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RELAÇÕES HUMANAS 2022

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RELAÇÕES HUMANAS NO HOSPITAL
Doente e seu universo
 Para o indivíduo atingido pela doença, existe sempre a idéia que foi
agredido pelo mundo que o rodeia.
 Dar um sentido a esta agressão é a preocupação deste indivíduo. “Que
terei feito, para merecer este sofrimento? “
 Sofrer é merecer sofrer? – a culpabilidade do doente – culpabilidade
mais ou menos inconsciente – aflora às vezes em sua consciência.
 Tem vergonha de estar doente, como se a doença fosse o próprio sinal
de sua indignidade. Inveja os que têm boa saúde. Por um lado, deseja
“fazer como se” não estivesse doente; por outro lado, gosta de falar
nela, comporta-se como se apenas a sua doença fosse importante.
Muitas vezes o agredido torna-se agressor. Isto faz com que muitas vezes
avaliemos como “difícil” o caráter dos indivíduos doentes.
A Morte
 Ao indivíduo doente sempre assalta esta preocupação: será a sua doença um 
sinal de aproximação da morte? Todo ser humano sabe que vai morrer. No 
entanto, mecanismos de defesa (planos, responsabilidades, etc.), levam esta 
possibilidade, para uma ocasião remota e longínqua. Quando vem uma 
doença, porém, esta realidade volta ao presente e as possibilidades surgem bem 
aumentadas.
 Nesta situação, inicia-se um processo de auto-análise e auto-avaliação, quando 
a pessoa deprime-se ao ver quanto tem a realizar e a impossibilidade de faze-lo.
 Ela pode adotar um comportamento de luta ou de entrega. Podem voltar 
sentimento passado, emoções antigas, comportamentos afetivos infantis, 
supervalorização de seus feitos, etc.
 Existe grande importância na compreensão do doente, por parte da equipe de 
saúde, para melhor relacionar-se com ele.
A situação concreta do doente hospitalizado
 Ao indivíduo ver-se internado, surgem uma série de fatores novos, que
vão influenciar ou determinar atitudes e ações. Recursos hospitalares e
profissionais de saúde são mobilizados para atendê-lo. Cumpre a ele,
adaptar-se a este tratamento, ao novo ambiente e ao pessoal
desconhecido que o cerca.
O mundo hospitalar
 O Hospital moderno se caracteriza por uma sofisticação de serviços, com
aparelhagem altamente especializada e profissional especialmente
habilitado em suas áreas.
 Muitas vezes este aparato tecnológico atemoriza a pessoa doente e seus
familiares.
 É indispensável haver calor humano, comunicação e compreensão por
parte de toda a equipe de saúde, para atenuar este impacto inicial,
causado por este ambiente estranho e muitas vezes até hostil.
 Principalmente o pessoal de enfermagem deverá estar imbuído da
importância da assistência psicológica ao paciente, tão bruscamente
incluído no mundo hospitalar
As necessidades do doente
 Para o doente, sua entrada no hospital pode trazer reações diferentes. No
entanto, para todos, ela representa um choque, porque há ruptura no
quadro habitual de vida, sem a necessária preparação para o que
espera o doente hospitalizado. De uma hora para outra, ele encontra-se
numa cama de hospital, vestido com uma roupa que não é sua, rodeado
de objetos que não lhe pertencem, dependente de pessoas que não
conhece...
 Esta primeira impressão é atenuada ou reforçada, conforme a
qualidade do ACOLHIMENTO dispensada quando da chegada ao
hospital.
 O mais importante neste contato inicial é a COMPREENSÃO e
principalmente vinda da parte do SERVIÇO DE ENFERMAGEM, que
através dos seus componentes, forma o ponto de contato do doente
com o hospital.
A doença como uma experiência humana
 A experiência de uma enfermidade precipita muitos sentimentos e
reações de estresse, tais como ansiedade, raiva, negação, vergonha,
culpa e insegurança. Os exames diagnósticos, o tratamento médico, o
prognóstico, as alterações corporais, as reações da família e dos
amigos, e experiência da hospitalização e as alterações projetadas no
estilo de vida toma parte na adaptação da pessoa a essa nova
situação. Em geral, a pessoa doente é excepcionalmente sensível e
vulnerável.
 Sua vida inteira modificou-se, pelo menos temporariamente, e ela
freqüentemente luta com o ressurgimento de experiência quando
enfrenta a realidade atual e o futuro que se antecipa. O profissional de
enfermagem é uma figura central na vida imediata do paciente.
Através de compreensão sensível e ação inteligente, ele pode criar
muitas oportunidades para o paciente manter sua segurança básica,
auto-estima e integridade.
