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EXCREÇÃO DE FÁRMACOS

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EXCREÇÃO DE FÁRMACOS
ETAPAS DA FASE FARMACOCINÉTICA
INPUT = Entrada do Fármaco na Biofase (conteúdo plasmático).
Após, temos a fase de distribuição do fármaco e depois começa o processo de eliminação.
💊 Eliminação é diferente de excreção.
Eliminação = qualquer processo eu vai levar a perda do fármaco, deixamos de ter moléculas do
fármaco em sua forma original a qual foi utilizada. Portanto, a eliminação pode envolver o
processo de excreção, mas também envolve o metabolismo. Porque, por exemplo, quando um
fármaco se transforma num metabólito, deixa de estar na sua forma original.
IMPORTANTE: Eliminação não significa a saída do fármaco do organismo (corpo humano), e sim
quando o fármaco deixa de ser ele, e que deixa de ter uma determinada concentração desse
fármaco na biofase.
PRINCIPAIS CAMINHOS DE METABOLIZAÇÃO DE FÁRMACOS
Os maiores responsáveis pela metabolização de fármacos são o fígado e o intestino (metabolismo
pré sistêmico).
- O metabolismo é um dos grandes mecanismos de eliminação de fármaco, porque uma vez
metabolizado, o fármaco vai deixar de se ele.
- Metabólitos são usualmente estruturas mais polares que o fármaco original. Então o
metabolismo vai favorecer a polaridade que, por sua vez, vai favorecer a etapa de excreção que vai
acontecer depois.
- Principal órgão responsável pelo processo de excreção são os rins (etapa de excreção renal é
mais relevante.)
- Além dos rins, existem outros órgãos responsáveis (porém menos relevantes) para etapa de
excreção. Então, os principais são os rins, podemos ter excreção acontecendo através do próprio
fígado (não é usual, mas em alguns casos acontece, através da excreção biliar) e podemos ter
também excreção acontecendo através dos pulmões (normalmente excreção pulmonar só
acontecerá no caso de substâncias voláteis - POUCO COMUM).
ANATOMIA DOS NÉFRONS
A excreção renal vai acontecer nos néfrons renais, que é uma unidade que vai conectar um
sistema de capilares com um sistema coletor de líquidos, que vai levar os líquidos filtrados até a
urina. Então o canal (em laranja) vai levar tudo que foi filtrado ao nível de glomérulo para a urina.
💊 É uma região altamente vascularizada (importante ter em mente quando falarmos dos tipos
de fenômenos relacionados a excreção que podem acontecer ao nível renal);
EXCREÇÃO RENAL
Sobre os diferentes tipos de processo que podem acontecer nesse processo de excreção renal,
três processos principais podem acontecer:
1. O MAIS IMPORTANTE, é o processo de filtração glomerular, nada mais é do que a
passagem de substâncias hidrossolúveis junto com a água, dos nossos capilares pros tubos
coletores da estrutura do néfron.
2. O segundo tipo de processo que pode acontecer, é o processo de secreção, que vai
acontecer numa região do túbulo proximal, e vai diferir do processo de filtração por ser um
processo ativo, ou seja, é um processo em que eu não tenho a simples filtração mas sim
temos carreadores sendo responsáveis pela excreção (eliminação ) do fármaco do
organismo.
3. E o terceiro é o processo de reabsorção, que também é um processo tubular e
diferentemente dos outros dois que são processos de saída do fármaco (excreção), como o
próprio nome diz, o processo de reabsorção é de reentrada. Uma vez que os fármacos são
excretados, vão pros tubos coletores, dependendo das suas propriedades físico-químicas e
do pH da urina, existe a possibilidade desses fármacos serem reabsorvidos.
COMPONENTES DA DEPURAÇÃO RENAL (CLEARANCE)
Normalmente, o processo de excreção é definido por um parâmetro chamado clearance ou
depuração renal. Geralmente a excreção se relaciona com a depuração, que é a taxa de
eliminação do fármaco que pode sofrer a nível renal.
⤷ A excreção renal tem a ver com a depuração renal.
