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e-Book 3 Flávio Pajanian PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E ÁREAS AFINS ������������������������������������������������������������� 4 CONSTRUÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA �������������������������� 4 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA ������������������������� 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������29 3 INTRODUÇÃO Neste módulo, estudaremos a estrutura e os meios de condução de pesquisas científicas. Em outras palavras, falaremos sobre a construção do projeto de pesquisa, as etapas de preparação para avançar na investigação científica e o detalhamento dos tópicos e capítulos do trabalho. Por ser um elemento fundamental na preparação para o desenvolvimento de qualquer trabalho aca- dêmico, detalharemos a estrutura e o conteúdo do projeto de pesquisa, abordando o conteúdo dos tópicos e capítulos� Em seguida, passaremos a tratar dos pontos mais importantes da estrutura do relatório final de uma pesquisa, detalhando o passo a passo da escrita acadêmica, ou seja, demonstraremos de que modo podemos desenvolver os capítulos e o que precisamos evitar quando o assunto é a redação acadêmica� 44 POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES E ÁREAS AFINS CONSTRUÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA O conhecimento se materializa quando o sujeito se apropria do objeto da investigação, proporcionan- do-lhe grandes descobertas, que historicamente são as responsáveis pelo desenvolvimento das civilizações. O ponto de partida para essas desco- bertas é a curiosidade do pesquisador, a motivação incansável pelo novo� Na ciência, para que os achados sejam validados, é fundamental que haja planejamento, atenção aos procedimentos e normas� E essa é precisamente a função da pesquisa científica, isto é, estabelecer o direcionamento, definir os objetivos, possibilitar a correção das rotas e redefinição das metas. No entanto, observe que no início das investiga- ções existe o caos, pois o pesquisador tem uma vaga ideia daquilo que quer estudar, dificuldade em estabelecer qual linha seguir para abordar o problema, tem dúvidas na definição de hipóteses, pressupostos e proposições, dúvidas de qual mé- 55 todo é o mais adequado etc� Dito de outra forma, parece que o mais difícil é exatamente começar. Considerando as dificuldades iniciais e, diferente- mente do que possa parecer, o mais importante é estabelecer os meios para sair desse momento de incertezas. É o momento de planejar, de delinear a pesquisa científica. Nesse sentido, um bom planejamento envolve uma cuidadosa atenção às suas etapas, ao deli- neamento do estudo, à construção do projeto de pesquisa� Assim, partiremos dessa questão para detalhar todas as etapas, bem como aprofundar nossas conversas sobre os procedimentos para a construção de uma pesquisa científica. A esse respeito, Souza et al. (2019, p. 197) afirmam que, “para a realização de uma pesquisa científica, é importante fazer uma avaliação da proposta inicial, considerando: interesse pessoal; relevância social da investigação a ser feita; viabilidade política e técnica; criatividade e ética”� Com o intuito de facilitar a organização e o fluxo do pensamento científico durante o desenvolvimento da pesquisa, Thomas, Nelson e Silverman (2012) elaboraram um fluxograma com as principais ações envolvidas no processo da investigação científica (Figura 1): 66 Figura 1: O cenário total da pesquisa� Problema Hipótese Achados Discussão Método Teórico Leitura da literatura relevante Definições operacionais Coleta e análise de dados Raciocínio dedutivo Partici- pantes Procedi- mentos Delinea- mento Técnicas de coleta de dados Empírico Raciocínio indutivo Fonte: Adaptada de Thomas, Nelson e Silverman (2012, p. 42). Projeto de pesquisa O primeiro passo para a elaboração de uma pesquisa consistente é a construção de um Pré-projeto ou 77 Projeto de pesquisa� Nele, devem estar previstas as etapas da pesquisa apresentadas em forma de cronograma, o que possibilita a previsão dos passos da pesquisa localizados no tempo em que serão executados. Com a definição de um tema inicial, a primeira etapa consiste no levantamento da literatura que apoia o estudo� Obviamente, quanto maior a quantidade de obras consultadas, maior é a base de conhecimento e teorias que dão sustentação à sua pesquisa� Contudo, o excesso de leituras pode mais atrapa- lhar do que ajudar, pois uma quantidade enorme de informações no início