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2 FICHA CATALOGRÁFICA 3 https://drive.google.com/open?id=1qE_XzO9a3P02G3VPcwBjq5vwEKZ6IkWg 4 Link do GOOGLE drive. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE TEMA 01 PARTE 01 - HOMEM E MEIO AMBIENTE: UM RELACIONAMENTO PARADOXAL 5 HOMEM E MEIO AMBIENTE: UM RELACIONAMENTO PARADOXAL Desde o seu surgimento, o homem buscou formas de se adaptar ao meio em que vive (meio ambiente). Relacionou-se e criou ferramentas que o auxiliariam nas necessidades impostas pelo meio. Passando por uma revolução técnica, material, intelectual e interpessoal. Assim, destacaremos três grandes revoluções: NEOLÍTICA, INDUSTRIAL e VERDE que marcaram essa trajetória e que explicam o estágio atual de questionamento dos modelos de produção e consumo. A figura 1 representa o contexto apresentado. Figura 1: Trajetória das Revoluções. Revolução Neolítica O principal legado da Revolução Neolítica foi o surgimento da agricultura e o domínio do fogo que lhes concedeu o desenvolvimento físico e intelectual dos hominídeos e a oportunidade de transformação do seu modo de vida. Segundo o site: https://www.petccufpb.com.br/?p=2491 essa descoberta deu origem a Revolução Neolítica (ou Revolução Agrícola), pois com a agricultura o homem deixou de ser nômade, e consequentemente pôde criar animais para o consumo. Além disso, a redução dos deslocamentos em busca de alimentos fez com que a população dos grupos aumentasse, já que com as migrações muitos morriam de fome e sede. O domínio do fogo possibilitou o ato de cozinhar os alimentos, se proteger do frio, tecer ferramentas de caça e se abrigar no fundo das cavernas. Ao longo do tempo, os primeiros centros urbanos começaram a surgir. As comunidades agrícolas autossuficientes transformaram-se em cidades, realizando a chamada Revolução Urbana. De acordo com alguns estudos, os ± 15 bilhões Big Bang ± 5 bilhões Planeta Terra 10.000 A.C. 5000 A.C. 1789 Sec. XVIII Coleta Agricultura Antiga Rev. Francesa Rev. Industrial Rev. Verde II GM Final 70’s Permacultura 0 https://www.petccufpb.com.br/?p=2491 6 primeiros centros urbanos surgiram na parte sul da Mesopotâmia. Essa primeira relação é entendida como a fase da “Descoberta”, pelo fato de conhecer as potencialidades apresentadas pelos recursos naturais. (JORNAL PET.com, Notícia, 2019) Revolução Industrial A segunda grande transformação foi a Revolução Industrial consignou um período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo causando grandes transformações. A Revolução Industrial garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo. De acordo com o site: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm o nascimento da indústria causou grandes transformações na economia mundial, assim como no estilo de vida da humanidade, uma vez que acelerou a produção de mercadorias e a exploração dos recursos da natureza. Além disso, a Revolução Industrial foi responsável por grandes transformações no processo produtivo e nas relações de trabalho. O mesmo texto apresenta as fases da Revolução Industrial que correspondeu às modificações econômicas e tecnológicas que consolidaram o sistema capitalista e permitiram o surgimento de novas formas de organização da sociedade. As transformações tecnológicas, econômicas e sociais vividas na Europa Ocidental, inicialmente limitadas à Inglaterra, em meados do século XVIII, tiveram diversos desdobramentos, os quais podemos chamar de fases. Essas fases correspondem ao processo evolutivo das tecnologias desenvolvidas e as consequentes mudanças socioeconômicas. A Primeira Revolução Industrial refere-se ao processo de evolução tecnológica vivido a partir do século XVIII na Europa Ocidental, entre 1760 e 1850, estabelecendo uma nova relação entre a sociedade e o meio, bem como possibilitou a existência de novas formas de produção que transformaram o setor industrial, dando início a um novo padrão de consumo. Essa fase é marcada especialmente pela substituição da energia produzida pelo homem por energias como a vapor, eólica e hidráulica; https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm 7 a substituição da produção artesanal (manufatura) pela indústria (maquinofatura) e também pela existência de novas relações de trabalho. As principais invenções dessa fase que modificaram todo o cenário vivido na época foram: a utilização do carvão como fonte de energia; o consequente desenvolvimento da máquina a vapor e da locomotiva. Nessa fase foi, também, desenvolvido o telégrafo, um dos primeiros meios de comunicação quase instantânea. A produção modificou-se, diminuindo o tempo e aumentando a produtividade; as invenções possibilitaram o melhor escoamento de matérias- primas, bem como de consumidores e também favoreceram a distribuição dos bens produzidos. A Segunda Revolução Industrial refere-se ao período entre a segunda metade do século XIX até meados do século XX, tendo seu fim durante a Segunda Guerra Mundial. A industrialização avançou os limites geográficos da Europa Ocidental, espalhando-se por países como Estados Unidos, Japão e demais países da Europa. Compreende à fase de avanços tecnológicos ainda maiores que os vivenciados na primeira fase, bem como o aperfeiçoamento de tecnologias já existentes. O mundo pôde vivenciar diversas novas criações que aumentaram ainda mais a produtividade e consequentemente aumentaram os lucros das indústrias. Houve nesse período, também, grande incentivo às pesquisas, especialmente no campo da medicina. As principais invenções dessa fase estão associadas ao uso do petróleo como fonte de energia, utilizado na nova invenção, o motor à combustão. A eletricidade que antes era utilizada apenas para desenvolvimento de pesquisas em laboratórios, nesse período, começa a ser usada para o funcionamento de motores, com destaque para os motores elétricos e à explosão. O ferro que antes era largamente utilizado, passou a ser substituído pelo aço. A Terceira Revolução Industrial também conhecida como Revolução Tecnocientífica, iniciou-se na metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Essa fase representa uma revolução não só no setor industrial, visto que passou a relacionar não só o desenvolvimento tecnológico voltado ao 8 processo produtivo, mas também ao avanço científico, deixando de limitar-se a apenas alguns países e espalhando-se por todo o mundo. As transformações possibilitadas pelos avanços tecnocientíficos são vivenciadas até os dias atuais, sendo que cada nova descoberta representa um novo patamar alcançado dentro dessa fase da revolução, consolidando o que ficou conhecido como Capitalismo Financeiro. A introdução da biotecnologia, robótica, avanços na área da genética, telecomunicações, eletrônica, transporte, entre outras áreas, transformaram não só a produção, como também as relações sociais, o modo de vida da sociedade e o espaço geográfico. Todo esse desenvolvimento proporcionado pelos avanços obtidas nas diversas áreas científicas relacionam-se ao que chamamos de globalização: tudo converge para a diminuição do tempo e das distâncias, ligando pessoas, lugares, transmitindo informações instantaneamente, superando, então, os desafios e obstáculos que permeiam a localização geográfica, as diferenças culturais, físicas e sociais. As Consequências da Revolução Industrial De um modo geral, a Revolução Industrial transformou não só o setor econômico e industrial, como também as relações sociais, as relações entre o homem e a natureza, provocando alterações no modo de vida das pessoas, nos padrões de consumo e no meio ambiente. Cada fase da revolução representou diferentes transformaçõese consequências mediante os avanços obtidos em cada período. A Primeira Revolução Industrial representou uma nova organização no modo capitalista. Nesse período houve um aumento significativo de indústrias bem como o aumento significativo da produtividade (produção em menor tempo). O homem ao ser substituído pela máquina, saiu da zona rural para ir para as cidades em busca de novas oportunidades, dando início ao processo de urbanização. Esse processo culminou no crescimento desenfreado das cidades, na marginalização de boa parte da população, bem como em problemas de ordem social como miséria, violência, fome. Nessa fase, também, a sociedade organizou-se em dois polos: de um lado a burguesia e do outro o proletariado. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/biotecnologia.htm 9 A Segunda Revolução Industrial teve como principais consequências, mediante o maior avanço tecnológico, o aumento da produção em massa em bem menos tempo, consequentemente o aumento do comércio e modificação nos padrões de consumo; muitos países passaram a se industrializar, especialmente os mais ricos, dominando, então, economicamente diversos outros países (expansão territorial e exploração de matéria-prima). O avanço nos transportes possibilitou maior e melhor escoamento de mercadorias e trânsito de pessoas; surgiram as grandes cidades e com elas também os problemas como superpopulação; aumento das doenças; desemprego e aumento da mão de obra barata e novas relações de trabalho. A Terceira Revolução Industrial e nova integração entre ciência, tecnologia e produção, possibilitou avanços na medicina; a invenção de robôs capazes de fazer trabalho extremamente minucioso e preciso; houve avanços na área da genética, trazendo novas técnicas que melhoraram a qualidade de vida das pessoas; possibilitou diminuir as distâncias entre os povos e a maior difusão de notícias e informações por meio de novos meios de comunicação; o capitalismo financeiro consolidou-se e houve aumento do número de empresas multinacionais. E não menos importante, todas essas transformações possibilitadas pela Revolução Industrial como um todo, transformou o modo como o homem relaciona-se com o meio. A apropriação dos recursos naturais para viabilizar as produções e os avanços tecnocientíficos têm causado grande impacto ambiental. Atualmente, as alterações provocadas no meio ambiente têm sido amplamente discutidas pelas comunidades internacionais, órgãos e entidades, que expressam a importância de mudar o modelo de desenvolvimento econômico que explora os recursos naturais sem pensar nas gerações futuras. 10 Revolução Verde A terceira revolução foi a Revolução Verde marcada por um período de grandes mudanças na forma pela qual a produção agrícola é vista no mundo. Embora seu nome denote uma revolução na questão ambiental, ela não foi exclusivamente positiva, pois trouxe inúmeros problemas, afetando em muito a natureza. Com base no site: https://www.estudopratico.com.br/revolucao-verde/ as ideias da Revolução Verde, embora aclamadas por muitos, carregam também vários problemas socioambientais. Um primeiro problema está na distorção que houve em relação aos beneficiados pelas práticas produtivas advindas da Revolução Verde. Isso porque, a experiência do México mostrou que a produção abasteceria primeiramente o mercado consumidor interno, sendo posteriormente exportados os excedentes. No entanto, no contexto atual, diante da busca desenfreada pelo lucro, são exportados os melhores produtos, visando-se abastecer as necessidades do mercado consumidor externo. Portanto, ficam os refugos ou produtos de baixa qualidade para a população interna (pelo menos no caso do Brasil). Além disso, a produção é feita em um modelo de monocultura, ou seja, é produzido apenas um tipo de grão (soja, milho, trigo) em uma vasta extensão de terras. Isso ocasiona vários danos, como a redução das variedades existentes. Um exemplo disso é que nem todo mundo sabe que existem inúmeras variedades tradicionais de milho (milho crioulo), porque o único que é disseminado é aquele amarelo. O mesmo acontece com frutas, sementes, legumes, verduras, com praticamente tudo o que teve sua produção ampliada. A produção em larga escala não veio para sanar com o problema da fome no mundo, como imaginava-se de princípio. Isso ocorre porque a maior parte da produção de grãos vai para alimentação de bovinos, na produção da carne, e nem todo mundo tem acesso a alimentação com carne frequentemente. Com a ampliação deste modelo produtivo, maiores quantidades de terras são necessárias, originando os chamados “latifúndios”, que são grandes https://www.estudopratico.com.br/revolucao-verde/ 11 extensões agricultáveis e monocultoras. Com isso, cresce o desmatamento, a expropriação de comunidades tradicionais e indígenas, bem como de pequenos produtores. Além disso, deixou-se de lado conceitos tradicionais de produção e cuidado com a terra, como a rotação de culturas e a conservação dos solos, o que tem gerado profundos danos ambientais. Assim, a tecnologia veio sim para ajudar em muitas coisas no progresso material da humanidade, inclusive ampliando a qualidade de vida da população. No entanto, tudo isso tem também um lado negativo, que é o fato de colocar-se a lucratividade, ou o financeiro, acima dos princípios de cuidado com a humanidade e dos recursos naturais. O SISTEMA CAPITALISTA O Capitalismo é um sistema econômico que está dividido em três fases: • Capitalismo Comercial ou Mercantil (pré-capitalismo) – do século XV ao XVIII • Capitalismo Industrial ou Industrialismo – séculos XVIII e XIX • Capitalismo Financeiro ou Monopolista – a partir do século XX De acordo com Bezerra descrito no site: https://www.todamateria.com.br/fases-do-capitalismo/ apresenta a seguinte matéria sobre o tema a seguir: O sistema capitalista teve início no século XV, com a decadência do sistema feudal. Vale lembrar que o feudalismo foi uma organização econômica, política, social e cultural baseada na posse da terra, que dominou a Europa na Idade Média (V ao século XV) após a crise do império romano. Uma das principais características do sistema feudal era a sociedade estamental, ou seja, dividida em estamentos (camadas sociais estanques) e destituída de mobilidade social. Nesse sentido, os dois grandes grupos sociais existentes eram basicamente os senhores feudais e os servos. Acima dos senhores feudais estavam os Reis e a Igreja. https://www.todamateria.com.br/fases-do-capitalismo/ 12 O senhor feudal administrava os feudos possuindo o poder político local, e portanto, tendo total autonomia sobre as terras, enquanto os servos trabalhavam nos feudos (grandes extensões de terra). A produção feudal era autossuficiente posto que se destinava ao consumo local de seus habitantes e não às trocas comerciais. Observe que a economia feudal era baseada nas trocas de produtos e por isso, não existiam moedas de circulação. A decadência do sistema feudal ocorreu por diversos motivos: • expansões ultramarinas do século XV • crescimento das cidades • aumento da população • surgimento das feiras livres • desenvolvimento do comércio • surgimento de uma nova classe social (a burguesia) Esses fatores levaram a aparição da moeda como valor de troca e, consequentemente, ao surgimento do sistema capitalista. Essa mudança representou o fim da Idade Média e início da Idade Moderna. A aliança entre os reis e da burguesia mercantil foram essenciais para a decadência do sistema feudal, os quais foram assumindo o controle estatal da economia nacional, com o intuito de fortalecer ainda mais o poder central e obter os recursos necessários para expandir o comércio. 13 Capitalismo Comercial ou Mercantil De tal modo, o controle estatal da economia tornou-se a base domercantilismo, o qual esteve baseado nas trocas comerciais com a finalidade de enriquecimento. Assim, nessa fase inicial, o capitalismo era considerado um pré- capitalismo baseado no sistema mercantilista. No capitalismo mercantil surge a moeda e além do controle estatal da economia, as principais características do mercantilismo eram: • o monopólio comercial • o metalismo (acúmulo de metais preciosos) • o protecionismo (surgimento de barreiras alfandegárias) • a balança comercial favorável (exportar mais do que importar: superávit). Capitalismo Industrial ou Industrialismo Com a Revolução Industrial do século XVIII, o surgimento da máquina movida à vapor e a expansão das indústrias, o capitalismo atinge uma nova fase, chamada de Capitalismo Industrial ou Industrialismo. As alterações dos sistemas de produção estiveram marcadas pela substituição de produtos manufaturados para os industrializados, os quais foram tomando conta do cenário mundial por meio do desenvolvimento do sistema fabril de produção e da explosão demográfica nos grandes centros urbanos (urbanização). Em outras palavras, o trabalho manual é, nesse momento, realizado em grandes escalas de produção donde as máquinas substituem a força do homem. Essa fase que durou até o século XIX estava baseada no liberalismo econômico (o mercado e a livre concorrência sem intervenção do Estado economia) e teve como principais características: • A expansão e o desenvolvimento dos transportes • O aumento da produtividade • Diminuição nos preços das mercadorias 14 • A ampliação da classe operária • Ampliação das relações internacionais • O surgimento do Imperialismo e da Globalização • O excedente de produção • A aceleração do sistema fabril • Saturação dos mercados • Acumulação de capital gerada pelos excedentes na Indústria Note que a aceleração dos processos industriais trouxe diversos problemas à população, desde condições precárias de trabalho, com as intensas horas de trabalho, os baixos salários e o aumento do desemprego, o que mais tarde levaria à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Capitalismo Financeiro ou Monopolista Já a terceira fase do capitalismo, denominada de Capitalismo Financeiro ou Monopolista, surge no século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a expansão da globalização e o advento da segunda revolução industrial. Além das Indústrias que dominaram o cenário do capitalismo industrial, nesse momento, o sistema está fundamentado nas leis dos bancos, das empresas multinacionais e das grandes corporações por meio do monopólio financeiro. Sendo assim, as principais características do capitalismo monopolista, que vigora até os dias atuais são: • O monopólio e oligopólio comercial • Expansão da Globalização e do Imperialismo • Expansão das novas tecnologias e das fontes de energia • Acelerada urbanização e aumento do mercado consumidor • Aumento