Obviamente, como todos aqueles processos citados anteriormente podem acontecer, esse
processo e clearance, que nada mais é do que essa taxa de excreção que o fármaco vai sofrer, é
um somatório do processo de excreção que vai envolver a filtração glomerular + a secreção
tubular * 1 - a fração reabsorvida, já que a fração reabsorvida é entrada, ela conta o contrário da
excreção, é como se o fármaco tivesse voltando para o nosso corpo. O 1 na fórmula seria o
quantitativo total, ou seja, se o fármaco não for absorvido, os dois termos anteriores são os que
importam.
Essa fórmula mostra que a excreção de fármacos não acontece de forma cartesiana, somente por
um processo ou outro, e sim, possivelmente, alguns fármacos vão sofrer processo de filtração
glomerular, vão sofrer parcialmente o processo de secreção e ainda assim, sofre reabsorção, e
outras várias possibilidades.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR
Algumas características desse processo:
1. É um processo passivo, ou seja, se o fármaco estiver dissolvido no compartimento
plasmático, ele tem grande chance de sofrer filtração glomerular. (não depende de
carreadores);
2. Esse processo é limitado ao fármaco livre, logo, fármacos ligados à proteínas plasmáticas
não podem sofrer filtração glomerular, porque as proteínas são macromoléculas e não
conseguem passar por esse processo;
3. O processo de filtração glomerular é, geralmente, balizado pelo que chamamos de taxa de
filtração glomerular (GFR), é a velocidade com que o nosso corpo é capaz de fazer o
processo de filtração glomerular. Essa taxa é usualmente constante e relativamente
independente do fluxo sanguíneo e, quando queremos ter uma marcação de função ou
uma marcação da GFR, usualmente a creatinina é empregada como marcador. Então, a
alteração dos níveis de creatinina excretados podem dar claramente a noção se o processo
de filtração glomerular está acontecendo de maneira mais ou menos eficiente.
● Porque a creatinina? Porque é uma substância endógena, que não é excretada por
secreção, e não sofre reabsorção tubular, ou seja, pelos 3 processos, a creatinina só
pode ser excretada por filtração glomerular.
● A despeito de não sofrer influência do fluxo sanguíneo, essa taxa de filtração
glomerular depende de alguns fatores como: peso, gênero e a idade do indivíduo.
- Homens que tenham aproximadamente 20 anos, essa taxa padrão
normalmente é de 120 mL/min por 1.73 m2;
- Mulheres que tenham aproximadamente 20 anos, essa taxa padrão
normalmente é de 110 mL/min por 1.73 m2;
- Essa unidade está relacionada com o volume filtrado por área a nível
glomerular.
● O importante quando falamos dessa taxa é que ela vai decaindo 1% a cada ano de
vida do indivíduo. Ou seja, quanto mais velho o indivíduo, menor a sua capacidade
de excreção de xenobióticos.
PROCESSO DE SECREÇÃO ATIVA
Algumas características desse processo (que o difere do processo de filtração glomerular):
1. É um processo ativo, ou seja, vai depender de carreadores localizados na região dos túbulos
proximais do néfron e envolvem gasto de ATP;
2. Como todo processo ativo, ele é saturado, porque processos que envolvem carreadores são
saturáveis. Ou seja, se dermos uma dose cavalar de determinado fármacos, ele pode ser
excretado por secreção ativa e no momento que os carreadores estiverem saturados esse
processo vai começar a declinar em termo de velocidade de excreção;
3. Normalmente, está relacionado com a excreção de fármacos ácidos e básicos (alguns, não
todos);
4. Existem alguns tipos de transportadores, que operam para fazer o processo de excreção
para ácidos orgânicos (OATs) e para bases orgânicas (OBTs). (são citados os mais
importantes);
5. Ligação em proteínas plasmáticas não tem grande influência sobre esse processo. Então,
diferente da ligação glomerular que as ptns plasmáticas podem evitar que de fato o
fármaco sofra a filtração glomerular, no caso da secreção ativa, a ligação do fármaco em
proteínas plasmáticas vai ter uma influência menor, porque, normalmente a afinidade do
fármaco pelo transportador é maior do que a afinidade que ele tem pela ptn plasmática.
Então, no equilíbrio, temos uma fração do fármaco ligada e uma fração livre, a fração livre
vai chegar no transportador vai se ligar e ser secretada, o equilíbrio vai ser deslocado para
maisfármaco livre, e assim sucessivamente até que todo fármaco seja deslocado da
proteína plasmática, vai se ligar ao transportador e vai sofrer o processo de secreção. Ou
seja, nesse processo, a ligação à ptns plasmáticas não é impeditivo para acontecer a
excreção do fármaco.
