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Ranin Lena Lima – Enfermagem na Saúde da Mulher I 1 Enfermagem na Saúde da Mulher OBSTETRÍCIA Vem da palavra latina "obstetrix", que é derivada do verbo "obstare" (ficar ao lado). Para alguns, seria relativo à "mulher assistindo à parturiente" ou "mulher que presta auxílio". Especialidade na Saúde Humana, destinada a cuidar da mulher grávida, durante a gestação, parto e pós- parto Sinônimos: o TOCOLOGIA = palavra de origem grega; Toco = PARTO; Logia = TRATADO/ESTUDO estudo do parto o MAIÊUTICA = palavra de origem grega arte de dar à luz TERMINOLOGIA NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL D.U.M.: data da última menstruação. A partir daí será marcada a idade gestacional. IDADE GESTACIONAL (IG): idade em semanas e dias desde o início da última menstruação. GRÁVIDA: mulher gestando PARTURIENTE: mulher em trabalho de parto PUÉRPERA: mulher após o parto PRÉ-PARTO: período anterior ao parto PRÉ-NATAL: período anterior ao nascimento GESTA: o número de gestações que a mulher já teve, sem considerar os desfechos. Inclui a gestação atual. PARA: o número de gestações que uma mulher que atingiram o período de viabilidade fetal ABORTO: interrupção da gestação até 22 semanas, ou, quando a idade gestacional é desconhecida, com o produto da concepção com peso inferior a 500g ou comprimento menor que 16cm. FETO MORTO (FM): interrupção da gestação acima de 22 semanas, com concepto morto pesando acima de 500g e medindo mais de 16cm. PRIMIGESTA: mulher grávida pela primeira vez. MULTIGESTA: mulher grávida mais do que uma vez. NULIGESTA: mulher que nunca engravidou. PRIMÍPARA: mulher que deu à luz um feto (vivo ou morto) que atingiu o período de viabilidade. MULTÍPARA: mulher que deu à luz ou está em trabalho de parto pela segunda vez, no mínimo. VIABILIDADE: capacidade do feto em viver fora do útero. A idade de viabilidade era, anteriormente, de 28 semanas, mas muitos locais aceitam 20 semanas ou mais, ou um feto vivo pesando 500g ou mais. ÂMNIO e CÓRION: membranas da placenta (âmnio do lado fetal e córion do lado materno). AMNIOCENTESE: punção das membranas amnióticas através da parede abdominal. AMNIORRESCE: ruptura espontânea das membranas amnióticas. AMNIOTOMIA: ruptura artificial das membranas amnióticas. APOJADURA: descida do leite materno após mais de 72 horas após o parto quando o colostro muda suas características. EPISIOTOMIA: incisão cirúrgica no períneo para ampliar o canal de parto. EPISIORRAFIA: sutura da episiotomia. TAMPÃO MUCOSO OU TAMPÃO DE SCHRÖEDER: rolha mucoide que impede a comunicação da vagina com a cavidade uterina (clara de ovo). DISTOCIA: Parto difícil com relação à dificuldade do trajeto ou canal de parto, do feto ou das contrações. BRAXTON-HICKS: contrações uterinas indolores durante a gestação. AIG: ADEQUADO PARA A IDADE GESTACIONAL. Diz-se do recém-nascido cujo peso ao nascer está entre os percentis 10 e 90 para a sua idade gestacional. PIG: PEQUENO PARA A IDADE GESTACIONAL. Diz- se do recém-nascido cujo peso ao nascer está abaixo do percentil 10 para a sua idade gestacional GIG: GRANDE PARA A IDADE GESTACIONAL. Diz-se do recém-nascido cujo peso ao nascer está acima do percentil 90 para a sua idade gestacional. RECÉM-NASCIDO: do nascimento até 28 dias de idade BAIXO PESO: recém-nascido com peso inferior a 2500 gramas Ranin Lena Lima – Enfermagem na Saúde da Mulher I 2 MUITO BAIXO PESO: recém-nascido com peso inferior a 1500 gramas TERMO OU RN A TERMO: diz-se do recém-nascido cuja