do projeto pode resultar em confusão de conceitos e teorias, bem como dificultar ainda mais a definição de uma linha de pensamento clara e objetiva� É fundamental que essa busca seja feita priorizando uma análise mais profunda sobre o conteúdo, ao invés de simplesmente acumular obras. É preferível realizar leituras mais profundas de textos cuida- dosamente escolhidos a consultas superficiais de uma grande quantidade de obras. Por isso, reflita antecipadamente sobre o que e como estudar� Em linhas gerais, um projeto de pesquisa deve responder a estas perguntas: 88 y O que fazer? abrange a definição do tema do estudo e seu título, a formulação do problema, assim como a construção de hipóteses, pressupostos ou proposições, conforme o caso. y Por que fazer? está diretamente associado à justificativa da pesquisa, configurando-se como a relevância científica do estudo, tanto para a academia quanto para a prática� Nessa mesma perspectiva, temos os objetivos gerais e os ob- jetivos específicos, a fundamentação teórica e a fonte dos dados� y Como fazer? está vinculado à metodologia escolhida. Salientamos que o cronograma dá a dimensão do tempo em que o estudo acontecerá� A fim de responder, o pesquisador precisa estru- turar o projeto de pesquisa incluindo os tópicos necessários ao delineamento da pesquisa� Quivy & Campenhoudt (1995 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p� 47) apresentam as etapas para a elabora- ção da pesquisa científica organizadas (Figura 2): 99 Figura 2: Etapas da pesquisa científica. Etapa 1 - Questão de pesquisa Etapa 3 - Fundamentação teórica Etapa 4 - Construção do modelo de análise Etapa 5 - Coleta de dados Etapa 6 - Análise das informações Etapa 7 - Conclusões Etapa 2 - Exploração Leituras Coleta exploratória Fonte: Adaptado de Quivy e Campenhoudt (1995 apud GERHAR- DT; SILVEIRA, 2009, p. 47). Na figura 3, temos o fluxograma da pesquisa: 1010 Figura 3: Fluxograma da pesquisa. Definição do tema Problema de pesquisa Elaboração do projeto de pesquisa Início da execução do projeto de pesquisa Desenvolvimento do plano de pesquisa Coleta de dados Apuração e organização dos dados Discussão e análise dos dados Interpretação dos dados obtidos Conclusões ou Considerações finais Publicação da pesquisa Reformulação do projeto e ajustamento do(s) instrumentos(s) de pesquisa Fonte: Adaptado de Silva (2015, p� 76)� A partir dessas estruturas, para efeitos didáticos, aprofundaremos os tópicos mais importantes de ambas na sequência� 1111 Tema inicial Definir um bom tema inicial é a melhor forma de iniciar uma pesquisa científica. A escolha do tema deve agradar ao pesquisador, algo capaz de manter seu entusiasmo durante o aprofundamento dos estudos, porque é ele quem estará debruçado sobre livros, artigos e publicações durante um bom tempo. Além disso, o tema deve ser suficientemente rele- vante, tanto para a academia quanto para a socie- dade, o que facilita a formulação da justificativa da pesquisa� Uma pesquisa atenta às bases de dados de artigos científicos pode ajudar o pesquisador com a escolha de um tema pertinente e relevante. A redação deve ser clara e precisa, para comu- nicar exatamente o que se pretende esclarecer, possibilitando a melhor compreensão. Deve ser realista e transmitir a certeza deque o estudo não só é possível de ser conduzido, como também produzirá resultados. Problema de pesquisa O problema de pesquisa representa a dúvida do pesquisador em relação ao tema escolhido. Algo que se pretende descobrir sobre o tema e que, ao final da pesquisa, se espera responder. Por ser uma dúvida, o problema de pesquisa deve ser representado por uma pergunta que indique a 1212 relação entre variáveis definidas em conformidade com o rigor científico. A pergunta bem formulada deve indicar claramente a relação a ser estudada� Sendo assim, a formulação de um bom problema de pesquisa é decisiva para o desenvolvimento de um bom trabalho. Objetivos A definição dos objetivos da pesquisa está direta- mente vinculada ao problema de pesquisa, portanto, um problema bem construído facilita a definição dos objetivos, que por sua vez facilitarão a análise e interpretação dos dados� Na maioria dos casos, as pesquisas têm um obje- tivo geral e objetivos específicos. O objetivo geral indica o que se pretende com a pesquisa, ou seja, qual é a sua finalidade, o “Para quê?” da pesquisa. Deve expressar uma ação, por isso, sua construção deve ser iniciada com um verbo no infinitivo. Por seu turno, os objetivos específicos devem ex- pressar a