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ARTHUR BITTENCOURT DISTÚRBIO HIDROELETROLÍTICO DISTÚRBIOS DO SÓDIO VR: 135-145 mEq/L Localizado predominantemente no extracelular Função principal é determinar a osmolaridade plasmática (osmolaridade = capacidade de puxar água) Osm plasmática = 2 x Na + Glic/18 + U/61 = 285-295 mOsm/L A Ur não é efetiva, pois muda de um compartimento para outro, assim, Osm plasmática efetiva (tonicidade) = 2 x Na + Glic/18 Gap osmótico = Osm medida (com osmômetro) – Osm plasmática. Se > 10 mOsm/L indica intoxicação exógena (pois o osmômetro consegue medir íons que não são contemplados na fórmula, sendo normal até 10) Controle do sódio: centro da sede (ingesta de H2O), ADH (retenção de H2O no túbulo coletor concentrando urina). Com isso, distúrbio do sódio na realidade é distúrbio da água, sendo o sódio alterado mera consequência. Célula-alvo do distúrbio do sódio é neurônio, pois é a célula que mais sofre com a desidratação ou turgência. HIPONATREMIA (NA+ <135) Distúrbio mais comum nos pctes hospitalizados Causas: excesso de água (iatrogenia/polidipsia primária) ou ADH Hipovolêmica: é a causa mais comum: por sgto, perda digestiva ou urinária2 Hipovolemia à ¯ perfusão renal à ativa SRAA à retém Na e H2O (na mesma proporção, basicamente não mudando [Na]) à hipófise libera ADH à retém H2O à dilui Na Hipervolêmica: pcte com edema, com líquido em 3º espaço (ICC, cirrose...), ou seja, o volume efetivo está reduzido (dentro do vaso tem pouco volume) e isso leva ao estímulo do ADH, que faz retenção de H2O Normo/euvolêmica: SIADH (mais produção de ADH), hipotireoidismo SIADH (Secreção inapropriada do ADH/Sd antidiurese inapropriada3) Causas: SNC (meningite, AVE, TCE) Iatrogenia (psicofármacos principalmente) Doença pulmonar (Legionella, Oat cell) HIV Ocorre reabsorção de água no DC, gerando hiponatremia. Inicialmente ocorre uma hipervolemia transitória, pois ocorre aumento do aporte de volume no coração, distendendo átrio, que libera ANP (peptídeo natriurético atrial), que estimula perda de Na pela urina, passando a ter uma natriurese (Na urinário >40), o que é controverso, pois o pcte está hiponatrêmica e ainda perdendo mais sódio na 1 Se nitrogênio ureico sanguíneo (BUN) em vez de U/6 é BUN/2,8 2 Olhar status volêmico do pcte 3 Mudança de nome porque nem sempre o ADH está alto, pode ocorrer na verdade que o receptor do ADH esteja hiperativado ARTHUR BITTENCOURT urina. A urina também estará com osmolaridade alta e com uricosúria (fazendo hipouricemia). Volume do pcte fica dentro do normal, ou seja, normovolêmico. Faz DD com Sd cerebral perdedora de sal Sd cerebral perdedora de sal: geralmente pcte com trauma neurológico, que produz a liberação do BNP (peptídeo natriurético cerebral), fazendo com que indivíduo perca Na pela urina, gerando desidratação, pois água vai junto com o Na. Ocorre então estímulo APROPRIADO do ADH (pcte desidratado que requer ação do ADH), mas o ADH não consegue balancear essa perda, sendo que o ganho é menor que a perda, assim, mesmo com aumento da reabsorção de água a volemia fica baixa, ficando hipovolêmico e também hiponatrêmico, pois a H2O dilui Na. Hiponatremia normalmente é hipotônica, pois o Na cai e assim faz cair a Osm plasmática. Mas, nem sempre é hipo-osmolar Osm plasmática = 2x Na + glic/18 HipoNa HIPERosm: hiperglicemia