idade gestacional está entre 37 semanas e 41 semanas e 6 dias. PRÉ-TERMO OU RN PREMATURO: recém-nascido com menos de 37 semanas de idade gestacional (36 semanas e 6 dias ou menos - abaixo dos 9 meses). PÓS-TERMO OU PÓS-MATURO: recém-nascido com mais de 42 semanas de idade gestacional (10 meses) DCP: Desproporção céfalo-pélvica. TPP: Trabalho de Parto Prematuro TP: Trabalho de Parto EFNT: Estado fetal não tranquilizador. RCIU: Retardo de crescimento intrauterino Oligoidrâmnio: deficiência na quantidade de líquido amniótico. Quando o líquido amniótico se encontra com volume menor que 250ml entre 21 e 41 semanas. Polidrâmnio: acúmulo de líquido amniótico em volume superior a 2000 ml. Gravidez Ectópica: qualquer gravidez com implantação fora da cavidade endometrial podendo ser no órgão genital ou fora dele. DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ Deve ser feito o mais CEDO possível o Controle das condições físicas e emocionais da mulher; o Identificação precoce de fatores de risco; o Avaliação completa do DESENVOLVIMENTO FETAL Pode ser feito pelo(a) MÉDICO(A) ou pelo(a) ENFERMEIRO(A) Exame clínico: difícil antes do segundo trimestre, variabilidade de sinais e sintomas e a possibilidade de outras alterações associadas a estes sinais e sintomas. SINAIS E SINTOMAS PRESUNTIVOS 4 A 8 SEMANAS DE GESTAÇÃO: AMENORRÉIA – o atraso menstrual pode ser o PRIMEIRO sinal; NÁUSEAS E VÔMITOS; PIROSE – azia; ALTERAÇÃO DO APETITE/DESEJO – Pica ou Malácia; da micção SIALORRÉIA – produção excessiva de saliva; POLACIÚRIA – aumento da frequência urinária; AUMENTO DO VOLUME MAMÁRIO; HIPERPIGMENTAÇÃO DA ARÉOLA E MAMILOS; SURGIMENTO DE TUBÉRCULOS NA ARÉOLA – Tubérculos de Montgomery (hipertrofia das glândulas sebáceas ao lado dos mamilos); FADIGA; HIPERSENSIBILIDADE MAMÁRIA; 16 SEMANAS DE GESTAÇÃO PRESENÇA DE COLOSTRO - secreção láctea na gestação e até +/- 3 dias após o parto; AUMENTO DA CIRCULAÇÃO VENOSA DAS MAMAS – Rede de Haller SINAIS E SINTOMAS PROVÁVEIS AUMENTO DO VOLUME UTERINO (6 semanas = tangerina, 10 semanas = laranja, 12 = cabeça fetal) O útero poderá ser palpado acima da sínfise púbica com 12 semanas de gestação; ALTERAÇÃO DA CONSISTÊNCIA UTERINA (amolecimento do istmo – sinal de HEGAR); ALTERAÇÃO DA FORMA UTERINA - crescimento assimétrico – sinal de PISKACEK; ocupação do fundo-de-saco – sinal de NOBILE-BUDIN; PULSO VAGINAL – sensação tátil do pulso da artéria vaginal - sinal de OSIANDER COLORAÇÃO VIOLÁCEA DA VULVA – sinal de JACQUEMIER ou de CHADWICK COLORAÇÃO VIOLÁCEA DAVAGINA – sinal de KLUGE AUMENTO DO VOLUMEABDOMINAL – 16 semanas SINAIS E SINTOMAS CERTEZA AUSCULTAÇÃO DOS BCF (Batimentos Cardíacos Fetais) com o sonar Doppler - 12 semanas RECHAÇO FETAL INTRAUTERINO – sinal de PUZOS - 14 semanas PERCEPÇÃO E PALPAÇÃO DE MOVIMENTOS ATIVOS DO FETO -18 semanas PALPAÇÃO DOS SEGMENTOS FETAIS – 18 semanas AUSCULTAÇÃO DOS BCF com o estetoscópio de Pinard- 20-21 semanas DIAGNÓSTICO HORMONAL Testes rádio-imunológicos - sanguíneos o Detecção do HORMÔNIO GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA (hCG); o Fração BETA do hCG no soro materno Ranin Lena Lima – Enfermagem na Saúde da Mulher I 3 o 3 a 4 dias de atraso menstrual; o Quantitativos; o Alta-sensibilidade, rápidos (4h) < 500 mUI/ml, 500-1000 mUI/ml, >1000 mUI/ml; o Valores acima de 1000mUI/ml dão 95% de certeza, abaixo repetir. Teste urina – APS – unidades de saúde DIAGNÓSTICO ULTRA-SONOGRÁFICO ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL 4 semanas – Saco Gestacional 5-6 semanas – vesícula