maneira pela qual se pretende alcançar o objetivo geral� Justificativa A justificativa responde o “Por quê?” da pesquisa. Nessa parte, o pesquisador deve explicar a motivação de estudar determinado fenômeno� Dessa maneira, 1313 sua construção deve discutir qual é a importância da pesquisa, bem como apontar sua relevância para o próprio pesquisador, para a instituição que fornece apoio (verba), para a academia e para a sociedade, além de apontar a viabilidade do estudo� Exploração do tema A exploração do tema consiste na coleta e análi- se da maior quantidade possível de informações relevantes e com forte vínculo ao tema que se pretende estudar. É feita por meio de leituras de obras disponíveis na literatura científica. Essa etapa deve ser conduzida considerando os critérios de relevância e confiabilidade, pois de nada adianta o levantamento de uma grande quantidade de obras pouco relacionadas ao tema e a partir de bases pouco confiáveis. Deve-se realizar, para isso, uma seleção criteriosa de obras sustentarão a pesquisa que se pretende conduzir, a partir de bases de dados bem-concei- tuadas e que contenham, por exemplo, periódicos indexados em níveis mais altos. Além disso, é importante considerar critérios como: evitar selecionar uma quantidade excessiva de obras, selecionar artigos de revisão e síntese, assim como autores que apresentem visões diferentes sobre o mesmo tema� 1414 A partir de uma análise prévia e comparativa das obras, uma técnica muito eficiente para uma leitura organizada é o fichamento. O fichamento é um registro detalhado dos pontos principais da obra, que pode conter a identificação da obra (referência completa), ideia geral do texto, citações diretas relevantes, em- basamento teórico do estudo, contribuições da obra tanto para a academia quanto para a sociedade e uma avaliação pessoal concisa sobre a obra� Esses registros permitem uma consulta rápida ao conteúdo da obra no momento em que for necessário, além de uma fácil comparação entre elas� A coleta exploratória de dados complementa a leitura, uma vez que permite ao pesquisador uma análise mais aprofundada das informações rele- vantes acessadas pela leitura� Pode ser realizada por intermédio de testes, entre- vistas (com especialistas e pessoas diretamente envolvidas), observações ou busca em fontes secundárias de dados� Fundamentação teórica Na seção de fundamentação teórica, estabelece-se o diálogo entre a teoria e o problema de pesquisa (SILVA, 2015). Com isso, fornece a base para os aspectos teóricos da pesquisa, por meio de con- ceitos desenvolvidos por autores referenciais� 1515 A fundamentação teórica é a base (daí o “funda- mento”) para a análise dos dados coletados e a interpretação dos resultados obtidos, ou seja, a discussão final dos resultados deve ser feita à luz da(s) teoria(s) selecionada(s)� Dada a sua relevância para a pesquisa, a funda- mentação teórica merece um capítulo específico dentro da estrutura, no qual se detalham as par- ticularidades das teorias utilizadas e sua relação com o objeto do estudo� Uma boa fundamentação teórica aumenta a credibilidade da pesquisa� Construção do modelo de análise A partir da fundamentação teórica, são construídas as hipóteses, a formulação de pressupostos e as proposições, que se pretende responder, confirmar ou refutar� Em outras palavras, são as prováveis respostas ao problema de pesquisa� Note que as hipóteses são frequentemente utili- zadas nas pesquisas quantitativas, ao passo que os pressupostos e as proposições constituem as pesquisas qualitativas� Podemos definir hipóteses como “[...] respostas possíveis e provisórias em relação às questões de pesquisa� Tornam-se também instrumentos importantes como guias na tarefa de investigação” (LAKATOS; MARCONI, 2017, p. 103). 1616 Uma hipótese pode ser: y Nula: pressupõe que não há relação entre as variáveis do estudo� y Geral ou teórica: corresponde a pressupostos ou proposições, pois é formulada conceitualmente, sem quantificar variáveis. y Operacional: pode ser verificada experimentalmente. y Atributiva: é composta por uma única variável e descreve os fatos� y Associativa: estabelece a relação entre duas variáveis, a primeira conhecida possibilita a pre- visão da segunda� y Causal: estabelece relação de causa e efeito entre duas variáveis� y Alternativa: procura explicações diferentes para o mesmo problema das hipóteses operacionais. y Relativa: avalia a influência de duas ou mais variáveis em outras� y Condicional: assume que uma variável depende do valor de