6. Um ponto importante desse processo é que como ele envolve transportadores ele pode ser
inibido, então podem ser utilizadas substâncias capazes de inibir estes transportadores.
Uma dessas substâncias, muito conhecida, é a probenecida que é um clássico inibidor de
OAT-1 e OAT-2, pode ser usada para aumentar o tempo de meia-vida de alguns fármacos
como a ampicilina para favorecer a ação sobre alguma infecção do organismo, e evitar que
ela seja secretada por secreção ativa (comum encontrarmos associações de penicilina com
probenecida.)
↪ Entretanto, apesar de serem utilizados para potencializar o efeito terapêutico de alguns
fármacos, pode acontecer algum efeito ruim relacionado a interação medicamentosa,
podendo potencializar um perfil de toxicidade de determinado fármaco. Por Exemplo, um
paciente que faz tratamento com metotrexato, fármaco usado para tratar diferentes
doenças como câncer e doenças inflamatórias, e que possui um limiar de segurança
extremamente baixo, por ventura, utiliza algum medicamento que contém probenecida
junto, o efeito vai ser contrário, ou seja, a excreção de metotrexato vai ser bloqueada e ao
invés de ser potencializado o efeito terapêutico, vai começar a ser produzido um efeito
tóxico. [ janela terapêutica]
💊 Não necessariamente um fármaco precisa passar pelo processo de metabolização para ser
excretado. Quando temos fármacos polares e mais hidrossolúveis, eles já “tem tudo” que é
necessário para ser excretado sem ser metabolizado, já fármacos que são mais lipossolúveis vão
ter a necessidade de serem metabolizados para serem excretados.
REABSORÇÃO TUBULAR
💊 Por que esse processo pode acontecer? fatores que levam a reabsorção tubular têm a ver com
a possível mudança do pH da urina. Normalmente, o pH da urina está numa faixa que pode variar
entre 5 e 8, então o processo vai depender do pH da urina e do pKa do fármaco que está sendo
excretado (fármaco tem que ser ácido ou base).
Algumas características desse processo:
1. Normalmente vai acontecer quando temos ácidos bastante fracos, como por exemplo
ácidos que tem pKa > 7,0, e bases fracas que normalmente tem um pKa < 6,0, então são os
extremos limites que esse processo pode acontecer.
↪ Um exemplo é o ácido acetilsalicílico que tem um pKa igual a 3,5, ele obviamente não vai se
encaixar nessa janela porque ele não é o melhor candidato a sofrer reabsorção tubular, mas para
ilustrar ele será utilizado. Então, o que acontecerá com o ácido acetilsalicílico quando ele tiver no pH
plasmático igual a 7? Um ácido com pKa 3,5 em um pH 7, vai tá mais do que 99% em sua forma
ionizada, que vai ser mais polar, mais hidrossolúvel e por isso, essa espécie pode sofrer filtração
glomerular, com baixo peso molecular, solúvel no pH plasmático. Então, uma fração do ác.
acetilsalicílico vai sofrer filtração glomerular, e ao chegar na urina ela encontra um pH igual a 5, o
que vai acontecer é que 80% vai está na forma ionizada e 20% na forma não ionizada (acima
tínhamos 99% na forma ionizada), chegou no glomérulo e nos túbulos coletores com esse equilíbrio,
o que pode acontecer é que como essa forma não ionizada é lipossolúvel ela vai sofrer o processo de
reabsorção tubular, então, a mudança do equilíbrio de ionização faz com que essa espécie possa ser
reabsorvida. Obviamente, o quanto isso aí pode acontecer, vai depender do pH da urina, porque se
caso o pH da urina estivesse igual a 8, esse processo não aconteceria porque teríamos mais da forma
ionizada do ácido acetilsalicílico.
2. É um processo que vai acontecer por difusão passiva só que é um processo de reentrada,
que vai acontecer principalmente com ácidos fracos e com bases fracas, que no pH da
urina vão apresentar espécies com lipossolubilidade compatível com a permeação das
biomembranas.
