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MANIFESTAÇÕES CULTURAIS GÍMNICAS - E-BOOK 2

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e-Book 2
Cíntia Regina de Fátima
MANIFESTAÇÕES 
CULTURAIS GÍMNICAS
Sumário
INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3
A CULTURA DA GINÁSTICA E 
EXERCÍCIOS VOLTADOS PARA TODOS 
NAS DIFERENTES IDADES ����������������������������� 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS ��������������������������������������������39
3
INTRODUÇÃO
Neste e-book, você conhecerá um pouco mais sobre 
a ginástica, especialmente como ensiná-la para 
diferentes grupos, com diferentes características.
Para isso, serão abordados os fundamentos que 
são comuns a todas as ginásticas e que podem ser 
trabalhados com todas as faixas etárias, varian-
do o nível e a dificuldade dos exercícios. Depois 
disso, serão discutidas as medidas de segurança 
para evitar possíveis acidentes e lesões nas aulas. 
Esses conhecimentos o possibilitarão ensinar a 
ginástica de forma prazerosa e segura.
44
A CULTURA DA GINÁSTICA 
E EXERCÍCIOS VOLTADOS 
PARA TODOS NAS 
DIFERENTES IDADES
É importante lembrarmos que não há uma defini-
ção única para a ginástica, pois ela se caracteriza 
como um universo, constituído por uma variedade 
de modalidades que são praticadas em diversos 
espaços e com diferentes intencionalidades.
Atualmente, existem cinco campos de atuação: 
ginásticas de condicionamento físico; ginásticas 
de competição; ginásticas de conscientização 
corporal; ginásticas fisioterápicas e ginásticas 
de demonstração (SOUZA, 1997). Dentre esses 
campos de atuação, a Federação Internacional de 
Ginástica (FIG) normatiza e regulamenta apenas 
as ginásticas de competição e de demonstração.
Tendo em vista essa amplitude da ginástica, 
como é possível ensiná-la para diferentes grupos, 
que possuem características distintas? Por onde 
começar o processo ensino-aprendizagem? Qual 
conteúdo deve ser ensinado? Existe um método 
de ensino? Essas perguntas serão respondidas 
neste e-book, a partir da proposta do professor 
Keith Russell (2010), de origem canadense.
55
Ao perceber que as habilidades desenvolvidas na 
atividade gímnica partem de princípios mecânicos 
comuns, Russell estabelece a organização de seus 
conteúdos em padrões básicos de movimentos 
(PBMs), caracterizando-os como fundamentos 
da ginástica. No entanto, os PBMs são um dos 
elementos que integram a sua filosofia educacio-
nal, por isso, a seguir, você vai compreender no 
que consiste essa filosofia que contempla todo o 
processo de ensino-aprendizagem da ginástica.
O processo ensino-aprendizagem da 
ginástica
Russell (2010) apresenta uma “filosofia educacio-
nal” que abrange toda a experiência sucedida no 
processo de aprendizagem da ginástica. O autor 
denominou a filosofia dos três “F”, sendo eles: fun, 
fitness, fundamentals, que na tradução significa 
diversão, aptidão física e fundamentos.
O professor canadense acredita que a aula de 
ginástica deve ser prazerosa para os participan-
tes permanecerem na prática. Deve também de-
senvolver um bom condicionamento físico para 
que aprendam com mais facilidade e de forma 
correta os fundamentos gímnicos. Por último, ao 
se apropriar desses fundamentos, as pessoas 
devem ser capazes de se especializar e avançar 
nas modalidades da ginástica e suas habilidades 
66
correspondentes, pois os participantes já terão 
uma “base” sólida. Agora vamos entender o que é 
e como trabalha cada um dos “F” nas aulas?
Os princípios da diversão na ginástica
Keith Russel (2010) apresenta três princípios para 
garantir que o processo de ensino-aprendizagem 
seja divertido. Eles são: os participantes devem 
estar ativos a maior parte do tempo; os participan-
tes devem se sentir bem-sucedidos nas atividades 
e as atividades devem ser elaboradas através de 
jogos, principalmente. Vamos falar um pouco mais 
sobre isso?