outras duas� y Probabilística: sugere que uma relação entre variáveis é verdade na maior parte da população estudada� y Determinística: sugere relações entre variáveis sempre atendidas� 1717 Coleta de dados A coleta de dados envolve todos os procedimentos em busca das informações que serão confrontadas com o modelo de análise para a produção dos re- sultados� Os dados coletados devem ser tabulados por meio da técnica mais adequada ao método escolhido para, em seguida, serem analisados, com o cuidado de não os manipular, isto é, produzir os resultados esperados pelo pesquisador� Quivy e Campenhoudt (1995 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 47) apresentam três questões a serem respondidas na elaboração desta etapa: y O que coletar? Os dados a coletar são aqueles úteis para testar hipóteses, por serem determina- dos pelas variáveis e pelos indicadores� Podemos chamá-los de “dados pertinentes”. y Com quem coletar? Deve-se recortar o campo das análises empíricas em um espaço geográfico e social, bem como em um espaço de tempo� De acordo com o caso, o pesquisador pode estudar a população total ou somente uma amostra re- presentativa (quantitativamente) ou ilustrativa (qualitativamente) dessa população� y Como coletar? Esta questão refere-se aos instrumentos de coleta de dados, que comportam três operações: 1818 � Conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e necessárias para testar as hipóteses. Por exemplo, um questionário ou roteiro de entrevistas ou de observações. � Testar o instrumento antes de utilizá-lo sis- tematicamente, a fim de assegurar seu grau de adequação e precisão� � Colocar sistematicamente em prática e proceder assim à coleta de dados pertinentes� Portanto, perceba que tanto a escolha do método para a coleta de dados quanto a escolha do instru- mento mais adequado dependem das hipóteses e dos objetivos da pesquisa� Análise e interpretação dos dados Ao final da coleta de dados, o pesquisador tem à dis- posição uma grande quantidade de informações que precisa de organização para ser analisada e interpretada. Esse processode organização é chamado de tabulação de dados� Nesse momento, o pesqui- sador deve adotar critérios de organização com o intuito de agrupar dados semelhantes que serão utilizados posteriormente na confrontação com a fundamentação teórica� A análise dos dados coletados e tabulados à luz da teoria produz resultados que possibilitam o teste das hipóteses. Esse teste, por seu turno, possibi- 1919 lita ao pesquisador “[...] verificar se os resultados observados correspondem aos resultados espe- rados pelas hipóteses ou questões de pesquisa” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 58). Quivy e Campenhoudt (1995 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 58) definem a análise e inter- pretação dos dados da seguinte maneira: [...] a etapa que faz o tratamento das informações obtidas pela coleta de dados para apresentá-la de forma a poder comparar os resultados esperados pelas hipóteses. No cenário de uma análise de dados quantitativos, essa etapa compreende três operações. Entretanto, os princípios deste método podem ser transpostos, em grande parte, a outros tipos de métodos� Assim, os mesmos autores consideram que: y A primeira operação consiste em descrever os dados� Isso remete, por um lado, a apresentá-los (agregados ou não) sob a forma requerida pelas variáveis implicadas nas hipóteses e, por outro lado, de apresentá-los de forma que as características dessas variáveis sejam evidenciadas pela descrição� y A segunda operação consiste em mensurar as relações entre as variáveis, da maneira como essas relações foram previstas pelas hipóteses. y A terceira operação consiste em comparar as relações observadas com as relações teoricamente 2020 esperadas pela hipótese e mensurar o distanciamento entre elas� Se o distanciamento é nulo ou muito pequeno, pode-se concluir que a hipótese está confirmada; caso contrário, será preciso examinar de onde provém esse distanciamento e tirar as conclusões apropriadas. Os principais métodos de análise das informações são a análise estatística dos dados (método quantitativo) e a análise de conteúdo (método qualitativo). Conclusão ou Considerações finais No capítulo final do relatório da pesquisa, o pesqui- sador faz uma breve recapitulação dos caminhos percorrido na construção da investigação, desde os aspectos referentes ao tema, passando pelo problema de pesquisa em sua redação final, carac- terísticas do modelo de análise e sua relação