💊 É importante levarmos em consideração alguns fatores que podem resultar em variação do pH
da urina, que são fatores bastantes relevantes que podem indicar interações medicamentosas,
por exemplo, a Vitamina C. Quando tomamos qualquer medicamento junto com a Vitamina C,
que é exemplo de uma substância que vai levar o pH da urina para algo em torno de 5, então
quando ingerimos substâncias ácidas a tendência é que o pH da urina abaixe. O mesmo vale no
sentido contrário para os fármacos que são anti úlceras, se tornamos hidroxido de aluminio,
hidroxido de magnésio, hidróxido de bismuto, o pH da urina vai aumentar. Substâncias que são
antiácidos (derivados de omeprazol por exemplo) e vão ter ação estomacal, também podem
mexer com o pH da urina.
💊 Geralmente fármacos são ácidos e bases fracas por dois fatores, primeiro para aumentar a
absorção no lúmen intestinal e também para reabsorção tubular.
3. O processo de reabsorção resulta em aumento do tempo de meia-vida do fármaco.
Exemplo:
A anfetamina é uma substância básica, com pKa de 9,9, então não está entre as substâncias que
vão sofrer melhora no processo de reabsorção tubular. Para ser excretada a anfetamina precisa
está na sua forma ionizada, portanto, dependendo do pH da urina, a reabsorção da forma não
modificada, na forma solúvel, na forma do cloridrato, pode alterar bastante. Então, se tivermos
uma urina com pH normal em 6.3, a taxa de recuperação da urina da forma não modificada é em
torno de 40%. Quando o pH ficar mais ácido, teremos um aumento da ionização da anfetamina e
não será melhor reabsorvida porque teremos 70% na forma protonada (forma do cloridrato que é
excretado). Conforme o pH vai aumentando, a forma ionizada da anfetamina diminui, e em pH
alcalino (nesse caso em 7.3) vai ser onde acontecerá a melhor reabsorção tubular da anfetamina.
CIRCULAÇÃO ENTERO-HEPÁTICA
Quando o fármaco é administrado pela via oral, normalmente ele vai passar pelo intestino
delgado ⟶ vai sofrer o processo de absorção ⟶ após absorção intestinal, vai chegar no sangue ⟶
e o caminho normal após esse fármaco ser distribuído é ele passar pelo fígado. No fígado, os
metabólitos formados podem ser excretados e alguns desses metabólitos formados podem ser
levados à bile através do canal biliar (canal que liga a vesícula biliar ao intestino delgado) sendo
possível que eles sejam excretados e cheguem novamente ao intestino delgado, daí o nome
circulação entero-hepática.
💊 Normalmente, a fração do fármaco que foi administrado pela via oral, a parte que não foi
absorvida vai sofrer excreção pelas fezes.
Basicamente, dois fatores favorecem a circulação entero-hepática, ou seja, favorecem o trânsito
desses metabólitos do fígado, através do canal biliar, pro intestino:
1. Alta polaridade;
2. Ter determinado peso molecular.
Temos aqui uma tabela que considera as principais vias de excreção de fármacos que possuem
faixas de peso molecular diferenciados:
● Então, abaixo de 300 Daltons, o fármaco é excretado principalmente através da urina,
menos do que 5% desses fármacos são excretados na bile.
● Acima de 500 Daltons, excretado preferencialmente pela bile com uma taxa de excreção
pela via urinária menor do que 5%.
● Entre 300 e 500 Daltons, teremos um mix dos dois processos acontecendo, então pode ter
tanto a excreção pela via urinária quanto a excreção pela via biliar.
Não esquecendo do outro fator, a polaridade, sabemos que um fármaco na forma utilizada não
tem alta polaridade, então dificilmente ele vai sofrer a circulação entero-hepática. Então, quem
pode sofrer com a circulação entero-hepática? os metabólitos, principalmente os de fase 2, na
fase de conjugação.*
↪ Os metabólitos na forma de glicuronatos, possuem as 2 características, tendo peso molecular
elevado e são metabólitos de polaridade extremamente elevadas. Então, normalmente, são
espécies como essa que podem sofrer circulação entero-hepática.
*Lembrando da aula de Metabolismo de fármacos, os metabólitos tem 2fases: a fase de funcionalização, que vai ter a
introdução de um grupo funcional, geralmente uma hidroxila, na estrutura do fármaco, e depois temos a etapa de
conjugação que é chamada de fase 2, que pode ter a incorporação de uma estrutura de ácido glicurônico, por exemplo,
que é um dos principais caminhos de metabolização de fase 2.