Quando se fala em “estar ativo”, significa que uma 
aula deve ser planejada de forma que os participantes 
estejam em constante interação com o ambiente 
e uns com os outros. Essa estratégia evita que 
a aula se torne entediante. Por isso, não se deve 
programar atividades que sejam realizadas com 
um ou poucos participantes por vez, enquanto os 
demais apenas observam. Nesse sentido, é pos-
sível fazer circuitos, atividades em duplas e trios 
e jogos, sempre propondo que todos participem 
simultaneamente. É importante lembrarmos que, 
em alguns momentos, talvez, seja necessário ob-
servar os colegas realizando determinado exercício, 
pois a aprendizagem também ocorre através do 
olhar atento.
77
Outro ponto importante é pensar em estratégias 
para garantir que os participantes tenham sucesso 
nas atividades a serem realizadas, pois é muito 
desagradável quando não conseguimos fazer nada 
do que é proposto. A sensação de conquista (ou 
o contrário) afeta diretamente o entusiasmo, a 
autoestima e a confiança das pessoas. Imagine a 
seguinte situação: você vai fazer uma aula experi-
mental de ginástica acrobática, por exemplo, e não 
consegue realizar nenhuma postura ou acrobacia 
proposta. Você gostaria de continuar nas aulas? 
Algumas pessoas podem se sentir desafiadas 
e voltar, outras podem se frustrar, sentirem-se 
incapazes e não voltar. Por isso, a aula deve ser 
adequada para o nível de aprendizagem da turma 
e, quando estiverem seguros, a atividade deve ser 
complexificada gradativamente. Nesse caso, o 
planejamento, a estratégia didático-pedagógica e a 
sensibilidade do professor são muito importantes 
para se ter uma aula divertida e prazerosa.
O último princípio é a utilização de jogos como 
recurso pedagógico para se ensinar ginástica 
e tornar o seu aprendizado mais significativo e 
prazeroso. As aulas de ginástica possuem uma 
tradição de treinamentos rigorosos e sistemáticos, 
determinada tanto pela sua origem, que afirmava 
esses ideais, quanto por se tratar de um esporte 
competitivo, que em determinados lugares visa 
88
ao alto rendimento. No entanto, esse “modelo” 
de ensino não é eficaz, especialmente em alguns 
espaços e para determinadas faixas etárias.
Devido aos jogos estarem sempre associados a 
outros esportes, Russell (2010) apresenta algumas 
orientações sobre como eles devem ocorrer na 
ginástica:
 y Deve-se correr em segurança, por isso, esta-
belecer combinados com o grupo;
 y Todos os participantes devem estar ativos no 
jogo durante o tempo todo;
 y Praticar jogos cooperativos e jogos competitivos;
 y Utilizar jogos de “caçadores ou apanhada” ou 
o “pega-pega”, variando sempre as estratégias e 
objetivos dos jogos;
 y Os jogos devem ser adaptados à idade e ma-
turidade dos participantes;
 y Mudar rapidamente um jogo se não funcionar 
corretamente ou se não for seguro;
 y Parar o jogo enquanto as crianças ainda querem 
jogar para não se tornar cansativo e chato;
 y Os jogos devem sempre ter um objetivo vol-
tado à ginástica, portanto, não deve ser apenas 
divertido. Os objetivos devem estar orientados 
para melhorar as capacidades físicas e motoras 
dos participantes ou desenvolver os PBMs.
99
A aptidão física na ginástica
A aptidão física está entre os três “F” da filosofia 
educacional de Russell (2010), pois ele acredita que 
quanto melhor as capacidades físicas e motoras 
dos participantes, mais fácil será o aprendizado dos 
fundamentos gímnicos e a futura especialização 
em uma modalidade.
Para Russell (2010):
Ao manter o grau de dificuldade das atividades pro-
postas elevado, ao nível do esforço físico, o corpo 
dos alunos vai adaptar-se melhor tornando-os mais 
robustos. Isto não vai só tornar os participantes mais 
saudáveis, mas também irá facilitar a participação 
bem-sucedida em qualquer disciplina da ginástica 
ou de outro desporto que eles escolham no futuro.
O professor canadense divide a aptidão física em 
componentes físicos e componentes motores. O 
primeiro compreende a resistência, força, potên-
cia e flexibilidade, enquanto o segundo se refere 
à agilidade, equilíbrio, coordenação e orientação 
espacial (RUSSELL, 2010). A seguir, você compre-
enderá o que é cadacomponente e como podem 
ser estimulados nas aulas.