com hipóteses, pontos principais relacionados à coleta, tabulação e análise dos dados, até a comparação dos resultados obtidos em relação aos esperados à luz da base teórica. Além disso, o pesquisador deve salientar os achados adicionais sobre o tema, incluindo as confirmações e controvérsias, as principais contribuições da pesquisa à ciência e sociedade e suas limitações. Na Figura 4, temos um esquema com o resumo das etapas da construção da pesquisa científica, detalhando as ações em cada uma delas: 2121 Figura 4: Etapas da pesquisa científica. Etapa 1 - Questão de pesquisa Formular a questão inicial respeitando: • Clareza • Exequibilidade • Pertinência Etapa 3 - Fundamentação teórica • Fazer uma revisão bibliográfica sobre as teorias aplicáveis • Construir a problemática do estudo Etapa 4 - Construção do modelo de análise • Construir as hipóteses e o modelo precisando: - as relações entre os conceitos - as relações entre as hipóteses • Construir os conceitos precisando: - as dimensões - os indicadores Etapa 2 - Exploração As leituras • Selecionar os textos • Ler com método • Resumir • Comparar os textos entre eles e com a coleta de informações A coleta de informações • Preparar a coleta por meio de entrevistas ou observação • Consultar especialistas, informantes e pessoas envolvidas • Adotar uma atitude de escuta e de abertura • Decodificar os discursos 2222 Etapa 5 - A coleta de dados • Delimitar o campo de coleta • Elaborar o instrumento de coleta • Testar o instrumento de coleta • Proceder a coleta de informações Etapa 6 - A análise das informações • Descrever e preparar os dados para a análise • Mensurar as relações entre as variáveis • Comparar os resultados esperados com os encontrados • Buscar o significado do distanciamento entre eles Etapa 7 - As conclusões • Retomar o caminho metodológico • Apresentar os resultados colocando em evidência: - os conhecimentos novos - as perspectivas práticas Fonte: Adaptado de Quivy e Campenhoudt (1995 apud GERHAR- DT; SILVEIRA, 2009, p. 62). ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA A estrutura do projeto de pesquisa pode variar em função das exigências da instituição, mas em geral contém introdução, problema de pesquisa, objetivo(s), justificativa(s), revisão da literatura, metodologia, referências bibliográficas e crono- grama� Note que os nomes dos tópicos/capítulos também podem variar� 2323 Dependendo do tipo de trabalho, o relatório final da pesquisa deve ter além dos elementos textuais (capítulos diretamente ligados ao seu desenvolvi- mento), uma parte pré-textual, que contenha capa, lombada, folha de rosto, errata (conforme o caso), folha de aprovação, dedicatória, agradecimentos e epígrafe, resumo em língua portuguesa e resumo em língua estrangeira, lista de ilustrações, lista de tabelas, abreviaturas, siglas e sumário� A parte pós-textual deve contar com referências, glossário, apêndice e anexos e índice. Normalmente, cada instituição publica as próprias regras para a estruturação dos projetos de pes- quisa� Portanto, antes de iniciar a confecção do trabalho, deve-se consultar atentamente o manual de trabalhos acadêmicos da sua instituição. Redação científica A construção do texto científico requer prática e dedicação. A maneira mais eficiente de melhorar a redação científica é ler mais e melhor. Quanto maior for a quantidade de boas leituras, melhor será a escrita e mais fácil será a construção do seu texto. A boa escrita científica requer alguns cuidados, por essa razão, apresentamos a Tabela 1: 2424 Tabela 1: Palavras e expressões a evitar. Jargão Uso preferencial Jargão Uso preferencial A bem da verdade Na verdade Considerável quantidade de Muito A fim de Para De cor vermelha Vermelho A grande maioria A maioria De grande importân- cia teórica e prática Útil A partir do pon- to de vista de Para De modo satisfatório Satisfatoria- mente A questão de se Se Definitivamente provado Provado A respeito de Sobre Deve-se notar, no entanto, que Mas A sua opinião era que Acreditava que Deve-se notar que Note que Absolutamente essencial Essencial Devido a Porque Acredita-se que Eu penso que Devido ao fato de que Porque Apesar do fato de que Embora Durante o decorrer de Durante, enquanto Apresento a seguinte opinião Eu penso que Devido ao fato de que Porque Baseado no fato de que Por causa de Durante o decorrer de Durante, enquanto Bastante singular Singular É definido como É Com a possível exceção de Exceto É desnecessário dizer (Deixar de fora e questio- nar a inclusão do que houver a