💊 Um exemplo de metabólito que sofre com a circulação entero-hepática é o cloranfenicol
(estrutura abaixo), que é um antibiótico, e como ele já tem grupos polares na sua estrutura, como
por exemplo hidroxilas livres, ele é exemplo de um fármaco que não precisa sofrer fase 1 para
sofrer fase 2. Nas reações de fase 2, por ação das glucoroniltransferase hepáticas, podemos ter a
transferência de uma unidade de ácido glicurônico para estrutura do cloranfenicol, e a formação
do glicuronídeo correspondente (estrutura da direita). Esse glicuronídeo pode sofrer circulação
entero-hepática.
Então olhando para a estrutura da direita, o fármaco é administrado pela via oral ⟶ absorvido no
lúmen intestinal ⟶ chega ao compartimento plasmático ⟶ é distribuído ao fígado ⟶ sofre uma
reação de metabolização ⟶ pode sofrer fase 1 e 2 ou direto fase 2 (como nesse caso) ⟶ na fase 2
tem as reações com as glucuronil transferases ⟶ esse fármaco na forma do glicuronídeo vai ser
excretado do canal biliar e vai chegar ao intestino.
💊 Chegando ao intestino, no lúmen intestinal, existem enzimas que fazem o trabalho inverso
aquela que a glicuroniltransferase faz, uma enzima chamada -glucuronidase que vai quebrar a
ligação do ácido glicurônico com a ligação do metabólito do fármaco em questão. Então, uma vez
que esse glicuronídeo chega no intestino, por ação da -glucuronidase teremos a quebra do
ácido glicurônico e a liberação do fármaco, e ele será absorvido novamente, e sofrerá novamente
esse processo. Por isso o nome circulação entero-hepático, porque o fármaco vai ficar circulando
entre o intestino e o fígado, e a taxa de excreção vai diminuindo isso gradativamente, o que vai
competir com os caminhos de excreção “normais”. ↪ Fica claro que esse processo vai
levar a um aumento do tempo de meia vida do fármaco
Como sabemos que esse efeito terá um impacto positivo?
💊 O fármaco do exemplo acima é particular, porque não sofre fase 1, mas se o fármaco sofre fase
1 para depois sofrer a ação de glicuronidação, a absorção dele vai ser tão natural quanto a
molécula original? A resposta é não, porque o metabólito de fase 1 já é mais polar então, esse
processo de absorção, que no caso do cloranfenicol vai acontecer, no caso de um metabólito que
tenha sofrido previamente fase 1 pode não acontecer ou pode acontecer de maneira menos eficaz
do que aconteceria no fármaco original, porque ele é mais polar. Em alguns casos, o metabolismo
de fase 1 já é capaz de inativar o fármaco completamente. Então esse metabólito de fase 1 além
de poder ser mal absorvido ele pode já não produzir o efeito terapêutico em questão. Então o
impacto da circulação entero-hepática vai ser muito maior no caso de fármacos que podem
sofrer reações de fase 2 sem necessariamente precisarem sofrer reação de fase 1, no caso de
fármacos que precisam sofre o caminho usual de fase 1 e depois fase 2, a contribuição da
circulação entero-hepática vai ser muito diminuída.
FARMACOGENÔMICA
A maior relevância da farmacogenética (farmacogenômica) está na abordagem do metabolismo,
as variações farmacogenéticas aparecem com mais frequência com relação às diferenças de
capacidade de metabolizar de um indivíduo de determinada população ou subpopulação de um
determinado grupo.
Como podemos definir a farmacogenómica?
É o estudo das bases genéticas da variação da resposta a fármacos.
Então o que estamos querendo ver?
Se temos uma grande população, na grande maioria dos casos, nem todas as pessoas vão
responder igualmente com relação às propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas de um
determinado fármaco. Quando sabemos as diferenças entre populações de um determinado
grupo ou de uma determinada etnia, fica mais fácil de fazer ajustes por exemplo, na dosagem do
fármaco usado e isso diminuiu a potencialização de atividades tóxicas que esse fármaco pode
produzir, ou mesmo, a sua ineficiência e incapacidade de produzir o efeito terapêutico.
Qual a diferença entre farmacogenômica e farmacogenética?
