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ICTERÍCIA NEONATAL → Icterícia: coloração amarelada da pele e mucosas, provocada por um aumento da fração indireta da bilirrubina, ou da sua fração direta, que ocorre menos frequentemente. Hiperbilirrubinemia Fatores de risco para hiperbilirrubinemia - Aleitamento materno exclusivo-ALE - ALE versus dificuldades de amamentar - Perda de peso RN >8-10% - Pré-termo - Doença hemolítica isoimune - Causa genética (Gene DPGT, OATP2) Toxicidade da bilirrubina 1. Impregnação dos núcleos da base - Subtalâmico e globus pallidus 2. Hipocampo 3. Núcleos do tronco cerebral - oculomotor - vestibular - núcleos do cerebelo OBS.: Os núcleos da base participam na aprendizagem, na realização dos movimentos voluntários e daqueles que exigem habilidade motora. Sinais de intoxicação bilirrubínica 1º período: hipotonia , letargia, sucção fraca. 2º período: hipertonia, opistótomo, febre. 3º período: silencioso 4º período: encefalopatia bilirrubínica crônica Formas clínica da intoxicação bilirrubina Forma Aguda: ● 1ª fase - 1°-2° dia: letargia, hipotonia, dificuldade de sucção. ● 2ª fase- 2ª semana: vômitos, gritos estridentes, febre, hipertonia (opistótomo), retrocollis. ● 3ª fase- Após 1a semana: melhora aparente, diminuição espasticidade Forma crônica ● Primeiro Ano: hipotonia, reflexos tendinosos ativos, reflexo TC obrigatório, RNPM. ● Após 1 ano: Movimentos anormais (coreoatetose, balismos, tremor), desvio do olhar para cima, surdez neurosensorial. Toxicidade sistêmica hiperbilirrubínica - Inibe enzimas mitocondriais, síntese DNA - Inibe a fosforilação oxidativa - Interfere na neurotransmissão → VIII PC - Inibe trocas iônicas e transporte de água células renais->edema neuronal que ocorre na encefalopatia bilirrubínica com kernícterus Fisiologia da bilirrubina → No adulto: - Bilirrubina é o produto da degradação do grupamento heme das hemácias - O sistema reticuloendotelial degrada o grupamento heme formando → bilirrubina indireta (lipossolúvel) + albumina → carreada até o fígado - Fígado capta e conjuga (glicuroniltransferase) a bilirrubina iretama → formando bilirrubina direta (hidrossolúvel) desconjugada e reabsorvida (glicuronidase) - Bilirrubina direta por ser excretada pela bile ou filtrada nos rins → no intestino será reduzida a estercobilina pela flora bacteriana do intestino e outra parte será → Na vida fetal: - Bilirrubina indireta é eliminada pela placenta - Fígado não faz muita captação e conjugação da bilirrubina → No recém nascido: - Produção exagerada de bilirrubina indireta → hematócrito muito alto, hemácia do RN tem hemoglobina fetal que tem menor meia-vida - Fígado imaturo → precisa desenvolver melhor a capacidade de captação e conjugação - Aumento da circulação êntero-hepática da bilirrubina (muita atv da glicuronidase) → trânsito intestinal + lento e baixa flora intestinal Causas de hiperbilirrubinemia neonatal 1) Não patológicas - Icterícia fisiológica - Icterícia associada a amamentação - Icterícia do leite materno - Prematuridade 2) Patológicas - Hiperbilirrubinemia não conjugada (indireta) - Hiperbilirrubinemia conjugada (direta) Etiologia hiperbilirrubinemia 1) Bilirrubina não conjugada ● 1.1. Aumento da produção: - Icterícia fisiológica - Hemólise: doença hemolítica ABO/Rh, defeito de membrana dos glóbulos vermelhos (esferocitose hereditária), CIVD ● 1.2. Déficit de captação ou conjugação - Fisiológica/ Prematuridade - Hipotiroidismo congênito - Leite materno - Drogas - Síndrome de Gilbert - Síndrome Criegler- Najjar → déficit da