Ansiedade
 Ansiedade é uma reação normal ao estresse e ao medo. É uma reação
emocional à percepção de perigo, real ou imaginário, e é vivenciada
fisiológica, psicológica e comportamentalmente. A ansiedade
diferencia-se do medo, uma vez que o medo se refere a um receio
específico, enquanto a ansiedade é inespecífica. A sua intensidade
pode variar de ligeiro a grave, podendo causar pânico
 A enfermidade e a hospitalização congregam os seguintes receios que
precipitam a ansiedade: receio geral com relação à integridade da vida,
da saúde, do corpo; exposição e embaraço; desconforto da dor, frio,
fadiga e mudanças na dieta; restrição dos movimentos; isolamento;
interrupção ou perda dos seus meios de vida; precipitação de uma crise
financeira; desgosto, rejeição ou ridicularização de outros como resultado
de sua condição; um comportamento inconsciente e imprevisível da
autoridade que depende o seu próprio bem-estar; frustração de seus fins
e das expectativas; confusão e incerteza acerca do presente e do futuro;
separação da família e de seus amigos.
 As reações fisiológicas da ansiedade são reações do Sistema Nervoso
Autônomo e de natureza defensiva. Elas incluem aumento das
freqüências cardíaca e respiratória, alterações da pressão sangüínea e
temperatura, relaxamento da musculatura lisa da bexiga e do intestino,
pele fria e úmida, aumento da sudorese, pupilas dilatadas e boca seca.
O profissional de enfermagem deve ser capaz de avaliar o nível de
ansiedade num paciente de forma que possa ser eficaz em reduzi-lo.
A intervenção da equipe de enfermagem na 
ansiedade inclui quatro aspectos;
 a) o reconhecimento de que o paciente está ansioso;
 b) encorajar verbalmente o paciente a reconhecer e expressar seu 
sentimento de ansiedade;
 c) procurar atenuar os fatores externos que estejam aumentando a 
ansiedade do paciente;
 d) ajudar o paciente a enfrentar o seu receio. Ele deve ser auxiliado na 
avaliação da situação. Muitas vezes, simplesmente o compartilhar de um 
sentimento reduz sua intensidade
Estágios na adaptação da doença
 No ciclo de saúde e enfermidade, muitas pessoas passam através de três estágios:
 1) a transição de saúde para a doença;
 2) o período de “aceitação” da enfermidade e;
 3) a convalescença. A duração e o tipo de experiência que um indivíduo 
tem nesses estágios variam com sua personalidade, alteração específica e 
mudanças que ocorrem em sua vida.
Primeiro Estágio 
 O desenvolvimento dos sintomas geralmente é acompanhado de
sensações desagradáveis, perda do vigor e resistência, e uma
diminuição da capacidade funcional. A ansiedade está
freqüentemente presente e a pessoa estabelece um plano de luta.
Surgem as seguintes questões: qual é realmente o problema; a
capacidade do médico e/ou equipe ao diagnosticá-lo; a confiabilidade
dos exames de apoio diagnóstico; aquisição de confiança na Instituição
escolhida ou determinada para tratamento. Nesta fase, a ansiedade,
culpa, vergonha, e negação são freqüentes e intensas. A equipe de
enfermagem deve estabelecer com o paciente, uma postura
profissional, de ouvinte não critica, aceitando a necessidade de o
paciente enfrentar sua situação da maneira peculiar ao seu caso.
Segundo Estágio 
 Nesta fase o paciente reconhece e admite que está doente e que
necessita de ajuda de outros, especificamente do médico e do grupo de
enfermagem. Torna-se autocentrado e mostra dependência aumentada,
bem como maior preocupação com sues problemas somáticos. É normal
ocorrer uma regressão relativa, que permitirão ao paciente colocar-se nas
mãosde profissionais para o tratamento necessário.
 Neste estágio é comum aparecer raiva, culpa e ressentimento. Pode ser 
muito crítico em relação aos cuidados administrados. O profissional de 
enfermagem deve encorajar o paciente a expressar seus sentimentos, sem 
julgamentos, moralizações ou inquisições. Ele assume a responsabilidade de 
cuidar, porém deve respeitar a integridade do ser como individualidade. 
Terceiro Estágio 
 Este estágio envolve o período de convalescença ou restituição. O retorno “da saúde e
da força física” freqüentemente precede o sentimento e a atitude de “estar bem” do
paciente. Sentir-se bem implica desistir de uma dependência, de uma posição regressiva,
e assumir a responsabilidade de adulto e relações normais com os outros. Embora
algumas pessoas relutem em desistir do papel de paciente, a maior parte está motivada
pela saúde, porém temerosa e hesitante para tentar novos horizontes. Isto é
particularmente verdadeiro se a enfermidade e o tratamento requerem grandes
alterações nas relações de trabalho e família.