Normalmente a diferença tem a ver com o nível de modificação gênica que um determinado
indivíduo tem. O termo farmacogenômica se refere ao indivíduo que tem múltiplas variações
genéticas, normalmente não estamos falando de um indivíduo que tem uma variação genética
em relação a uma determinada população. Quando estamos nos referindo a variações mais
pontuais, o termo correto a se usar é farmacogenética.
Quais são as implicações da farmacogenética?
A farmacogenética é um ramo da farmacologia que vai investigar a influência das variações
genéticas sobre a resposta terapêutica de fármacos, em determinados pacientes, pela correlação
da expressão gênica com a presença de polimorfismos, isso quer dizer, espécies ligeiramente
diferentes de determinadas proteínas que podem ser enzimas, como as que fazem
metabolização, os receptores que podem ser responsáveis pelo reconhecimento molecular de um
fármaco, uma enzima que pode ser responsável pela transdução de um determinado sinal. Em
proteínas, normalmente podem sofrer alteração da sua estrutura em função da alteração do
polimorfismo de um nucleotídeo, por exemplo, então, temos um determinado nucleotídeo e
nesse indivíduo esse nucleotídeo muda por um outro, isso vai se traduzir numa proteína que vai
ter um resíduo de aminoácidos diferente de uma determinada posição da sua estrutura, e isso
pode mudar tudo, pode mudar a capacidade dessa proteína ter seu perfil catalítico ideal (ou
maior ou menor).
💊 Obviamente, essas variações polimórficas que levam a variação de proteínas isomórficas
podem levar a alterações da fase farmacocinética, responsáveis pela necessidade de se alterar a
dose, de produzir a sua resposta terapêutica e mesmo a produção de toxicidade em
determinados indivíduos. E podem levar a variações na fase farmacodinâmica, em alguns casos as
alterações farmacogenéticas podem promover fenômenos que têm uma relação direto com a
farmacodinâmica, como por exemplo a resistência ao uso de um determinado fármaco.
💊 Um exemplo clássico tem a ver com os polimorfismos que acontecem em determinadas
subpopulações, e normalmente acontecem com individuos negros do sexo masculino numa
fração de 5 a 10% da população e, esses individuos tem uma deficiência da enzima
Glicose-6-fosfato-desidrogenase. A deficiência dessa enzima faz com que esses indivíduos ao
usarem alguns fármacos, como por exemplo fármacos antimaláricos como a primaquina, eles
sofram de um tipo de anemia hemolítica, começa a ter o rompimento das hemácias porque, sem
a enzima, a agressão promovida pela primaquina, que normalmente quer tratar a hemácia
infectada pelo plasmodium, vai promover um estresse oxidativo que vai detonar a hemácia., ou
seja, o indivíduo com deficiência dessa enzima não vai ter essa ação seletiva em cima apenas dos
plasmodium livre de efeitos sobre a hemácia. Nesse caso, isso vai produzir anemia hemolítica e
isso é um fator impeditivo pro uso da primaquina no tratamento da malária nesses indivíduos, e,
se fizermos uso desse fármaco, sem a preocupação do diagnóstico do perfil farmacogenético
desse indivíduo tem chances de haver a produção de anemia hemolítica. Ou seja, o intuito de
usar a farmacogenética hoje é antecipar o diagnóstico e impedir que esse processo aconteça.
METABOLISMO DO ÁLCOOL
Como o álcool é metabolizado quando a gente o ingere?
São duas etapas oxidativas, primeiramente, o álcool é oxidado pela ação de uma álcool
desidrogenase aldeído correspondente, o etanol, que vira acetaldeído, e numa etapa seguinte,
pela ação de uma outra enzima, a aldeído desidrogenase, esse aldeído vai ser novamente oxidado
para gerar o ácido, que é muito mais polar e facilmente excretado pelo sistema renal.
Onde queremos chegar comesse exemplo?
Alguns indivíduos de etnia asiática têm reações desenvolvidas pela ingestão de álcool, como
vermelhidão no rosto, que tem uma maior circulação sanguínea, e na maioria das vezes isso tem a
ver com a dificuldade desses indivíduos de metabolizar uma das etapas descritas acima.
Nos indivíduos asiáticos, a performance catalítica da álcool desidrogenase é muito maior do que
da aldeído desidrogenase, então, rapidamente vai ser metabolizado em acetaldeído, mas vai ter
dificuldade em metabolizar em ácido acético, fazendo com que o acetaldeído se acumule e
provoca a reação de vermelhidão.

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