1010
Aptidão física: componentes físicos
A resistência muscular é a capacidade da mus-
culatura de realizar sucessivas contraturas sem 
fadigar e deve ser estimulada através de exercícios 
repetitivos. Já a resistência cardiorrespiratória é 
a capacidade do coração, vasos sanguíneos e 
pulmão de manter a musculatura nutrida e oxige-
nada. Para isso, é necessário realizar atividades 
por um período considerável, que exija respiração 
profunda e transpiração.
A força é o desempenho máximo que a muscula-
tura exerce em uma contração e ocorre através do 
aumento do tamanho da musculatura ou da efici-
ência de suas ligações nervosas. Para estimular 
a força, deve-se realizar o máximo de repetições, 
com o objetivo de levar a musculatura à exaustão.
A potência é combinação entre força e velocidade 
no seu desempenho máximo, ou seja, realizar o 
máximo de força (contração muscular) de forma 
rápida. Para estimular a potência, é necessário, 
antes, desenvolver suas capacidades básicas 
(força e velocidade) de forma isoladas para que, 
depois de estabelecidas, possam ser trabalhadas 
conjuntamente, sem causar lesões.
A flexibilidade é o aumento da amplitude de movi-
mento (AM) das articulações, que ocorre através do 
alongamento da fibra muscular envolvida, resultando 
1111
no aumento de seu comprimento quando o indiví-
duo está em repouso. Nesse sentido, é importante 
estimular a AM com exercícios de alongamento, 
combinando-os com os exercícios de força.
Aptidão física: componentes motores
A agilidade se refere à capacidade de (re)agir por 
meio do movimento ou do deslocamento, com 
rapidez e eficiência. Nesse caso, é importante fa-
zer atividades repetitivas, realizadas com o corpo 
todo, como os saltos.
O equilíbrio é a capacidade de se manter em 
determinada posição, seja de forma estática (pa-
rado) ou dinâmica (se movendo), por isso, essa 
aptidão exige um bom desempenho das funções 
sensoriais, da força e da flexibilidade. Então, além 
de estimulá-las, também é importante colocar o 
participante em várias situações de equilíbrio/
desequilíbrio em diferentes partes do corpo, sob 
objetos ou aparelhos.
A coordenação é um tipo de habilidade que pode ser 
complexa – quando abrange todo o corpo em um 
determinado padrão de movimento, por exemplo: 
saltos, passos de dança e carrinho de mão – ou 
pode ser mais “simples” – quando envolve partes 
do corpo (olho-mão, olho-pé) e, nesse caso, está 
relacionada à manipulação de objetos, tais como: 
bola, bastão, materiais portáteis. A ginástica pos-
1212
sui muitos elementos de coordenação, por isso 
sempre estão sendo estimulados.
A orientação espacial se refere à reação do corpo 
(equilíbrio e sensibilidade) quando é submetido a 
determinados movimentos (de inversões e rota-
ções). Nos fundamentos da ginástica, a orientação 
espacial é muito trabalhada, especialmente quando 
há combinação entre os diferentes padrões básicos 
de movimentos. Esse assunto será aprofundado 
no próximo tópico.
Os fundamentos da ginástica
Embora a ginástica seja um universo muito amplo, 
com vários campos de atuação e diferentes espe-
cificidades, Russell (2010) compreende a ginástica 
como um grande guarda-chuva constituído por 
disciplinas (modalidades) e atividades (objetivos 
ou intencionalidades).
1313
Figura 1: Guarda-chuva da ginástica. 
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G
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A
S
GINÁSTICA
Disciplinas Atividades
Fonte: Russel (2010, n.p.)
Ao tentar estabelecer um programa geral, que tivesse 
um ensino básico e eficaz, contemplando todas as 
ginásticas, Russell (2010) identificou que existem 
pontos em comum que podem ser considerados 
como fundamentais no ensino da ginástica e então 
os denominou de padrões básicos de movimentos 
(PBMs). Os PBMs são uma proposta de organização 
dos conteúdos, elaborada a partir dos princípios 
mecânicos comuns e fundamentais que compõem 
as diferentes “modalidades” gímnicas. Os PBMs 
podem ser ensinados em qualquer espaço de 
aprendizagem e para todos os grupos etários, no 
entanto, ainda que o conteúdo permaneça, a es-
tratégia didática, isto é, a forma de abordá-los e o 
grau de dificuldade estabelecido, será diferente. Os 
1414
6 PBMs são: posições estacionárias, aterrissagem, 
salto, deslocamento, rotação e balanço. Vamos 
entender esses movimentos e sua sistematização?