ou manitol hipertônico. Todo aumento de glicemia >100 acima de 100 o Na cai 1,6, precisando de correção HipoNa ISOosm: hiperlipidemia ou proteinemia no plasma, gerando erro na leitura do osmômetro à pseudohipoNa MC: hiponatremia aguda é aquela que se desenvolve em <48h, gerando edema neuronal, que leva à cefaleia, convulsão e coma. Se for algo crônico/compensado, ou seja, instalação >48h, o neurônio consegue eliminar solutos (eletrólicos, aa...) para criar um ambiente menos osmolar, assim, puxa menos líquido do meio e não tem edema, ficando assintomático (no tto precisa ser algo conservador, não agressivo, pois neurônio está em boa convivência com o meio) Tto: Hipovolêmica: Volume, com SF Hipervolêmica: restrição hídrica + furosemida Normolêmica com SIADH: restrição hídrica + furosemida + vaptanos (antagonista de ADH) Reposição de Na: risco de desmielinização osmótica (antiga melinólise potina cerebral), que ocorre devido correção rápida do sódio, gerando desidratação do neurônio e consequente a sua desmielinização, com MC de letargia, tetraparesia, disartria, disfagia. Indicação: HipoNa aguda e sintomático, geralmente com Na <125 Técnica de reposição: com NaCl 3%. Objetivo é elevar até 3mEq/L em 3h. Em 24h o máximo que pode elevar é até 12mEq/L (varia de 4-6 ou 8-10 dependendo do autor) Déficit Na: 0,6 (0,5 mulher) x peso x ∆Na Ex: Homem, 70kg, Na = 110 1) Em 3h: Déficit = 0,6 x 70 x 3 = 126mEq 1g NaCl = 17mEq de Na, assim, 126mEq de Na = 7,4g NaCl à NaCl 3% = 3g NaCl em 100ml à 7,4g = 250 ml Assim: 250ml de NaCl 3% em 3h = 83,3 ml/h 2) Próximas 21h = 0,6 x 70 x (12-3) = 380 380mEq de Na = 22g de Na à 22g NaCl = 733 ml ARTHUR BITTENCOURT Correr 733 ml de NaCl 3% nas próximas 21h à 34,9 ml/h HIPERNATREMIA Ocorre por déficit de água ou ADH, com Na >145 mEq/L Causas: incapacidade de pedir líquido (coma, RN, idoso) ou diabetes insipitus (central (não produz ADH) ou nefrogênico (tem ADH, mas não consegue agir)). MC: desidratação neuronal, gerando cefaleia, coma, HEMORRÁGIA (retração que leva ao rompimento de vasos) Tto: água potável VO ou via enteral e/ou EV com solução hipotônica (SG 5% ou NaCl 0,45%). A queda do sódio é no máximo até10mEq/L nas primeiras 24h, pois a reposição rápida leva ao edema cerebral, pois água entra dentro do neurônio. DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO VR: 3,5-5,5 mEq/L Localizado principalmente no intracelular, sendo fundamental para manter potencial transmembrana, assim, essencial para excitabilidade neuromuscular Controle do potássio feito pelo fluxo celular e pela bomba de aldosterona. Fluxo celular: entrada ou saída de K conforme necessidade, sendo que faz fluxo para dentro da célula: pH alcalino (troca K do LEC pelo H do LIC), adrenalina (mecanismo de luta e fuga, que empurra K para dentro da célula), insulina Aldosterona: secreção de K ou H no DC, em que troca Na por H ou K. Célula alvo é a célula muscular HIPOCALEMIA (K < 3,5MEQ/L) Causas: alteração no fluxo celular ou aldosterona, gerando armazenamento de K dentro da célula ou perda urinária Armazenamento: Alcalose, b2-agonista, tto da cetoacidose, vitamina B12 (boom de crescimento celular, fazendo novas hemácias, que utiliza muito K e retira da circulação, por isso sempre que repor B12 o ideal é verificar K antes, que se for baixo requer tto do K antes de repor B12). Perda