atividade da enzima glucuronosiltransferase (conjugação) 2) Bilirrubina conjugada ● 2.1. Obstrução do sistema biliar - Atresia, cisto do colédoco, síndrome de alagille ● 2.3. Defeito de síntese/transporte da bile - Defeito síntese de bile ácida, PFIC-1, BESP, MDR3 ● 2.4. Doenças metabólicas hepáticas ou doenças sistêmicas - Tirosinemia, deficiência alfa-1-antitripsina, TORSCH, sepse, hipoxemia, acidose, nutrição enteral Classificação da icterícia neonatal 1) Icterícia hemolítica - Isoimunização materna: ABO, RH - Defeito das morfologia hemácias - Enzimopatias: PK, G6PD - Infecções - Ocitocina, vitamina K 2) Icterícia não hemolítica - Defeito captação ou conjugação - Circulação êntero-hepática - Associada ao aleitamento materno - Causada pelo leite materno Icterícia fisiológica - Ocorre mais de 50% recém-nascidos - Inicia tipicamente do 2º ao 3º dia de vida - Pico 3º - 5º dia → 5-6 mg/dL - Atinge níveis de 12mg/dL em à termo e 15 mg/dL em pré-termo - Acúmulo de bilirrubina indireta em todos os recém nascidos Fisiologia - Aumento da produção de bilirrubina (aumento do hematócrito e menor meia vida da hemoglobina fetal) - Captação/Conjugação/Excreção hepática deficiente - Aumento da circulação êntero-hepática Fatores precipitantes ■ Cefalohematoma ■ Absorção de petéquias ou equimoses ■ Policitêmicos/Prematuros ■ Clampeamento tardio cordão Icterícia associada ao aleitamento materno - Aparecimento > 24 horas - Níveis: 15-17 mg/dL (4%>10 mg/dL) - Duração maior - Associada a lactação/mamadas/mecônio - Sem sinais de hemólise - Toxicidade rara - Aumento BI Icterícia causada pelo leite materno - Aparecimento > 3° dia - Pico 3°-15°dia - Duração 2-3 meses - Fator de inibição: ácidos graxos livres - Circulação êntero-hepática: ß-glicuronidase Icterícia patológica ■ Iniciada nas primeiras 24 horas ■ BI > 5mg/dia ou aumento de 0,5 mg/dL/hora ■ RNT > 12mg/dL / RNPT > 15mg/dL ■ Persistência por mais 1 semana vida RNT ■ BD > 1-2 mg/dL Fatores de risco para icterícia não fisiológica 1. Início da icterícia < 24/36h 2. Aumento > 5mg/dL/dia 3. Nível elevado de bilirrubina (>12 mg/dL ou alcança zona 3) 4. Outras alterações clínicas 5. Icterícia persistente - RN a termo > 7-10 dias - RN pré-termo > 10-14 dias 6. Sinais de colestase (estase da bile) → acúmulo de bilirrubina direta - acolia fecal, colúria OBS.: Para perceber a icterícia é necessário um nível de bilirrubina de no mínimo 5 mg/dL. O processo fisiológico acumula no máximo 3 mg/dL nas primeiras 24h OBS.: Acolia fecal é causada pela colestase da bile impedindo que a bilirrubina direta chegue até o intestino para ser convertida em estercobilina. Colúria ocorre devido a presença de bilirrubina direta na urina. Zonas de Kramer Icterícia não fisiológica Icterícia precoce (<24h de vida) - Esferocitose (coombs negativo - hemólise não é imunomediada) - Deficiência de G6PD (coombs negativo - hemólise não é imunomediada) - Anemia hemolítica → incompatibilidade materno-fetal Avaliação complementar 1. Bilirrubinas totais e frações → na doença hemolítica o aumento é da bilirrubina indireta 2. Hematócrito → na doença hemolítica há uma redução do hematócrito 3. Contagem de reticulócitos → aumento na contagem de reticulócitos nas doenças hemolíticas 4. Tipagem sanguínea, fator Rh e coombs direto no RN → pesquisar se há incompatibilidade Rh ou ABO 5. Hematoscopia → presença de esferócitos no esfregaço de sangue periférico pensar em esferocitose ou incompatibilidade ABO Icterícia persistente ou tardia → Icterícia iniciada > 3 dias de vida OU com duração maior que a