De acordo com os princípios mecânicos, Russell 
(2010) divide as habilidades da ginástica em dois 
grandes grupos: estacionárias e não estacionárias. 
O grupo das posições estacionárias compreende 
as habilidades de apoio, de equilíbrio e de suspen-
são. Já no grupo das não estacionárias existem 
as habilidades linear ou rotacional. Veja como fica 
essa organização na figura abaixo:
Figura 2: Habilidades de ginástica. 
GINÁSTICA
POSIÇÕES
ESTACIONÁRIAS
APOIOS
NÃO
ESTACIONÁRIAS
SUSPENSÕES EQUILÍBRIOS LINEAR ROTACIONAL
Fonte: elaborado pela autora.
E o que caracteriza cada grupo? A seguir, cada 
item será descrito.
1515
Posições estacionárias
No grupo estacionárias, encontram-se aquelas 
habilidades em que o centro de massa está loca-
lizado dentro da base de sustentação do ginasta, 
ou seja, ele não se move para fora da base que o 
sustenta. Apesar disso, dependendo da localidade 
do centro de massa em relação à sua base de sus-
tentação, as habilidades podem ter características 
diferentes, isto é, podem ser de apoio, de equilíbrio 
ou de suspensão.
 
Você sabia que o conceito de centro de massa pode ser 
aplicado em diferentes áreas do conhecimento, como 
na área de exatas?
Na Física Mecânica, o centro de massa é um ponto 
que se comporta como se toda a massa de um corpo 
estivesse concentrada sobre ele.
Russell (2010) propôs uma definição que ajuda melhor 
compreendê-lo na ginástica: “o centro de massa de 
um corpo não é um ponto fixo. Este varia conforme a 
distribuição da massa corporal varia. Se estiver de pé e 
levantar os braços no ar, a sua massa é deslocada para 
cima, por isso o centro de massa também é deslocado 
para cima”.
FIQUE ATENTO
1616
Quando o ginasta realiza determinado movimento 
e se mantém estável, significa que o seu centro 
de massa está localizado no meio da base de 
sustentação, portanto, se refere a uma habilidade 
de apoio.
Figura 3: Habilidade de apoio. 
Fonte: Fonte: Russel (2010)
Por outro lado, quando o centro de massa está 
no limite da base de sustentação, o ginasta está 
em uma posição instável, pois qualquer pequeno 
movimento pode deslocar o centro de massa para 
fora da base de apoio, por isso é denominada de 
habilidade de equilíbrio.
1717
Figura 4: Habilidade de equilíbrio. 
Fonte: Fonte: Russel (2010)
 
Observe que nas duas imagens anteriores (posição de 
apoio e posição de equilíbrio) temos posições seme-
lhantes, mas ao levantar o braço e a perna na segunda 
imagem a base de apoio fica menor e o centro de 
massa se desloca, consequentemente, a posição se 
torna mais instável (ou de equilíbrio). Se alguém tocar 
na pessoa da primeira posição, dificilmente ela vai cair 
ou se desestabilizar, mas se tocar na da segunda será 
mais fácil, pois o centro de massa está no limite das 
bases de apoio.
FIQUE ATENTO
1818
Por fim, quando o centro de massa está abaixo da 
base de sustentação, caracteriza-se como uma 
habilidade de suspensão e são consideradas po-
sições muito estáveis.
Figura 5: Habilidade de suspensão. 
Fonte: Russel (2010)
Posições não estacionárias
As posições não estacionárias são mais comple-
xas, pois os princípios mecânicos desse grupo 
1919
variam muito. Primeiro, as posições não estacio-
nárias podem ser compreendidas a partir de duas 
características gerais, isto é, linear ou rotacional. 
Ambas indicam a forma como o centro de massa 
se comporta. No que se refere ao grupo de natu-
reza linear, existem dois padrões de movimento:saltar e locomoção (ou deslocamento). O grupo 
de natureza rotacional é composto pelos padrões 
de movimento rotação e balanço. A figura abaixo 
representa quais PBMs integram cada um desses 
subgrupos.
Figura 6: Posições não estacionárias. 