vitelina 6-7 semanas – Eco embrionário/BCF 12 semanas – placenta QUANDO ENTÃO FAZER O EXAME? o Diagnóstico da gravidez o Localização do SG Vitalidade ovular – BCF o Diagnóstico e caracterização de gemelidade o Cálculo da idade gestacional o Avaliação da transluscência nucal (TN) DURAÇÃO DA GESTAÇÃO Duração aproximada de 280 dias. Meses de 28 dias – MESES LUNARES; GESTAÇÃO A TERMO: 10 meses lunares – 40 semanas – 280 dias. em meses solares – 9 meses Nove meses em 3 trimestres 1 - 13 Semanas PRIMEIRO TRIMESTRE 14 – 27 semanas SEGUNDO TRIMESTRE 28 – 40 semanas TERCEIRO TRIMESTRE MODIFICAÇÕESFISIOLÓGICAS DO ORGANISMO DA GESTANTE As adaptações do organismo materno são atribuídas aos HORMÔNIOS da gestação e à ação MECÂNICA do crescimento do ÚTERO e OUTROS ÓRGÃOS. Estas adaptações: PROTEGEM as funções FISIOLÓGICAS normais da mulher; ATENDEM as demandas metabólicas advindas da gestação; SUPREM as necessidades fetais GESTAÇÃO Evento normal, no entanto alguns problemas podem acontecer Necessidade de conhecimento sobre a fisiologia da gestação identificar desvios da normalidade MODIFICAÇÕES LOCAIS ÚTERO No primeiro trimestre – cresce em resposta ao estímulo do ESTROGÊNIO e PROGESTERONA Aumento da VASCULARIZAÇÃO e DILATAÇÃO dos vasos; Hiperplasia das FIBRAS MUSCULARES (alongamento e engrossamento) Desenvolvimento da DECÍDUA (modificações do Endométrio) Após o terceiro mês, o crescimento uterino é devido, principalmente, à ação mecânica do CRESCIMENTO FETAL. Volume uterino = 10ml s/gestação, 5000ml na gestação Fibras musculares mais elásticas modificação das formas 12ª semana = acima da cavidade pélvica, crescimento abdominal visível Útero gravídico tem coloração VINHO devido aumento do fluxo sanguíneo. O FUNDO UTERINO atinge a altura da cicatriz umbilical em torno da 22 a 24 semanas, continuando a crescer em torno de 1cm por semana até o nascimento. Após o 4º mês = contrações IRREGULARES e INDOLORES Braxton-hicks FLUXO SANGUÍNEO aumenta para suprir o CONSUMO DE OXIGÊNIO do feto. MOVIMENTOS FETAIS Em torno da 18ª semana = primeira gravidez; Mais precoce nas multíparas VAGINA E VULVA Os hormônios da gestação preparam a VAGINA para a DISTENÇÃO durante o parto; Aumento da VASCULARIZAÇÃO; Hipertrofia das FIBRAS MUSCULARES; Aumento da PRODUÇÃO GLANDULAR LEUCORRÉIA esbranquiçada sem coceira(prurido) ou ardência Secreção vaginal mais ÁCIDA Favorece INFECÇÕES VAGINAIS FÚNGICAS (Candidíase) vascularização sensibilidade = interesse e excitação sexual MAMAS Aumento da sensibilidade, a sensação de “plenitude” e o crescimento das mamas podem ocorrer desde a 6ª semana de gestação MAMILO e ARÉOLA = mais pigmentados. Ranin Lena Lima – Enfermagem na Saúde da Mulher I 4 HIPERTOFIA das glândulas sebáceas da aréola = TUBÉRCULOS DE MONTGOMERY. Aumento da vascularização = REDE DE HALLER Dois últimos trimestres = hormônios placentários contribuem para o aumento das mamas; proliferação de DUCTOS LACTÍFEROS. A partir da 6ª semana pode ocorrer a eliminação de colostro. MODIFICAÇÕES GERAIS SISTEMA CARDIOVASCULAR Mudanças anatômicas e fisiológicas: Garantir o FORNECIMENTO de oxigênio e nutrientes para o feto em desenvolvimento O coração materno aumenta, pois o volume de sangue e o débito cardíaco também aumentam; São comuns PALPITAÇÕES e ARRITMIAS BENIGNAS; Entre a 14ª e 20ª semana a pulsação cardíaca aumenta de 10 a 15 batimentos por minuto até a gestação. Pressão arterial altera-se conforme a posição materna, a ansiedade e o perímetro braquial: PRESSÃO MAIS ALTA, MULHER SENTADA; MAIS BAIXA, DEITADA EM