da concorrência internacional • A expansão das empresas transnacionais ou multinacionais (empresas globais) • A especulação financeira e economia de mercado 15 • Investimento em ações empresariais • Fusão entre capital bancário e capital industrial Alguns estudiosos acreditam que o capitalismo já entrou numa quarta fase com a expansão das tecnologias de informação denominada de Capitalismo Informacional ou Cognitivo. Capitalismo Informacional O capitalismo informacional, cognitivo ou do conhecimento corresponde a quarta fase de desenvolvimento do capitalismo. Esse termo foi utilizado primeiramente pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, em sua obra “A Sociedade em Rede”, escrita em 1996 e publicada em 2006. O capitalismo informacional teve início com a quebra da bolsa de valores de nova York (1929), ganhando força na virada do século. No entanto, há controvérsias sobre a data de origem do capitalismo informacional. Para alguns estudiosos, ele começou no período do pós-guerra e, para outros, a partir da década de 80. O capitalismo informacional corresponde ao período econômico e social em que estamos vivendo. É marcado pelo avanço da Globalização, dos computadores, dos telefones digitais, da robótica e da internet. Recebe esse nome pois está intimamente relacionado com a Sociedade da Informação ou Era da Informação. Suas principais características englobam a expansão e o desenvolvimento das tecnologias de informação (TI); aceleração e aumento dos fluxos de capitais, mercadorias, informações, pessoas; e ainda, a difusão do conhecimento. No campo social, destacam-se o aumento do fluxo de informações via net e a dependência tecnológica, as quais foram intensificadas pelo uso das redes sociais, que permitem receber muitas informações rapidamente. Assim, surgem novas práticas sociais e culturais com o uso intensivo da tecnologia figurando uma nova estrutura social. 16 Características As principais características do Capitalismo Informacional são: • Terceira Revolução Industrial (Revolução Técnico-científica) • Desenvolvimento acelerado do capitalismo financeiro • Especialização e qualificação da mão-de-obra • Otimização dos processos produtivos • Aumento da produtividade econômica • Mercantilização da informação • Tecnologias de informação • Sociedade da informação • Inovações e revolução tecnológica • Desenvolvimento de softwares e aplicativos • Valorização da criatividade e da mão-de-obra jovem • Acúmulo de riqueza por meio do conhecimento • Marcada pelo sistema neoliberal • Avanço da globalização e do imperialismo • Aumento das transações comerciais via internet 17 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE TEMA 01 PARTE 02 – PROBLEMAS AMBIENTAIS Link do GOOGLE drive. 18 PROBLEMAS AMBIENTAIS A pegada ecológica está ligada à crescente demanda mundial por bens de consumo, que coloca em risco os principais recursos naturais do planeta. Muitas vezes a indústria e os consumidores não estão plenamente conscientes do nível do impacto que essa exigência pode causar no equilíbrio ambiental. Em outras palavras, quando um empresário decide abrir uma fábrica de sapatos, por exemplo, ele vai gastar certas quantidades de recursos naturais para que o produto final possa ser vendido. E o consumidor que precisa de um novo par de sapatos vai adquirir o produto. Mas nenhuma das partes sabe ao certo qual foi a demanda ecológica que o objeto causou na natureza. Essa falta de informação complica a elaboração de políticas públicas e contribui para a sobrecarga ecológica do planeta. A partir das pegadas deixadas por animais na mata pode-se conseguir muitas informações sobre: peso, tamanho, força, hábitos e inúmeros outros dados sobre seu modo de vida. Com os seres humanos, acontece algo semelhante. Ao andarmos na praia, por exemplo, podemos criar diferentes tipos de rastros, conforme a maneira como caminhamos, o peso que temos, ou a força com que pisamos na areia. Se não prestamos atenção no caminho, ou aceleramos demais o passo, nossas pegadas se tornam bem mais pesadas e visíveis. Porém, quando andamos num ritmo tranquilo e estamos mais atentos ao ato de caminhar, nossas pegadas são suaves. Assim é também a “Pegada Ecológica”. Quanto mais se acelera nossa exploração do meio ambiente, maior se torna a marca que deixamos na Terra. O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são rastros deixados por uma humanidade que ainda se vê fora e distante da Natureza. Foi pensando na dimensão crescente das marcas que deixamos, e em formas de medi-las, que os especialistas William Rees e Mathis Wackernagel desenvolveram, em 1996, o conceito de Pegada Ecológica. A Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de recursos da Natureza utilizamos parasustentar nosso estilo de vida, o que inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, 19 o transporte que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os produtos que compramos e assim por diante. Tudo o que está à nossa volta no dia-a-dia vem da Natureza e, depois de algum tempo, retorna para ela! A Pegada Ecológica não é uma medida exata e sim uma estimativa. Ela nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos naturais e absorver os resíduos que geramos por muitos e muitos anos. Isto con- siderando que dividimos o espaço com outros seres vivos e que precisamos cuidar da nossa e das próximas gerações A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida. Em outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar. Para calcular as pegadas foi preciso estudar os vários tipos de territórios pro- dutivos (agrícola, pastagens, oceanos, florestas, áreas construídas) e as diversas formas de consumo (alimentação, habitação, energia, bens e serviços, transporte e outros). As tecnologias usadas, os tamanhos das populações e outros dados, também entraram na conta. Cada tipo de consumo é convertido, por meio de tabelas específicas, em uma área medida em hectares. Além disso, é preciso incluir as áreas usadas para receber os detritos e resíduos gerados e reservar uma quantidade de terra e água para a própria Natureza, ou seja, para os animais, as plantas e os ecossistemas onde vivem, garantindo a manutenção da biodiversidade. De acordo com o site: https://www.ecycle.com.br/3731-pegada- ecologica-ambiental o romeno Nicholas Georgescu-Roegen, no livro The Entropy Law and the Economic Process (A Lei da Entropia e o Processo Econômico, em tradução livre), de 1971, foi um dos primeiros a abordar o tema, ao falar sobre bioeconomia e a preocupação com a continuidade da vida de diversas espécies na Terra. No livro, com base na segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia, Georgescu-Roegen aponta para a inevitável degradação dos recursos https://www.ecycle.com.br/3731-pegada-ecologica-ambiental https://www.ecycle.com.br/3731-pegada-ecologica-ambiental 20 naturais em decorrência das atividades humanas. Ele criticou os economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites, e desenvolveu uma teoria oposta e extremamente ousada para a época: o decrescimento econômico. Como a produção de bens e consumo tem aumentado significativamente, o espaço físico terrestre disponível já não é suficiente para nos sustentar no elevado padrão atual. Para assegurar a existência das condições favoráveis à vida precisamos viver de acordo com a “capacidade” do planeta, ou seja, de acordo com o que a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que ela fornecesse. Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é essencial, pois só assim poderemos saber se vivemos de forma sustentável. Segundo o professor Geoffrey P. Hammond, o termo pegada ambiental tem o mesmo significado que pegada ecológica e muitas vezes é referido também como eco-pegada (Costanza, 2000). A pegada ecológica é um indicador de sustentabilidade que acompanha a concorrência das demandas humanas com a capacidade regenerativa do planeta, ou seja, compara a biocapacidade do planeta com a demanda por recursos naturais necessária para a elaboração de bens de consumo e serviços, integrando a pegada de carbono, que representa o numero de florestas indispensáveis para a absorção das emissões de CO2 que os oceanos não conseguem capturar - este é o único produto residual contabilizado. Tanto a pegada ecológica quanto a biocapacidade são expressas em hectares globais (gha), o que representa a capacidade de produção de um hectare de terra, considerando a produtividade média mundial. Portanto, a pegada ecológica analisa os impactos que produzimos em nossa biosfera. Para calcular a pegada ecológica são consideradas diversas formas de uso de recursos naturais. Essas formas podem ser medidas em unidades de área, importantes para manter a produtividade biológica. Recursos que não podem ser aferidos através desses termos são excluídos do cálculo - é por isso que resíduos sólidos e a água não são contabilizados na pegada ecológica, por exemplo. Os componentes da pegada são divididos em subpegadas que, quando somadas, revelam a dimensão da pegada ecológica total. As subpegadas são calculadas por meio de tabelas especificas de acordo com cada tipo de