POSIÇÕES NÃO
ESTACIONÁRIAS
LINEAR ROTACIONAL
SALTAR LOCOMOÇÃO(DESLOCAMENTO) ROTAÇÃO BALANÇO
Fonte: elaborado pela autora.
 y Movimentos lineares
Os saltos se caracterizam por um movimento ex-
plosivo, deslocando-se da base de apoio. Podem 
ocorrer com os pés (com os dois ou apenas um), 
com os braços (raramente com um apenas) e com 
2020
outras partes do corpo, quando for realizado sobre 
o trampolim. Para se obter um bom resultado nos 
saltos, são necessários três princípios mecânicos 
básicos: 1) garantir a potência da musculatura a 
ser utilizada, ou seja, deve estar forte e veloz; 2) 
o corpo deve estar rígido para que a força gerada 
impulsione o corpo e 3) utilizar os membros auxilia-
res (não impulsionadores) para aumentar a força, 
por exemplo: se vai saltar sobre os pés, utilize os 
braços para auxiliar no impulso.
Figura 7: Movimentos lineares – saltos. 
Fonte: Russel (2010)
2121
Já a locomoção se refere ao mover-se repetidamente 
para fora da base de sustentação, ocorrendo um 
deslocamento. A locomoção pode ser realizada 
por meio de movimentos para trás, frente, lados 
ou em qualquer padrão. Além disso, pode estar 
apoiado nos pés ou nas mãos, assim como pode 
ser realizado sozinho, com um parceiro ou em 
grupo. Os movimentos da locomoção incluem 
correr, andar, saltar etc.
Figura 8: Movimentos lineares – locomoção. 
Fonte: Russel (2010)
 y Movimentos rotacionais
A rotação é o movimento que se realiza “girando” 
o corpo em um dos eixos internos (longitudinal, 
transversal e ântero/posterior). A rotação pode 
ocorrer tanto no ar (no mortal), como em contato 
com a base de sustentação. Já o balanço é o 
movimento de rotação do corpo sobre um eixo 
externo, como em barras, argolas etc. 
As rotações são consequências de forças externas 
ao centro de massa, de tal forma que quanto mais 
a força aplicada estiver fora do centro de massa, 
2222
maior será a rotação e menor o deslocamento. 
Os tipos de rotação são: longitudinal, transversal 
e ântero/posterior.
No eixo longitudinal, podem ocorrer sobre os dois 
pés ou um pé (piruetas); saltos com voltas com os 
dois pés ou com um pé; apoio frontal para apoio 
dorsal para apoio frontal e suspensão prolongada 
com uma volta.
Figura 9: Movimentos rotacionais – eixo longitudinal. 
Fonte: Russel (2010)
No eixo transversal, é possível rolar para frente ou 
para trás. É importante destacar que é mais fácil 
ensinar os rolamentos para frente, especialmente 
para os iniciantes. Além disso, existem diferentes 
2323
combinações de rotações para torná-las mais 
complexas.
Figura 10: Movimentos rotacionais – eixo transversal. 
Fonte: Russel (2010)
Na rotação no eixo ântero-posterior, tem-se como 
exemplo a roda (também conhecida como “estrela”). 
Existem variações de roda, ao se modificar a posi-
ção dos braços ou os pontos de contato. Elas são: 
braços afastados, braços juntos, braços cruzados, 
um braço, com os punhos, com os cotovelos, com 
uma mão e um punho.
Figura 11: Movimentos rotacionais – eixo ântero-posterior. 
Fonte: Russel (2010)
2424
O balanço é um tipo de movimento rotacional no 
qual o eixo é externo, comumente caracterizado 
por aparelhos. O princípio mecânico do balanço é 
dividido em fase ascendente, na qual o centro de 
massa deve ser aproximado do eixo de rotação; e 
fase descendente, quando o centro de massa se 
afasta do eixo. Esse movimento pode ser visualiza-
do quando brincamos em um balanço. Lembre-se 
de quando era criança, para conseguir mover o 
balanço sozinha, com o próprio corpo, era neces-
sário esticar a perna e o corpo (aproximando-se 
do eixo de rotação) no movimento ascendente 
do balanço (quando ele estava subindo, seja para 
frente ou para trás) e no descendente (quando 
ele estava descendo) tinha de flexionar a perna e 
o corpo (afastando-se do eixo de rotação). Esse 
movimento fazia com que o balanço não parasse 
e tivesse mais velocidade, sem que alguém preci-
sasse o empurrar.
