcado pela maturação sexual e pelos fatores significativos de crescimento. O desenvolvimento das capacidades físicas e a in- tensidade do crescimento está relacionado ao tempo e genótipo que cada indivíduo possui� Durante o ensino do handebol, os jogadores dessa fase têm estímulos variados de movimentos com bola, dentro de toda área da quadra� Contudo, é pos- sível observar características relevantes do prati- cante em seu processo de desenvolvimento técnico e tático: a percepção de profundidade, a acuidade visual dinâmica, a coordenação visual e motora que apresenta interação entre as mãos e os olhos para a intervenção da bola ou objeto� 21 Especialistas da área de Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo, dentre os quais se desta- cam: Bompa (2002), Filin (1996), Gallahue & Ozmun (2003), Greco & Benda (1998), Krebs (1992), Matveev (1997), Mesquita (1997), Weineck (1999) e Zakharov (1992) defendem que as competições formais, que exigem perfeição de movimentos ou gestos motores e também grandes soluções táticas, devem, nessa etapa, dar lugar a festivais de esportes modificados e adaptados às características e necessidades dos praticantes� Categoria infantil Na categoria infantil, os jogadores têm idade entre 13 e 14 anos, fase considerada de transição entre as etapas de formação e de decisão que os aproximam da especialização (GRECO; SILVA; GRECO, 2012)� Nessa fase, o handebol deve ser trabalhado de forma específica, porém, sem a orientação para a especialização� Categoria cadete Na categoria cadete, o atleta ou jogador tem idade entre 15 e 16 anos� Nessa etapa, existe uma prio- ridade pela abordagem do sistema defensivo in- dividual, que traz implicações nas características físicas, técnicas e táticas dos praticantes (MENEZES, 2010)� As competições nessa fase são direcionadas por seus técnicos, por meio de sistemas defensivos individuais e/ou zonais mistos ou combinados� 22 Categoria juvenil Na categoria juvenil, os jogadores ou atletas têm idade entre 17 e 18 anos; nessa fase, já alcançaram ótimos níveis de desenvolvimento motor, estando em progressão do movimento de um padrão imaturo para um padrão mais preciso, controlado e intencio- nal, além da compreensão dos sistemas defensivo e ofensivo simples e complexos� Para Ehret et al� (2002) essa categoria trata da fase limítrofe entre o treinamento de base com a apro- ximação ao treinamento de alto nível� Categoria júnior A etapa de aprendizagem especializada é a etapa mais específica da consolidação dos conteúdos do handebol� A partir dessa etapa, segundo Bayer (2001), toda a prática do handebol estrutura-se em forma de postos específicos com finalidades de uma organização coletiva do jogo, o que ocorre por esta etapa ser considerada por Ehret et al� (2002) como ponto de divisão entre o treinamento de base e o de aproximação, em que a principal tarefa será o desenvolvimento da capacidade de jogo de formaespecífica, respeitando os conceitos táticos do han- debol de alto nível� Categoria adulto Nesta categoria, com jogadores ou atletas acima de 22 anos, o processo de ensino ocorre por meio de aprendizagem especializada, com treinamento de 23 alto nível� Nas observações de jogos dos campeo- natos mundiais de handebol adulto, percebe-se que o jogo exige uma dinâmica diversificada de ações dos jogadores, em mais de um posto específico. A evolução do handebol, segundo Feldmann (2001), exige uma formação de jogador universal, ou seja, capaz de realizar diversificadas ações, independen- temente do posto em que estiver atuando� SAIBA MAIS Compreender as fases de desenvolvimento mo- tor que o ser humano passa durante seu perí- odo de vida e saber assimilar essas fases com as habilidade e qualidades físicas existentes na modalidade do handebol pode agregar conhe- cimentos importantes para a formação acadê- mica do profissional da Educação Física. Para saber mais sobre o assunto, indico a leitura do livro Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos, dos au- tores David L. Gallahue, John C. Ozmun e Jackie D. Goodway. 