consumo e convertidas em hectares. Como subpegadas temos: https://www.ecycle.com.br/2375-dioxido-de-carbono-o-que-e-co2/ 21 • Pegada de retenção de carbono: quantidade de floresta necessária para absorver o dióxido de carbono que os oceanos não suportaram absorver; • Pegada de pastagem: área necessária para a criação de gado para o abate, leiteiro, produção de couro e de lã; • Pegada florestal: baseada no consumo anual de madeira para diversos produtos; • Pegada de pesqueiros: baseia-se em uma estimativa de produção para sustentar peixes e mariscos capturados de água doce e marinhos; • Pegadas das áreas de cultivo: representada pelas áreas necessárias para o cultivo de alimentos humanos e rações para animais, bem como as oleaginosas e borracha; • Pegada de áreas construídas: são representadas por todas as áreas com infraestrutura humana, assim como transportes, indústrias, reservatórios para a geração de energia elétrica e habitações. Enquanto modelos padrões de economia examinam os custos financeiros dos produtos, o conceito das pegadas (ecológica, de água, de carbono e outras) nos permite avaliar os custos dos recursos naturais envolvidos na produção de determinado bem a partir das quantidades de solo, materiais e água utilizadas e das emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. Todos os produtos, desde uma xícara de chá até um casaco de algodão, possuem impactos sobre os recursos naturais em toda sua cadeia produtiva. Um casaco de algodão, por exemplo, utiliza recursos no cultivo e na colheita do algodão, nas operações para transformar o algodão em tecido, na produção final do vestuário, no transporte, etc. Todas essas etapas requerem diferentes quantidades de recursos, como solo, água, materiais e energia, que são medidas pelos diferentes tipos de pegadas. A pegada ambiental desse item, por exemplo, mediria a soma das subpegadas (retenção de carbono, florestal, de área de cultivo, de pastagem, etc.) para determinar, em hectares globais, qual foi o rastro ambiental do produto. Para a indústria, é importante ter noção das pegadas em cada etapa do processo de fabricação, pois esse tipo de estudo revela a eficiência de seus 22 processos em relação ao uso dos recursos naturais, além de tornar possível a identificação dos pontos de vulnerabilidade presentes em cada processo da cadeia de abastecimento. Para o poder público, a importância se dá para a elaboração de políticas de uso dos recursos naturais, de modo a evitar um deficit ecológico. O impacto das pegadas depende de cada local. O impacto da pegada ecológica vai depender da natureza da terra, como ela é usada e se existem usos competitivos. 23 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE TEMA 02 PARTE 01 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Link do GOOGLE drive. 24 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL De acordo com BARRETO e TORRES (2019), no artigo intitulado de “GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL EMPRESARIAL destaca que envolta a riscos e incertezas propagados pelas catástrofes ambientais de ordem planetária, a comunidade global busca uma mudança de paradigma para conciliar desenvolvimento com proteção e preservação ambiental, objetivando garantir uma sadia qualidade de vida para a atual e futuras gerações. No final do século XIX, o rápido desenvolvimento tecnológico e industrial desmascarou um crescimento desorganizado e ecologicamente predatório, tendo, por conseguinte, níveis de desmatamento e poluição excessivos, com mudanças profundas no ecossistema mundial. Se tornou necessário, portanto, repensar o estilo de desenvolvimento da sociedade humana, a fim de tornar sustentável o modelo de crescimento tecnológico, extremamente rápido e constante. Para tanto, faz-se necessário uma rápida adaptação do modelo tecnológico das empresas transnacionais e dos processos de modernização e urbanização, com comprometimento efetivo de todos os países: em prol da diminuição da poluição, pelas economias mais industrializadas; e a favor da sustentabilidade, com menor esgotamento dos recursos naturais, pelas economias subdesenvolvidas. Importante salientar que todos os compromissos com foco no desenvolvimento passaram a ser pensados como o equipamento jurídico apto a constituir, por intermédio da normatividade, a nova ordem econômica internacional. Essa noção nasceu bem antes da ONU tem produzido os documentos fundamentais que delinearam a proposta da Nova Ordem Econômica Internacional. A gestação do Direito ao Desenvolvimento teve início em 1957 com a edição da Resolução 1161, da Assembleia Geral. No tocante a função a ser desempenhada pelas nações envolvidas, estas devem concretizar uma função de protagonista na cooperação, verdadeira ferramenta de trabalho, gerando o desenvolvimento econômico e social. Lançando então o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Assembleia Geral fundamentava a tábua de valores que ditaria os rumos do desenvolvimento. 25 A nova Ordem Econômica Mundial pode ser considerada como o locus na qual a cooperação internacional visando ao desenvolvimento alcançará o objetivo e o dever comum de todos os países. A missão do direito ao desenvolvimento consiste, pois, em fixar os termos jurídicos da solidariedade. Enquanto o direito do desenvolvimento se restringe à normatividade, o papel reservado ao direito ao desenvolvimento é mais amplo: seus foros de cidadania se encontram na dimensão universalizante dos direitos humanos, da qual forma parte como uma das projeções mais salientes. Como criadora dos instrumentais e colaboradora das pessoas, a cooperação econômica entre as nações pode realizar melhor aquilo que a competição obliterou pela via do egoísmo e das disputas. Tudo o que a cooperação econômica puder aportar de bem-estar para a humanidade deverá estar a serviço do fim último a que se acha preordenada, desde a fundação das Nações Unidas, a comunidade internacional: a paz. Pautada para a sessão de 04.12.1986, a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento foi aprovada pela Resolução 41/133, da Assembleia Geral, naquela data referencial. 26 DÉCADAS DE 70 E 80: CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO - ESTOCOLMO, 1972; ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO MUNDIAL (WCS) E RELATÓRIO DE BRUNDTLAND A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, representou o primeiro marco no caminho das Nações Unidas na busca pelo desenvolvimento sustentável, onde foram definidas como prioridades os aspectos ambientais das catástrofes e conflitos, a gestão dos ecossistemas, a governança ambiental, as substâncias nocivas, a eficiência dos recursos e as mudanças climáticas (Disponível em https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/, acesso em 04/08/2018). Nesta oportunidade, foram proclamados diversos princípios que viriam a nortear as conferências mundiais posteriores sobre o meio ambiente e a respectiva atuação humana, agrupados em cinco blocos: 1) Os recursos naturais deveriam ser conservados, a capacidade da terra de produzir recursos renováveis deveria ser mantida e os recursos não renováveis deveriam ser compartilhados; 2) Desenvolvimento e preocupação ambiental deveriam andar juntos e os países desenvolvidos deveriam ajudar os não desenvolvidos a implementarem políticas de proteção ambiental; 3) Cada país deveria estabelecer seus padrões de administração ambiental e explorar seus recursos, mas sem prejudicar ou colocar em perigos outros países; 4) A poluição não deveria exceder a capacidade do meio ambiente de se recuperar. A poluição dos mares deveria ser evitada; 5) Ciência, educação, tecnologia e pesquisa deveriam ser utilizadas para a proteção ambiental (CARNEIRO, Beatriz Scigliano, 2012. A construção do dispositivo meio ambiente. Revista Ecopolítica, São Paulo, n. 4, set-dez, p 10) Posteriormente, em 1980, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) publicou a Estratégia de Conservação Mundial/ WCS (Disponível em https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/WCS-004.pdf. Acesso em 04/08/2018), que determinou um precursor do conceito de desenvolvimento sustentável. A Estratégia afirmava que a conservação da natureza não pode ser alcançada sem o desenvolvimento para amenizar a pobreza e a miséria de centenas de milhões de pessoas e ainda enfatizava que a interdependência entre conservação e desenvolvimento depende do cuidado com a Terra. A menos que a fertilidade e a produtividade do planeta estejam protegidas, o futuro da https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/ https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/WCS-004.pdf 27 humanidade está em risco. Em 1987, no Relatório Brundtland – Our Common Future, colocou o conceito de “desenvolvimento sustentável” na agenda política: O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas. (Disponível em https://ambiente.files.wordpress.com/2011/03/ brundtland- report-our-common-future.pdf, acesso em 04/08/2018) CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS - AGENDA 21 (RIO-92) A partir da Rio-92 (Agenda 21), com base no Relatório Brundtland, a expressão “economia verde” foi aceita oficialmente pela comunidade internacional e popularizada no mundo. Possui como características principais, a busca pela baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e pela inclusão social. Assim, passou a ser conceituada como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica” Depois da conferência, a expressão foi absorvida por governos, empresas e pela sociedade civil, e empregada na formulação e execução tanto de políticas públicas quanto de iniciativas privadas ligadas à responsabilidade socioambiental. Ainda na Conferência das Nações Unidas - Agenda 21 (Rio92), definiu-se que “a Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para 28 concretizá-la são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais.” Odocumento da Agenda 21 apresenta 40 capítulos, divididos, por sua vez, em 4 sessões: Seção I: Dimensões Econômicas e Sociais (capítulo 2 a 8). Tratou de como os problemas e soluções ambientais são interdependentes daqueles da pobreza, saúde, comércio, dívida, consumo e população. Seção II: Conservação e gerenciamento de recursos para o desenvolvimento (capítulos 9 a 22). Tratou da forma como os recursos físicos, incluindo terra, mares, energia e lixo, precisam ser gerenciados para assegurar o desenvolvimento sustentável. Seção III: Fortalecimento do papel dos grupos principais (capítulos 23 a 32), inclusive os minoritários, no trabalho em direção ao desenvolvimento sustentável. Seção IV: Meios de implementação (capítulos 33 a 40), inclusive financiamento e o papel das diversas atividades governamentais e não-governamentais. (Disponível em http: //www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda- 21/documentos, acesso em 04/08/2018) A Agenda 21 reafirmou, ainda, que o desenvolvimento sustentável deve ser delimitado pela integração dos pilares ambiental, econômico e socio-político: Ambiental: manutenção dos ecossistemas; manutenção da capacidade ambiental natural; fontes de energia renováveis. Econômico: exploração sustentável; nível ótimo de poluição; sustentabilidade das relações. Sócio – Político: direito das mulheres; direito das minorias; IDH. (Disponível em http: //www.mma.gov.br/ responsabilidade- socioambiental/ agenda-21/ documentos, acesso em 04/08/2018) 29 PROTOCOLO DE KYOTO O Protocolo de Kyoto, por sua vez, é um tratado internacional direcionado aos países desenvolvidos e que tem por objetivo fazer com que assumam o compromisso de reduzir a emissão de gases agravantes do efeito estufa, a fim de aliviar os impactos causados pelo aquecimento global. Foram, então, realizadas discussões para estabelecer metas e criar formas de desenvolvimento que não fossem prejudiciais ao meio-ambiente. No tratado foi proposto que os países-membros, principalmente os mais desenvolvidos, assumissem a obrigação de reduzir a emissão dos gases do efeito estufa, diminuindo pelo menos 5,2% no período entre 2008 a 2012, em relação aos níveis de 1990. Em 2012, porém, o protocolo teve sua validade prorrogada até 2020. As metas do Protocolo de Kyoto não foram iguais para todos os países signatários: os países desenvolvidos deveriam assumir o compromisso de realizar diversas ações no tocante a reforma dos setores de energia e transportes, promoção do uso de fontes energéticas renováveis, proteção de florestas e outros sumidouros de carbono. Por sua vez, os países em desenvolvimento (elencados no Anexo I do Protocolo) não receberam metas obrigatórias, apenas o dever de realizar ações sustentáveis por meio de projetos destacados pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). As metas estipuladas para os países desenvolvidos causaram uma série de atritos, capitaneados principalmente pelos Estados Unidos da América, que, em 2001, se recusou a ratificar o tratado, alegando injustiça na distribuição de responsabilidades e risco no desenvolvimento da nação. Das ações apresentadas para o cumprimento do tratado há três Mecanismos de Flexibilização: 1. Implementação Conjunta (CI) - mecanismo que incentiva a criação de projetos que reduzam a emissão dos gases estufa. Quando dois ou mais países desenvolvidos criam projetos para redução de gases podem fazer uma posterior comercialização; 2. Comércio de Emissões ou Comércio Internacional de Emissões (CIE) - é um mecanismo em que os países desenvolvidos que já reduziram a emissão de gases além de sua meta, podem comercializar o excedente de suas emissões para países que não atingiram a meta; 3. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - mecanismo que auxilia na redução dos gases estufa. Ele consiste 30 na implementação de projetos para o desenvolvimento sustentável que auxiliam na redução ou captura de gases poluentes. Com isso, os países recebem um certificado chamado 'Reduções Certificadas de Emissões', emitidos pelo Conselho Executivo do MDL e podendo ser comercializados no mercado internacional. Após o Protocolo de Kyoto, muitas Conferências da ONU foram realizadas sob a égide dos mesmos princípios de desenvolvimento sustentável, incluindo: A Segunda Conferência da ONU sobre Assentamentos humanos (Istambul, 1999); a Sessão Especial da Assembleia Geral sobre Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (Nova York, 1999); a Cúpula do Milênio (Nova York, 2000) e seus Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (cujo sétimo objetivo procura “Garantir a sustentabilidade ambiental”). CÚPULA DO MILÊNIO Em setembro de 2000, a Cúpula do Milênio reuniu, em Nova Iorque, 189 países-membros das Nações Unidas se juntaram para refletir o propósito do destino comum da humanidade, onde foi assinada uma Declaração sintetizando uma séria de princípios e compromissos dos Estados em prol, dentre outros, do desenvolvimento sustentável. Em apertada síntese, foram traçados 8 objetivos para o ano de 2015: 1. Erradicar a extrema pobreza e a fome; 2. Atingir o ensino básico universal; 3. Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres; 4. Reduzir a mortalidade infantil; 5. Melhorar a saúde materna; 6. Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; 7. Garantir a sustentabilidade ambiental; 8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. (Disponível em https://nacoesunidas.org/tema/odm/. Acesso em 04 ago. 2018) https://nacoesunidas.org/tema/odm/ 31 CONFERÊNCIAS RIO+10 E RIO+20 A Rio+10, ou Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, foi um evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir sobre as questões ambientais, tendo ocorrido em Joanesburgo, África do Sul, entre os dias 26 de agosto e 04 de setembro de 2002. O objetivo da Rio+10 foi avaliar o progresso dos acordos estabelecidos na Rio-92, a partir da Agenda 21. Porém, destacou-se por também incluir em suas discussões os debates sobre problemas sociais, como a erradicação da pobreza e o acesso da sociedade aos serviços de saneamento e à saúde. Dez anos depois, desta vez novamente no Rio de Janeiro, foi realizada a Rio+20, objetivando a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, através da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes. Ao final, foi produzido um documento intitulado “The Future We Want”, onde restou traçado todos os princípios e compromissos necessários ao atingimento do objetivo final em prol do desenvolvimento social e sustentável. Esta Conferência teve dois temas principais: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. Sob o tema “economia verde” no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, o desafio proposto à comunidade internacional foi o de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável. Por sua vez, a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, onde insere-se a discussão sobre a necessidade de fortalecimento do multilateralismo como instrumento legítimo para solução dos problemas globais. Deve buscar-se aumentar a coerência na atuação das instituições internacionais relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do desenvolvimento. 