seguir) Com base em Por É evidente que A produziu B A produziu B Com frequên- cia, o caso é que Com frequência É interessante notar que (deixar fora) 2525 Jargão Uso preferencial Jargão Uso preferencial Com o objetivo de Para Efeito resultante Resultado Com o resulta- do de que De modo que Eliminar inteiramente Eliminar Com referên- cia a Sobre Elucidar Explicar Como conse- quência de Por causa de Em alguns casos Às vezes Como costuma acontecer Como ocorre Em conexão com Sobre, relativo a Como hoje em dia Hoje Em estreita proximidade Próximo Completamen- te cheio Cheio Em favor de Para Consenso de opinião Consenso Em minha opinião essa não é uma pressuposição injustificável Eu penso que Em muitos casos Com frequência Modos e maneiras Modos, ma- neiras (não os dois) Em número inferior Menos Não tinha capacida- de de Não podia Em posição de Pode Neste momento Agora Em relação a Sobre No caso de SeEm termos de Sobre No momento presente Agora Em um sentido muito real No sentido de No tocante a Sobre Em uma base diária Diariamente O motivo está em que Porque Em uma época anterior Previamente O nosso conheci- mento é insuficiente Não sabemos Em uma série de casos Alguns O primeiro de todos O primeiro 2626 Jargão Uso preferencial Jargão Uso preferencial Esse resultado parece indicar Esse resulta- do indica O que chamou nos- sa atenção foi o fato de que Descobrimos tardiamente Está claro que Claramente Para o propósito de Para Está claro que ainda serão ne- cessários ou- tros trabalhos antes de se chegar à plena compreensão Eu não compreendi Pela razão de que Já que, porque Executar Fazer Pelo uso de Por, com Fabricar Fazer Por meio de Por Fica aparente que Aparente- mente Previamente Antes Final Último Quanto a Dentre, para Finalizar Terminar Referido aqui como Chamado de Foi observado, no decorrer do experimento, que Nós observamos Relativo a Sobre Foi relatado por ����relatou que Reunido junto Reunido Foram executadas determinações de proteínas Proteínas foram deter- minadas São da mesma opinião Concordam Graças ao fato de que Uma vez que, porque Segundo o teor de Conforme Grande em termos de tamanho Grande Subsequentemente Depois Gostaríamos de agradecer Agradece- mos Suficiente Bastante Há dúvidas sobre se Possivel- mente Sugere-se que Eu penso 2727 Jargão Uso preferencial Jargão Uso preferencial Há motivos para acreditar que Eu penso que Tendo em vista o fato de Por causa de, uma vez que Há muito se sabe que Eu não me preocupei em procurar a referência Ter capacidade de Poder Iniciar Começar Terminar por resul-tar em Resultar em Levar a Causar Uma ordem de mag-nitude mais rápida Dez vezes mais rápido Levar em consideração Considerar Uma série de Muitos Menor em tamanho Menor Utilizar Usa Militar contra Proibir Visto que Como Fonte: Adaptado de Day e Gastel (2006 apud THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012, p. 62). Conheça dicas de como melhorar a escrita científica, consultando Manual de redação técnica e científica, de Maria do Carmo Soares (São José dos Campos: INPE, 2011), disponível em: http://mtc-m16d.sid.inpe. br/col/sid�inpe�br/mtc-m19/2011/12�12�11�52/doc/ publicacao�pdf� Consulte ainda Notas e reflexões sobre redação cientí- fica, de Rogério Lacaz-Ruiz, disponível em: http://www. hottopos.com/regeq2/notas_e_reflex_sobre_reda.htm SAIBA MAIS 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, exploramos os aspectos do trabalho científico. Com isso, aprofundamos os conheci- mentos relacionados à condução da pesquisa científica, detalhando os procedimentos para cada etapa da construção do projeto de pesquisa e do relatório final da investigação científica. Nesse sentido, destacamos o conteúdo de cada tópico ou capítulo dos trabalhos científicos, ana- lisando os meios e os procedimentos para sua construção� Em seguida, discutimos pontos importantes da escrita e, por fim, apresentamos os termos e as expressões que devemos evitar na produção científica. Referências Bibliográficas & Consultadas APPOLINÁRIO, F. Metodologia científica� São Paulo: Cengage, 2016 [Minha Biblioteca]. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica� 6� ed� São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007 [Biblioteca Virtual]. FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes� Porto Alegre: Penso, 2012 [Minha Biblioteca]. GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (Orgs.). Métodos de pesquisa� Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS (Coords.). 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