Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Transplante de medula óssea HISTÓRICO: A história do transplante de medula óssea (TMO) inicia-se com o reconhecimento de que a proteção do baço salvava animais da irradiação letal. Após isso descobriu-se que a infusão de medula óssea ou células do baço poderia impedir o óbito por aplasia pós irradiação em ratos. Georges Mathé: + Início década 50 primeiros modelos animais de TMO. + Em 1958 injeção medula óssea em cientistas irradiados acidente nuclear. Primeiro TMO de sucesso entre humanos que não gêmeos idênticos. + Em 1963 primeiro TMO em criança com leucemia aguda. Observou-se mudança do grupo sanguíneo. Criança apenas sobreviveu 20 meses, recidiva. + Doença secundária pós TMO. + Imunoterapia adotiva. Edward Donnall Thomas: ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1990. + Em 1956 TMO entre gêmeas idênticas. + Em 1969 os primeiros TMO entre indivíduos com compatibilidade imunológica. + Em 1970 primeiro artigo relatando vários casos de TMO em pacientes com leucemias avançadas Dirk van Bekkum: década de 50 e 60. + Doença secundária pós TMO hoje conhecida como doença do enxerto contra hospedeiro (células do doador atacando o receptor) + Efeito curativo do TMO era devido à pega das células tronco hematopoéticas e não por fatores hormonais. + Biologia da irradiação - livro: “Radiation chimeras” + TMO em doenças auto-imunes. Jean Dausset e Jon J. van Rood:sistema HLA. Prof. Dr. Pasquini: primeiro centro de transplante na América Latina. HC – Curitiba. PRINCÍPIOS: + Tratamento de doenças de evolução fatal cuja fisiopatologia básica tem origem nas células hematopoéticas. + Sobrepujar os efeitos mieloablativos de altas doses de radio e quimioterapia. + Efeito enxerto contra neoplasia. INDICAÇÕES: Doenças benignas: + Síndromes de falência medular adquiridas: anemia aplástica severa; hemoglobinúria paroxística noturna + Síndromes de falência medular herdadas: anemia de fanconi; osteopetrose; disceratose congênita; Schwachman Diamond. + Doenças genéticas: imunodeficiência combinada severa; Wiskott-aldrich; outras. + Distúrbios de eritrócitos e plaquetas: talassemia beta homozigótica; anemia falciforme; Diamond + Distúrbios dos granulócitos: agranulocitose de kostmann; Chediak-higashi; deficiência de adesão leucocitária; doença granulomatosa crônica. Doenças malignas: leucemias agudas e crônicas; linfomas; plasmocitopatias (mieloma); mielodisplasias; mielofibrose; outras neoplasias da medula óssea. Erros inatos do metabolismo: ausência d produção de determinada enzima - doenças de acúmulode glicogênio (pompe), mucopolissacaridoses, lipidoses (Gaucher [hoje recebem enzima], adrenoleucodistrofia, leucodistrofia metacromática); desordens do metabolismo das purinas PROCEDIMENTO Fontes: + Cordão umbilical: uso limitado, pois número de células é pequeno. Ótima fonte para crianças com doença malignas (bom resultado e pouca doença do enxerto). Para adulto tem que usar dor cordões (caro). + Medula óssea: retirado do ilíaco cerca de 10-20 ml por quilo do receptor. Tem que ser coletado de 5-5mlou vem muito linfócito. + Sangue periférico: estimulação do doador com granulokine durante 5 dias. Usa uma máquina deaferese para centrifugar as células. O material coletado é congelado. Tipos de transplante: autólogo; singênico (gêmeos); alogênico. + Autólogo: do próprio paciente - Método: paciente faz quimioterapia e fator de crescimento e depois retira o material para transplante (medula óssea ou sangue periférico); depois faz radioterapia e quimioterapia em dose alta; por último recebe novamente as células. - Problema: recaída. - Indicações: mieloma, linfoma, doenças auto-imunes, leucemias em remissão. + Alogênico: pode ser de aparentado, não aparentado, haploidêntico (familiar com 50% de compatibilidade). - Doador