32 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – AGENDA 2030 Em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova Iorque, e decidiram um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade: a Agenda 2030para o Desenvolvimento Sustentável: Esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reconhecemos que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável (Disponível em https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso: em 04 ago. 2018) Nesta agenda, foi estabelecido um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), integrados e indivisíveis, que mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. Podem ser entendidos como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, sociedade civil, setor privado e todos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável. A saber: Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ 33 Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusiva para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável Como se vê, os 17 ODS deixam claro a necessidade de participação geral da sociedade em prol da sustentabilidade: O que estamos anunciando hoje – uma Agenda para a ação global para os próximos quinze anos – é uma carta para as pessoas e o planeta no século XXI. As crianças e as mulheres e 34 homens jovens são agentes fundamentais de mudança e encontrarão nos novos Objetivos uma plataforma para canalizar as suas capacidades infinitas pelo ativismo em prol da criação de um mundo melhor. (Disponível em https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/, §51. Acesso: em 04 ago. 2018) Assim, não só os Estados-Membros das Nações Unidas, em nível de governança internacional, mas passam a ser responsáveis e agentes do desenvolvimento sustentável, também: (i) os próprios Governos – com ações de comando e controle a partir de instrumentos econômicos; (ii) os Consumidores – por meio do consumo consciente, com a recusa de produtos e serviços incompatíveis com os Objetivos; e (iii) as Empresas – através da adoção de medidas de auto-regulamentação, de programas e processos voltados à melhoria da qualidade de vida dos seus empregados. PAPEL DA SOCIEDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O desenvolvimento sustentável está inserido na Constituição de 1988, mormente no capítulo sobre meio ambiente. Se o texto constitucional for considerado como um todo, o art. 225 deve ser encarado como o principal norteador do meio ambiente, uma vez que apresenta um complexo conjunto de direitos, com a clara obrigação que Estado e a Sociedade têm na garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, vez que se trata de um bem de uso comum e que deve ser preservado e mantido para as presentes e futuras gerações. Além da busca pela preservação do meio ambiente, a Constituição Federal definiu as competências de cada ente da federação. Sendo assim, União, Estados, Municípios e Distrito Federal passaram a possuir competências especificas para legislar sobre determinadas questões ligadas ao desenvolvimento sustentável. Diante dos dispositivos legais mencionados, pode-se chegar a conclusão que cabe ao cidadão e a todas as esferas políticas de poder o dever de implementar o desenvolvimento sustentável. https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ 35 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL COMO VETOR DE ORIGEM E FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO A sustentabilidade empresarial pode ser entendida como um conjunto de ações que uma empresa adota, de forma conjunta com práticas ambientais e sociais, ou seja, desenvolvendo suas atividades de forma transparente com a sociedade e preservando os recursos naturais. (LAPENDA, José Ticiano Beltrão José Ticiano Beltrão Lapenda. Sustentabilidade empresarial: A sustentabilidade empresarial alicerçada no tripé econômico, social e ambiental, levando a empresa a obter maior competitividade. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/sustentabilidade- empresarial/104885/> http://www.administradores.com.br/u/tlapenda/ 36 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE TEMA 02 PARTE 02 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (CONTINUAÇÃO) Link do GOOGLE drive. 37 SOCIEDADE DE RISCO COMO VETOR DE ORIGEM E FOMENTO DE SUSTENTABILIDADE NA ATIVIDADE EMPRESARIAL O termo “Sociedade de Risco” foi construído pelo sociólogo alemão Ulrich Beck, em seu livro “Risikogesellschaft” de 1986 – sendo publicado no Brasil mais de vinte anos depois com o título “Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade”. Beck faz, em seu livro, uma análise da sociedade contemporânea, apontando suas transformações e seus avanços tecnológicos que agora norteiam uma nova forma de organização social; uma sociedade em que os riscos são democráticos. Antes de abordar a sociedade de risco, imperioso se faz distinguir os conceitos de perigo e de risco na denominada sociologia do risco. Perigo advém da natureza. De Plácido e Silva aponta que perigo é “toda eventualidade, que se receia ou que se teme, da qual possa resultar um mal ou dano, à coisa ou à pessoa, ameaçando-a em sua existência.” (DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 1030. Risco advém da decisão humana; é inerente a algo que se decide enfrentar; uma probabilidade. Beck assinala que os riscos “são um produto histórico, a imagem especular de ações e omissões humanas, expressão de forças produtivas altamente desenvolvidas”. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 275) Aponta Beck (2011) que o desenvolvimento do sistema fabril, aflorado nos séculos XVIII ao XIX, caracterizou-se por uma complexa divisão do trabalho, rotina das tarefas, acumulação de riquezas, desigualdade social e agravamento da miséria, sobretudo pelo aumento da população ocasionado a escassez de alimentos. Nessesentido Michel Beaud explana: Nesses anos de 1790-1815, o que se manifesta nitidamente aos olhos de todos é a Revolução Francesa, são as guerras que afligem a Europa. Menos espetacular, uma outra revolução foi iniciada na Inglaterra. Através dela é introduzida e ampliada a lógica capitalista de produção: exploração de um número crescente de trabalhadores e produção de uma massa sempre maior de mercadorias; acumulação vertiginosa de riquezas, num polo, ampliação e agravamento da miséria, no outro. Através do movimento de industrialização do século XIX, esta lógica vai impor com uma força cada vez maior a setores cada vez mais amplos da 38 sociedade (BEAUD, Michel. História do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 123-124) A partir do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, algumas empresas começaram a exportar meios de produção por causa da alta concorrência e do crescimento da indústria. A modernização, amparada no sistema bancário, nas grandes corporações financeiras e no mercado globalizado, caracterizava-se por monopólios e oligopólios comerciais; a expansão das novas tecnologias e fontes de energia; urbanização acelerada e aumento do mercado consumidor; bem como, pela fusão entre capital bancário e capital industrial. Com a modernidade tardia, inúmeros problemas emergiram, através dos riscos advindos da globalização, das facilidades de o agente poder interagir, relacionar-se e praticar negócios com as pessoas de todo o mundo. Sobre esse tema, Ulrich Beck expõe: Na modernidade tardia, a produção social de riqueza é acompanhada sistematicamente pela produção social de riscos. Consequentemente, aos problemas e conflitos distributivos da sociedade da escassez sobrepõem-se os problemas e conflitos surgidos a partir da produção, definição e distribuição de riscos científico-tecnologicamente produzidos. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 23.) Desta forma, com o passar dos séculos, sobremaneira no período compreendido entre os séculos XIX ao XXI, a modernidade passou de riscos pelos quais se podia controlar e prever para uma modernização reflexiva, com riscos que não se podem controlar e tampouco prever. “Na reflexividade dos processos de modernização, as forças produtivas perderam sua inocência.” (BEAUD, Michel. História do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 15.) Beck assim explana: Os riscos e ameaças atuais diferenciam-se, portanto, de seus equivalentes medievais, com frequências semelhantes por fora, fundamentalmente por conta da globalidade de seu alcance (ser humano, fauna, flora) e de suas causas modernas. São riscos da modernização. São um produto de série e do maquinário industrial do progresso, sendo sistematicamente agravados com seu 39 desenvolvimento ulterior. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 26. Vivemos uma nova era. Era em que tradições e valores estão sendo decompostos pelo desenvolvimento tecnológico impulsionado pela globalização desenfreada. Beck assim assevera: A sociedade de risco também é, nesse sentido, dada a possibilidade, uma sociedade autocrítica. Nela, são sempre coproduzidos pontos de referência e premissas da crítica sob a forma de riscos e ameaças. A crítica do risco não é uma crítica normativa dos valores. Os riscos surgem justamente quando tradições e, consequentemente, valores são decompostos. A base da crítica encontra-se menos nas tradições do passado e mais nas ameaças do futuro. (idem) O homem contemporâneo, diante do elevado aumento dos riscos, tem que ser quase que “infalível”. Dessa forma, se faz presente a busca por conhecimento para garantir novamente a segurança do sujeito em suas relações. Nesse sentido, aponta Ulrich Beck: Precisamos, portanto, investigar se os avanços práticos compreendem um “gigantismo do risco” que priva o homem de sua humanidade, condenando-o, daqui em diante e por toda a eternidade, à infalibilidade. O avanço científico-tecnológico começa a entrar cada vez mais num flagrante e nova contradição: enquanto seus fundamentos cognitivos são examinados no autoquestionamento das ciências, o avanço tecnológico foi imunizado contra a dúvida. Justamente com a ampliação dos riscos e das pressões por ação, acabam sendo renovadas pretensões absolutistas de conhecimento, de infalibilidade e de segurança que há muito já se revelaram intoleráveis. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 269) Dessa forma, com as revoluções tecnológicas e industriais que alavancaram a globalização, bem como na escolha do capitalismo como modelo de produção por grande parte das nações mundiais, o desenvolvimento como um todo, de forma ponderada, de forma sustentável, surge como um desafio em relação à sobrevivência das gerações futuras. Nesse cenário, a sociedade de risco dá ensejo à “sustentabilidade empresarial”, na perspectiva ambiental. Antes de abordar a sustentabilidade empresarial em si, imperioso de faz 40 verificar a origem do termo “sustentabilidade”, até chegar-se à “sustentabilidade empresarial”. Tem-se pelo termo “sustentabilidade” a busca de suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras. Esse conceito foi extraído, como já referenciado anteriormente, do Relatório Brundtland, no ano de 1987, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Assim Fábio Y.C. Ueno expõe: [...] movimento em prol do desenvolvimento sustentável propriamente dito com o “Relatório Brundtland” (BRUNDTLAND, 1987) ou, mais propriamente, o relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, produzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, liderada pela médica e política Gro Harlem Brundtland. O relatório, publicado em 1987, traz considerações importantes sobre a utilização exacerbada dos recursos naturais sem respeitar a capacidade de ciclagem dos ecossistemas. É também desse relatório que sai a definição mais difundida de desenvolvimento sustentável, segundo a qual ele é o desenvolvimento que supre as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprir as suas próprias necessidades. (UENO, Fábio Y. C. Ética e sustentabilidade. EAD: Educação a distância. Disponível em:<http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/Livro_Etica_e_Suste ntabilidade.pdf> Na mesma oportunidade, Ueno aponta que o termo “Pilares da Sustentabilidade” é a tradução do termo “Triple Bottom Line”, conceito criado por John Elkington em 1995 para relacionar as três principais frentes de ação da sustentabilidade: a econômica, a social e a ambiental. Assim, no mesmo sentido, Ignacy Sachs (apud ZAMBON; RICCO) aponta que uma sociedade é sustentável, “ao atender, simultaneamente aos critérios de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os três pilares do desenvolvimento sustentável”. (ZAMBON, Bruno Pagotto; RICCO, Adriana Sartório. Sustentabilidade empresarial: uma oportunidade para novos negócios. Disponível em: http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/Livro_Etica_e_Sustentabilidade.pdf http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/Livro_Etica_e_Sustentabilidade.pdf 41 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:ls67xPf6mnYJ:xa.yimg.com/ kq/groups/21939088/1233569114/name/TEXTO%2B05.pdf+&cd=1&hl=pt- BR&ct=clnk&gl=br>. A sustentabilidade social baseia-se em um processo de melhoria da qualidade de vida da sociedade como um todo, reduzindo a desigualdade social através do nivelamento do padrão de renda, moradia e alimentação, acesso à educação, dentre outros. A sustentabilidade ambiental estimula as pessoas a analisarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, bem como na forma de utilização de recursos naturais. Tem na sociologiado risco, fator de origem e fomento. A econômica aborda a economia formal, bem como as atividades informais que ordenam serviços para os indivíduos e grupos e aumentam, desta forma, a renda e o padrão de vida dos indivíduos. Utilizando-se desses três pilares – social, ambiental e econômico -, para o mundo corporativo, verifica-se que conciliar preservação ambiental com progresso econômico e isonomia social pode engendrar lucro e reputação para a empresa, ajudando também no crescimento e perpetuidade dos negócios. Dessa forma, tem-se que a sustentabilidade empresarial consiste na procura da sequência no mercado a partir da viabilidade econômica da empresa, de forma concomitante com o meio ambiente e a sociedade. Nas palavras de Lira Luz Lazaro Benites e Edison Fernandes Polo: O termo mais usado para descrever o papel das empresas com o desenvolvimento sustentável é “sustentabilidade empresarial” (BM&F BOVESPA, 2010). O princípio da sustentabilidade nas empresas, como observado por Porter e Kramer (2006), aparece frequentemente invocando o triple bottom line, que consiste na busca da continuidade no mercado e no crescimento da organização a partir de sua viabilidade econômica, além da coexistência harmônica com o meio ambiente e sociedade. A sustentabilidade se converte em um princípio fundamental da gestão inteligente, que será difícil de ser ignorado. ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. Assim, visualiza-se que a admissão de práticas empresariais de forma concomitante com práticas sociais e ambientais, dá ensejo à sustentabilidade empresarial, já que a empresa passa a não se importar somente com os seus clientes, mas sobretudo, em ter uma relação transparente com a sociedade por meio da 42 preservação de recursos naturais, culturais, bem como diminuindo as desigualdades sociais. Nas palavras de José Ticiano Beltrão Lapenda: A sustentabilidade empresarial vem sendo ampliada nos últimos anos a partir da incorporação de práticas sociais e ambientais, visando atender as necessidades da sociedade. A sustentabilidade não visa, tão somente, a formação de uma relação do empreendimento com os clientes, visando o estabelecimento de diálogos e uma relação ética e transparente com esse público. Busca, sobretudo, a incorporação das práticas corretas de sustentabilidade para a valorização da imagem institucional e da marca. Objetiva, também, além a maximização da riqueza dos acionistas, a preservação de recursos ambientais e culturais, respeitando as diversidades, buscando a redução da desigualdade social. A sustentabilidade empresarial tem como seus principais resultados a maior lealdade do consumidor, a maior capacidade de recrutar e manter talentos, a flexibilidade, a capacidade de adaptação e, por consequente, a longevidade do empreendimento. (LAPENDA, José Ticiano Beltrão). Sustentabilidade empresarial: A sustentabilidade empresarial alicerçada no tripé econômico, social e ambiental, levando a empresa a obter maior competitividade.. Disponível em: <http: //www.administradores.com.br/ artigos/negocios/sustentabilidade-empresarial/104885/>. Acesso em: 16/07/2018. A sustentabilidade empresarial passou, portanto, de uma meta de toda empresa, para uma obrigação, um princípio norteador de gestão eficaz e em consonância com o mundo moderno. O desenvolvimento global deve ser pensado, antes de tudo, de maneira local, pela sociedade que dia a dia usufrui dos recursos naturais e humanos existentes no meio em que vivem. A região não pode ser vista apenas como um fato geográfico, mas como um ator social, elemento vivo, dentro de um processo planejado e sustentável. A solução de problemas visando um bem-estar comum é fundamental neste processo, uma vez que todos usufruem do mesmo ambiente, e sofrem, em condições similares, com a degradação deste, seja no aspecto ambiental, seja no aspecto político e humano. A análise do desenvolvimento sustentável, portanto, deve ser feita sob 43 um enfoque sistêmico, interdependente em suas diversas dimensões, e complexo em sua dinâmica. Uma base analítica contendo tais características é extremamente complexa e, muitas vezes, exige pesquisa das realidades peculiares de cada região, sem olvidar do aspecto global que atinge cada vez mais os processos econômicos existentes. Na busca por desenvolvimento, a redução de disparidades e a busca pelo respeito à sustentabilidade são os fatores decisivos a se permitir um constante e regular crescimento social em todos os aspectos benéficos que se espera. 44 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE TEMA 03 PARTE 01 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL E COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL Link do GOOGLE drive. 