 A equipe pode auxiliar o paciente neste estágio assumindo um papel análogo um pai de
um adolescente, gradualmente relaxa sua proteção e oferece orientação, conselho e
encorajamento para o progresso. De uma maneira discreta, se retira para o lado, pronta
para tranqüilizar o paciente, porém encorajando-o a experimentar novas habilidades;
somente entra em cena quando se fizer realmente necessário.
Atitudes em relação à morte e ao morrer
 O paciente encara a morte de muitos modos. De acordo com os estudos
de Elizabeth Kübler-Rosss, as respostas emocionais de uma pessoa que
enfrenta a morte podem ser traçadas através de cinco estágios, que
ocorrem nem sempre em seqüência, podendo estar misturados ou ser
vivenciados como fases sobrepostas. Às vezes um paciente parece
mover-se para frente e para trás através dos estágios.
Negação e Isolamento 
 O reconhecimento e aceitação da morte iminente são difíceis; a
reação comum é isolar-se até que outras defesas sejam estruturadas. A
negação permite que se tenha esperança. Por vezes, o paciente tem
consciência da proximidade da morte, enquanto sua família continua a
expressar a negação. O período de negação e isolamento é curto, pois
o paciente começa a pensar sobre o trabalho não terminado; assuntos
pessoais que devem ser orientados; crianças a considerar e arranjos
financeiros que devem ser feitos.
Raiva 
 A próxima expressão emocional é a raiva. “Porque eu?”. Não é
necessária uma resposta, porém o paciente estará sendo ajudado se o
profissional de enfermagem estiver presente para oferecer-lhe apoio e
ouvi-lo. O comportamento do paciente neste estágio é difícil porque
nada que é feito para ele parece ajudá-lo. Pode-se esperar essa
expressão de raiva dele, e ao invés de tomá-la como pessoal, o
profissional deve procurar determinar o que está causando isso. Deve
ser permitindo ao paciente expressar sua raiva, seu sentimento de
desamparo e seu ultraje, pois quando todos os sentimentos forem
exalados, ele será capaz de superar sua crise.
Barganha 
 È uma fase de luta durante a qual a pessoa que vai morrer tenta
negociar uma troca. Comumente envolve um negócio com Deus, com o
médico ou com o profissional de enfermagem. “Se eu pudesse viver
tempo suficiente para esperar o casamento de meu filho, estaria pronto
para morrer”. Até onde for possível, devemos atender o pedido do
paciente.
Depressão
 O quarto estágio é a depressão; neste período, o impacto total do
inevitável é evidente. Os mecanismos de defesa não são eficazes e
ele expressa sua tristeza e angústia, chorando, ele também pede o
apoio daqueles que o amam ou do pessoal do hospital.
Aceitação 
 Este é um período de paz e contentamento. O paciente parece
desejar ter tempo a sós com seus pensamentos. Visitas silenciosas com
um mínimo de verbalização são o mais aceito. Parece ser o período
para que o paciente reveja seu passado e contemple o futuro
desconhecido.
A família como paciente
 Primeiro é essencial que a família compreenda a natureza de qualquer
alteração de saúde e as implicações sobre os seus membros. O
profissional pode dar explicações individualmente aos membros da
família ou incluí-los em quaisquer discussões com o paciente. Se esse
tiver que adquirir novos conhecimentos ou novas habilidades para a
manutenção da saúde, tais como novos medicamentos a serem
tomados ou métodos de higiene especial, é essencial que um familiar
participe. Desse modo, poderá ajudar a assumir os cuidados para com o
paciente quando esse adoecer ou ficar incapacitado. Geralmente, a
família como um todo se torna aprendiz do profissional de enfermagem.
 A situação econômica da família é um fator de influência fundamental e
determina como ela e o indivíduo comportam-se em relação à saúde. O
profissional pode precisar indicar um assistente social para fazer uma
análise cuidadosa da situação financeira da família. Ele também deve
estar apto a ajudar os pacientes a obterem um tratamento de saúde a
custos mais baixos. Por exemplo, se um paciente precisa de assistência
em casa para tratar de uma ferida, não é necessário comprar materiais
caros para o curativo. Além disso, se um paciente receber uma
prescrição, o profissional pode aconselhá-lo a indagar seu médico a
respeito da utilização de medicações semelhantes, mas mais baratas.
 O consenso de todos os familiares é um modo para resolver esses
conflitos de tarefas. Um outro método consiste na delegação de
responsabilidade sobre as resoluções de problemas para um ou
mais familiares. A abordagem mais útil para o enfermeiro parece
ser a de ajudar as famílias a aprenderem ambos os métodos e
ajudá-las a determinar a necessidade de variar seu uso,
dependendo das exigências da situação
VISÃO ABRANGENTE DA ÁREA DA SAÚDE E SUA 
IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE

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