Aterrissagens (recepção)
Por último, existe um grupo que não se carac-
teriza nem como movimento estacionário, nem 
como não estacionário, pois é a transição do mo-
vimento para a posição estacionária. Esse grupo 
é denominado recepções (no Brasil é conhecido 
por aterrissagens). Diferente do padrão básico de 
movimento “salto”, no qual ocorre uma explosão 
de um único movimento que retira o corpo (e o 
2525
centro de massa) da base de apoio, a recepção 
(ou aterrissagem) é o mover o corpo (e o centro 
de massa) em direção à sua base de sustentação. 
A aterrissagem é o movimento mais importante 
em relação aos PBMs, pois além de ser o mais 
comum entre as ginásticas, também é o que ga-
rante a finalização de um movimento ou de uma 
sequência de movimentos com segurança. Veja, 
na figura abaixo, como Russell (2010) organiza os 
6 Padrões Básicos de Movimentos, de forma que 
a aterrissagem ocupa um espaço diferenciado:
Figura 12: Padrões Básicos de Movimentos. 
POSIÇÕES 
ESTACIONÁRIAS SALTOS LOCOMOÇÕES ROTAÇÕES BALANÇOS
RECEPÇÕES
GINÁSTICA
Fonte: adaptado de Russel (2010)
Para uma recepção (ou aterrissagem) correta e 
segura é necessário sempre flexionar as articula-
ções (joelhos e cotovelos) para amenizar impacto 
e desacelerar o corpo lentamente até finalizar o 
movimento. Existem três formas de Aterrisagens: 
com os pés, com as mãos e rolar nos ombros (com 
2626
rotação ou com as costas). Além disso, elas podem 
ocorrer de frente, de lado e atrás.
Figura 13: Recepções (aterrissagens). 
Com os pés
Frente
Com as mãos
Frente
2727
A enrolar nos ombros
Frente
Com os pés
Atrás
2828
Com as mãos
Atrás
a enrolar nos ombros
Atrás
2929
Com as mãos
De lado
A enrolar nos ombros
De lado
Fonte: Russel (2010).
Como você pôde perceber até aqui, o ensino da 
ginástica deve envolver diversão, aptidão física e 
fundamentos gímnicos. Nos fundamentos tem-se 
estabelecido 6 PBMs, compreendidos como: mo-
vimentos estacionários, movimentos não estacio-
nários (deslocamento, salto, rotação e balanço) e 
3030
aterrissagem. A aterrissagem é um movimento que 
constitui tanto o grupo estacionário quanto o não 
estacionário, por isso, não é um terceiro grupo, mas 
sim um padrão de movimento comum entre esses 
dois. Nunomura (2000) organizou um quadro que 
sintetiza esses 6 PBMs, especificando os tipos e 
os princípios mecânicos. Veja abaixo:
Tabela 1: Os Padrões Básicos de Movimento propostos por 
Russell. 
PBM Tipos Princípio Mecânico
Aterrissagens
Sobre os pés
Sobre as mãos
Com rotação
Sobre as costas
Utilizar mais tempo e 
mais partes do cor-
po para absorver o 
momento de qualquer 
aterrissagem.
Posições 
Estáticas
Apoios
Suspensões
Equilíbrios
Relação entre o Centro 
de Gravidade (CG) e a 
Base de Apoio (BA):
- Quanto mais próximo 
o CG da BA, maior a 
estabilidade
- O CG deve estar den-
tro da BA
- Quanto maior a BA, 
maior a estabilidade
- Para um corpo seg-
mentado, a estabilidade 
será maior quando o 
CG de cada segmento 
estiver situado verti-
calmente sobre o CG 
do segmento imediata-
mente abaixo.
Deslocamentos
Sobre os pés
Em apoio
Em suspensão
Aplicação de força 
interna (contração 
muscular) para mover 
o CG.
3131
Rotações
No eixo 
longitudinal
No eixo 
transversal
No eixo 
ântero-posterior
Para iniciar uma rota-
ção, aplicar uma força 
que não passe pelo CG. 
Quanto mais longe a 
força for aplicada do 
CG, maior o efeito de 
rotação.
Saltos
Com as duas 
pernas
Com uma perna
Com as mãos
Aplicação de força 
interna ou externa para 
produzir um desloca-
mento rápido do CG. 
Essa força deverá ser 
de magnitude suficien-
te, na direção desejada 
e aplicada a um corpo 
rígido.
Balanços Da suspensãoDo apoio
Na fase ascendente, o 
momento será diminu-
ído. Na fase descen-
dente, o momento será 
aumentado. A retoma-da das mãos deverá 
se realizar no topo ou 
ponto morto. A barra 
deverá ser segurada em 
forma de gancho.