considerada fisiológica para RN termo/pré-termo 1. Sempre avaliar bilirrubina total e frações - Aumento de BI ● Icterícia do leite materno: bebê em aleitamento materno exclusivo, no qual existe uma substância que atrapalha o metabolismo da bilirrubina - Condição benigna e autolimitada - Em alguns casos apenas suspender o LM por 24-48h, suplementando com fórmula durante esse período ● Icterícia do aleitamento: bebê em aleitamento materno exclusivo nos primeiras dias de vida (1º semana) com aleitamento inadequada → baixa ingestão láctea → trânsito intestinal reduzido → aumenta a circulação entero-hepática - Melhora a técnica da amamentação - Aumento de BD ● Atresia das vias biliares: nesse quadro o RN no nascimento as vias biliares nascem pérvias, que no decorrer dos dias ocorre uma fibrose que oblitera a via. - Desenvolve icterícia + sinais de colestase: colúria e acolia podem ser sinais muitotardios - sinal precoce é a icterícia - diagnóstico deve ser precoce para reparação cirúrgica → cirurgia de KASAI (portoenterostomia) deve ser feito nas primeiras 8 semanas para ter melhor prognóstico Doença hemolítica - ABO 1) Incompatibilidade ABO: - Causa mais comum de doença hemolítica no RN - Mãe tipo sanguíneo O - Filho tipo sanguíneo A ou B → coombs direto por ser positivo ou negativo (o negativo não afasta a incompatibilidade ABO) - Pode ocorrer já na primeira gestação (mulher não precisa ser sensibilizada) - 25 % mães O 3 % têm doença hemolítica - Níveis BI pode chegar 20 mg/dL no 3º-5º dia Doença hemolítica - Rh 2) Incompatibilidade Rh (+ grave): mãe (Rh-) e filho (Rh+) - Acomete mais a segunda gestação - Sexo masculino - Maior risco de Kernicterus (2º - 3º dia) - Mãe precisa ter coombs indireto positivo → indica sensibilização (ex.: gravidez prévia ou abortamento que não recebeu imunoglobulina) - Filho com coombs direto positivo → indica que no soro do bebê existem anticorpos anti-Rh Outras causas de doença hemolítica 1. Defeitos na morfologia das hemácias - Esferocitose congênita: anormalidade estrutural da membrana - Eliptocitose: 10 % cursam com icterícia crônica 2. Enzimopatia - Deficiência de piruvatoquinase - Deficiência de Glicose-6-fosfato-desidrogenase UDT: glicuroniltransferase Diagnóstico clínico - História familiar de icterícia - Tempo de aparecimento da icterícia (24h) - Velocidade de progressão da icterícia (5 ou 0,5 mg/dL/dia) - Cor da pele/ palidez - Doenças associadas Diagnóstico laboratorial 1. Classificação sanguínea RN e mãe 2. Teste de Combs: Direto RN / Indireto na mãe 3. Hemograma: dosagem da hemoglobina, esferócitos e reticulócitos 4. Bilirrubinas total e frações - Venosa, TC < BT*15mg/dl 5. Prova de resistência globular - > Hemoglobinopatias e talassemia - < Esferocitose 6. ALT/AST, fosfatase alcalina 7. Exames sorológicos: sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalia 9. Dosagem de bilirrubina - Bioquímica: reação de Van Den Berg - Espectrofotometria - Bilirrubinômetro transcutâneo 10. Hormônio tireoidiano e TSH (triagem sanguínea neonatal) 11. Dosagem sanguínea G6PD Tratamento → Aumento de BI: ● Complicação do aumento exacerbado da BI → encefalopatia bilirrubínica → evoluir para quadro crônico = kernicterus - Quando há o aumento da BI → necessário realizar fototerapia - A fototerapia modifica la molécula de bilirrubina na pele transformando ela em moléculas hidrossolúveis → excretada na urina - Fototerapia indicada com icterícia nas primeiras 24h de vida e em níveis > 17 ● Exsanguineotransfusão ● Drogas
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