compatível: a probabilidade de encontrar doador HLA idêntico entre os irmãos é de 25% (herança mendeliana). Na população geral é de 1/47.000.000, mas considerando o total de doadores cadastrados a probabilidade de encontrar alguém compatível é maior que 90% (variável com o grupo étnico – caucasiano mais fácil). - Método: paciente recebe doses subletais de quimioterapia e/ou radioterapia por 7 dias (regime preparatório ou condicionamento) (dia -7); doador interna e a medula é coletada; realiza-se o transplante com infusão das células no paciente (dia 0); paciente usa metotrexato e ciclosporina (imunoprofilaxia; quando o transplante funciona é chamado de pega do enxer. Fases do transplante: + Condicionamento: quimioterapia com ou sem radioterapia. Visa erradicar a doença básica, imunossupressão, criar “espaço físico”. + Imunoprofilaxia: evitar doença do enxerto contra o hospedeiro, evitar rejeição, manutenção da remissão. Usa drogas (ciclosporina e metotrexato) para diminuir atividade das células T. + Pega do enxerto: tempo para pega varia com o tipo de fonte – 15 dias célula tronco periférica, 20 dias medula óssea, 30-40 dias cordão umbilical. Fatores prognósticos: tipo de doença; nível de compatibilidade HLA; idade; performance; fase da doença; tipo de transplante; imunoprofilaxia; comorbidades; número de transfusões prévias; tratamento de suporte. Complicações transplante alogênico: a recuperação do paciente dura em média 5 anos, sendo que para dizer que o paciente está minimamente bem leva pelo menos 1 ano. Isso porque o sistema imune se desdiferenciar, perdendo toda a imunidade adquirida (ex. vacinas). - Precoces: mucosite, síndrome obstrutiva sinusoidal, infecção, hemorragia, rejeição do enxerto, doença do enxerto contra o hospedeiro aguda. - Tardias: doença do enxerto contra o hospedeiro crônico, segunda neoplasia, síndrome metabólica, esterilidade e alterações hormonais (quimio e radioterapia – tireoide e testosterona). + Infecções: a recuperação da medula óssea é de 20-30 dias, ou seja, ele não tem a sua medula nem a do doador nesse período. Portanto o paciente está suscetível a inúmeras possibilidades de infecção. Por isso o paciente no primeiro ano de transplante com febre recebe antibiótico de amplo espectro antes de qualquer coisa. + Doença do enxerto contra o hospedeiro aguda: quando o paciente começa a recuperar a imunidade, as células transplantadas podem identificar o organismo do receptor como estranho. É uma doença que ocorre nos primeiros 100 dias de transplante afetando pele (rash, parece queimado), intestino (diarreia) e fígado (parece hepatite). Ocorre em 30-40% dos casos. É mais frequente em pacientes cuja fonte foi sangue periférico. + Doença do enxerto contra o hospedeiro aguda: pode ocorrer em qualquer tempo dentro de 2 anos do transplante. Tem grande morbidade, pode levar a morte ou grande impacto na qualidade de vida. Faz clínica de muitas doenças autoimunes (esclerodermia, psoríase, alopecia areata, hepatites, miosites, LES, artrite reumatoide). Isso é modular com imunossupressão. + Segunda neoplasia: pele, cabeça, pescoço, mama, próstata, pulmão, TGI, SMD. O risco de neoplasia é 10 vezes maior. Métodos ablativos: transplantes o paciente só com altas quantidades de imunossupressores, sem radio e quimioterapia para mielossupressão. Funciona quando tem pouca doença, mesmo em pacientes mais velhos (antigamente o transplante só era feito até aos 55 anos). SITUAÇÃO ATUAL: + Transplantes principalmente alogênicos aparentado e autólogos. + Queda no número de transplantes quando LMC parou de ser tratada com transplante (era o mais feito). + Brasil tem o terceiro maior banco de doadores do mundo. + Indicação: mais para LMC (28%), LMA (20%), AA (20%). + Melhora da sobrevida em doença maligna e benigna.
Compartilhar