Fonte: Nunomura (2000, p. 32)
Para ensinar a ginástica, é importante planejar uma 
aula divertida, que tenha aquecimento e exercícios 
de condicionamento físico, pois, além de preparar o 
corpo, o praticante também adquire componentes 
físicos e motores que possibilitam novas apren-
dizagens com segurança. Depois disso, pode-se 
introduzir os PBMs, inicialmente de forma isolada 
e depois fazendo combinações (salto + aterrissa-
gem + rotação + posição estática) em um único 
3232
exercício. É importante complexificar a atividade 
à medida que o aluno avança em cada padrão de 
movimento. Ao final da aula, deve-se propor uma 
atividade de volta à calma.
Destaca-se que a aula deve ser prazerosa, por 
isso, é importante utilizar o recurso de jogos e 
brincadeiras tanto no momento de preparação 
corporal quanto na aprendizagem dos fundamen-
tos gímnicos. No planejamento das aulas deve-se 
considerar as características de cada faixa etária. 
Quanto menor a idade, mais se utiliza de situações 
imaginárias e lúdicas no processo de aprendiza-
gem. A partir dos sete anos, a imaginação passa 
a ser oculta e, paulatinamente, são introduzidos 
jogos que envolvem regras e competições. Outra 
possibilidade de planejamento que torna a aula 
mais dinâmica e atrativa é utilizar “estações”, na 
qual várias atividades acontecem simultaneamen-
te e o participante passa de estação em estação 
vivenciando as diversas propostas.
A ginástica tem grandes contribuições para o 
desenvolvimento humano, pois trabalha de forma 
integral os aspectos cognitivos, afetivos e moto-
res. A execução de qualquer habilidade envolve 
uma compreensão conceitual, sendo necessária 
a memorização, a atenção e a imaginação, entre 
outros; além disso, trabalham-se os aspectos emo-
cionais e sentimentais, extremamente importantes 
3333
na aprendizagem de habilidades motoras, pois o 
praticante lida diretamente com o medo, a raiva, 
a alegria e a insegurança. Outro item importante 
é a socialização, na qual os praticantes trocam 
experiências e estabelecem relações diversificadas, 
aprendendo a lidar com o outro e consigo mesmo, 
constituindo, dessa forma, a sua personalidade. 
Por fim, a ginástica contribui diretamente para o 
desenvolvimento motor, pois é repleta de movimento 
complexos, que desafiam constantemente as pos-
sibilidades corporais dos praticantes, adquirindo 
sempre novas capacidades físicas e gestuais.
Para praticar a ginástica é preciso muito cuidado, 
pois esses movimentos complexos e desafiadores 
podem provocar acidentes e lesões corporais. Em 
função disso, no próximo tópico você vai aprender 
como ensinar a ginástica com segurança.
As medidas de segurança na ginástica
Acidentes podem acontecer na ginástica, assim 
como em qualquer outra atividade física. No entanto, 
podemos evitá-los estabelecendo procedimentos 
de prevenção. Em função disso, para garantirmos 
a segurança, é preciso, primeiramente, conhecer 
quais as possíveis causas de acidentes.
Segundo Nunomura (1998), existem causas intrín-
secas e extrínsecas. As causas intrínsecas, como 
o próprio nome já diz, são aquelas relacionadas ao 
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próprio praticante e, por isso, são mais subjetivas. 
Elas são: fator psicológico (aspectos emocionais, 
falta ou excesso de confiança etc.); fator biológico 
(fadiga, preparação corporal inadequada, distúrbios 
fisiológicos, perda da ação reflexa etc.) e discipli-
na (falta de atenção, descumprimento de regras, 
utilização incorreta de equipamentos etc.).
As causas extrínsecas são de origem externa, 
portanto, mais objetivas e previsíveis, sendo mais 
fácil controlá-las. Elas são: fator pedagógico 
(orientação e ajuda inadequada etc.); instalações 
(piso, altura do teto, distância entre equipamentos) 
e equipamentos (má conservação ou instalação).