urinária: hiperaldosteronismo (1º ou 2º), diurético, vômito ou diarreia, anfotericina B (IRA hipoK) Vômito: faz perder K, mas não pelo vômito e sim pela urina. O vômito contém muito HCl, gerando alcalose hipoclorêmica hipopotassemica devido perda urinária do K à quem vomita perda potássio na urina MC: alterações sobre fibras musculares: fraqueza (muscular esquelético), íleo paralítico (músculo liso), cardíaca (músculo cardíaco). ECG: conforme o K cai o ECG se altera. O K altera a repolarização ventricular, mexendo primariamente na onda T. Essa onda, inclusive, acompanha o distúrbio do K, assim, hipoK faz a onda T achatar, podendo inclusive interver. Com onda T achatada começa a aparecer a onda U (repolarização das fibras de Purkinje) (empurrando onda T para baixo e aparecendo onda U). Com achatamento da onda T o intervalo QT começa a se alargar (como se tivesse puxando as pontas de uma corda). A onda P vai em direção contrária a onda T, ou seja, se onda T achata a P apícula. O QRS até pode alargar, mas não é algo tão clássico. ARTHUR BITTENCOURT Tto: Escolha: VO (40-80 mEq/d, xaropeKCl 6% 15mL 3x/d) Se intolerância oral, K <3 ou ECG alterado: EV (10-20 mEq/h) NaCl 0,45%4 (210ml) + KCl 19,1% (20ml) e correr em 4h. Pcte refratário: corrigir hipoMg (as mesmas causas da hipoK leva à hipoMg, e com Mg baixo o K não consegue subir, devido seu efeito caliurético quando baixo, por isso requer junto a correção do Mg) HIPERCALEMIA (K > 5,5 MEQ/L) Causas: Liberação pela célula: acidose (troca H do LEC por K do LIC), rabdomiólise, lise tumoral, hemólise maciça Retenção: hipoaldosteronismo (insuf. de suprarrenal p. ex. não fazendo a troca de K e H pelo Na), IECA/espironolactona, insuficiência renal, heparina MC: fraqueza muscular (m. esquelético), cardíaca (m. cardíaco). Não tem íleo paralítico. ECG: onda T aumenta, ficando em formado de tenda. O QT encurta. A onda P achata (contrária a T), podendo até fazer BAV se aumentar muito o intervalo PR. QRS aumenta, podendo fazer aspecto sinusoide (K em torno de 12) podendo evoluir para FV. Melhor visto em precordiais Tto: 4 Não usar SG 5% devido estimula da insulina que vai fazer com que coloque mais K dentro da célula e cai mais ainda o K e não usar SF devido ser hiperosmolar e risco de flebite ARTHUR BITTENCOURT 1ª medida: Na alteração do K o mais temeroso é arritmia cardíaca. Assim, sempre requer ECG, sendo que o ECG se altera geralmente acima de 6,5. Assim, antes de querer reduzir o K precisa estabilizar membrana da célula cardíaca para evitar arritmia cardíaca, fazendo Gluconato de Cálcio 10% (1 amp 2-5 minutos, podendo ser repetida em 5-10 minutos se não tiver melhora). O Gluconato de Cálcio não altera em nada o valor do K sérico. 2ª medida: a grande perda de K é pela urina, mas isso demora, então requer, como medida rápida, esconder o K dentro da célula, fazendo soro glicoinsulínico (IV, insulina 10U + glicose 50g5 20-60 min). Outras formas são beta-2- agonista inalatório ficando sempre atendo para arritmia, NaHCO3 IV caso tenha acidose (se normal pode gerar alcalose e então o pcte fica com DHE e mais DAB). Perda renal ou digestiva: furosemida ou resina de troca como sorcal, que gruda com o K e é eliminado nas fezes. Refratários: diálise 5 Combinado, pois se for só insulina vai gerar hipoglicemia
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