24 MINI-HANDEBOL O mini-handebol é uma adaptação do handebol para crianças de 6 a 10 anos, com atividades lúdicas com ou sem bola, que visa a contribuir com o desenvolvi- mento global e expandir as capacidades do handebol de maneira mais prazerosa� As principais adaptações são: • Espaço físico – relacionado à quadra, que mede 20 X 13m; • A baliza mede 2,40m de largura por 1,60m de altura; • Na categoria Mini A, com crianças de 6 e 7 anos, a bola pode ser de nº 0; • Na categoria Mini B, com crianças de 8, 9 e 10 anos, a bola é H1L� No mini-handebol, as regras são mais flexíveis e a arbitragem, mais pedagógica� Durante o jogo, cada equipe entra com quatro jogadores na linha e um goleiro, com substituição ilimitada; mas isso não impede que a arbitragem aplique cartões amarelo ou vermelho, caso haja punição� A duração da partida é variada, pois acontece de acordo com a disponibilidade do professor e o ob- jetivo primordial dessa modalidade em situação de jogo está relacionada a muita diversão e pouca competição� 25 O mini-handebol é considerado uma atividade pré- -desportiva, criado na década de 1970, na Europa, com o intuito de resgatar o gosto das crianças pela modalidade, em alguns países, e aumentar a inte- ração das crianças com seus pais� Foi somente em 1994 que o International Handball Federation di- vulgou seu material sobre a atividade, tornando o reconhecimento dessa modalidade bastante tardio� Na figura abaixo, você pode analisar os detalhes do espaço em que o mini-handebol é praticado� Figura 4: Mini-handebol: adaptação espaço físico Fonte: Mini han- debol. Podcast 2 26 https://www.minihandebol.com/minihandebol https://www.minihandebol.com/minihandebol SAIBA MAIS Para mais informações sobre o mini-handebol e saber como trabalhar com essa prática es- portiva, sugiro a leitura do livro Teoria e Prática do mini-handebol, de autoria de Diego Melo de Abreu e Milton Geovani Bergamaschi� 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conteúdo deste módulo buscou apresentar o con- texto histórico do handebol, bem como sua origem e trajetória histórica� Ao contrário do basquetebol, a modalidade do handebol não possui um inventor ou uma data de criação� Há, todavia, registros de atividades com bola, realizadas com as mãos� Em vários países e continentes foram encontradas atividades semelhantes ao handebol, que serviam para divertir e colocar em forma diversas pessoas que já apreciavam outros esportes com bola� Com isso, foram criados vários jogos, em diferentes locais do mundo, com objetivos e normas diversas, seme- lhantes ao handebol atual e, assim, sua história foi sendo construída� Após compreender essa trajetória histórica, apre- sentamos aspectos de como as competições são organizadas e quais órgãos representam o hande- bol – fato este que levou à compreensão de que a Europa é uma potência na modalidade� A seguir, o conteúdo tratou das habilidades motoras e qualidades físicas específicas do handebol e a forma de trabalhar com esse esporte nos processos de treinamento de iniciação esportiva� Ao compreender o handebol como modalidade coletiva – que tem início um pouco mais tarde no cotidiano da criança –, dividido em categorias, as informações apresentadas aqui contribuem com o 28 processo de ensino do professor/técnico, da inicia- ção esportiva ao alto rendimento� Por fim, o mini-handebol foi apontado como ferra- menta para agregar conhecimentos ao futuro profis- sional de Educação Física, como forma de inclusão do handebol às crianças, para a prática educativa e a promoção da modalidade a todos� 29 SÍNTESE • Mini-handebol como forma de ferramenta educativa aos profissionais da área, para o trabalho com crianças menores. • Habilidades e qualidades físicas específicas do handebol e iniciação esportiva. • Organização das competições de handebol e órgãos responsáveis: conhecer as competições do handebol na Europa e no mundo, e saber como o esporte é promovido e organizado. • Handebol no Brasil: o contexto histórico da chegada dessa modalidade no Brasil, bem como seu responsável. • Contexto histórico do handebol: conhecer a trajetória histórica da modalidade e os esportes que tiveram semelhanças com as características do handebol atual. Neste e-book foi apresentada a trajetória histórica do handebol, até o processo de iniciação esportiva, dentro dos seguintes aspectos: Modalidade esportiva do handebol: trajetória histórica, organização da modalidade nas competições, habilidades e qualidades físicas específicas e iniciação esportiva PEDAGOGIA DOS ESPORTES II: BASQUETEBOL E HANDEBOL Referências Bibliográficas & Consultadas ALMEIDA, A. G. Handebol: conceitos e aplica- ções. Barueri: Manole, 2012. [Minha Biblioteca] ABREU, D. M.; BERGAMASCHI, M. G. Teoria e prática do mini-handebol. Jundiaí: Paco Editorial, 2016. BARBANTI, V. J. Teoria e prática do treinamento desportivo. São Paulo: Blucher, 1979. BAYER, C. A formação do jogador de Handebol. Apostila do curso de handebol da iniciação ao alto nível. Seminário Internacional de Quadra, Curitiba, 2001. BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2002. BOURDIEU, P.; WACQUANT, L. Una invitación a la sociología reflexiva. 2. ed. 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