DECÚBITO LATERAL ESQUERDO e INTERMEDIÁRIA, POSIÇÃO SUPINA. Medir PA sempre no mesmo braço, na mesma posição! Na primeira metade da gestação ocorre uma DIMINUIÇÃO dos níveis pressóricos de 5 a 10mmHg, devido a VASODILATAÇÃO PERIFÉRICA causada por ação hormonal. TERCEIRO TRIMESTRE = pressão volta aos níveis pré-gestacionais. DECÚBITO DORSAL no final da gestação = comprime a veia cava – SÍNDROME DA HIPOTENSÃO SUPINA. TONTURA, SENSAÇÃO DE DESMAIO, SUDORESE, NÁUSEAS, VÔMITOS e QUEDA DE PRESSÃO Deitar-se sobre o lado esquerdo! SISTEMA RESPIRATÓRIO Aceleração do metabolismo e trocas gasosas: INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO aumentam, facilitando as trocas. O diafragma eleva-se 4cm INSPIRAÇÕES mais profundas. FINAL DA GESTAÇÃO = respiração torácica substitui a respiração abdominal SISTEMA RENAL Alterações anatômicas, como dilatação dos ureteres: Favorecem a ESTASE urinária (dificuldade de esvaziar a bexiga); NOCTÚRIA e URGÊNCIA URINÁRIA comuns no início da gestação; Aumenta a filtração glomerular = decúbito lateral esquerdo; Na gestação a reabsorção de glicose está alterada, podendo ocorrer GLICOSÚRIA; Aumenta presença de PROTEÍNAS na URINA. Proteinúria acima de 300mg em 24horas = investigar Peso do útero sobre a bexiga AUMENTA frequência das micções! SISTEMA TEGUMENTAR Ação hormonal intensa o Espessamento da pele e gordura intradérmica; o Hiperpigmentação; o Crescimento de unhas e cabelos; o Aumento da atividade das glândulas sebáceas; o Aumento da circulação periférica. Tecidos cutâneos frágeis = ESTRIAS GRAVÍDICAS – 50 a 90% das gestantes apresentam a partir da segunda metade da gestação. HIPERPIGMENTAÇÃO = CLOASMA GRAVÍDICO – 50 a 70% das gestantes apresentam depois da 16 semana e aumenta até o final da gestação. LINHA NIGRA = aparece no terceiro mês e acompanha o crescimento uterino, LINHA ESCURA QUE VAI DO ESTÔMAGO À REGIÃO PÚBICA. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO Mudanças na POSTURA e MANEIRA DE CAMINHAR Distensão abdominal + Diminuição do tônus muscular + Aumento de peso = realinhamento das curvaturas da coluna Altera-se CENTRO DE GRAVIDADE; Relaxamento e aumento da mobilidade pélvica = alargamento das dimensões pélvicas = DESCONFORTO PARA CAMINHAR SISTEMA GASTROINTESTINAL Aumenta apetite; Reduzem-se secreções intestinais; Altera-se função hepática; Ranin Lena Lima – Enfermagem na Saúde da Mulher I 5 Aumenta a absorção de nutrientes; Gengivas hiperemiadas e com facilidade para sangrar; Deslocamento do estômago e diminuição da sua motilidade = PIROSE; Diminui motilidade intestinal e aumento a absorção de água no cólon = CONSTIPAÇÃO; Aumento da pressão venosa = HEMORRÓIDAS. SISTEMA NEUROLÓGICO SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO = compressão do nervo mediano abaixo do ligamento cárpico do pulso – PARESTESIA E DOR na mão e cotovelo SISTEMA ENDÓCRINO TIREÓIDE: aumenta para atender as demandas adicionais de calorias ao organismo materno; PARATIREÓIDE: aumenta sua função para suprir o aumento das necessidades fetais de CÁLCIO e VITAMINA D; PÂNCREAS: aumentam as demandas de INSULINA pela grávida, que são supridas pelas Ilhotas de Langerhans do pâncreas até o final da gestação normal. Metabolismo: o O metabolismo de todo organismo está aumentado. o O peso corporal final da gestante deverá estar cerca de 9 a 12Kg acima dependendo do peso pré-gravídico. o 2Kg no 1º trimestre; o 2Kg no 2º trimestre; o 5Kg no 3º trimestre. o SINAL DE ALERTA: acima de 16Kg
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