45 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL? O objetivo deste capítulo é fornecer uma base para a compreensão dos significados e das implicações da responsabilidade social. O contexto social em que as decisões e ações empresariais e de gestão ocorrem é dinâmico e complexo. Assim, para compreender o significado da responsabilidade social deve-se levar em conta que este significado muda com o tempo e as circunstâncias. O termo "responsabilidade social" encerra sempre a ideia de prestação de contas: alguém deve justificar a própria atuação perante outrem. Durante muito tempo, este foi entendido, em uma visão tradicional, como sendo a obrigação do administrador de prestar contas dos bens recebidos por ele. Ou seja, economicamente, a empresa é vista como uma entidade instituída pelos investidores e acionistas, com objetivo único de gerar lucros. Entretanto, tal perspectiva não se aplica no mundo contemporâneo. Já se sabe que a empresa não se resume exclusivamente no capital, e que sem os recursos naturais (matéria-prima) e as pessoas (conhecimento e mão-de-obra), ela não gera riquezas, não satisfaz às necessidades humanas, não proporciona o progresso e não melhora a qualidade de vida. Por isso, afirma-se que a empresa está inserida em um ambiente social. Relaciona-se com as demais instituições e com diversos públicos. Assim sendo, Richard Daft (1999, p.88) define a responsabilidade social como sendo "(...) a obrigação da administração de tomar decisões e ações que irão contribuir para o bem-estar e os interesses da sociedade e da organização". Oded Grajew (2001), presidente do Instituto Ethos, uma das principais instituições responsáveis pela difusão do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira, define este conceito como: "(...) a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas empresariais." (GRAJEW, Instituto Ethos, 2001). Atualmente, a intervenção dos diversos atores sociais exige das organizações uma nova postura, calcada em valores éticos que promovam o desenvolvimento sustentado da sociedade como um todo. Estas ideias são reforçadas pelo Instituto Ethos1 que ao definir a responsabilidade social afirma que: 46 "(...) a questão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de valor para todos". Para finalizar, é importante ressaltar que a responsabilidade social é, ainda, um processo em crescimento em vários países do mundo e, principalmente, no Brasil. A questão da participação das empresas privadas na solução de necessidades públicas está nas pautas das discussões atuais. Embora alguns defendam que a responsabilidade das empresas privadas na área públicalimita- se ao pagamento de impostos e ao cumprimento das leis, crescem os argumentos de que seu papel não pode ficar restrito a isso, até por uma questão de sobrevivência das próprias empresas. Outro argumento é o fato de que adotar posturas éticas e compromissos sociais com a comunidade pode ser um diferencial competitivo e um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo. A ideia é de que os consumidores passam a valorizar comportamentos nesse sentido e a preferir produtos de empresas identificadas como éticas, "cidadãs" ou "solidárias". Para Idalberto Chiavenato (1999, p.447), "(...) entre uma empresa que assume uma postura de integração social e contribuição para a sociedade e outra voltada para si própria e ignorando o resto, a tendência do consumidor é ficar com a primeira." Além disso, argumenta-se que ao atuar de forma ética e preocupada com seu entorno, a empresa desenvolve valores e práticas com efeitos positivos sobre sua cadeia produtiva e seus colaboradores, gerando melhores resultados. A responsabilidade social empresarial tem interessado os altos executivos das companhias. Em 2002, foi divulgado no Fórum Econômico Mundial realizado em Nova York, uma pesquisa de opinião, feita pela empresa de consultoria Price waterhouse Coopers, que ouviu 1.161 executivos-chefes de corporações na Europa, Ásia e Américas. Esta pesquisa mostrou a importância crescente da responsabilidade social entre o empresariado: "(...) 68% concordam que a responsabilidade social das empresas é vital para a lucratividade de todas elas (...) 60% dos executivos não acreditam que a responsabilidade social corporativa deva assumir uma prioridade menor no atual clima econômico." (PASSOS, 2002, p.5) 47 No Brasil, especialmente nos últimos cinco anos, a participação de agentes privados em questões públicas tem sido mais amplamente discutida e várias empresas já começaram a encontrar formas de disseminar a cidadania empresarial, ou seja, a atuação da empresa com responsabilidade social. Entidades como o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criados em 1995 e 1998, respectivamente, reúnem empresas preocupadas em desenvolver ações voltadas para a comunidade e praticar seus negócios de maneira ética e socialmente responsável. O assunto vem ganhando significativo destaque na mídia nacional, assim como proliferam debates, seminários, prêmios e publicações relacionados a ele. ABORDAGEM HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL No Mundo: Em 1899, Andrew Carnegie, fundador do conglomerado U.S Steel Corporation, publicou um livro entitulado O Evangelho da Riqueza, que estabeleceu a abordagem clássica da responsabilidade social das grandes empresas. A visão de Carnegie baseava-se nos princípios da caridade e da custódia. Ambos eram francamente paternalistas: o princípio da caridade exigia que os membros mais afortunados da sociedade ajudassem os menos afortunados, e o princípio da custódia, derivado da Bíblia, exigia que as empresas e os ricos se enxergassem como guardiães, ou zeladores, mantendo suas propriedades em custódia, para benefício da sociedade como um todo. Nas décadas de 1950 e 1960, os princípios da caridade e da custódia eram amplamente aceitos nas empresas americanas, à medida que mais e mais companhias passaram a admitir que “o poder traz responsabilidade”. Até mesmo companhias que não subscreviam esses princípios percebiam que, se não aceitassem as responsabilidades sociais por sua livre vontade, seriam forçadas a aceitá-las por imposição do governo. Muitas acreditavam que reconhecer as responsabilidades sociais era questão de “auto-interesse esclarecido” (STONER E FREEMAN, 1985, p.72). Porém, um conceito de responsabilidade social proposto por H. R. Bowen em 1953 inspirou várias idéias novas sobre o tema. Bowen insistiu que os 48 administradores de empresas tinham o dever moral de “implementar as políticas, tomar as decisões ou seguir as linhas de ação que sejam desejáveis em torno dos objetivos e dos valores de nossa sociedade” (BOWEN citado em STONER E FREEMAN, 1985, p.73). Este conceito, que via as empresas como reflexo dos “objetivos e valores” sociais estava em contraposição com os princípios da caridade e da custódia, que eram especialmente atraentes para os que tinham um interesse oculto em preservar o sistema de livre iniciativa com garantia de liberdade em relação a outras formas de pressão social. Mas na evolução da ideia de responsabilidade social viveu-se o momento onde estudiosos acreditavam que cabia ao governo, igrejas, sindicatos e organizações não- governamentais o suprimento das necessidades comunitárias através de ações sociais organizadas e não às corporações, que na verdade precisavam satisfazer seus acionistas. Um dos principais proponentes desta ideia é Milton Friedman. De acordo com Friedman: "Há uma, e apenas uma, responsabilidade social das empresas: usar seus recursos e sua energia em atividades destinadas a aumentar seus lucros, contanto que obedeçam as regras do jogo (...) [e] participem de uma competição aberta e livre, sem enganos e fraudes (...)" " (FRIEDMAN citado em STONER e FREEMAN, 1985, p.73). As décadas de 1970 e 1980 chegaram com a preocupação de como e quando a empresa deveria responder sobre suas obrigações sociais. Nestas décadas, a ética empresarial começou a desenvolver-se e consolidou-se como campo de estudo. Filósofos entraram em cena, aplicando teoria ética e análise filosófica, com o objetivo de estruturar a disciplina ética empresarial. Nos EUA, o escândalo Watergate, no governo Nixon, focalizou o interesse público na importância da ética no governo. Conferências foram convocadas para discutir responsabilidades sociais e questões morais e éticas no mundo dos negócios. Surgiram centros com a missão de estudar estes assuntos. Seminários interdisciplinares reuniram professores de administração de empresas, teólogos, filósofos e empresários. A doutrina se difundiu pelos países europeus, tanto nos meios empresariais, quanto nos acadêmicos. Na Alemanha percebeu-se o rápido desenvolvimento do tema, com cerca de 200 das maiores empresas desse país, integrando os balanços financeiros aos objetivos sociais. Porém, a França é quem deu o passo oficial na formalização do assunto. Foi o primeiro país a "obrigar as 49 empresas a fazerem balanços periódicos de seu desempenho social no tocante à mão-de-obra e às condições de trabalho”. Com uma maior participação de autores na questão da responsabilidade social, o final da década de 1990 apresenta a discussão sobre as questões éticas e morais nas empresas, o que contribui de modo significativo para a definição do papel das organizações. Em Janeiro de 1999, o Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Sr. Kofi Annan, lançou o Compacto Global solicitando aos dirigentes do mundo dos negócios que aplique um conjunto de nove princípios sobre os direitos humanos, trabalhistas e questões ambientais. No mês de Junho de 2000, os Ministros da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCED) aprovaram uma versão revisada das Diretrizes para Empresas Multinacionais. Esse conjunto de instruções, adotadas em 1976, estabeleceu princípios voluntários e padrões de conduta de responsabilidade corporativa em áreas como meio ambiente, condições de trabalho e direitos humanos. As Diretrizes revisadas cobrem as atividades de empresas multinacionais operando em ou a partir dos 29 países-membros da OCED. Em Julho de 2001, a Comissão das Comunidades Européias (2001, p.3-4), reunida na cidade de Bruxelas, na Bélgica, apresentou à comunidade internacional um Livro Verde sobre responsabilidade social com o seguinte título: "Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas". Esta publicação