Buscar

E-book - Responsabilidade socioambiental e sustentabilidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 151 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 151 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 151 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

2 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
3 
 
https://drive.google.com/open?id=1qE_XzO9a3P02G3VPcwBjq5vwEKZ6IkWg 
 
4 
 
Link do GOOGLE drive. 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
TEMA 01 
PARTE 01 - HOMEM E MEIO AMBIENTE: UM RELACIONAMENTO PARADOXAL 
 
5 
HOMEM E MEIO AMBIENTE: UM RELACIONAMENTO PARADOXAL 
Desde o seu surgimento, o homem buscou formas de se adaptar ao meio 
em que vive (meio ambiente). Relacionou-se e criou ferramentas que o 
auxiliariam nas necessidades impostas pelo meio. Passando por uma revolução 
técnica, material, intelectual e interpessoal. Assim, destacaremos três grandes 
revoluções: NEOLÍTICA, INDUSTRIAL e VERDE que marcaram essa trajetória e 
que explicam o estágio atual de questionamento dos modelos de produção e 
consumo. A figura 1 representa o contexto apresentado. 
Figura 1: Trajetória das Revoluções. 
 
 
 
 
 
 
 
Revolução Neolítica 
O principal legado da Revolução Neolítica foi o surgimento da agricultura e 
o domínio do fogo que lhes concedeu o desenvolvimento físico e intelectual dos 
hominídeos e a oportunidade de transformação do seu modo de vida. 
Segundo o site: https://www.petccufpb.com.br/?p=2491 essa 
descoberta deu origem a Revolução Neolítica (ou Revolução Agrícola), pois com 
a agricultura o homem deixou de ser nômade, e consequentemente pôde criar 
animais para o consumo. Além disso, a redução dos deslocamentos em busca de 
alimentos fez com que a população dos grupos aumentasse, já que com as 
migrações muitos morriam de fome e sede. O domínio do fogo possibilitou o ato 
de cozinhar os alimentos, se proteger do frio, tecer ferramentas de caça e se 
abrigar no fundo das cavernas. 
Ao longo do tempo, os primeiros centros urbanos começaram a surgir. As 
comunidades agrícolas autossuficientes transformaram-se em cidades, 
realizando a chamada Revolução Urbana. De acordo com alguns estudos, os 
± 15 
bilhões
Big Bang
± 5 
bilhões
Planeta 
Terra
10.000 
A.C.
5000 
A.C. 1789
Sec. 
XVIII
Coleta
Agricultura 
Antiga
Rev. 
Francesa
Rev. 
Industrial Rev. 
Verde
II GM Final 
70’s
Permacultura
0
https://www.petccufpb.com.br/?p=2491
 
6 
primeiros centros urbanos surgiram na parte sul da Mesopotâmia. Essa primeira 
relação é entendida como a fase da “Descoberta”, pelo fato de conhecer as 
potencialidades apresentadas pelos recursos naturais. (JORNAL PET.com, 
Notícia, 2019) 
Revolução Industrial 
A segunda grande transformação foi a Revolução Industrial consignou 
um período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra 
a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo 
causando grandes transformações. A Revolução Industrial garantiu o surgimento 
da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo. 
De acordo com o site: 
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm o 
nascimento da indústria causou grandes transformações na economia mundial, 
assim como no estilo de vida da humanidade, uma vez que acelerou a produção 
de mercadorias e a exploração dos recursos da natureza. Além disso, a Revolução 
Industrial foi responsável por grandes transformações no processo produtivo e 
nas relações de trabalho. 
O mesmo texto apresenta as fases da Revolução Industrial que 
correspondeu às modificações econômicas e tecnológicas que consolidaram o 
sistema capitalista e permitiram o surgimento de novas formas de organização 
da sociedade. As transformações tecnológicas, econômicas e sociais vividas na 
Europa Ocidental, inicialmente limitadas à Inglaterra, em meados do século XVIII, 
tiveram diversos desdobramentos, os quais podemos chamar de fases. Essas 
fases correspondem ao processo evolutivo das tecnologias desenvolvidas e as 
consequentes mudanças socioeconômicas. 
A Primeira Revolução Industrial refere-se ao processo de evolução 
tecnológica vivido a partir do século XVIII na Europa Ocidental, entre 1760 e 
1850, estabelecendo uma nova relação entre a sociedade e o meio, bem como 
possibilitou a existência de novas formas de produção que transformaram o 
setor industrial, dando início a um novo padrão de consumo. 
Essa fase é marcada especialmente pela substituição da energia 
produzida pelo homem por energias como a vapor, eólica e hidráulica; 
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm
 
7 
a substituição da produção artesanal (manufatura) pela indústria 
(maquinofatura) e também pela existência de novas relações de trabalho. 
As principais invenções dessa fase que modificaram todo o cenário vivido 
na época foram: a utilização do carvão como fonte de energia; o consequente 
desenvolvimento da máquina a vapor e da locomotiva. Nessa fase foi, também, 
desenvolvido o telégrafo, um dos primeiros meios de comunicação quase 
instantânea. 
A produção modificou-se, diminuindo o tempo e aumentando a 
produtividade; as invenções possibilitaram o melhor escoamento de matérias-
primas, bem como de consumidores e também favoreceram a distribuição dos 
bens produzidos. 
A Segunda Revolução Industrial refere-se ao período entre a segunda 
metade do século XIX até meados do século XX, tendo seu fim durante 
a Segunda Guerra Mundial. A industrialização avançou os limites geográficos da 
Europa Ocidental, espalhando-se por países como Estados Unidos, Japão e 
demais países da Europa. 
Compreende à fase de avanços tecnológicos ainda maiores que os 
vivenciados na primeira fase, bem como o aperfeiçoamento de tecnologias já 
existentes. O mundo pôde vivenciar diversas novas criações que aumentaram 
ainda mais a produtividade e consequentemente aumentaram os lucros das 
indústrias. Houve nesse período, também, grande incentivo às pesquisas, 
especialmente no campo da medicina. 
As principais invenções dessa fase estão associadas ao uso do petróleo 
como fonte de energia, utilizado na nova invenção, o motor à combustão. A 
eletricidade que antes era utilizada apenas para desenvolvimento de pesquisas 
em laboratórios, nesse período, começa a ser usada para o funcionamento de 
motores, com destaque para os motores elétricos e à explosão. O ferro que 
antes era largamente utilizado, passou a ser substituído pelo aço. 
A Terceira Revolução Industrial também conhecida como Revolução 
Tecnocientífica, iniciou-se na metade do século XX, após a Segunda Guerra 
Mundial. Essa fase representa uma revolução não só no setor industrial, visto 
que passou a relacionar não só o desenvolvimento tecnológico voltado ao 
 
8 
processo produtivo, mas também ao avanço científico, deixando de limitar-se a 
apenas alguns países e espalhando-se por todo o mundo. 
As transformações possibilitadas pelos avanços tecnocientíficos são 
vivenciadas até os dias atuais, sendo que cada nova descoberta representa um 
novo patamar alcançado dentro dessa fase da revolução, consolidando o que 
ficou conhecido como Capitalismo Financeiro. A introdução da biotecnologia, 
robótica, avanços na área da genética, telecomunicações, eletrônica, 
transporte, entre outras áreas, transformaram não só a produção, como também 
as relações sociais, o modo de vida da sociedade e o espaço geográfico. 
Todo esse desenvolvimento proporcionado pelos avanços obtidas nas 
diversas áreas científicas relacionam-se ao que chamamos de globalização: tudo 
converge para a diminuição do tempo e das distâncias, ligando pessoas, lugares, 
transmitindo informações instantaneamente, superando, então, os desafios e 
obstáculos que permeiam a localização geográfica, as diferenças culturais, físicas 
e sociais. 
As Consequências da Revolução Industrial 
De um modo geral, a Revolução Industrial transformou não só o setor 
econômico e industrial, como também as relações sociais, as relações entre o 
homem e a natureza, provocando alterações no modo de vida das pessoas, 
nos padrões de consumo e no meio ambiente. Cada fase da revolução 
representou diferentes transformaçõese consequências mediante os avanços 
obtidos em cada período. 
A Primeira Revolução Industrial representou uma nova organização no 
modo capitalista. Nesse período houve um aumento significativo de indústrias 
bem como o aumento significativo da produtividade (produção em menor 
tempo). O homem ao ser substituído pela máquina, saiu da zona rural para ir 
para as cidades em busca de novas oportunidades, dando início ao processo 
de urbanização. 
Esse processo culminou no crescimento desenfreado das cidades, na 
marginalização de boa parte da população, bem como em problemas de ordem 
social como miséria, violência, fome. Nessa fase, também, a sociedade 
organizou-se em dois polos: de um lado a burguesia e do outro o proletariado. 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/biotecnologia.htm
 
9 
A Segunda Revolução Industrial teve como principais consequências, 
mediante o maior avanço tecnológico, o aumento da produção em massa em 
bem menos tempo, consequentemente o aumento do comércio e modificação 
nos padrões de consumo; muitos países passaram a se industrializar, 
especialmente os mais ricos, dominando, então, economicamente diversos 
outros países (expansão territorial e exploração de matéria-prima). 
O avanço nos transportes possibilitou maior e melhor escoamento de 
mercadorias e trânsito de pessoas; surgiram as grandes cidades e com elas 
também os problemas como superpopulação; aumento das doenças; 
desemprego e aumento da mão de obra barata e novas relações de trabalho. 
A Terceira Revolução Industrial e nova integração entre ciência, 
tecnologia e produção, possibilitou avanços na medicina; a invenção de robôs 
capazes de fazer trabalho extremamente minucioso e preciso; houve avanços na 
área da genética, trazendo novas técnicas que melhoraram a qualidade de vida 
das pessoas; possibilitou diminuir as distâncias entre os povos e a maior difusão 
de notícias e informações por meio de novos meios de comunicação; o 
capitalismo financeiro consolidou-se e houve aumento do número de empresas 
multinacionais. 
E não menos importante, todas essas transformações possibilitadas pela 
Revolução Industrial como um todo, transformou o modo como o homem 
relaciona-se com o meio. A apropriação dos recursos naturais para viabilizar as 
produções e os avanços tecnocientíficos têm causado grande impacto 
ambiental. 
Atualmente, as alterações provocadas no meio ambiente têm sido 
amplamente discutidas pelas comunidades internacionais, órgãos e entidades, 
que expressam a importância de mudar o modelo de desenvolvimento 
econômico que explora os recursos naturais sem pensar nas gerações futuras. 
 
 
 
 
 
10 
Revolução Verde 
A terceira revolução foi a Revolução Verde marcada por um período de 
grandes mudanças na forma pela qual a produção agrícola é vista no mundo. 
Embora seu nome denote uma revolução na questão ambiental, ela não foi 
exclusivamente positiva, pois trouxe inúmeros problemas, afetando em muito a 
natureza. 
Com base no site: https://www.estudopratico.com.br/revolucao-verde/ 
as ideias da Revolução Verde, embora aclamadas por muitos, carregam também 
vários problemas socioambientais. Um primeiro problema está na distorção que 
houve em relação aos beneficiados pelas práticas produtivas advindas da 
Revolução Verde. 
Isso porque, a experiência do México mostrou que a produção 
abasteceria primeiramente o mercado consumidor interno, sendo 
posteriormente exportados os excedentes. 
No entanto, no contexto atual, diante da busca desenfreada pelo lucro, 
são exportados os melhores produtos, visando-se abastecer as necessidades do 
mercado consumidor externo. Portanto, ficam os refugos ou produtos de baixa 
qualidade para a população interna (pelo menos no caso do Brasil). 
Além disso, a produção é feita em um modelo de monocultura, ou seja, é 
produzido apenas um tipo de grão (soja, milho, trigo) em uma vasta extensão de 
terras. Isso ocasiona vários danos, como a redução das variedades existentes. 
Um exemplo disso é que nem todo mundo sabe que existem inúmeras 
variedades tradicionais de milho (milho crioulo), porque o único que é 
disseminado é aquele amarelo. O mesmo acontece com frutas, sementes, 
legumes, verduras, com praticamente tudo o que teve sua produção ampliada. 
A produção em larga escala não veio para sanar com o problema da fome 
no mundo, como imaginava-se de princípio. Isso ocorre porque a maior parte da 
produção de grãos vai para alimentação de bovinos, na produção da carne, e 
nem todo mundo tem acesso a alimentação com carne frequentemente. 
Com a ampliação deste modelo produtivo, maiores quantidades de terras 
são necessárias, originando os chamados “latifúndios”, que são grandes 
https://www.estudopratico.com.br/revolucao-verde/
 
11 
extensões agricultáveis e monocultoras. Com isso, cresce o desmatamento, a 
expropriação de comunidades tradicionais e indígenas, bem como de pequenos 
produtores. 
Além disso, deixou-se de lado conceitos tradicionais de produção e 
cuidado com a terra, como a rotação de culturas e a conservação dos solos, o 
que tem gerado profundos danos ambientais. 
Assim, a tecnologia veio sim para ajudar em muitas coisas no progresso 
material da humanidade, inclusive ampliando a qualidade de vida da população. 
No entanto, tudo isso tem também um lado negativo, que é o fato de colocar-se 
a lucratividade, ou o financeiro, acima dos princípios de cuidado com a 
humanidade e dos recursos naturais. 
O SISTEMA CAPITALISTA 
O Capitalismo é um sistema econômico que está dividido em três fases: 
• Capitalismo Comercial ou Mercantil (pré-capitalismo) – do século XV 
ao XVIII 
• Capitalismo Industrial ou Industrialismo – séculos XVIII e XIX 
• Capitalismo Financeiro ou Monopolista – a partir do século XX 
De acordo com Bezerra descrito no site: 
https://www.todamateria.com.br/fases-do-capitalismo/ apresenta a seguinte 
matéria sobre o tema a seguir: 
O sistema capitalista teve início no século XV, com a decadência do 
sistema feudal. Vale lembrar que o feudalismo foi uma organização econômica, 
política, social e cultural baseada na posse da terra, que dominou a Europa na 
Idade Média (V ao século XV) após a crise do império romano. 
Uma das principais características do sistema feudal era a sociedade 
estamental, ou seja, dividida em estamentos (camadas sociais estanques) e 
destituída de mobilidade social. Nesse sentido, os dois grandes grupos sociais 
existentes eram basicamente os senhores feudais e os servos. Acima dos 
senhores feudais estavam os Reis e a Igreja. 
https://www.todamateria.com.br/fases-do-capitalismo/
 
12 
O senhor feudal administrava os feudos possuindo o poder político local, 
e portanto, tendo total autonomia sobre as terras, enquanto os servos 
trabalhavam nos feudos (grandes extensões de terra). 
A produção feudal era autossuficiente posto que se destinava ao 
consumo local de seus habitantes e não às trocas comerciais. Observe que a 
economia feudal era baseada nas trocas de produtos e por isso, não existiam 
moedas de circulação. 
A decadência do sistema feudal ocorreu por diversos motivos: 
• expansões ultramarinas do século XV 
• crescimento das cidades 
• aumento da população 
• surgimento das feiras livres 
• desenvolvimento do comércio 
• surgimento de uma nova classe social (a burguesia) 
Esses fatores levaram a aparição da moeda como valor de troca e, 
consequentemente, ao surgimento do sistema capitalista. Essa mudança 
representou o fim da Idade Média e início da Idade Moderna. 
A aliança entre os reis e da burguesia mercantil foram essenciais para a 
decadência do sistema feudal, os quais foram assumindo o controle estatal da 
economia nacional, com o intuito de fortalecer ainda mais o poder central e 
obter os recursos necessários para expandir o comércio. 
 
 
13 
Capitalismo Comercial ou Mercantil 
De tal modo, o controle estatal da economia tornou-se a base 
domercantilismo, o qual esteve baseado nas trocas comerciais com a finalidade 
de enriquecimento. 
Assim, nessa fase inicial, o capitalismo era considerado um pré-
capitalismo baseado no sistema mercantilista. No capitalismo mercantil surge a 
moeda e além do controle estatal da economia, as principais características do 
mercantilismo eram: 
• o monopólio comercial 
• o metalismo (acúmulo de metais preciosos) 
• o protecionismo (surgimento de barreiras alfandegárias) 
• a balança comercial favorável (exportar mais do que importar: 
superávit). 
Capitalismo Industrial ou Industrialismo 
Com a Revolução Industrial do século XVIII, o surgimento da máquina 
movida à vapor e a expansão das indústrias, o capitalismo atinge uma nova fase, 
chamada de Capitalismo Industrial ou Industrialismo. 
As alterações dos sistemas de produção estiveram marcadas pela 
substituição de produtos manufaturados para os industrializados, os quais foram 
tomando conta do cenário mundial por meio do desenvolvimento do sistema 
fabril de produção e da explosão demográfica nos grandes centros urbanos 
(urbanização). 
Em outras palavras, o trabalho manual é, nesse momento, realizado em 
grandes escalas de produção donde as máquinas substituem a força do homem. 
Essa fase que durou até o século XIX estava baseada no liberalismo 
econômico (o mercado e a livre concorrência sem intervenção do Estado 
economia) e teve como principais características: 
• A expansão e o desenvolvimento dos transportes 
• O aumento da produtividade 
• Diminuição nos preços das mercadorias 
 
14 
• A ampliação da classe operária 
• Ampliação das relações internacionais 
• O surgimento do Imperialismo e da Globalização 
• O excedente de produção 
• A aceleração do sistema fabril 
• Saturação dos mercados 
• Acumulação de capital gerada pelos excedentes na Indústria 
Note que a aceleração dos processos industriais trouxe diversos 
problemas à população, desde condições precárias de trabalho, com as intensas 
horas de trabalho, os baixos salários e o aumento do desemprego, o que mais 
tarde levaria à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 
Capitalismo Financeiro ou Monopolista 
Já a terceira fase do capitalismo, denominada de Capitalismo Financeiro 
ou Monopolista, surge no século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945), com a expansão da globalização e o advento da segunda 
revolução industrial. 
Além das Indústrias que dominaram o cenário do capitalismo industrial, 
nesse momento, o sistema está fundamentado nas leis dos bancos, das empresas 
multinacionais e das grandes corporações por meio do monopólio financeiro. 
Sendo assim, as principais características do capitalismo monopolista, 
que vigora até os dias atuais são: 
• O monopólio e oligopólio comercial 
• Expansão da Globalização e do Imperialismo 
• Expansão das novas tecnologias e das fontes de energia 
• Acelerada urbanização e aumento do mercado consumidor 
• Aumento da concorrência internacional 
• A expansão das empresas transnacionais ou multinacionais 
(empresas globais) 
• A especulação financeira e economia de mercado 
 
15 
• Investimento em ações empresariais 
• Fusão entre capital bancário e capital industrial 
Alguns estudiosos acreditam que o capitalismo já entrou numa quarta 
fase com a expansão das tecnologias de informação denominada de Capitalismo 
Informacional ou Cognitivo. 
Capitalismo Informacional 
O capitalismo informacional, cognitivo ou do 
conhecimento corresponde a quarta fase de desenvolvimento do capitalismo. 
Esse termo foi utilizado primeiramente pelo sociólogo espanhol Manuel 
Castells, em sua obra “A Sociedade em Rede”, escrita em 1996 e publicada em 
2006. 
O capitalismo informacional teve início com a quebra da bolsa de valores 
de nova York (1929), ganhando força na virada do século. 
No entanto, há controvérsias sobre a data de origem do capitalismo 
informacional. Para alguns estudiosos, ele começou no período do pós-guerra e, 
para outros, a partir da década de 80. 
O capitalismo informacional corresponde ao período econômico e social 
em que estamos vivendo. É marcado pelo avanço da Globalização, dos 
computadores, dos telefones digitais, da robótica e da internet. 
Recebe esse nome pois está intimamente relacionado com a Sociedade 
da Informação ou Era da Informação. 
Suas principais características englobam a expansão e o desenvolvimento 
das tecnologias de informação (TI); aceleração e aumento dos fluxos de capitais, 
mercadorias, informações, pessoas; e ainda, a difusão do conhecimento. 
No campo social, destacam-se o aumento do fluxo de informações 
via net e a dependência tecnológica, as quais foram intensificadas pelo uso das 
redes sociais, que permitem receber muitas informações rapidamente. 
Assim, surgem novas práticas sociais e culturais com o uso intensivo da 
tecnologia figurando uma nova estrutura social. 
 
 
16 
Características 
As principais características do Capitalismo Informacional são: 
• Terceira Revolução Industrial (Revolução Técnico-científica) 
• Desenvolvimento acelerado do capitalismo financeiro 
• Especialização e qualificação da mão-de-obra 
• Otimização dos processos produtivos 
• Aumento da produtividade econômica 
• Mercantilização da informação 
• Tecnologias de informação 
• Sociedade da informação 
• Inovações e revolução tecnológica 
• Desenvolvimento de softwares e aplicativos 
• Valorização da criatividade e da mão-de-obra jovem 
• Acúmulo de riqueza por meio do conhecimento 
• Marcada pelo sistema neoliberal 
• Avanço da globalização e do imperialismo 
• Aumento das transações comerciais via internet 
 
 
17 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
 
TEMA 01 
PARTE 02 – PROBLEMAS AMBIENTAIS 
 
Link do GOOGLE drive. 
 
18 
PROBLEMAS AMBIENTAIS 
A pegada ecológica está ligada à crescente demanda mundial por bens 
de consumo, que coloca em risco os principais recursos naturais do planeta. 
Muitas vezes a indústria e os consumidores não estão plenamente conscientes 
do nível do impacto que essa exigência pode causar no equilíbrio ambiental. Em 
outras palavras, quando um empresário decide abrir uma fábrica de sapatos, por 
exemplo, ele vai gastar certas quantidades de recursos naturais para que o 
produto final possa ser vendido. E o consumidor que precisa de um novo par de 
sapatos vai adquirir o produto. Mas nenhuma das partes sabe ao certo qual foi a 
demanda ecológica que o objeto causou na natureza. Essa falta de informação 
complica a elaboração de políticas públicas e contribui para a sobrecarga 
ecológica do planeta. 
A partir das pegadas deixadas por animais na mata pode-se conseguir 
muitas informações sobre: peso, tamanho, força, hábitos e inúmeros outros 
dados sobre seu modo de vida. Com os seres humanos, acontece algo 
semelhante. Ao andarmos na praia, por exemplo, podemos criar diferentes tipos 
de rastros, conforme a maneira como caminhamos, o peso que temos, ou a força 
com que pisamos na areia. Se não prestamos atenção no caminho, ou 
aceleramos demais o passo, nossas pegadas se tornam bem mais pesadas e 
visíveis. Porém, quando andamos num ritmo tranquilo e estamos mais atentos 
ao ato de caminhar, nossas pegadas são suaves. 
Assim é também a “Pegada Ecológica”. Quanto mais se acelera nossa 
exploração do meio ambiente, maior se torna a marca que deixamos na Terra. O 
uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação 
ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são rastros deixados por 
uma humanidade que ainda se vê fora e distante da Natureza. 
Foi pensando na dimensão crescente das marcas que deixamos, e em 
formas de medi-las, que os especialistas William Rees e Mathis Wackernagel 
desenvolveram, em 1996, o conceito de Pegada Ecológica. 
A Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de 
recursos da Natureza utilizamos parasustentar nosso estilo de vida, o que inclui 
a cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, 
 
19 
o transporte que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de 
lazer, os produtos que compramos e assim por diante. Tudo o que está à nossa 
volta no dia-a-dia vem da Natureza e, depois de algum tempo, retorna para ela! 
A Pegada Ecológica não é uma medida exata e sim uma estimativa. Ela 
nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a 
capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos naturais e absorver os 
resíduos que geramos por muitos e muitos anos. Isto con- siderando que 
dividimos o espaço com outros seres vivos e que precisamos cuidar da nossa e 
das próximas gerações 
A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, 
corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias 
para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de 
vida. Em outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em 
hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade 
“utiliza”, em média, para se sustentar. 
Para calcular as pegadas foi preciso estudar os vários tipos de territórios 
pro- dutivos (agrícola, pastagens, oceanos, florestas, áreas construídas) e as 
diversas formas de consumo (alimentação, habitação, energia, bens e serviços, 
transporte e outros). As tecnologias usadas, os tamanhos das populações e 
outros dados, também entraram na conta. 
Cada tipo de consumo é convertido, por meio de tabelas específicas, em 
uma área medida em hectares. Além disso, é preciso incluir as áreas usadas para 
receber os detritos e resíduos gerados e reservar uma quantidade de terra e água 
para a própria Natureza, ou seja, para os animais, as plantas e os ecossistemas 
onde vivem, garantindo a manutenção da biodiversidade. 
De acordo com o site: https://www.ecycle.com.br/3731-pegada-
ecologica-ambiental o romeno Nicholas Georgescu-Roegen, no livro The Entropy 
Law and the Economic Process (A Lei da Entropia e o Processo Econômico, em 
tradução livre), de 1971, foi um dos primeiros a abordar o tema, ao falar 
sobre bioeconomia e a preocupação com a continuidade da vida de diversas 
espécies na Terra. No livro, com base na segunda lei da termodinâmica, a lei da 
entropia, Georgescu-Roegen aponta para a inevitável degradação dos recursos 
https://www.ecycle.com.br/3731-pegada-ecologica-ambiental
https://www.ecycle.com.br/3731-pegada-ecologica-ambiental
 
20 
naturais em decorrência das atividades humanas. Ele criticou os economistas 
liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem 
limites, e desenvolveu uma teoria oposta e extremamente ousada para a época: 
o decrescimento econômico. 
Como a produção de bens e consumo tem aumentado significativamente, 
o espaço físico terrestre disponível já não é suficiente para nos sustentar no 
elevado padrão atual. Para assegurar a existência das condições favoráveis à vida 
precisamos viver de acordo com a “capacidade” do planeta, ou seja, de acordo 
com o que a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que ela 
fornecesse. Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é 
essencial, pois só assim poderemos saber se vivemos de forma sustentável. 
Segundo o professor Geoffrey P. Hammond, o termo pegada ambiental 
tem o mesmo significado que pegada ecológica e muitas vezes é referido 
também como eco-pegada (Costanza, 2000). A pegada ecológica é um indicador 
de sustentabilidade que acompanha a concorrência das demandas humanas 
com a capacidade regenerativa do planeta, ou seja, compara a biocapacidade do 
planeta com a demanda por recursos naturais necessária para a elaboração de 
bens de consumo e serviços, integrando a pegada de carbono, que representa o 
numero de florestas indispensáveis para a absorção das emissões de CO2 que os 
oceanos não conseguem capturar - este é o único produto residual contabilizado. 
Tanto a pegada ecológica quanto a biocapacidade são expressas em hectares 
globais (gha), o que representa a capacidade de produção de um hectare de 
terra, considerando a produtividade média mundial. Portanto, a pegada 
ecológica analisa os impactos que produzimos em nossa biosfera. 
Para calcular a pegada ecológica são consideradas diversas formas de 
uso de recursos naturais. Essas formas podem ser medidas em unidades de área, 
importantes para manter a produtividade biológica. Recursos que não podem 
ser aferidos através desses termos são excluídos do cálculo - é por isso que 
resíduos sólidos e a água não são contabilizados na pegada ecológica, por 
exemplo. Os componentes da pegada são divididos em subpegadas que, quando 
somadas, revelam a dimensão da pegada ecológica total. As subpegadas são 
calculadas por meio de tabelas especificas de acordo com cada tipo de consumo 
e convertidas em hectares. Como subpegadas temos: 
https://www.ecycle.com.br/2375-dioxido-de-carbono-o-que-e-co2/
 
21 
• Pegada de retenção de carbono: quantidade de floresta necessária 
para absorver o dióxido de carbono que os oceanos não suportaram absorver; 
• Pegada de pastagem: área necessária para a criação de gado para o 
abate, leiteiro, produção de couro e de lã; 
• Pegada florestal: baseada no consumo anual de madeira para 
diversos produtos; 
• Pegada de pesqueiros: baseia-se em uma estimativa de produção 
para sustentar peixes e mariscos capturados de água doce e marinhos; 
• Pegadas das áreas de cultivo: representada pelas áreas necessárias 
para o cultivo de alimentos humanos e rações para animais, bem como as 
oleaginosas e borracha; 
• Pegada de áreas construídas: são representadas por todas as áreas com 
infraestrutura humana, assim como transportes, indústrias, reservatórios para a 
geração de energia elétrica e habitações. 
Enquanto modelos padrões de economia examinam os custos financeiros 
dos produtos, o conceito das pegadas (ecológica, de água, de carbono e outras) 
nos permite avaliar os custos dos recursos naturais envolvidos na produção de 
determinado bem a partir das quantidades de solo, materiais e água utilizadas e 
das emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. 
Todos os produtos, desde uma xícara de chá até um casaco de algodão, 
possuem impactos sobre os recursos naturais em toda sua cadeia produtiva. Um 
casaco de algodão, por exemplo, utiliza recursos no cultivo e na colheita do 
algodão, nas operações para transformar o algodão em tecido, na produção final 
do vestuário, no transporte, etc. Todas essas etapas requerem diferentes 
quantidades de recursos, como solo, água, materiais e energia, que são medidas 
pelos diferentes tipos de pegadas. A pegada ambiental desse item, por exemplo, 
mediria a soma das subpegadas (retenção de carbono, florestal, de área de 
cultivo, de pastagem, etc.) para determinar, em hectares globais, qual foi 
o rastro ambiental do produto. 
Para a indústria, é importante ter noção das pegadas em cada etapa do 
processo de fabricação, pois esse tipo de estudo revela a eficiência de seus 
 
22 
processos em relação ao uso dos recursos naturais, além de tornar possível a 
identificação dos pontos de vulnerabilidade presentes em cada processo da 
cadeia de abastecimento. Para o poder público, a importância se dá para a 
elaboração de políticas de uso dos recursos naturais, de modo a evitar um deficit 
ecológico. O impacto das pegadas depende de cada local. O impacto da pegada 
ecológica vai depender da natureza da terra, como ela é usada e se existem usos 
competitivos. 
 
 
23 
 
 
 
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
 
TEMA 02 
PARTE 01 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
Link do GOOGLE drive. 
 
24 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
De acordo com BARRETO e TORRES (2019), no artigo intitulado de 
“GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL EMPRESARIAL destaca 
que envolta a riscos e incertezas propagados pelas catástrofes ambientais de 
ordem planetária, a comunidade global busca uma mudança de paradigma para 
conciliar desenvolvimento com proteção e preservação ambiental, objetivando 
garantir uma sadia qualidade de vida para a atual e futuras gerações. 
No final do século XIX, o rápido desenvolvimento tecnológico e industrial 
desmascarou um crescimento desorganizado e ecologicamente predatório, 
tendo, por conseguinte, níveis de desmatamento e poluição excessivos, com 
mudanças profundas no ecossistema mundial. 
Se tornou necessário, portanto, repensar o estilo de desenvolvimento da 
sociedade humana, a fim de tornar sustentável o modelo de crescimento 
tecnológico, extremamente rápido e constante. 
Para tanto, faz-se necessário uma rápida adaptação do modelo 
tecnológico das empresas transnacionais e dos processos de modernização e 
urbanização, com comprometimento efetivo de todos os países: em prol da 
diminuição da poluição, pelas economias mais industrializadas; e a favor da 
sustentabilidade, com menor esgotamento dos recursos naturais, pelas 
economias subdesenvolvidas. 
Importante salientar que todos os compromissos com foco no 
desenvolvimento passaram a ser pensados como o equipamento jurídico apto a 
constituir, por intermédio da normatividade, a nova ordem econômica 
internacional. Essa noção nasceu bem antes da ONU tem produzido os 
documentos fundamentais que delinearam a proposta da Nova Ordem 
Econômica Internacional. A gestação do Direito ao Desenvolvimento teve início 
em 1957 com a edição da Resolução 1161, da Assembleia Geral. 
No tocante a função a ser desempenhada pelas nações envolvidas, estas 
devem concretizar uma função de protagonista na cooperação, verdadeira 
ferramenta de trabalho, gerando o desenvolvimento econômico e social. 
Lançando então o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a 
Assembleia Geral fundamentava a tábua de valores que ditaria os rumos do 
desenvolvimento. 
 
25 
A nova Ordem Econômica Mundial pode ser considerada como o locus na 
qual a cooperação internacional visando ao desenvolvimento alcançará o 
objetivo e o dever comum de todos os países. A missão do direito ao 
desenvolvimento consiste, pois, em fixar os termos jurídicos da solidariedade. 
Enquanto o direito do desenvolvimento se restringe à normatividade, o 
papel reservado ao direito ao desenvolvimento é mais amplo: seus foros de 
cidadania se encontram na dimensão universalizante dos direitos humanos, da 
qual forma parte como uma das projeções mais salientes. 
Como criadora dos instrumentais e colaboradora das pessoas, a 
cooperação econômica entre as nações pode realizar melhor aquilo que a 
competição obliterou pela via do egoísmo e das disputas. Tudo o que a 
cooperação econômica puder aportar de bem-estar para a humanidade deverá 
estar a serviço do fim último a que se acha preordenada, desde a fundação das 
Nações Unidas, a comunidade internacional: a paz. 
Pautada para a sessão de 04.12.1986, a Declaração sobre o Direito ao 
Desenvolvimento foi aprovada pela Resolução 41/133, da Assembleia Geral, 
naquela data referencial. 
 
 
26 
DÉCADAS DE 70 E 80: CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O 
MEIO AMBIENTE HUMANO - ESTOCOLMO, 1972; ESTRATÉGIA DE 
CONSERVAÇÃO MUNDIAL (WCS) E RELATÓRIO DE BRUNDTLAND 
 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 
realizada em Estocolmo em 1972, representou o primeiro marco no caminho das 
Nações Unidas na busca pelo desenvolvimento sustentável, onde foram 
definidas como prioridades os aspectos ambientais das catástrofes e conflitos, a 
gestão dos ecossistemas, a governança ambiental, as substâncias nocivas, a 
eficiência dos recursos e as mudanças climáticas (Disponível em 
https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/, acesso em 04/08/2018). 
Nesta oportunidade, foram proclamados diversos princípios que viriam a 
nortear as conferências mundiais posteriores sobre o meio ambiente e a 
respectiva atuação humana, agrupados em cinco blocos: 
1) Os recursos naturais deveriam ser conservados, a 
capacidade da terra de produzir recursos renováveis deveria ser 
mantida e os recursos não renováveis deveriam ser 
compartilhados; 
2) Desenvolvimento e preocupação ambiental deveriam 
andar juntos e os países desenvolvidos deveriam ajudar os não 
desenvolvidos a implementarem políticas de proteção 
ambiental; 
3) Cada país deveria estabelecer seus padrões de 
administração ambiental e explorar seus recursos, mas sem 
prejudicar ou colocar em perigos outros países; 
4) A poluição não deveria exceder a capacidade do meio 
ambiente de se recuperar. A poluição dos mares deveria ser 
evitada; 
5) Ciência, educação, tecnologia e pesquisa deveriam ser 
utilizadas para a proteção ambiental (CARNEIRO, Beatriz 
Scigliano, 2012. A construção do dispositivo meio ambiente. 
Revista Ecopolítica, São Paulo, n. 4, set-dez, p 10) 
 
Posteriormente, em 1980, a União Internacional para a Conservação da Natureza 
e dos Recursos Naturais (IUCN) publicou a Estratégia de Conservação Mundial/ WCS 
(Disponível em https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/WCS-004.pdf. 
Acesso em 04/08/2018), que determinou um precursor do conceito de desenvolvimento 
sustentável. 
A Estratégia afirmava que a conservação da natureza não pode ser 
alcançada sem o desenvolvimento para amenizar a pobreza e a miséria de centenas 
de milhões de pessoas e ainda enfatizava que a interdependência entre 
conservação e desenvolvimento depende do cuidado com a Terra. A menos que a 
fertilidade e a produtividade do planeta estejam protegidas, o futuro da 
https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/
https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/WCS-004.pdf
 
27 
humanidade está em risco. 
Em 1987, no Relatório Brundtland – Our Common Future, colocou o 
conceito de “desenvolvimento sustentável” na agenda política: 
 
O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas 
próprias necessidades. 
Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de 
mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos 
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a 
mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e 
futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades 
humanas. (Disponível em 
https://ambiente.files.wordpress.com/2011/03/ brundtland-
report-our-common-future.pdf, acesso em 04/08/2018) 
 
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS - AGENDA 21 (RIO-92) 
 
A partir da Rio-92 (Agenda 21), com base no Relatório Brundtland, a 
expressão “economia verde” foi aceita oficialmente pela comunidade 
internacional e popularizada no mundo. Possui como características principais, a 
busca pela baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e pela 
inclusão social. 
Assim, passou a ser conceituada como “uma economia que resulta em 
melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em 
que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica” 
Depois da conferência, a expressão foi absorvida por governos, empresas 
e pela sociedade civil, e empregada na formulação e execução tanto de políticas 
públicas quanto de iniciativas privadas ligadas à responsabilidade 
socioambiental. 
Ainda na Conferência das Nações Unidas - Agenda 21 (Rio92), definiu-se 
que “a Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o 
objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. 
Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no 
que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua 
execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para 
 
28 
concretizá-la são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos 
nacionais.” 
Odocumento da Agenda 21 apresenta 40 capítulos, divididos, por sua 
vez, em 4 sessões: 
 
Seção I: Dimensões Econômicas e Sociais (capítulo 2 a 8). Tratou de 
como os problemas e soluções ambientais são interdependentes 
daqueles da pobreza, saúde, comércio, dívida, consumo e 
população. 
Seção II: Conservação e gerenciamento de recursos para o 
desenvolvimento (capítulos 9 a 22). Tratou da forma como os 
recursos físicos, incluindo terra, mares, energia e lixo, precisam ser 
gerenciados para assegurar o desenvolvimento sustentável. 
Seção III: Fortalecimento do papel dos grupos principais (capítulos 
23 a 32), inclusive os minoritários, no trabalho em direção ao 
desenvolvimento sustentável. 
Seção IV: Meios de implementação (capítulos 33 a 40), inclusive 
financiamento e o papel das diversas atividades governamentais e 
não-governamentais. (Disponível em http: 
//www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-
21/documentos, acesso em 04/08/2018) 
A Agenda 21 reafirmou, ainda, que o desenvolvimento sustentável deve 
ser delimitado pela integração dos pilares ambiental, econômico e socio-político: 
Ambiental: manutenção dos ecossistemas; manutenção da 
capacidade ambiental natural; fontes de energia renováveis. 
Econômico: exploração sustentável; nível ótimo de poluição; 
sustentabilidade das relações. 
Sócio – Político: direito das mulheres; direito das minorias; IDH. 
(Disponível em http: //www.mma.gov.br/ responsabilidade-
socioambiental/ agenda-21/ documentos, acesso em 04/08/2018) 
 
 
 
 
29 
PROTOCOLO DE KYOTO 
O Protocolo de Kyoto, por sua vez, é um tratado internacional 
direcionado aos países desenvolvidos e que tem por objetivo fazer com que 
assumam o compromisso de reduzir a emissão de gases agravantes do efeito 
estufa, a fim de aliviar os impactos causados pelo aquecimento global. Foram, 
então, realizadas discussões para estabelecer metas e criar formas de 
desenvolvimento que não fossem prejudiciais ao meio-ambiente. 
No tratado foi proposto que os países-membros, principalmente os mais 
desenvolvidos, assumissem a obrigação de reduzir a emissão dos gases do efeito 
estufa, diminuindo pelo menos 5,2% no período entre 2008 a 2012, em relação 
aos níveis de 1990. Em 2012, porém, o protocolo teve sua validade prorrogada 
até 2020. 
As metas do Protocolo de Kyoto não foram iguais para todos os países 
signatários: os países desenvolvidos deveriam assumir o compromisso de realizar 
diversas ações no tocante a reforma dos setores de energia e transportes, 
promoção do uso de fontes energéticas renováveis, proteção de florestas e 
outros sumidouros de carbono. Por sua vez, os países em desenvolvimento 
(elencados no Anexo I do Protocolo) não receberam metas obrigatórias, apenas 
o dever de realizar ações sustentáveis por meio de projetos destacados pelo 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). 
As metas estipuladas para os países desenvolvidos causaram uma série 
de atritos, capitaneados principalmente pelos Estados Unidos da América, que, 
em 2001, se recusou a ratificar o tratado, alegando injustiça na distribuição de 
responsabilidades e risco no desenvolvimento da nação. 
Das ações apresentadas para o cumprimento do tratado há três 
Mecanismos de Flexibilização: 
1. Implementação Conjunta (CI) - mecanismo que incentiva a 
criação de projetos que reduzam a emissão dos gases estufa. 
Quando dois ou mais países desenvolvidos criam projetos para 
redução de gases podem fazer uma posterior comercialização; 
2. Comércio de Emissões ou Comércio Internacional de 
Emissões (CIE) - é um mecanismo em que os países desenvolvidos 
que já reduziram a emissão de gases além de sua meta, podem 
comercializar o excedente de suas emissões para países que não 
atingiram a meta; 
3. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - 
mecanismo que auxilia na redução dos gases estufa. Ele consiste 
 
30 
na implementação de projetos para o desenvolvimento 
sustentável que auxiliam na redução ou captura de gases 
poluentes. Com isso, os países recebem um certificado chamado 
'Reduções Certificadas de Emissões', emitidos pelo Conselho 
Executivo do MDL e podendo ser comercializados no mercado 
internacional. 
 
Após o Protocolo de Kyoto, muitas Conferências da ONU foram realizadas 
sob a égide dos mesmos princípios de desenvolvimento sustentável, incluindo: A 
Segunda Conferência da ONU sobre Assentamentos humanos (Istambul, 1999); 
a Sessão Especial da Assembleia Geral sobre Pequenos Estados Insulares em 
Desenvolvimento (Nova York, 1999); a Cúpula do Milênio (Nova York, 2000) e 
seus Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (cujo sétimo objetivo procura 
“Garantir a sustentabilidade ambiental”). 
CÚPULA DO MILÊNIO 
Em setembro de 2000, a Cúpula do Milênio reuniu, em Nova Iorque, 189 
países-membros das Nações Unidas se juntaram para refletir o propósito do 
destino comum da humanidade, onde foi assinada uma Declaração sintetizando 
uma séria de princípios e compromissos dos Estados em prol, dentre outros, do 
desenvolvimento sustentável. 
Em apertada síntese, foram traçados 8 objetivos para o ano de 2015: 
 
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome; 
2. Atingir o ensino básico universal; 
3. Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres; 
4. Reduzir a mortalidade infantil; 
5. Melhorar a saúde materna; 
6. Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; 
7. Garantir a sustentabilidade ambiental; 
8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. 
(Disponível em https://nacoesunidas.org/tema/odm/. Acesso 
em 04 ago. 2018) 
 
 
 
 
https://nacoesunidas.org/tema/odm/
 
31 
CONFERÊNCIAS RIO+10 E RIO+20 
A Rio+10, ou Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, foi 
um evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir 
sobre as questões ambientais, tendo ocorrido em Joanesburgo, África do Sul, 
entre os dias 26 de agosto e 04 de setembro de 2002. 
O objetivo da Rio+10 foi avaliar o progresso dos acordos estabelecidos na 
Rio-92, a partir da Agenda 21. Porém, destacou-se por também incluir em suas 
discussões os debates sobre problemas sociais, como a erradicação da pobreza 
e o acesso da sociedade aos serviços de saneamento e à saúde. 
Dez anos depois, desta vez novamente no Rio de Janeiro, foi realizada a 
Rio+20, objetivando a renovação do compromisso político com o 
desenvolvimento sustentável, através da avaliação do progresso e das lacunas 
na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o 
assunto e do tratamento de temas novos e emergentes. 
Ao final, foi produzido um documento intitulado “The Future We Want”, 
onde restou traçado todos os princípios e compromissos necessários ao 
atingimento do objetivo final em prol do desenvolvimento social e sustentável. 
Esta Conferência teve dois temas principais: a economia verde no 
contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a 
estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. 
Sob o tema “economia verde” no contexto do desenvolvimento 
sustentável e da erradicação da pobreza, o desafio proposto à comunidade 
internacional foi o de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja 
ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável. 
Por sua vez, a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, 
onde insere-se a discussão sobre a necessidade de fortalecimento do 
multilateralismo como instrumento legítimo para solução dos problemas globais. 
Deve buscar-se aumentar a coerência na atuação das instituições internacionais 
relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do desenvolvimento. 
 
 
32 
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – AGENDA 2030 
Em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da 
ONU, em Nova Iorque, e decidiram um plano de ação para erradicar a 
pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a 
prosperidade: a Agenda 2030para o Desenvolvimento Sustentável: 
Esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o 
planeta e para a prosperidade. Ela também busca fortalecer 
a paz universal com mais liberdade. Reconhecemos que a 
erradicação da pobreza em todas as suas formas e 
dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio 
global e um requisito indispensável para o desenvolvimento 
sustentável (Disponível em 
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso: em 04 
ago. 2018) 
Nesta agenda, foi estabelecido um conjunto de 17 Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável (ODS), integrados e indivisíveis, que mesclam, de 
forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a 
econômica, a social e a ambiental. Podem ser entendidos como uma lista de 
tarefas a serem cumpridas pelos governos, sociedade civil, setor privado e todos 
cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável. A saber: 
 
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas 
formas, em todos os lugares 
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança 
alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura 
sustentável 
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o 
bem-estar para todos, em todas as idades 
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e 
de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao 
longo da vida para todos 
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar 
todas as mulheres e meninas 
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
 
33 
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão 
sustentável da água e saneamento para todos 
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, 
moderno e a preço acessível à energia para todos 
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico 
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e 
trabalho decente para todos 
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover 
a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação 
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e 
entre eles 
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos 
humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis 
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de 
consumo sustentáveis Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para 
combater a mudança do clima e seus impactos 
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, 
dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento 
sustentável 
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso 
sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável 
as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a 
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. 
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas 
e inclusiva para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o 
acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, 
responsáveis e inclusivas em todos os níveis 
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e 
revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável 
 
Como se vê, os 17 ODS deixam claro a necessidade de participação geral 
da sociedade em prol da sustentabilidade: 
O que estamos anunciando hoje – uma Agenda para a 
ação global para os próximos quinze anos – é uma carta para as 
pessoas e o planeta no século XXI. As crianças e as mulheres e 
 
34 
homens jovens são agentes fundamentais de mudança e 
encontrarão nos novos Objetivos uma plataforma para canalizar as 
suas capacidades infinitas pelo ativismo em prol da criação de um 
mundo melhor. (Disponível em 
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/, §51. Acesso: em 
04 ago. 2018) 
Assim, não só os Estados-Membros das Nações Unidas, em nível de 
governança internacional, mas passam a ser responsáveis e agentes do 
desenvolvimento sustentável, também: (i) os próprios Governos – com ações de 
comando e controle a partir de instrumentos econômicos; (ii) os Consumidores 
– por meio do consumo consciente, com a recusa de produtos e serviços 
incompatíveis com os Objetivos; e (iii) as Empresas – através da adoção de 
medidas de auto-regulamentação, de programas e processos voltados à 
melhoria da qualidade de vida dos seus empregados. 
 
PAPEL DA SOCIEDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
O desenvolvimento sustentável está inserido na Constituição de 1988, 
mormente no capítulo sobre meio ambiente. Se o texto constitucional for 
considerado como um todo, o art. 225 deve ser encarado como o principal 
norteador do meio ambiente, uma vez que apresenta um complexo conjunto de 
direitos, com a clara obrigação que Estado e a Sociedade têm na garantia de um 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, vez que se trata de um bem de uso 
comum e que deve ser preservado e mantido para as presentes e futuras 
gerações. 
Além da busca pela preservação do meio ambiente, a Constituição 
Federal definiu as competências de cada ente da federação. Sendo assim, União, 
Estados, Municípios e Distrito Federal passaram a possuir competências 
especificas para legislar sobre determinadas questões ligadas ao 
desenvolvimento sustentável. 
Diante dos dispositivos legais mencionados, pode-se chegar a conclusão 
que cabe ao cidadão e a todas as esferas políticas de poder o dever de 
implementar o desenvolvimento sustentável. 
 
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
 
35 
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL COMO VETOR DE ORIGEM E 
FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO 
 
A sustentabilidade empresarial pode ser entendida como um conjunto de 
ações que uma empresa adota, de forma conjunta com práticas ambientais e 
sociais, ou seja, desenvolvendo suas atividades de forma transparente com a 
sociedade e preservando os recursos naturais. (LAPENDA, José Ticiano Beltrão 
José Ticiano Beltrão Lapenda. Sustentabilidade empresarial: A sustentabilidade 
empresarial alicerçada no tripé econômico, social e ambiental, levando a 
empresa a obter maior competitividade. 
Disponível em: 
<http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/sustentabilidade-
empresarial/104885/> 
 
http://www.administradores.com.br/u/tlapenda/
 
36 
 
 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
TEMA 02 
PARTE 02 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (CONTINUAÇÃO) 
 
Link do GOOGLE drive. 
 
37 
SOCIEDADE DE RISCO COMO VETOR DE ORIGEM E FOMENTO DE 
SUSTENTABILIDADE NA ATIVIDADE EMPRESARIAL 
O termo “Sociedade de Risco” foi construído pelo sociólogo alemão Ulrich 
Beck, em seu livro “Risikogesellschaft” de 1986 – sendo publicado no Brasil mais 
de vinte anos depois com o título “Sociedade de Risco: rumo a uma outra 
modernidade”. 
Beck faz, em seu livro, uma análise da sociedade contemporânea, 
apontando suas transformações e seus avanços tecnológicos que agora norteiam 
uma nova forma de organização social; uma sociedade em que os riscos são 
democráticos. Antes de abordar a sociedade de risco, imperioso se faz distinguir 
os conceitos de perigo e de risco na denominada sociologia do risco. 
Perigo advém da natureza. De Plácido e Silva aponta que perigo é “toda 
eventualidade, que se receia ou que se teme, da qual possa resultar um mal ou dano, à 
coisa ou à pessoa, ameaçando-a em sua existência.” (DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário 
jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 1030. 
Risco advém da decisão humana; é inerente a algo que se decide enfrentar; uma 
probabilidade. Beck assinala que os riscos “são um produto histórico, a imagem 
especular de ações e omissões humanas, expressão de forças produtivas altamente 
desenvolvidas”. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São 
Paulo: 34, 2011. p. 275) 
Aponta Beck (2011) que o desenvolvimento do sistema fabril, aflorado 
nos séculos XVIII ao XIX, caracterizou-se por uma complexa divisão do trabalho, 
rotina das tarefas, acumulação de riquezas, desigualdade social e agravamento 
da miséria, sobretudo pelo aumento da população ocasionado a escassez de 
alimentos. Nessesentido Michel Beaud explana: 
Nesses anos de 1790-1815, o que se manifesta nitidamente aos 
olhos de todos é a Revolução Francesa, são as guerras que afligem 
a Europa. Menos espetacular, uma outra revolução foi iniciada na 
Inglaterra. Através dela é introduzida e ampliada a lógica capitalista 
de produção: exploração de um número crescente de 
trabalhadores e produção de uma massa sempre maior de 
mercadorias; acumulação vertiginosa de riquezas, num polo, 
ampliação e agravamento da miséria, no outro. Através do 
movimento de industrialização do século XIX, esta lógica vai impor 
com uma força cada vez maior a setores cada vez mais amplos da 
 
38 
sociedade (BEAUD, Michel. História do capitalismo. 4. ed. São 
Paulo: Brasiliense, 2004. p. 123-124) 
A partir do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, algumas empresas 
começaram a exportar meios de produção por causa da alta concorrência e do 
crescimento da indústria. A modernização, amparada no sistema bancário, nas 
grandes corporações financeiras e no mercado globalizado, caracterizava-se por 
monopólios e oligopólios comerciais; a expansão das novas tecnologias e fontes 
de energia; urbanização acelerada e aumento do mercado consumidor; bem 
como, pela fusão entre capital bancário e capital industrial. 
Com a modernidade tardia, inúmeros problemas emergiram, através dos 
riscos advindos da globalização, das facilidades de o agente poder interagir, 
relacionar-se e praticar negócios com as pessoas de todo o mundo. 
Sobre esse tema, Ulrich Beck expõe: 
 
Na modernidade tardia, a produção social de riqueza é 
acompanhada sistematicamente pela produção social de riscos. 
Consequentemente, aos problemas e conflitos distributivos da 
sociedade da escassez sobrepõem-se os problemas e conflitos 
surgidos a partir da produção, definição e distribuição de riscos 
científico-tecnologicamente produzidos. (BECK, Ulrich. Sociedade 
de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 
23.) 
Desta forma, com o passar dos séculos, sobremaneira no período 
compreendido entre os séculos XIX ao XXI, a modernidade passou de riscos pelos 
quais se podia controlar e prever para uma modernização reflexiva, com riscos 
que não se podem controlar e tampouco prever. “Na reflexividade dos processos 
de modernização, as forças produtivas perderam sua inocência.” (BEAUD, 
Michel. História do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 15.) 
Beck assim explana: 
 
Os riscos e ameaças atuais diferenciam-se, portanto, de seus 
equivalentes medievais, com frequências semelhantes por fora, 
fundamentalmente por conta da globalidade de seu alcance (ser 
humano, fauna, flora) e de suas causas modernas. São riscos da 
modernização. São um produto de série e do maquinário industrial 
do progresso, sendo sistematicamente agravados com seu 
 
39 
desenvolvimento ulterior. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo 
a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 26. 
Vivemos uma nova era. Era em que tradições e valores estão sendo 
decompostos pelo desenvolvimento tecnológico impulsionado pela 
globalização desenfreada. Beck assim assevera: 
A sociedade de risco também é, nesse sentido, dada a 
possibilidade, uma sociedade autocrítica. Nela, são sempre 
coproduzidos pontos de referência e premissas da crítica sob a 
forma de riscos e ameaças. A crítica do risco não é uma crítica 
normativa dos valores. Os riscos surgem justamente quando 
tradições e, consequentemente, valores são decompostos. A base 
da crítica encontra-se menos nas tradições do passado e mais nas 
ameaças do futuro. (idem) 
O homem contemporâneo, diante do elevado aumento dos riscos, tem 
que ser quase que “infalível”. Dessa forma, se faz presente a busca por 
conhecimento para garantir novamente a segurança do sujeito em suas relações. 
Nesse sentido, aponta Ulrich Beck: 
Precisamos, portanto, investigar se os avanços práticos 
compreendem um “gigantismo do risco” que priva o homem de sua 
humanidade, condenando-o, daqui em diante e por toda a 
eternidade, à infalibilidade. O avanço científico-tecnológico 
começa a entrar cada vez mais num flagrante e nova contradição: 
enquanto seus fundamentos cognitivos são examinados no 
autoquestionamento das ciências, o avanço tecnológico foi 
imunizado contra a dúvida. Justamente com a ampliação dos riscos 
e das pressões por ação, acabam sendo renovadas pretensões 
absolutistas de conhecimento, de infalibilidade e de segurança que 
há muito já se revelaram intoleráveis. (BECK, Ulrich. Sociedade de 
Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2011. p. 269) 
Dessa forma, com as revoluções tecnológicas e industriais que 
alavancaram a globalização, bem como na escolha do capitalismo como modelo 
de produção por grande parte das nações mundiais, o desenvolvimento como 
um todo, de forma ponderada, de forma sustentável, surge como um desafio em 
relação à sobrevivência das gerações futuras. Nesse cenário, a sociedade de risco 
dá ensejo à “sustentabilidade empresarial”, na perspectiva ambiental. 
Antes de abordar a sustentabilidade empresarial em si, imperioso de faz 
 
40 
verificar a origem do termo “sustentabilidade”, até chegar-se à “sustentabilidade 
empresarial”. 
Tem-se pelo termo “sustentabilidade” a busca de suprir as necessidades 
do presente sem afetar as gerações futuras. Esse conceito foi extraído, como já 
referenciado anteriormente, do Relatório Brundtland, no ano de 1987, 
elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. 
Assim Fábio Y.C. Ueno expõe: 
 
[...] movimento em prol do desenvolvimento sustentável 
propriamente dito com o “Relatório Brundtland” (BRUNDTLAND, 
1987) ou, mais propriamente, o relatório intitulado “Nosso Futuro 
Comum”, produzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, liderada pela médica e política Gro Harlem 
Brundtland. 
O relatório, publicado em 1987, traz considerações importantes 
sobre a utilização exacerbada dos recursos naturais sem respeitar 
a capacidade de ciclagem dos ecossistemas. É também desse 
relatório que sai a definição mais difundida de desenvolvimento 
sustentável, segundo a qual ele é o desenvolvimento que supre as 
necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das 
futuras gerações de suprir as suas próprias necessidades. (UENO, 
Fábio Y. C. Ética e sustentabilidade. EAD: Educação a distância. 
Disponível 
em:<http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/Livro_Etica_e_Suste
ntabilidade.pdf> 
Na mesma oportunidade, Ueno aponta que o termo “Pilares da 
Sustentabilidade” é a tradução do termo “Triple Bottom Line”, conceito criado 
por John Elkington em 1995 para relacionar as três principais frentes de ação 
da sustentabilidade: a econômica, a social e a ambiental. 
Assim, no mesmo sentido, Ignacy Sachs (apud ZAMBON; RICCO) aponta 
que uma sociedade é sustentável, “ao atender, simultaneamente aos critérios 
de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os três 
pilares do desenvolvimento sustentável”. (ZAMBON, Bruno Pagotto; RICCO, 
Adriana Sartório. Sustentabilidade empresarial: uma oportunidade para novos 
negócios. 
Disponível em: 
http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/Livro_Etica_e_Sustentabilidade.pdf
http://disciplinas.nucleoead.com.br/pdf/Livro_Etica_e_Sustentabilidade.pdf
 
41 
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:ls67xPf6mnYJ:xa.yimg.com/
kq/groups/21939088/1233569114/name/TEXTO%2B05.pdf+&cd=1&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br>. 
A sustentabilidade social baseia-se em um processo de melhoria da 
qualidade de vida da sociedade como um todo, reduzindo a desigualdade social 
através do nivelamento do padrão de renda, moradia e alimentação, acesso à 
educação, dentre outros. A sustentabilidade ambiental estimula as pessoas a 
analisarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, bem como na 
forma de utilização de recursos naturais. Tem na sociologiado risco, fator de 
origem e fomento. A econômica aborda a economia formal, bem como as 
atividades informais que ordenam serviços para os indivíduos e grupos e 
aumentam, desta forma, a renda e o padrão de vida dos indivíduos. 
Utilizando-se desses três pilares – social, ambiental e econômico -, para o 
mundo corporativo, verifica-se que conciliar preservação ambiental com 
progresso econômico e isonomia social pode engendrar lucro e reputação para 
a empresa, ajudando também no crescimento e perpetuidade dos negócios. 
Dessa forma, tem-se que a sustentabilidade empresarial consiste na 
procura da sequência no mercado a partir da viabilidade econômica da empresa, 
de forma concomitante com o meio ambiente e a sociedade. Nas palavras de Lira 
Luz Lazaro Benites e Edison Fernandes Polo: 
O termo mais usado para descrever o papel das empresas com o 
desenvolvimento sustentável é “sustentabilidade empresarial” 
(BM&F BOVESPA, 2010). O princípio da sustentabilidade nas 
empresas, como observado por Porter e Kramer (2006), aparece 
frequentemente invocando o triple bottom line, que consiste na 
busca da continuidade no mercado e no crescimento da 
organização a partir de sua viabilidade econômica, além da 
coexistência harmônica com o meio ambiente e sociedade. A 
sustentabilidade se converte em um princípio fundamental da 
gestão inteligente, que será difícil de ser ignorado. ALMEIDA, F. O 
bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2002. 
Assim, visualiza-se que a admissão de práticas empresariais de forma 
concomitante com práticas sociais e ambientais, dá ensejo à sustentabilidade 
empresarial, já que a empresa passa a não se importar somente com os seus clientes, 
mas sobretudo, em ter uma relação transparente com a sociedade por meio da 
 
42 
preservação de recursos naturais, culturais, bem como diminuindo as desigualdades 
sociais. Nas palavras de José Ticiano Beltrão Lapenda: 
A sustentabilidade empresarial vem sendo ampliada nos últimos 
anos a partir da incorporação de práticas sociais e ambientais, 
visando atender as necessidades da sociedade. A sustentabilidade 
não visa, tão somente, a formação de uma relação do 
empreendimento com os clientes, visando o estabelecimento de 
diálogos e uma relação ética e transparente com esse público. 
Busca, sobretudo, a incorporação das práticas corretas de 
sustentabilidade para a valorização da imagem institucional e da 
marca. Objetiva, também, além a maximização da riqueza dos 
acionistas, a preservação de recursos ambientais e culturais, 
respeitando as diversidades, buscando a redução da desigualdade 
social. A sustentabilidade empresarial tem como seus principais 
resultados a maior lealdade do consumidor, a maior capacidade de 
recrutar e manter talentos, a flexibilidade, a capacidade de 
adaptação e, por consequente, a longevidade do 
empreendimento. (LAPENDA, José Ticiano Beltrão). 
Sustentabilidade empresarial: A sustentabilidade empresarial 
alicerçada no tripé econômico, social e ambiental, levando a 
empresa a obter maior competitividade.. Disponível em: <http: 
//www.administradores.com.br/ 
artigos/negocios/sustentabilidade-empresarial/104885/>. Acesso 
em: 16/07/2018. 
A sustentabilidade empresarial passou, portanto, de uma meta de toda 
empresa, para uma obrigação, um princípio norteador de gestão eficaz e em 
consonância com o mundo moderno. 
O desenvolvimento global deve ser pensado, antes de tudo, de maneira 
local, pela sociedade que dia a dia usufrui dos recursos naturais e humanos 
existentes no meio em que vivem. A região não pode ser vista apenas como um 
fato geográfico, mas como um ator social, elemento vivo, dentro de um processo 
planejado e sustentável. 
A solução de problemas visando um bem-estar comum é fundamental 
neste processo, uma vez que todos usufruem do mesmo ambiente, e sofrem, em 
condições similares, com a degradação deste, seja no aspecto ambiental, seja no 
aspecto político e humano. 
A análise do desenvolvimento sustentável, portanto, deve ser feita sob 
 
43 
um enfoque sistêmico, interdependente em suas diversas dimensões, e 
complexo em sua dinâmica. Uma base analítica contendo tais características é 
extremamente complexa e, muitas vezes, exige pesquisa das realidades 
peculiares de cada região, sem olvidar do aspecto global que atinge cada vez mais 
os processos econômicos existentes. 
Na busca por desenvolvimento, a redução de disparidades e a busca pelo 
respeito à sustentabilidade são os fatores decisivos a se permitir um constante e 
regular crescimento social em todos os aspectos benéficos que se espera. 
 
 
44 
 
 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E 
SUSTENTABILIDADE 
 
TEMA 03 
PARTE 01 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO SOCIAL E AMBIENTAL E 
COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL 
Link do GOOGLE drive. 
 
45 
O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL? 
O objetivo deste capítulo é fornecer uma base para a compreensão dos 
significados e das implicações da responsabilidade social. O contexto social em 
que as decisões e ações empresariais e de gestão ocorrem é dinâmico e 
complexo. Assim, para compreender o significado da responsabilidade social 
deve-se levar em conta que este significado muda com o tempo e as 
circunstâncias. 
O termo "responsabilidade social" encerra sempre a ideia de prestação 
de contas: alguém deve justificar a própria atuação perante outrem. Durante 
muito tempo, este foi entendido, em uma visão tradicional, como sendo a 
obrigação do administrador de prestar contas dos bens recebidos por ele. Ou 
seja, economicamente, a empresa é vista como uma entidade instituída pelos 
investidores e acionistas, com objetivo único de gerar lucros. 
Entretanto, tal perspectiva não se aplica no mundo contemporâneo. Já se 
sabe que a empresa não se resume exclusivamente no capital, e que sem os 
recursos naturais (matéria-prima) e as pessoas (conhecimento e mão-de-obra), 
ela não gera riquezas, não satisfaz às necessidades humanas, não proporciona o 
progresso e não melhora a qualidade de vida. Por isso, afirma-se que a empresa 
está inserida em um ambiente social. Relaciona-se com as demais instituições e 
com diversos públicos. 
Assim sendo, Richard Daft (1999, p.88) define a responsabilidade social 
como sendo "(...) a obrigação da administração de tomar decisões e ações que 
irão contribuir para o bem-estar e os interesses da sociedade e da organização". 
Oded Grajew (2001), presidente do Instituto Ethos, uma das principais 
instituições responsáveis pela difusão do conceito de responsabilidade social na 
sociedade brasileira, define este conceito como: 
"(...) a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às 
interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, 
governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da 
responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas 
empresariais." (GRAJEW, Instituto Ethos, 2001). 
Atualmente, a intervenção dos diversos atores sociais exige das 
organizações uma nova postura, calcada em valores éticos que promovam o 
desenvolvimento sustentado da sociedade como um todo. Estas ideias são 
reforçadas pelo Instituto Ethos1 que ao definir a responsabilidade social afirma 
que: 
 
46 
"(...) a questão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal 
da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa 
mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na 
qualidade das relações e na geração de valor para todos". 
Para finalizar, é importante ressaltar que a responsabilidade social é, 
ainda, um processo em crescimento em vários países do mundo e, 
principalmente, no Brasil. 
A questão da participação das empresas privadas na solução de 
necessidades públicas está nas pautas das discussões atuais. Embora alguns 
defendam que a responsabilidade das empresas privadas na área públicalimita-
se ao pagamento de impostos e ao cumprimento das leis, crescem os 
argumentos de que seu papel não pode ficar restrito a isso, até por uma questão 
de sobrevivência das próprias empresas. 
Outro argumento é o fato de que adotar posturas éticas e compromissos 
sociais com a comunidade pode ser um diferencial competitivo e um indicador 
de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo. A ideia é de que os 
consumidores passam a valorizar comportamentos nesse sentido e a preferir 
produtos de empresas identificadas como éticas, "cidadãs" ou "solidárias". 
Para Idalberto Chiavenato (1999, p.447), "(...) entre uma empresa que 
assume uma postura de integração social e contribuição para a sociedade e outra 
voltada para si própria e ignorando o resto, a tendência do consumidor é ficar 
com a primeira." 
Além disso, argumenta-se que ao atuar de forma ética e preocupada com 
seu entorno, a empresa desenvolve valores e práticas com efeitos positivos 
sobre sua cadeia produtiva e seus colaboradores, gerando melhores resultados. 
A responsabilidade social empresarial tem interessado os altos 
executivos das companhias. Em 2002, foi divulgado no Fórum Econômico 
Mundial realizado em Nova York, uma pesquisa de opinião, feita pela empresa 
de consultoria Price waterhouse Coopers, que ouviu 1.161 executivos-chefes de 
corporações na Europa, Ásia e Américas. Esta pesquisa mostrou a importância 
crescente da responsabilidade social entre o empresariado: 
"(...) 68% concordam que a responsabilidade social das empresas é vital para a 
lucratividade de todas elas (...) 60% dos executivos não acreditam que a 
responsabilidade social corporativa deva assumir uma prioridade menor no 
atual clima econômico." (PASSOS, 2002, p.5) 
 
 
 
47 
No Brasil, especialmente nos últimos cinco anos, a participação de 
agentes privados em questões públicas tem sido mais amplamente discutida e 
várias empresas já começaram a encontrar formas de disseminar a cidadania 
empresarial, ou seja, a atuação da empresa com responsabilidade social. 
Entidades como o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) e o Instituto 
Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criados em 1995 e 1998, 
respectivamente, reúnem empresas preocupadas em desenvolver ações 
voltadas para a comunidade e praticar seus negócios de maneira ética e 
socialmente responsável. O assunto vem ganhando significativo destaque na 
mídia nacional, assim como proliferam debates, seminários, prêmios e 
publicações relacionados a ele. 
 
ABORDAGEM HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 
No Mundo: 
Em 1899, Andrew Carnegie, fundador do conglomerado U.S Steel 
Corporation, publicou um livro entitulado O Evangelho da Riqueza, que 
estabeleceu a abordagem clássica da responsabilidade social das grandes 
empresas. A visão de Carnegie baseava-se nos princípios da caridade e da 
custódia. Ambos eram francamente paternalistas: o princípio da caridade exigia 
que os membros mais afortunados da sociedade ajudassem os menos 
afortunados, e o princípio da custódia, derivado da Bíblia, exigia que as empresas 
e os ricos se enxergassem como guardiães, ou zeladores, mantendo suas 
propriedades em custódia, para benefício da sociedade como um todo. 
Nas décadas de 1950 e 1960, os princípios da caridade e da custódia eram 
amplamente aceitos nas empresas americanas, à medida que mais e mais 
companhias passaram a admitir que “o poder traz responsabilidade”. Até mesmo 
companhias que não subscreviam esses princípios percebiam que, se não 
aceitassem as responsabilidades sociais por sua livre vontade, seriam forçadas a 
aceitá-las por imposição do governo. Muitas acreditavam que reconhecer as 
responsabilidades sociais era questão de “auto-interesse esclarecido” (STONER 
E FREEMAN, 1985, p.72). 
Porém, um conceito de responsabilidade social proposto por H. R. Bowen 
em 1953 inspirou várias idéias novas sobre o tema. Bowen insistiu que os 
 
48 
administradores de empresas tinham o dever moral de “implementar as 
políticas, tomar as decisões ou seguir as linhas de ação que sejam desejáveis em 
torno dos objetivos e dos valores de nossa sociedade” (BOWEN citado em 
STONER E FREEMAN, 1985, p.73). Este conceito, que via as empresas como 
reflexo dos “objetivos e valores” sociais estava em contraposição com os 
princípios da caridade e da custódia, que eram especialmente atraentes para os 
que tinham um interesse oculto em preservar o sistema de livre iniciativa com 
garantia de liberdade em relação a outras formas de pressão social. 
Mas na evolução da ideia de responsabilidade social viveu-se o momento 
onde estudiosos acreditavam que cabia ao governo, igrejas, sindicatos e 
organizações não- governamentais o suprimento das necessidades comunitárias 
através de ações sociais organizadas e não às corporações, que na verdade 
precisavam satisfazer seus acionistas. Um dos principais proponentes desta ideia 
é Milton Friedman. De acordo com Friedman: 
"Há uma, e apenas uma, responsabilidade social das empresas: usar seus 
recursos e sua energia em atividades destinadas a aumentar seus lucros, 
contanto que obedeçam as regras do jogo (...) [e] participem de uma 
competição aberta e livre, sem enganos e fraudes (...)" " (FRIEDMAN citado em 
STONER e FREEMAN, 1985, p.73). 
As décadas de 1970 e 1980 chegaram com a preocupação de como e 
quando a empresa deveria responder sobre suas obrigações sociais. Nestas 
décadas, a ética empresarial começou a desenvolver-se e consolidou-se como 
campo de estudo. Filósofos entraram em cena, aplicando teoria ética e análise 
filosófica, com o objetivo de estruturar a disciplina ética empresarial. Nos EUA, o 
escândalo Watergate, no governo Nixon, focalizou o interesse público na 
importância da ética no governo. Conferências foram convocadas para discutir 
responsabilidades sociais e questões morais e éticas no mundo dos negócios. 
Surgiram centros com a missão de estudar estes assuntos. Seminários 
interdisciplinares reuniram professores de administração de empresas, teólogos, 
filósofos e empresários. 
A doutrina se difundiu pelos países europeus, tanto nos meios 
empresariais, quanto nos acadêmicos. Na Alemanha percebeu-se o rápido 
desenvolvimento do tema, com cerca de 200 das maiores empresas desse país, 
integrando os balanços financeiros aos objetivos sociais. Porém, a França é quem 
deu o passo oficial na formalização do assunto. Foi o primeiro país a "obrigar as 
 
49 
empresas a fazerem balanços periódicos de seu desempenho social no tocante à 
mão-de-obra e às condições de trabalho”. 
Com uma maior participação de autores na questão da responsabilidade 
social, o final da década de 1990 apresenta a discussão sobre as questões éticas 
e morais nas empresas, o que contribui de modo significativo para a definição do 
papel das organizações. Em Janeiro de 1999, o Secretário Geral da Organização 
das Nações Unidas (ONU), Sr. Kofi Annan, lançou o Compacto Global solicitando 
aos dirigentes do mundo dos negócios que aplique um conjunto de nove 
princípios sobre os direitos humanos, trabalhistas e questões ambientais. 
No mês de Junho de 2000, os Ministros da Organização para Cooperação 
Econômica e Desenvolvimento (OCED) aprovaram uma versão revisada das 
Diretrizes para Empresas Multinacionais. Esse conjunto de instruções, adotadas 
em 1976, estabeleceu princípios voluntários e padrões de conduta de 
responsabilidade corporativa em áreas como meio ambiente, condições de 
trabalho e direitos humanos. As Diretrizes revisadas cobrem as atividades de 
empresas multinacionais operando em ou a partir dos 29 países-membros da 
OCED. 
Em Julho de 2001, a Comissão das Comunidades Européias (2001, p.3-4), 
reunida na cidade de Bruxelas, na Bélgica, apresentou à comunidade 
internacional um Livro Verde sobre responsabilidade social com o seguinte título: 
"Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas". 
Esta publicação