Para evitar esses acidentes, Nunomura (1998) cita 
as orientações da Federação das Ginásticas dos 
Estados Unidos (USGF) (UNITED STATES GYM-
NASTICS FEDERATION, 1993), que recomenda:
 y Exames periódicos (a cada dois anos);
 y Prática de exercícios de condicionamento;
 y Uso de vestimenta adequada (roupas justas, 
cabelos presos, não utilizar adereços, calçados 
adequados);
 y Inspeção frequente de equipamentos e 
instalações;
 y Orientações para possíveis riscos;
 y Trabalho de habilidades adequadas para o 
nível dos alunos;
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 y Supervisão e registro dos planejamentos de 
aula e dados dos alunos;
 y Aquecimento e relaxamento.
Russell (2010) também propõe algumas medidas 
de segurança:
• Baixar os aparelhos, ou elevar os tapetes;
• Proporcionar actividades com progressões para 
os exercícios;
• Melhorar a preparação física dos ginastas;
• Impedir certos exercícios até os ginastas estarem 
melhor preparados, para aprenderem esses exer-
cícios sozinhos;
• E, claro, ensinar aos ginastas como “gerir os seus 
próprios corpos”, ensinando-lhes a fazer RECEPÇÕES 
de forma eficiente e, de seguida, continuar a praticar 
RECEPÇÕES em todas as aulas.
Como você pôde perceber, existem diversas ações 
preventivas que podem garantir a segurança na 
prática da ginástica. Essas ações envolvem os 
alunos, os professores e o ambiente. É imprescin-
dível que o professor dê as orientações no início 
da aula, explique possíveis riscos, estabeleça 
regras e acordos com seus alunos. Os exercícios 
devem acompanhar a sequência didática, sem 
pular etapas. A cada exercício realizado, deve-se 
evitar que o aluno esteja sozinho, além disso, ele 
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também deve ser bem orientado sobre o que pode 
ou não ser feito. É necessário verificar os mate-
riais, o espaço e as instalações para garantir que 
estejam em condições seguras para a realização 
da atividade. É imprescindível que o aluno utilize 
vestimenta adequada, aqueça-se corporalmente 
para evitar lesões musculares e ligamentares e, 
principalmente, aprenda a recepção (ou aterrissa-
gem). A aterrissagem deve ser o primeiro padrão 
de movimento a ser ensinado, pois, por meio dele, 
o aluno aprende a “cair” de um salto, suspensão 
ou qualquer outro movimento.
É importante seguir essas orientações e a ginástica 
se tornará uma atividade segura e muito prazerosa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ginástica, por mais que tenha sua pluralidade e 
possa ser praticada de diversas formas e em di-
versos lugares, tem movimentos básicos comuns 
a todas as suas modalidades, são os chamados 
padrões básicos de movimento (PBM). Eles são: 
aterrissagens, posições estáticas, deslocamentos, 
saltos, rotações e balanços. É importante ensinar 
cada um desses movimentos, suas diferentes 
possibilidades e depois combiná-los entre si, 
apresentando as habilidades mais complexas da 
Ginástica. Esses PBMs são a base de todas as 
ginásticas, por isso, antes de se especializar em 
alguma modalidade ou disciplina, é importante 
que a aprendizagem dos padrões de movimentos 
já esteja estabelecida para garantir a segurança e 
um bom desempenho na prática.
Embora a ginástica tenha habilidades complexas 
e desafiadoras, você aprendeu que existem ações 
preventivas que podem garantir uma prática segura. 
As medidas de segurança envolvem um planeja-
mento adequado das aulas, espaços e aparelhos 
em bons estados de conservação, vestimentas 
apropriadas para a prática, orientações corretas e 
detalhadas, atenção nos ensinamentos, disciplina 
quanto às regras e, por fim, aprender a cair e/ou 
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sair dos movimentos de forma segura, através da 
aterrisagem.
A junção dos conhecimentos abordados neste 
e-book permitiu que você compreendesse como 
ensinar a ginástica para diferentes grupos de for-
ma segura.
Referências Bibliográficas 
& Consultadas
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corporal. 3. ed. São Paulo: Summus, 2014. 
[Biblioteca Virtual] 
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Koogan, 2019. [Minha Biblioteca]
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NUNOMURA, M. Uma Alternativa de Conteúdo 
para um Programa de Iniciação à Ginástica 
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[s.l.], v. 6, n. 1, p. 31-34, 2000. Disponível 
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Ensinando ginástica para crianças. 3. ed. 
Barueri: Manole, 2015. [Biblioteca Virtual].
	Introdução
	A cultura da ginástica e exercícios voltados para todos nas diferentes idades
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas