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Transtornos depressivos, bipolar e transtornos relacionados

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05/11/2022 21:28 Transtornos depressivos, bipolar e transtornos relacionados
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03571/index.html# 1/53
Transtornos depressivos, bipolar 
e transtornos relacionados
Prof.º Renato Cezar Silvério Júnior
Descrição
Os transtornos de humor e suas subdivisões: transtorno depressivo maior, distimia, transtorno disruptivo
de desregulação do humor, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno afetivo bipolar e ciclotimia:
origens, diagnóstico e tratamento.
Propósito
Os transtornos de humor possuem alta incidência na população mundial e consistem em verdadeiro
desafio para os profissionais da Saúde. É importante que o psicólogo conheça a etiologia, dinâmica,
diagnóstico e tratamento desses transtornos, para que possa realizar um bom trabalho na identificação e
intervenção com pessoas que são afetadas de forma direta e indireta por esses transtornos.
Objetivos
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Módulo 1
Transtorno depressivo maior e suas variantes
Identificar o transtorno depressivo maior e reconhecer todas as suas variantes.
Módulo 2
Outros tipos de transtornos de humor
Identificar a distimia, o transtorno disruptivo de desregulação do humor e o transtorno disfórico pré-
menstrual.
Módulo 3
Transtornos bipolar tipo I e tipo II e transtorno ciclotímico
Identificar os critérios diagnósticos do transtorno bipolar tipo I, tipo II e o transtorno ciclotímico.
Introdução
Os transtornos de humor são um dos temas mais debatidos na atualidade: por que ficamos tristes?
Quando a tristeza é um aspecto da vida e quando passa a ser uma patologia? Existem estados de
felicidade e bem-estar que podem ser patológicos?

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Essas e outras questões rondam o trabalho de filósofos e cientistas desde o início da humanidade, sendo
impossível que o psicólogo não se depare com elas em qualquer cenário que venha a atuar.
Sempre que começamos a estudar psicopatologia, temos uma tendência a nos identificar com as
características dos transtornos que estudamos, por isso, é tão importante a psicoterapia pessoal para
todos os profissionais de psicologia. É na psicoterapia pessoal que você vai identificar o que vive e não se
deixar impressionar pelos critérios diagnósticos dos diversos transtornos estudados, além de poder
entender melhor suas características pessoais, suas dores e potencialidades.
Muitas pessoas procuram no curso de psicologia autoconhecimento e isso é um engano. O
autoconhecimento se dá na psicoterapia pessoal. O curso de Psicologia, assim como qualquer outro
curso, não é um processo terapêutico.
O tripé: estudo, psicoterapia pessoal e supervisão caracterizam os bons profissionais na área de
Psicologia.
Vamos, neste momento, nos apoiar em um desses pilares essenciais e estudar juntos um pouco desses
temas tão antigos quanto a humanidade, mas tão atuais dentro de nossa profissão.
1 - Transtorno depressivo maior e suas variantes
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o transtorno depressivo maior e
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reconhecer todas as suas variantes.
Características dos transtornos de humor
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que existem cerca de 320 milhões de pessoas
diagnosticadas com algum tipo de transtorno depressivo em todo o mundo. Na América Latina, o Brasil é
o país que mais apresenta casos e, atualmente, cerca de 5,8% da população brasileira possui o
diagnóstico dado por um profissional de saúde mental (WHO, 2021).
Mas o que é depressão? Estar muito triste é viver um transtorno depressivo? Todas as depressões são
iguais? Se quisermos entender e poder prestar serviços de forma adequada, precisamos responder a
todas essas questões.
O transtorno depressivo maior é um transtorno de humor. O humor é o estado
emocional continuado de uma pessoa, é o tônus para o estado afetivo, é o que dá
o colorido de uma experiência psíquica, influenciando nossa percepção e
julgamento das situações. É uma disposição afetiva que abarca nossa experiência
(DALGALARRONDO, 2019).
Quando você vai ao cinema e assiste a um filme, seu humor (irritável, triste, eufórico etc.), naquele dia, vai
influenciar diretamente em sua percepção do filme, assim como ele também pode ser influenciado por
aquela obra artística.
O afeto é a forma como o humor é expresso e pode ser percebido pelas pessoas, inclusive pelo
profissional de saúde. Humor e afeto estão interligados, porém não são a mesma coisa. Confira a seguir:
Afeto
Pode ser descrito e observado através da expressão, entonação de voz e postura corporal do sujeito.
Humor

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É uma experiência interna e precisa ser comunicada pela pessoa.
Por isso, pode-se dizer que um afeto é congruente ou incongruente com o humor. Por exemplo: eu lhe
conto que estou muito triste, pois meu querido cachorro vira-lata morreu depois de dezesseis anos
comigo. Digo isso com lágrimas nos olhos, voz embargada e expressão de tristeza.
Este afeto está congruente com o humor descrito, já que lhe disse estar triste. Agora, se eu lhe digo que
estou triste por conta de ter saído do emprego, conto que fui demitido em uma reunião cheia de
autoritarismo e assédio moral, mas digo isso sorrindo, com voz de deboche e expressões de euforia.
Então, este afeto é incongruente com o humor que eu informei a você, pois eu havia lhe dito que estava
triste. O afeto incongruente pode significar muitas coisas: posso estar mentindo sobre o que digo, posso
estar tão confuso que não consigo estruturar minha expressão e até estar negando para mim mesmo o
que está se passando.
O transtorno depressivo maior e o transtorno afetivo bipolar são os mais conhecidos transtornos de humor.
Confira a seguir as diferentes classificações do humor:
Humor hipotímico
Modulado “para baixo”, desânimo, tristeza.
Humor hipertímico
Modulado “para cima”, euforia inadequada, alegria patológica.
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Assim, os transtornos de humor podem ser unipolares ou bipolares.
Em um transtorno de humor unipolar temos a prevalência de humor deprimido, tristeza, perda de
interesse, fadiga, anedonia (perda da capacidade de sentir prazer com atividades que antes eram
prazerosas) e sentimentos de inutilidade. Podem ocorrer ainda perda ou ganho de peso, insônia ou
hipersonia (sono excessivo), pensamentos de morte, indecisão e dificuldade de concentração.
Por outro lado, um transtorno de humor bipolar caracteriza-se por períodos de rebaixamento do humor
(como no transtorno de humor unipolar) que são intercalados com episódios de humor hipertímico, com
mais energia e “disposição”, até mesmo com episódios de mania ou hipomania e períodos de humor
eutímico. Essas variações ocorrem ao longo de dias e não várias vezes em um mesmo dia, como acredita
o senso comum.
Humor embotado
Dificuldade de reconhecer emoções em si, falta de contato com as próprias emoções.
Apatia
Incapacidade de demostrar emoções, falta de ânimo.
Humor eutímico
Equilibrado e adequado. Congruente com o afeto.
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A mania é caracterizada por grande energia e confusão mental
A mania é um estado de humor com intensa euforia, grande agitação, pensamento e fala acelerados,
insônia, sentimentos de grandeza e onipotência, podendoocorrer delírios e episódios de alucinação. Não é
incomum que pessoas em estado de mania sejam confundidas com esquizofrênicos durante o
atendimento de emergência.
Porém, uma pessoa com transtorno de humor bipolar, após o quadro de mania, retoma seus processos
cognitivos e afetivos normalmente, o que não acontece com alguém que possuí um quadro de
esquizofrenia.
A hipomania é um estado de humor mais ameno do que a mania. A pessoa pode tornar-se falante, cheia
de energia e executar muitas tarefas. Inclusive, é comum assumir compromissos e projetos em demasia.
Existe bastante energia, mas não tanta confusão mental, como no caso da mania.
Atenção!
A presença desses sintomas pode não configurar um transtorno de humor, é preciso observar alguns
critérios diagnósticos como tempo de incidência, número de sintomas e perda de funcionalidades
cotidianas, como veremos.
O transtorno depressivo maior, diagnóstico e suas
variantes
Usamos, no senso comum, a palavra depressão para nos referirmos a alguém que está “triste”, com o
humor “para baixo”, a maior parte do tempo. Porém, para se chegar a um diagnóstico de transtorno
depressivo maior, alguns critérios devem ser levados em conta. É importante saber que o transtorno
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depressivo maior possui variantes, existem quadros e classificações diferentes para cada caso.
Transtorno depressivo maior (depressão unipolar), transtorno afetivo bipolar, distimia (transtorno
depressivo persistente), ciclotimia, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo com
sintomas psicóticos, e transtorno disruptivo de desregulação do humor são as variantes comuns dos
transtornos de humor.
Observe que não são subtipos de depressão clínica, mas transtornos de humor que possuem alguns
sintomas em comum.
Segundo o DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, em português Manual de
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), em sua quinta edição, DSM-V (APA, 2013), em um
período contínuo de duas semanas o paciente deve apresentar, obrigatoriamente, um ou mais sintomas,
podendo ser os seguintes:
Humor deprimido a maior parte do dia;
Perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades que desempenha (anedonia é o nome que
se dá a perda da capacidade de sentir prazer).
Curiosidade: O DSM-V é um dos manuais mais usados no diagnóstico dos transtornos mentais.
Quatro ou mais dos sintomas abaixo devem estar presentes para o diagnóstico de transtorno depressivo
maior:
Ganho ou perda ponderal signi�cativo (> 5%) de peso; diminuição ou aumento do apetite.
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É importante que o paciente relate sofrimento ou prejuízo decorrentes desses sintomas, seja na área
social, ocupacional ou outras áreas importantes de sua vida. Veja que dos dois sintomas obrigatórios
(humor deprimido e anedonia) nem sempre o humor deprimido estará evidente ou presente. Muitas
pessoas perdem o interesse por suas atividades, mas continuam desempenhando-as mecanicamente
(inclusive indo a festas e outras atividades de lazer), ou simplesmente abandonam a maior parte de suas
atividades e ficam em um estado estático, sem necessariamente se queixarem de tristeza, e relatam
“apenas” não sentir interesse por quase nada, de forma apática, sem esboçar tristeza. Este também é um
quadro de depressão maior, no qual a anedonia predomina sem queixas conscientes de tristeza.
Esses sintomas não devem ser causados por luto, uso ou abuso de substâncias ou alguma condição
Insônia ou hipersonia.
Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado).
Fadiga ou perda de energia (relatada e observável).
Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada.
Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se (comprometimento da cognição) e indecisão.
Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou um plano especí�co para
cometer suicídio.
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clínica que pode desencadear ou ter efeitos colaterais com características de depressão maior.
Segundo o pesquisador e editor do DSM, John W. Barnhill (2015), a relação do estado de luto com a
depressão maior causou muitos debates. O DSM IV recomendava que se aguardasse dois meses de
sintomas para diagnosticar alguém em estado de luto com transtorno depressivo maior. Tristeza, insônia,
retraimento social, redução do prazer em atividades e má concentração são características que podem
estar presentes no estado de luto. Em um luto não patológico, o sujeito costuma reestabelecer-se no
período de até seis meses, mesmo sem atendimento clínico. Barnhill (2015) esclarece que a
recomendação era que alguém de luto recebesse o diagnóstico de depressão maior apenas se houver a
presença de sintomas muito graves, como ideação suicida ou sintomas psicóticos (que rompem com a
realidade, delírios e alucinações). O DSM V retira o tempo de dois meses de espera para o diagnóstico
durante o período de luto, colocando-o também em duas semanas de sintomas contínuos. Espera-se que
o clínico, por meio da observação, acompanhamento do paciente e história clínica (se o paciente já teve
episódios depressivos, por exemplo), possa diferenciar entre características de um luto normal e a
depressão maior. Importante lembrar que para a grande maioria das pessoas em luto seus sintomas
depressivos não evoluem para um transtorno depressivo maior.
Ainda existem muitos debates sobre o perigo de se patologizar (transformar em patologia aspectos
normais do cotidiano) e medicalizar (tornar médico e patológico problemas não médicos, inclusive
intervindo com fármacos) o luto com o diagnóstico de transtorno depressivo maior.
O debate também segue sobre o próprio diagnóstico de transtorno depressivo maior e o perigo de se
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medicalizar a própria tristeza. Estaria nossa sociedade não desenvolvendo formas individuais e
principalmente coletivas de lidar com a dor? A própria definição de saúde da OMS – “estado de completo
bem-estar físico, mental e social” – não seria um tanto exagerada, já que é impossível a condição humana
atingir um estado completo, total e estático? A sociedade e a cultura também estariam caindo na
armadilha de construir uma vida totalmente e exclusivamente “positiva e sem problemas”, fazendo com
que a tristeza se torne algo repudiado e que não sabemos lidar/tolerar? Tal movimento tem sido chamado
por alguns de “positividade tóxica”, mas não existem muitos estudos sistematizados.
O transtorno depressivo maior: classi�cações na CID
Momentos de crise são característicos da vida humana. A palavra crise vem do grego crisis e significa
“corte”, “separação”. A tristeza é o sentimento inerente à crise, período necessário de recolhimento,
transformação e crescimento. É o período em que aquilo que tínhamos certeza termina, é colocado em
dúvida. Não seria justamente aí que apareceriam a criatividade e resiliência necessária para a vida? Ficar
triste é algo humano e que não pode (nem deve) ser negado.
O transtorno depressivo maior é diferente, ele não nos leva a uma efetiva mudança nem possibilita
transformações, caso não seja tratado. Esse transtorno tem em uma de suas bases o fator biológico e
genético. É possível detectar alterações no funcionamento do sistema nervoso central de um depressivo,
porém não é possível estabilizar um quadro de transtorno depressivo maior apenas com medicações,
embora o fármaco seja um aspecto muito importante do tratamento, na maioria dos casos, indispensável.Apesar de complexo e discutível, é sempre importante tentar diferenciar tristeza de transtorno depressivo
maior. Em linhas gerais, a tristeza seria passageira, suas causas são mais fáceis de detectar e pode haver
certas funcionalidades da pessoa que ficam preservadas.
Já o transtorno depressivo maior seria duradouro, suas causas seriam mais difíceis de serem explicadas
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pelo paciente e há grandes bloqueios em desempenhar funções que antes eram possíveis.
Por exemplo: alguém triste pode conseguir desempenhar seu trabalho, já uma
pessoa com transtorno depressivo maior pode apresentar incapacidade para
trabalhar.
O transtorno depressivo maior retira a esperança do futuro, traz rebaixamento da autoestima, sensação de
vazio e até pensamentos suicidas, nos casos mais graves. Algumas pessoas podem se tornar irritáveis,
principalmente aquelas que têm uma personalidade mais raivosa. Lembre-se também que nem sempre o
humor rebaixado está evidente em um quadro de depressão, como vimos anteriormente.
O transtorno depressivo maior pode ser classificado em leve, moderado e grave. Quanto mais tempo de
sintomas e mais perda de funcionalidades, mais grave é o transtorno.
A International Classification of Diseases (ICD) ou Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 e 11,
além de diferenciar o transtorno depressivo em leve, moderado e grave, faz também uma distinção entre
episódio depressivo (F32) e transtorno depressivo recorrente (F33). Considera-se episódio depressivo o
período em que a pessoa apresenta os sintomas (fechando os critérios diagnósticos). Caso a pessoa já
tenha passado por mais de um período em sua vida, ela apresenta um transtorno depressivo recorrente.
Caso aquele seja o primeiro e único período, ela apresenta um episódio depressivo.
O CID é outro dos manuais usados para diagnóstico dos transtornos mentais.
Um transtorno depressivo maior, quando grave, pode desencadear sintomas psicóticos (delírios e
alucinações). As CID 10 e 11 também possuem códigos específicos para diferenciar um episódio
depressivo grave sem sintomas psicóticos (F32.2) de um episódio depressivo grave com sintomas
psicóticos (F32.3).
Veja as classificações do CID 10 para transtorno depressivo maior, de acordo com a Organização Mundial
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da Saúde (1996):
CID 10 - F32 Episódios depressivos;
CID 10 - F32.0 Episódio depressivo leve;
CID 10 - F32.1 Episódio depressivo moderado;
CID 10 - F32.2 Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos;
CID 10 - F32.3 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos;
CID 10 - F32.8 Outros episódios depressivos;
CID 10 - F32.9 Episódio depressivo não especificado;
CID 10 - F33 Transtorno depressivo recorrente;
CID 10 - F33.0 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve;
CID 10 - F33.1 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual moderado;
CID 10 - F33.2 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos;
CID 10 - F33.3 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos;
CID 10 - F33.4 Transtorno depressivo recorrente, atualmente em remissão;
CID 10 - F33.8 Outros transtornos depressivos recorrentes;
CID 10 - F33.9 Transtorno depressivo recorrente sem especificação.
Dessa forma, podemos visualizar quantas nuances podem existir em um quadro clínico. Para o psicólogo
(e para um bom profissional de saúde), não basta apenas o diagnóstico baseado na descrição sintomática
do paciente. É preciso entender como aquela pessoa vive, interpreta e produz significados a partir de sua
condição. Por exemplo: você pode atender cinco pessoas com diagnóstico de episódio depressivo
moderado (F32.1), porém cada uma dessas pessoas vai viver seu quadro clínico de forma completamente
diferente porque cada ser humano é singular.
O transtorno depressivo maior
Este vídeo apresenta as principais características do transtorno depressivo maior e as terapêuticas
utilizadas no tratamento.

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Origens e tratamentos para transtorno depressivo
maior
Em relação à origem, podemos classificar o transtorno depressivo em primário e secundário. A depressão
primária (genuína, idiopática ou essencial) é aquela que os sintomas não são consequência de nenhuma
outra patologia, transtorno, medicação ou eventos identificáveis. A depressão secundária é aquela que
está relacionada a efeitos colaterais de uma substância, outros transtornos ou patologias como:
disfunções hormonais e problemas cardíacos, podendo a depressão ser uma comorbidade ou efeito
colateral de uma medicação.
Exemplo
O hipotiroidismo pode desencadear o transtorno depressivo maior. Estima-se que cinquenta por cento das
pessoas que possuem diagnóstico de hipotiroidismo também apresentem transtorno depressivo maior.
Nesses casos, a depressão seria secundária.
Sabe-se que neurologicamente a depressão está principalmente relacionada à recaptação dos
neurotransmissores serotonina, noradrenalina e, menos frequentemente, mas também com dopamina.
Haveria menos produção e recaptação de serotonina, noradrenalina e/ou dopamina na maioria das
pessoas com depressão maior. Sendo assim, o tratamento medicamentoso com antidepressivos se faz
necessário na grande maioria dos casos. Medicações como Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina,
Escitalopran e Citalopran, Venlafaxina, Milnaciprano, Desvenlafaxina, Duloxetina etc. são um exemplo da
vasta classe de medicações utilizadas no tratamento farmacológico para o transtorno depressivo maior.
Cada medicação possui uma forma de ação e cada organismo pode reagir de um jeito. Por isso, é sempre
importante a avaliação e acompanhamento de um psiquiatra durante todo o tratamento em constante
diálogo interdisciplinar com os outros profissionais da Saúde.
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Existe um debate sobre a origem do transtorno depressivo maior: a depressão seria desencadeada por
conta de uma alteração neuroquímica, inclusive de influência genética, ou essas alterações seriam uma
resposta biológica aos eventos psíquicos e sociais que o sujeito vivenciou? Ao que parece, as duas
hipóteses são possíveis. Mesmo uma depressão de causas biológicas traz alterações psíquicas e sociais
as quais o sujeito vai precisar de ajuda para entender, reorganizar e ressignificar, não podendo nunca o
tratamento medicamentoso ser o único empregado.
Como alterações neuroquímicas podem auxiliar no tratamento, atividades físicas regulares e alimentação
saudável são recomendadas aos pacientes, já que possuem influência direta nos processos biológicos
(produção de hormônios e neurotransmissores). É sempre importante pensar se o paciente pode
modificar sua rotina naquele momento e auxiliá-lo também com isso, não basta apenas um comando
racional e pontual: “coma bem e exercite-se” já que isto pode não fazer sentido para alguém que está
vivendo um transtorno, inclusive, pode fazer com que a pessoa se sinta culpada, piorando o quadro.
Ibanez et al (2014) apontam que existe uma dificuldade para os pacientes seguirem com o tratamento
medicamentoso: ausência de informações claras sobre as características do transtorno, falta de
informação da ação dos fármacos, desconhecimento sobre a dosagem receitada, falta de apoio
profissional, familiar e comunitário, insatisfação e expectativas frustradas sobre o efeito do fármaco.
Junte-se a isso a incompreensão sobre a importância da psicoterapia e do envolvimento ativo no próprio
quadro resultando em alto índice deinsucesso no tratamento para depressão maior.
Aqui temos outro importante aspecto do tratamento que deve ser constantemente feito pelos
profissionais da Saúde: a psicoeducação.
Psicoeducação consiste em fornecer informações claras e em uma linguagem que o paciente possa
entender, que lhe faça sentido ao executá-las. Envolve a apresentação de características do transtorno,
uso e ação dos fármacos, expectativas quanto ao tratamento medicamentoso e psicoterapêutico e formas
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de se envolver ativamente em sua melhora ou apropriação do que está acontecendo. Essas informações
devem ser estendidas aos familiares do paciente para que também possam entender e ajudar da melhor
forma.
Importância de envolver a família do paciente com psicoeducação.
Este processo é gradual, visto que cada ser humano aprende e interpreta as informações que lhe são
passadas de formas muito particulares. Por isso, deve-se sempre retomar os aspectos de psicoeducação
com o paciente e sua família, solicitando feedback em todas as vezes, a fim de compreender como as
informações estão sendo entendidas e postas em prática.
Alguns quadros de depressão possuem caráter hereditário, isto é, influência de genética herdada. Isso
caracteriza que muitas famílias já possuem um modo sistêmico depressivo de se organizar, sendo que a
maioria de seus membros pode apresentar esta forma de estar no mundo, inclusive com alguns casos de
suicídio e depressão grave. Por isso, é sempre bom investigar o histórico familiar do paciente e até
mesmo a indicação de psicoterapia e intervenções com o grupo familiar. A genética pode ser um
determinante para o desencadeamento de transtorno depressivo maior (e outros transtornos de humor), a
partir da vulnerabilidade biológica hereditária. Este tipo de depressão pode ser caracterizado por um
grande estranhamento, quando o paciente não consegue estabelecer fontes possíveis de seu sofrimento,
sendo importante que passe por todas as fases de tratamento.
Pacientes refratários a inúmeras tentativas de tratamento podem ser submetidos a sessões de
eletroconvulsoterapia (ECT), que atualmente conta com técnicas mais desenvolvidas e resultados
consistentes para os quadros de depressão resistente. Tal técnica deve ser utilizada após inúmeras
tentativas sem sucesso e com indicação e acompanhamento de equipe interdisciplinar.
A psicoterapia e os transtornos de humor
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A psicoterapia e os transtornos de humor
Sabe-se que grandes cargas de estresse, ansiedade, uso excessivo de tecnologias, sedentarismo e solidão
são grandes fatores desencadeantes para transtornos de humor.
Alguns historiadores e filósofos chamam o período contemporâneo de pós-modernidade: um período
caracterizado pela frustração com a ciência e as religiões, que não podem dar respostas e soluções a
todos os problemas humanos.
Confuso e solitário, em meio a um turbilhão de demandas e informações, imerso em relações rápidas e
líquidas (BAUMAN, 2001), o ser humano pós-moderno mergulha em humores depressivos e/ou bipolares e
não consegue encontrar significados de vida em sua história, sentir-se útil ou sentir-se pertencente a
algum grupo. Torna-se intolerante com a frustração cotidiana, imediatista e muito autocentrado.
Alguns psicólogos, principalmente psicólogos sociais, questionam a importância de pensar como a
sociedade pós-moderna gera sujeitos depressivos e como a saída para isto também precisa ser coletiva.
As estruturas sociais que prejudicam a saúde das pessoas nos mais diversos contextos como educação,
trabalho, família, socialização, cultura, mídia e comunidade, precisam ser pensadas e debatidas para que
haja mudanças. Por isso o trabalho do psicólogo deve ser também coletivo, objetivo de uma atenção
psicossocial. (AMARANTE, 2007).
O tratamento para os transtornos de humor deve ser composto de psicoterapia e
tratamento farmacológico, trabalhando psicólogo e psiquiatra em conjunto. A
psicoterapia tem o objetivo de ajudar o paciente a lidar, entender e ressignificar os
eventos que vêm acontecendo em sua vida, trazendo mais autoconhecimento e
autonomia psíquica.
É importante que o psicoterapeuta traga uma escuta qualificada que ajude o paciente a entender o que
está se passando, fazendo com que ele se ouça através do processo terapêutico e possa começar a
desenvolver saídas e/ou novos significados. Investigar os pensamentos do paciente, sempre atento aos
riscos que os sintomas apresentam neste momento.
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Cada abordagem em psicologia tem sua visão sobre a dinâmica e o manejo com quadros de transtorno de
humor. Enquanto a terapia cognitivo comportamental apresenta vasta literatura científica atestando a
efetividade de suas técnicas para os transtornos de humor, as teorias psicanalíticas, humanistas e
existenciais-fenomenológicas possuem um formato diferente de trabalho: para estas abordagens, os
sintomas e diagnósticos não são o foco de seu trabalho, mas o resultado de processos mais profundos e
complexos aos quais o sujeito está passando. Dessa forma, fica difícil estabelecer uma métrica sobre a
efetividade dessas abordagens, visto que seu foco são os processos e não a remoção do sintoma.
Portanto, não é possível estabelecer qual a melhor abordagem psicoterapêutica para os transtornos de
humor, isto vai depender das características de cada paciente, que pode ou não ter afinidade com as
técnicas de trabalho de cada terapeuta. A formação (incluindo aqui a psicoterapia pessoal e a supervisão)
e a prática de cada psicoterapeuta é fundamental para um bom resultado.
Sobre a eficácia da psicoterapia e as abordagens em psicologia, Schestatsky e Fleck (1999) fizeram vasta
pesquisa no final dos anos 1990 e seus resultados ainda se apresentam como atuais:
O que se pode afirmar sobre o tratamento das depressões maiores através de
psicoterapias, atualmente, é que já existem evidências firmes a respeito de
sua eficácia, algo que há 10 anos atrás parecia depender apenas da
experiência intuitiva que os psicoterapeutas e psiquiatras derivavam do dia-a-
dia com seus pacientes (...) Não há, no momento, respostas claras sobre o
que torna as psicoterapias eficazes na depressão. Talvez seja mais o que elas
têm em comum e não o que as diferencia: em todas se oferece ao paciente
um modelo compreensível da sua depressão, cada terapia tem argumentos
lógicos bem delineados e, com exceção da psicodinâmica, são altamente
estruturadas. Os planejamentos para obter mudanças são feitos em
sequências lógicas, elas encorajam os pacientes no uso autônomo e
independente de suas capacidades e reforçam, no paciente, o sentimento que
os câmbios ocorridos foram de sua responsabilidade.
(SCHESTATSKY; FLECK, 1999 p. 46)
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O importante é que o paciente consiga estabelecer uma vinculação positiva e veja sentido na proposta
terapêutica que está vivenciando. Assim, a psicoterapia se apresenta como terapêutica indispensável no
tratamento não só do transtorno depressivo maior, mas em todos os transtornos de humor.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Estima-se que atualmente 320 milhões de pessoas ao redor do mundo tenham diagnóstico de
transtorno depressivo maior. No Brasil, quase 6% da população possuem o diagnóstico do transtorno.
Paraque uma pessoa seja diagnosticada com depressão, é obrigatório que ela apresente um ou dois
sintomas específicos (e mais quatro de uma lista geral) por pelo menos duas semanas, não sendo
estes efeitos causados por substâncias, luto ou comorbidades. Quais são os sintomas específicos do
transtorno depressivo maior?
Parabéns! A alternativa C está correta.
Segundo os critérios diagnósticos do DSM-V, é necessário que o paciente apresente, por duas
A
Humor deprimido a maior parte do tempo e/ou sintomas psicóticos (delírios e
alucinações).
B Humor deprimido a maior parte do tempo alternados com episódios de mania.
C Humor deprimido a maior parte do tempo e/ou anedonia.
D Humor deprimido a maior parte do tempo e/ou choro fácil.
E Humor deprimido a maior parte do tempo e/ou falta de apetite.
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semanas consecutivas, humor deprimido a maior parte do tempo e/ou anedonia (falta de
prazer/sentido em desempenhar suas atividades). Pelo menos um desses dois sintomas deve estar
presente, juntamente com pelo menos mais quatro da lista geral.
Os sintomas psicóticos podem existir na depressão maior, mas não são um critério diagnóstico
obrigatório. Por outro lado, não existem episódios de mania no transtorno depressivo maior. Em
adição, o choro fácil pode ser uma característica do humor deprimido, podendo ser entendido como
um mesmo sintoma, mas não sendo um critério diagnóstico. Da mesma forma, a falta de apetite pode
ou não estar presente em um transtorno depressivo, não sendo um critério diagnóstico obrigatório.
Questão 2
O tratamento para transtorno depressivo maior, assim como para todos os transtornos de humor,
inclui acompanhamento farmacológico, psicoterapia e psicoeducação constante. Assinale a
alternativa correta sobre psicoeducação.
A
É um processo que visa alfabetizar e ensinar operações básicas à população de baixa
escolaridade.
B
Consiste em programar e estimular o paciente com pensamentos positivos e afastar
tudo que há de ruim em sua vida.
C
Trata-se de um profundo processo de autoconhecimento, inclusive pode ser alternado
com terapias auxiliares como yoga, Reik, acupuntura, meditação e hipnose.
D
Consiste em trazer informações claras ao paciente sobre o transtorno, ações da
medicação, efeitos colaterais, expectativas sobre o tratamento e formas de se
envolver no processo.
E
Somente é utilizado quando as intervenções farmacológicas e psicoterapêuticas não
apresentam resultados. Estudos apontam para mudanças efetivas no quadro após
poucas sessões.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A psicoeducação é uma das peças-chave da psicoterapia, pois trabalha com a intensão de instruir o
paciente quanto ao seu transtorno, dizer o que é, quais os sintomas, explicar qual e como será o
tratamento, tudo isso de uma forma clara e objetiva, possibilitando o entendimento e a compreensão
de todo o cenário e processo de tratamento e também deve envolver os familiares, que
acompanharão de perto o tratamento. Esse processo é gradual e deve sempre ser retomado com o
paciente. A psicoeducação não foca apenas em eventos positivos, mas em todos os aspectos do
transtorno e tratamento que a pessoa irá realizar. Ela também não é um processo de
autoconhecimento, mas de conhecimento sobre o transtorno e o tratamento que deve
obrigatoriamente ser utilizada juntamente com psicoterapia e tratamento farmacológico e não apenas
após esses tratamentos.
2 - Outros tipos de transtornos de humor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a distimia, o transtorno disruptivo de
desregulação do humor e o transtorno disfórico pré-menstrual.
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Transtorno depressivo persistente (distimia)
Já vimos que os transtornos de humor possuem muitas variáveis e características diferentes entre si. A
evolução dos quadros pode guardar similaridades, mas também grandes diferenças. Importante explicar
que existem dois tipos de transtornos de humor persistentes: a distimia, que vamos estudar agora, e a
ciclotimia, que estudaremos mais adiante.
A grande característica da distimia (CID-10) ou transtorno depressivo persistente (DSM-5) é o longo tempo
e o menor número de sintomas apresentados, quando comparado com uma depressão leve. Para fins
didáticos, podemos dizer que a distimia é um tipo de depressão branda, mas que dura muito mais tempo
do que um episódio depressivo. A distimia é sempre crônica.
Isso significa que a distimia pode passar despercebida por mais tempo, já que a pessoa consegue manter
mais funcionalidades e nem sempre seus sintomas são evidentes.
Não é incomum que pessoas com distimia sejam vistas, pelo senso comum, como “carrancudas”, já que o
transtorno pode dificultar sentir prazer e expressar sentimentos de alegria. Pessoas com distimia tem
dificuldade em ver o lado bom das coisas, passam a maior parte do tempo de mau humor e quase nada as
agrada.
Assim como no transtorno depressivo maior, existe um desequilíbrio neuroquímico relacionado com
serotonina, noradrenalina e dopamina, podendo ser necessária a intervenção farmacológica e o
acompanhamento psiquiátrico. Este desequilíbrio pode ser tanto uma resposta aos fatores psíquicos e
sociais, quanto uma expressão genética, transmitida hereditariamente, sendo importante investigar o
histórico familiar do paciente. Independente da origem do transtorno, o paciente sempre vai precisar de
ajuda psicoterapêutica para se reequilibrar e dar significado ao que vive.
Como todo diagnóstico, deve ser feito com calma e diálogo interdisciplinar com outros profissionais da
saúde. Relatos de pessoas próximas também podem auxiliar.
Segundo o DSM-V, para ser considerado transtorno depressivo persistente, é necessário que o paciente
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apresente continuamente os sintomas por pelo menos dois anos. Veja que um episódio depressivo pode
durar bem menos tempo, apesar de ter sintomas mais acentuados.
É preciso que o paciente apresente, além do humor deprimido a maior parte do tempo ou anedonia, pelo
menos dois sintomas do transtorno depressivo maior. Confira a seguir quais são os sintomas:
Ganho ou perda ponderal signi�cativo (> 5%) de peso.
Diminuição ou aumento do apetite.
Insônia ou hipersonia.
Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado).
Fadiga ou perda de energia.
Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada.
Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se (comprometimento da cognição) e indecisão.
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Os pacientes com este transtorno têm dificuldade em se dar conta que atravessam um período patológico,
visto que tendem a atribuir a falta de esperança, o mau humor, a tristeza e a falta de prazer nas atividades
à sua própria personalidade. Torna-se indispensável a psicoeducação e a psicoterapia para a modificação
do quadro.
Qual é a diferença entre o transtorno depressivo persistente e a depressão maior?
Para o DSM-V, o transtorno depressivo persistente e o transtorno de depressão maior seriam o mesmo
transtorno, porém com variação na intensidade dos sintomas e duração dos mesmos. Novamente: o
transtorno depressivo persistente ou distimia apresenta sintomas mais brandos e que duram mais tempo,
quando comparados com a depressão maior.
É importante frisar que uma pessoa com distimia pode vivenciar episódios depressivos (quandoos
sintomas ficam mais visíveis e incapacitantes) que duram no mínimo duas semanas, após o episódio
cessar, o paciente retorna para seu humor rebaixado típico da distimia. Quando ocorre esta alternância,
entre distimia e episódios depressivos, dá-se o nome de depressão dupla.
Já a CID-10 e 11 fazem uma distinção entre episódio depressivo (F32), transtorno depressivo recorrente
(F33) (como já estudamos) e transtornos de humor persistentes (F34), sendo a distimia F34.1.
Observe a classificação da CID-10, segundo a Organização Mundial da Saúde (1996):
CID 10 - F34 Transtornos de humor (afetivos) persistentes;
CID 10 - F34.0 Ciclotimia;
CID 10 - F34.1 Distimia;
CID 10 - F34.8 Outros transtornos do humor (afetivos) persistentes;
CID 10 - F34.9 Transtorno do humor (afetivo) persistente não especificado.
Pensamentos de morte, sem ideação suicida estruturada ou não estruturada.
Falta de esperança.
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A distimia pode ser apresentada já na infância ou adolescência, persistindo por muitos anos, confundindo-
se com a personalidade do indivíduo e dificultando a procura por ajuda, diagnóstico e tratamento.
Pessoas que apresentam distimia tendem a se sentir inadequadas, possuem grande oscilação de sua
autoestima e dificuldade para cultivarem um nível de vida saudável, apesar de possuírem mais
funcionalidades do que alguém com depressão maior. Trata-se de uma vida funcional, mas sem muitos
prazeres e aproveitamento.
Portanto, o acompanhamento em psicoterapia e a psicoeducação são aspectos indispensáveis do
tratamento, que na maioria das vezes vai precisar de abordagem farmacológica para um bom resultado.
Intervenções familiares podem ser importantes, tanto para produzir formas de ajudar o paciente, quanto
para auxiliar a família com entendimento das angústias e criação de redes de apoio.
Transtorno disruptivo de desregulação do humor
O transtorno disruptivo da desregulação do humor (TDDH) é um transtorno de humor que acomete
crianças. Suas características mais acentuadas são as explosões de raiva, a irritabilidade com coisas
comuns do cotidiano e mal comportamento, já que possuem baixa tolerância à frustração.
Embora todas as crianças possam apresentar eventualmente ataques de raiva, birra e mal
comportamento, quando falamos do transtorno disruptivo de desregulação do humor estamos falando do
modo predominante de funcionamento mental, não de eventos isolados.
Esses ataques de raiva acontecem nos mais diversos ambientes, não somente em casa, na escola ou
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algum outro ambiente que a criança frequente e que possa estar desencadeando os sintomas, assim
como também ocorrem na convivência com adultos e outras crianças.
Não são ataques planejados para atingir determinado resultado. São fruto de seu descontrole emocional e
a criança ou adolescente tende a identificá-los como negativos quando o episódio de raiva termina. É uma
irritabilidade intensa e persistente.
Essas crianças tendem a sentir prazer e gostar de suas atividades (quando não estão sendo frustradas),
dificilmente têm problemas com apetite ou sono e muito menos apresentam pensamento desestruturado,
delírios ou alucinações. Assim como em qualquer diagnóstico, deve-se descartar o uso de medicações ou
outras substâncias que podem desencadear os sintomas.
O DSM-V considera que não é possível receber simultaneamente o diagnóstico de transtorno disruptivo da
desregulação do humor (TDDH) e transtorno de oposição desafiante (TOD). Enquanto ambos os quadros
apresentam ataques de raiva, o transtorno de oposição desafiante (TOD) está caracterizado pela relação
da criança com os outros (na maioria das vezes com indivíduos específicos) e não do indivíduo com as
situações do cotidiano, como é o caso da TDDH.
A criança com TOD, por exemplo, se recusa a fazer tarefas propostas por seus pais sem nem antes
mesmo avaliar se são tarefas que gostaria de fazer. O que importa é opor-se durante a relação. Uma
criança com TOD pode ser opositora com sua mãe ou professora, enquanto é complacente com seu pai,
por exemplo. Já a criança com TDDH tende a ser explosiva com todas as pessoas em todos os contextos
quando frustrada.
Al t di t t di ti d d l ã d h (TDDH) é
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Alguns estudiosos sugerem que o transtorno disruptivo da desregulação do humor (TDDH) é um
agravamento do transtorno de oposição desafiante (TOD), já que os sintomas não se apresentam apenas
com pessoas, mas também com eventos do cotidiano.
Crianças com TOD tendem a desenvolver problemas mais graves de desvio de conduta, quando adultos,
se não forem tratadas. Já crianças com TDDH tendem a desenvolver problemas de ansiedade e
depressão no futuro, caso não haja tratamento adequado.
O transtorno disruptivo da desregulação do humor (TDDH) também não pode ser diagnosticado
juntamente com um transtorno afetivo bipolar. Caso a criança já tenha tido algum episódio de mania
(episódio maníaco) caracterizado por grande energia, confusão de pensamento e sentimentos de
grandeza, o diagnóstico que prevalece é o de transtorno afetivo bipolar, que vamos estudar logo mais.
Para receber o diagnóstico de transtorno disruptivo da desregulação do humor (TDDH), a criança ou
adolescente deve ter entre seis e 18 anos. É também critério que os sintomas tenham se iniciado antes
dos dez anos.
Os sintomas aparecem em pelo menos dois ambientes de convivência da criança como escola e casa.
Confira a seguir quais são eles:
Episódios de raiva constantes.
Explosões exageradas as situações.
Irritabilidade constante.
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Estes sintomas devem estar presentes por pelo menos doze meses, não podendo ter períodos de melhora
intercalada maior do que três meses seguidos.
Como trata-se de um transtorno que somente foi descrito a partir da quinta edição do DSM, ainda faltam
estudos para definir a incidência na população, mas estima-se que de 0,8% a 3,3% da população mundial
possa apresentar o transtorno.
As causas podem ser tanto biológicas (hereditárias) quanto desencadeadas por eventos no ambiente.
Sendo mais comum a coexistência de outros transtornos, como transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), por exemplo. Lembrando que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é
um transtorno do neurodesenvolvimento enquanto o transtorno disruptivo de desregulação de humor é um
transtorno de humor. Outra diferença é que crianças com TDAH podem apresentar irritabilidade, mas ela
não é constante como no TDDH.
Na CID-10 o transtorno disruptivo de desregulação de humor está abarcado no código F34.8 (outros
transtornos do humor persistentes).
O tratamento é uma combinação de medicações (antidepressivos e/ou estabilizadores de humor) e
psicoterapia infantil (chamada por alguns de ludoterapia), sendo necessário um trabalho conjunto com os
pais, psiquiatra infantil e professores da criança.
Uma boa estratégia é coletar informações da criança no ambiente escolar junto a seus professores,
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questionários podem ser enviados e entrevistas podem ser agendadas, visto que o professor, além de
fornecer informações importantes para o caso também pode se tornar um aliado na rede de apoio.
Os pais e irmãos vão precisar de psicoeducação, assim como um espaço para debater suas angústias e
ressignificar a relação com o paciente. Algunsmembros podem ser encaminhados também à psicoterapia
ou toda a família pode iniciar uma psicoterapia familiar.
Conhecendo a Distimia e TDDH
Este vídeo apresenta ao aluno as principais características do transtorno disruptivo da desregulação do
humor, diagnóstico diferencial e fatores associados.
Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM)
As queixas em relação ao período pré-menstrual são comuns e estima-se que 80% das mulheres
apresentem alguma queixa, como as que podemos conferir a seguir:

Irritabilidade
Sentimentos depressivos
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Apesar do desconforto, as mulheres conseguem desenvolver formas de lidar com o quadro e as queixas
não configuram um quadro incapacitante e comprometedor como em um transtorno disfórico pré-
menstrual, quando os sintomas se tornam muito acentuados.
As queixas surgem até duas semanas antes do período menstrual, sendo que 8% das pacientes podem ter
sérios comprometimentos de sua vida, inclusive com o agravamento de sintomas de outros transtornos e
a intensificação de pensamentos suicidas.
Popularmente conhecida e confundida com TPM (tensão pré-menstrual), o transtorno disfórico pré-
menstrual tornou-se alvo de chacota e piadinhas em uma sociedade machista e pouco informada.
A diferença entre TPM e TDPM é justamente a intensidade dos sintomas, que no transtorno é muito mais
Di�culdade de se concentrar
Choro fácil
Enxaqueca
Dores
Cólicas
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intensa e incapacitante do que na tensão pré-menstrual, assim como o número de sintomas que é maior
no transtorno disruptivo pré-menstrual.
O quadro indica estar relacionado com os hormônios progesterona e estrogênio que possuem grande
oscilação durante o ciclo menstrual. Essa oscilação interfere na produção de neurotransmissores como
serotonina e dopamina que, como estudamos, estão relacionados com a regulação do humor.
Algumas mulheres podem não identificar essa oscilação com mudanças significativas, enquanto outras
podem relatar algumas queixas (TPM) e outra parcela pode estar grandemente comprometida,
configurando um quadro de transtorno disfórico pré-menstrual. Os sintomas de ambas, TPM e TDPM,
podem aparecer até quinze dias antes da menstruação.
Mau humor, choro fácil, insegurança, medo, tristeza, ansiedade, apatia e até pensamentos suicidas fazem
parte das características do transtorno. Com essa configuração é comum que haja problemas
interpessoais nos mais diversos contextos da vida da paciente.
Os sintomas podem ser: insônia (falta de sono) ou hipersonia (excesso de sono), excesso ou falta de
apetite, náuseas, acne, arritmia, dificuldade para se concentrar e problemas digestivos. Esses sintomas
costumam desaparecer no início do período menstrual, mas não é incomum que permaneçam até o final
do ciclo.
O DSM-V classifica o transtorno disfórico pré-menstrual como um subtipo de depressão e as estimativas é
que cerca de 8% das mulheres cis em idade reprodutiva o apresentem (cis significa que a pessoa se
identifica com o gênero que lhe foi atribuído culturalmente no nascimento, lembre-se de que existem
mulheres trans).
Segundo o DSM-V, no mínimo cinco sintomas devem estar presentes, de forma intensa e incapacitante, no
período de até quinze dias antes da menstruação.
É obrigatório que se apresente os quatro sintomas abaixo:
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Irritabilidade
Humor deprimido
Oscilação de humor
Ansiedade
Esses sintomas devem estar acompanhados de pelo menos um dos sintomas abaixo (e completar o
mínimo de cinco):
Apatia;
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Cansaço;
Falta de concentração;
Excesso ou falta de apetite;
Insônia;
Descontrole emocional;
Dores físicas e inchaços corporais.
Tanto a TPM quanto o TDPM apresentam maior incidência de sintomas físicos em mulheres jovens e
adolescentes. A partir dos trinta anos, os sintomas emocionais passam a ser mais frequentes, porém esta
não é uma regra.
Mulheres que possuem outros transtornos, como transtorno de ansiedade generalizada, distúrbios
alimentares ou transtorno de personalidade borderline, têm as características de seu outro transtorno
grandemente potencializadas, precisando de cuidado intenso. O transtorno disfórico pré-menstrual pode
agravar qualquer outro transtorno psiquiátrico que a paciente apresente.
Endometrioses e hipotiroidismo podem desencadear quadros com sintomas similares aos de TDPM, a
diferença é que os sintomas não cessam durante o período menstrual ou ao final deste. Os sintomas de
TPM e TDPM iniciam-se até quinze dias do período menstrual e terminam no máximo ao final deste
período.
Existem vulnerabilidades genéticas para este transtorno, que muitas vezes está associado à herança
genética. O ambiente não desencadeia TDPM, mas agrava grandemente seus sintomas, assim como a
alimentação inadequada pode acentuar e piorar os sintomas.
Assim como todos os transtornos de humor, o tratamento para transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM)
consiste em farmacoterapia, psicoeducação e psicoterapia.
É preciso ajudar a paciente a avaliar seus sentimentos e identificar gatilhos, processo que precisa de
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tempo e espaço para se efetivar. Paralelamente, a ajuda dos fármacos pode auxiliar na estabilização do
humor e desconfortos físicos.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A distimia ou transtorno depressivo persistente é um tipo de transtorno de humor que se diferencia do
transtorno depressivo maior pelo número de sintomas e pelo tempo de incidência. Sobre a distimia,
avalie as afirmativas:
I- É um tipo de transtorno depressivo mais grave e que se caracteriza por pensamentos suicidas. 
II – Consiste no descompasso entre as emoções, o paciente ora apresenta humor hipertímico
(eufórico) ora apresente humor distímico (depressivo). 
III – Dura mais tempo do que um episódio depressivo. 
IV – Deve ser tratada com farmacologia, psicoterapia e psicoeducação.
Estão corretas:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A distimia pode ser explicada como um transtorno depressivo de sintomas mais brandos, mas com
A Somente as afirmativas I e II
B Somente as afirmativas III e IV
C Somente as afirmativas I, II e III
D Somente as afirmativas I, III e IV
E As afirmativas I, II, III e IV
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maior tempo de sintomas. Não é caracterizada pela oscilação de humor e deve ser tratada com
farmacologia, psicoterapia e psicoeducação. A distimia não é um tipo de transtorno mais grave do
que a depressão clínica e nem se caracteriza por pensamentos suicidas.
Questão 2
O transtorno disfórico pré-menstrual acomete cerca de 8% das mulheres cis em idade reprodutiva, é
caracterizado por irritabilidade, dores, inchaços, humor deprimido, sentimentos de menos valia,
cansaço, ansiedade, apatia, oscilações de humor e insônia.
Qual é a diferença entre transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) e tensão pré-menstrual (TPM)?
Parabéns! A alternativa A está correta.
TPM e TDPM possuem sintomas similares, porém no TDPM estes sintomas são mais graves e
representam grande comprometimentoda rotina da paciente. Não existem sintomas psicóticos e o
tratamento para ambos consiste em farmacoterapia, psicoeducação e psicoterapia. Importante
destacar que não existem sintomas psicóticos no Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. Os sintomas de
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual podem durar no máximo três semanas, cessando ao início ou final
A
A TPM apresenta um número menor de sintomas sem grandes comprometimentos da
rotina da paciente, o TDPM apresenta incapacidade e comprometimentos.
B
A TPM não apresenta sintomas psicóticos (delírios e alucinações) já o TDPM pode
configurar alucinações auditivas, conforme a gravidade do quadro.
C Ambos são iguais, porém não existe tratamento psicoterápico para TDPM.
D
O TDPM mantém os sintomas durante vinte oito dias e a TPM dura no máximo quinze
dias.
E O TDPM é um transtorno de humor enquanto a TPM é um transtorno de personalidade.
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do ciclo menstrual. A TPM pode durar de dez a quinze dias.
3 - Transtornos bipolar tipo I e tipo II e transtorno
ciclotímico
Ao �nal deste módulo, você será capaz de Identi�car os critérios diagnósticos do transtorno
bipolar tipo I, tipo II e o transtorno ciclotímico.
Transtorno bipolar tipo I
O transtorno afetivo bipolar (TAB) acomete cerca de sessenta milhões de pessoas em todo o mundo.
Estima-se que quinze milhões de brasileiros apresentem o transtorno. A incidência entre homens e
mulheres é a mesma, sendo mais comum seu aparecimento entre os quinze e vinte e cinco anos, porém
crianças e pessoas mais velhas também podem apresentar o transtorno.
O transtorno afetivo bipolar também é conhecido como transtorno maníaco-depressivo, e é caracterizado
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por oscilações de humor. O paciente apresenta período em que está em um polo maníaco, caracterizado
por grande euforia patológica, que prejudica o pensamento e o juízo crítico, e período em que está no polo
depressivo, com o humor rebaixado e com a maioria dos sintomas de uma depressão maior. A grande
diferença é que na depressão maior o paciente não tem estados maníacos.
O que é mania na nomenclatura psiquiátrica?
A mania é um estado alterado de humor caracterizado por grande energia e euforia. Não se trata de uma
disposição e felicidade comuns. É entusiasmo patológico, que confunde o pensamento, traz grande
agitação psicomotora, pode trazer delírios de grandeza (“eu sou Deus”; “eu posso voar”; “eu sou o rei dos
extraterrestres”, “sou o porta voz do exército”; “eu falo diretamente com Jesus”). O pensamento é
desestruturado e o indivíduo pode falar muitas coisas desconexas, iniciar atividades incoerentes e de
forma desordenada, sempre com muita agitação.
Não é incomum que em unidades de emergência um paciente em estado maníaco seja confundido com
alguém em surto psicótico, já que os quadros são muito parecidos. Porém, alguém em surto maníaco
recupera totalmente a estruturação de seu pensamento quando findado o surto.
Já alguém com esquizofrenia possuí um histórico médico diferente, sendo os delírios e alucinações mais
controlados fora do estado de surto, porém o pensamento nunca é totalmente estruturado com a
realidade.
A fase maníaca dura no mínimo sete dias e pode se estender até três meses, caso não seja tratada.
É justamente o episódio maníaco que vai caracterizar o transtorno afetivo bipolar tipo I, pois um dos
principais critérios diagnósticos é que o sujeito precisa ter apresentado pelo menos um episódio maníaco
em seu histórico clínico, alternado com período de humor deprimido.
O período de humor deprimido é intenso e varia de duas semanas a vários meses, podendo surgir também
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períodos de humor eutímico (equilibrado e congruente).
Conforme a gravidade dos sintomas, podem ocorrer períodos de internação, já que o sujeito coloca em
risco seu trabalho, relações familiares e interpessoais, sua segurança e estabilidade econômica, podendo
apresentar ideações suicidas.
O período depressivo é caracterizado por anedonia, sentimento de menos valia, apatia, aumento ou
excesso de peso, insônia ou hipersonia, falta de estruturação do pensamento, culpa e pensamentos
suicidas.
O transtorno afetivo bipolar não tem cura, trata-se de uma patologia crônica e grave, mas que pode ser
controlada e estabilizada através de:
Psicofármacos
Psicoterapia
Psicoeducação
O tratamento medicamentoso comporta estabilizadores de humor e antipsicóticos (principalmente nos
períodos de mania) e deve ser conduzido por psiquiatra em diálogo com equipe interdisciplinar. Os
antidepressivos devem ser utilizados com cuidado, pois podem causar uma guinada rápida do estado
depressivo para o episódio maníaco. A medicação durante as crises difere da medicação utilizada nos
períodos de estabilidade e que tem caráter preventivo.
Aproximadamente 25% dos pacientes com diagnóstico de TAB (transtorno afetivo bipolar) tentam
suicídio. Tal fato denota a importância de um bom manejo clínico preventivo com esses pacientes. Cerca
de um terço dos pacientes não conseguem seguir corretamente a medicação e os tratamentos prescritos,
sendo este um dos maiores fatores de risco para recaídas (COSTA, 2008).
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A psicoeducação deve ser constante. É preciso que o paciente saiba que as medicações não vão surtir
efeitos 100% eficazes, assim como a psicoterapia leva tempo para apresentar resultados. É necessário
estar atento para não procurar alívio de sintomas em bebidas alcoólicas e outras substâncias, o que pode
agravar o quadro.
Assim como em outros transtornos, a família precisa de escuta, acolhimento e elaboração de seus
sentimentos de medo, raiva, frustração e tristeza, assim como para entender sobre o transtorno e criar
formas de ajudar ao paciente e a todo o grupo.
Transtorno afetivo bipolar tipo II
O transtorno afetivo bipolar (TAB) tipo II é um subtipo de transtorno de humor caracterizado pela presença
de hipomania (e não mania, como é o caso do transtorno bipolar tipo I).
O prefixo hipo tem significado de grau reduzido ou posição inferior, assim, hipomania significa um estado
mais brando e menos comprometido de mania.
Na hipomania, existe euforia, aumento da energia, de mais atividade, falta de sono e dificuldade para
dormir, irritabilidade, sensação de que se pode fazer muitas coisas de uma só vez e pensamentos muito
rápidos (mas não totalmente desestruturados). No quadro de hipomania, justamente por ser mais brando,
existe mais estruturação e coesão do pensamento, muito diferente do quadro de mania, quando o
paciente está tão eufórico que a estruturação de seus pensamentos é mínima. A duração mínima da
hipomania é de quatro dias, quando não tratada (já a mania tem duração mínima de sete dias). Na
hipomania não existem sintomas psicóticos, delírios e alucinações, como é comum no quadro maníaco.
Pessoas em estado maníaco costumam ter delírios de grandeza e onipotência, este não é o caso da
hipomania.
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Uma pessoa em um quadro de hipomania pode assumir muitos compromissos e projetos que não vai
poder cumprir, gastar mais dinheiro do que realmente tem e relatar sentimentos de bem-estar, energia e
animação, mas que são patológicos.
Um quadro de hipomania não é capaz de causar prejuízos sérios às relações familiares, de trabalho ou
interpessoais, nem é motivo para internação do paciente.
Para detectarum caso de hipomania é necessário constatar que o humor da pessoa está diferente do
habitual. Através de observações clínicas e relatos de terceiros (acompanhantes, pessoas da família ou do
trabalho), o psicólogo ou profissional da saúde pode detectar o quadro de hipomania.
Eis a grande diferença entre TAB tipo I e TAB tipo II: enquanto a primeira precisa
ter no histórico clínico pelo menos um episódio de mania, a segunda deve ser
caracterizada por pelo menos um episódio de hipomania.
Os períodos depressivos são iguais nos dois tipos, caracterizados por falta de energia, ausência de prazer
em desempenhar a maioria das atividades (anedonia), humor deprimido, insônia ou hipersonia, aumento
ou ganho de peso, aumento ou perda do apetite, sentimentos de menos valia e pensamentos suicidas. Tal
período pode durar dias ou meses e assim como no TAB tipo I é possível que alguém com TAB tipo II
apresente períodos de humor eutímico (equilibrado).
Em alguns casos, o paciente pode experimentar um estado misto de humor, quando relata sentir tristeza,
vazio ou falta de esperança ao mesmo tempo em que se sente cheio de energia, com falta de sono e
agitação, sem saber exatamente o que fazer com esses sentimentos paradoxais.
Caso alguém diagnosticado com transtorno afetivo bipolar tipo II apresente qualquer quadro de mania, o
diagnóstico é redefinido para transtorno afetivo bipolar tipo I, mesmo que o sujeito não volte a apresentar
quadro maníaco e volte a vivenciar quadros hipomaníacos.
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Apenas um episódio de mania é su�ciente para diagnosticar o paciente com transtorno
afetivo bipolar tipo I.
É muito difícil que alguém procure ajuda no período de hipomania. O comum é que o paciente chegue com
episódios depressivos, por isso, o diagnóstico correto exige entrevista adequada e muitas sessões
clínicas de investigação. Alguns diagnósticos demoram anos para poderem ser bem estruturados. É um
erro técnico estabelecer um diagnóstico com apenas uma sessão. Ao final de uma entrevista podemos ter
algumas hipóteses diagnósticas (H.D.) nunca um diagnóstico fechado.
No período depressivo, podem ocorrer sintomas psicóticos tanto no transtorno bipolar tipo I quanto no
transtorno bipolar tipo II: a pessoa pode ter delírios, como, por exemplo, de que está arruinada, de que não
tem mais dinheiro ou de que cometeu um crime ou fez algo muito sério.
No caso de alucinações, a pessoa pode dizer que ouve um ente querido lhe chamar a noite ou de que há
vozes que lhe dizem coisas tristes ou agressivas. Estes sintomas podem fazer com que muitas vezes
alguém com transtorno afetivo bipolar seja diagnosticado erroneamente com esquizofrenia.
Mas, após o quadro depressivo suavizar-se, os delírios e alucinações cessam e o pensamento do sujeito
volta a ter coesão e contato com a realidade.
O tratamento também consiste em medicação, psicoterapia e psicoeducação, assim como no transtorno
bipolar tipo I. Observe a classificação da CID-10 para o transtorno afetivo bipolar, segundo a Organização
Mundial da Saúde (1996):
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CID 10 - F31 Transtorno afetivo bipolar;
CID 10 - F31.0 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual hipomaníaco;
CID 10 - F31.1 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco sem sintomas psicóticos;
CID 10 - F31.2 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco com sintomas psicóticos;
CID 10 - F31.3 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo leve ou moderado;
CID 10 - F31.4 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo grave sem sintomas psicóticos;
CID 10 - F31.5 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo grave com sintomas psicóticos;
CID 10 - F31.6 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual misto;
CID 10 - F31.7 Transtorno afetivo bipolar, atualmente em remissão;
CID 10 - F31.8 Outros transtornos afetivos bipolares;
CID 10 - F31.9 Transtorno afetivo bipolar não especificado.
Note que se faz importante discriminar a gravidade do quadro, a presença de mania ou hipomania bem
como a presença ou não de sintomas psicóticos.
Um diagnóstico bem-feito é apenas o primeiro passo para um bom tratamento: o manejo clínico do caso
em psicoterapia é o que vai ser um dos principais determinantes para a melhora e construção de novos
significados. Lembre-se de que o transtorno afetivo bipolar é um transtorno grave e que não tem cura (tem
estabilização), sendo função do psicólogo auxiliar seu paciente a se conhecer, aprender a lidar com seu
quadro clínico e criar novos significados.
Transtorno ciclotímico (ciclotimia)
A ciclotimia é um transtorno de humor, sendo um subtipo de transtorno afetivo bipolar (TAB), porém com
sintomas e características mais brandas do que o TAB. Estima-se que 1% da população possua o
diagnóstico de distimia, contudo, este número pode ser maior, visto que os sintomas podem passar
despercebidos por anos, embora sejam muito incômodos. Sua incidência é a mesma entre homens e
mulheres, porém, as mulheres costumam procurar mais pelo tratamento; sabe-se que por questões
culturais os homens tendem a negligenciar sua saúde (física e mental) buscando ajuda apenas em último
caso, o que reflete um problema de saúde pública, uma cultura que precisa ser desconstruída.
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Basta um único episódio de hipomania, alternado com períodos depressivos ou distímicos, para que o
diagnóstico de ciclotimia seja considerado. O paciente não pode ter expressado nenhum episódio de
mania ou depressão grave (profunda), visto que o diagnóstico seria outro (transtorno afetivo bipolar no
caso de ter tido um quadro de mania ou transtorno depressivo maior, caso tenha tido episódios de
depressão grave sem mania ou hipomania).
Assim como a distimia é um tipo de transtorno depressivo mais brando, a ciclotimia é um tipo de
transtorno afetivo bipolar mais leve. O perigo está justamente na camuflagem dos sintomas, que não vão
incapacitar ou alterar completamente a funcionalidade do paciente, porém sua vida será muito difícil, com
muitos desgastes emocionais, caso não seja tratado. Distimia e ciclotimia são exemplos de que apenas
estar funcional não significa estar saudável.
Os ciclos de hipomania alternados com distimia costumam durar quatro dias, voltando a pessoa ao um
humor eutímico ou levemente distímico. A fase hipomaníaca é caracterizada pelos seguintes sintomas:
Aumento da energia e da disposição
Ansiedade leve
Maior socialização
Produtividade
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É comum que neste período a pessoa assuma compromissos ou tarefas que não pode cumprir em seu
estado normal, por exemplo.
A fase hipomaníaca é caracteriza por leve euforia e bem-estar patológicos.
Um bom clínico, ao observar alguém em hipomania, percebe que há algo estranho naquele
comportamento, algo que no fundo esconde uma grande tristeza que a pessoa não pode perceber e
pensar naquele momento. A euforia de alguém em hipomania tende a ser um tanto pesada, forçada.
Passado o período hipomaníaco, ocorre o ciclo depressivo, que é similar à distimia, com os seguintes
sintomas:
Humor deprimido;
Ausência de prazer na maioria das atividades (anedonia);
Sentimentos de menos valia;
Aumento ou perda do apetite;
Pensamentos suicidas;
Falta de esperança;
Cansaço;
Apatia, entre outros.
As origens do transtorno ciclotímico também estão relacionadas a desequilíbrio neuroquímico
(principalmente serotonina e noradrenalina), influências do ambiente e vulnerabilidades psíquicas. Sendo
o tratamento farmacológico,psicoterapia e psicoeducação a combinação adequada para melhora do
Leve euforia
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quadro.
Para o DSM-V, é necessário que o paciente apresente a alternação de ciclos de humor leves por pelo
menos dois anos, sendo que neste período o paciente apresenta humor eutímico (equilibrado) por no
máximo dois meses. Não existem sintomas psicóticos (delírios e alucinações) no quadro de transtorno
ciclotímico.
A ciclotimia costuma ter início na adolescência, e o paciente tende a não ver relação entre eventos do
cotidiano e o reflexo em seu humor. Para um bom diagnóstico, é necessário um período maior de
convivência com o paciente.
A principal característica do transtorno ciclotímico (F34.0) é a persistente instabilidade do humor, que não
tem critérios suficientes para caracterizar um episódio maníaco nem um transtorno depressivo maior, mas
que causa grande desgaste emocional ao paciente.
Vale relembrar a classificação da CID-10 segundo a Organização Mundial da Saúde (1996):
CID 10 - F34 Transtornos de humor (afetivos) persistentes
CID 10 - F34.0 Ciclotimia
CID 10 - F34.1 Distimia
CID 10 - F34.8 Outros transtornos do humor (afetivos) persistentes
CID 10 - F34.9 Transtorno do humor (afetivo) persistente não especificado
Durante o processo de psicoterapia, é importante auxiliar o paciente a identificar sua instabilidade de
humor, desenvolver formas de atenuar as mudanças de humor e entendê-las bem como se envolver em
estilos de vida mais saudáveis e preventivos ao seu quadro, como a prática de atividade física e a
alimentação saudável.

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O transtorno afetivo bipolar e a ciclotimia
Este vídeo apresentará os critérios diagnósticos e tratamento para transtorno afetivo bipolar tipo I e tipo II
e também para a ciclotimia, destacando elementos chave para o diagnóstico diferencial desses
transtornos.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O transtorno afetivo bipolar (TAB) é caracterizado por profundos ciclos de alteração de humor, sendo
considerado um transtorno grave e crônico. Existe uma importante sub divisão entre transtorno
afetivo bipolar tipo I e transtorno afetivo bipolar tipo II. Qual a principal diferença entre TAB I e TAB II?
A
A TAB tipo I os sintomas são mais brandos e existe menos comprometimento da
funcionalidade do paciente do que na TAB tipo II.
B
A TAB I tipo I é caracterizada pela ausência de sintomas psicóticos enquanto a TAB
tipo II é comum existir delírios de grandeza.
C
TAB tipo I indica que aquele é o primeiro episódio de sintomas que o paciente
atravessa, a TAB tipo II significa que já houveram outros episódios e o quadro é
recorrente.
N TAB ti I é i i t t h tid l d í
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A principal diferença entre TAB I e TAB II é a presença de pelo menos um episódio maníaco na TAB I e
a presença de pelo menos um episódio hipomaníaco na TAB II, não estão relacionadas com o número
de episódios. Portanto, é incorreto afirmar que o TAB tipo I tem sintomas mais graves do que a TAB
tipo II. Por outro lado, a mania envolve um processo psicótico de euforia, quando podem surgir
sentimentos de grandeza.
Questão 2
A ciclotimia ou transtorno ciclotímico é um transtorno de humor caracterizado pelo longo tempo de
incidência dos sintomas e pelas oscilações de humor. Sobre a ciclotimia, avalie as afirmações:
I – Consiste em um formato mais brando do transtorno afetivo bipolar. 
II – Pode durar anos, sem que o paciente receba um diagnóstico. 
III – Não apresenta episódios maníacos e nem sintomas psicóticos. 
IV – Os ciclos distímicos e hipertímicos costumam durar quatro dias.
Estão corretas as afirmativas:
D
Na TAB tipo I é preciso que o paciente tenha tido pelo menos um quadro maníaco,
enquanto na TAB tipo II os episódios são hipomaníacos.
E
Na TAB tipo I os sintomas são primários, enquanto na TAB tipo II os sintomas são
efeitos colaterais de um fármaco ou comorbidades de outro transtorno.
A I e II
B III e IV
C I, II e III
D II, III e IV
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O transtorno ciclotímico consiste em um formato mais brando do transtorno afetivo bipolar, pode
durar anos sem que o paciente receba um diagnóstico e não apresenta episódios maníacos e nem
sintomas psicóticos. Os ciclos distímicos e hipertímicos costumam durar quatro dias.
Considerações �nais
Os transtornos de humor possuem vasta variabilidade e alta incidência sobre a população. É preciso
realizar um bom diagnóstico para que o plano de trabalho seja efetivo e apresente crescimento pessoal
para o paciente.
Para fundamentar seu trabalho e desenvolver manejo clínico, é imprescindível que o psicólogo realize
constantes estudos em fontes científicas, psicoterapia pessoal e supervisão de trabalho. Sem estas
características presentes não é possível ajudar o paciente e realizar um bom trabalho.
O diálogo interdisciplinar também é necessário. O psicólogo deve estar constantemente em diálogo com
outros profissionais (psiquiatras, educadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais, pedagogos etc.) para que haja troca de informações e construção de tratamento
significativo.
O acolhimento e orientação a família do paciente também são importantes aspectos de um trabalho bem-
feito.
E I, II, III e IV

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Podcast
Este podcast fará uma breve descrição dos critérios diagnósticos dos principais tipos de transtornos de
humor, sua etiologia e tratamentos.

Referências
AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth
Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.
BARNHILL, J. W. (org.). Casos clínicos do DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2015
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
COSTA, A. M. N. Transtorno afetivo bipolar: carga da doença e custos relacionados. In: Archives of Clinical
Psychiatry (São Paulo) [online]. 2008, v. 35, n. 3. pp. 104-110. Consultado na Internet em: 20 mar. 2022.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas,
2019.
IBANEZ, G. et al. Adesão e dificuldades relacionadas ao tratamento medicamentoso em pacientes com
depressão. In: Revista Brasileira de Enfermagem [online]. 2014, v. 67, n. 4. pp. 556-562. Consultado na
Internet em: 20 mar. 2022.
Organização Mundial da Saúde. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde: CID-10 Décima revisão. Trad. do Centro Colaborador da OMS para a Classificação
de Doenças em Português. 3 ed. São Paulo: EDUSP; 1996.
SCHESTATSKY, S.; FLECK, M. Psicoterapia das depressões. In: Brazilian Journal of Psychiatry 21 (1999):
41 47
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41-47.
World Health Organization. Mental health atlas 2020. Geneva: 2021. Consultado na Internet em: 9 mar.
2022.
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