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DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 1. Introdução As siglas e termos na contabilidade são tantas, que às vezes fica até confuso diferenciá-las rapidamente. E por isso, neste eBook vamos falar sobre uma delas, a famosa Difal. O Diferencial de Alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), também conhecido como Difal, significa a diferença de alíquota do ICMS, que surgiu a partir de uma necessidade de tornar o recolhimento desse imposto mais justo entre os estados. Um assunto que não é mais tão novo, mas que provavelmente ainda traz dificuldades de entendimento sobre a legislação tributária, principalmente no caso de empresas que compram ou vendem mercadorias de outros estados, em especial quando envolve o consumidor final. O principal motivador em relação à mudança do Difal foi o crescente aumento de compras via internet, ou seja, de e-commerces (lojas virtuais) e marketplaces. Pois, antes, as vendas geravam arrecadação apenas para o estado de origem do produto ou mercadoria. Com a implantação do imposto Difal, os estados de origem e destino da mercadoria realizam a divisão da carga tributária e dessa forma evitam que regiões com alíquotas maiores acabem perdendo. Eis que desde 2015, exatamente pensando em uma arrecadação de DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 4 forma mais justa, visto o grande volume de operações interestaduais motivado pelas compras via internet, teve início a partilha dessa alíquota, contribuindo para uma divisão tributária mais coerente. No entanto, o ano de 2022 começou com algumas polêmicas envolvendo o Difal. Foi publicada a Lei 190/22, regulamentando o imposto, onde pela nova legislação, a partir de abril, empresas que vendem produtos em outros estados, como medicamentos, cosméticos ou materiais de construção, devem pagar esse diferencial de alíquota. Um fato importante que vale ser mencionado é que em 2021, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a ilegalidade da cobrança do ICMS DIFAL em operações interestaduais com não contribuintes. O STF deliberou também que a partir de janeiro de 2022 o Difal não mais existiria, salvo se houvesse a edição de uma nova Lei Complementar que o regulamentasse. E com a publicação da nova lei, surgiu a dúvida se a cobrança do Difal deveria valer apenas em 2023. Chegou até aqui e quer entender como funciona o DIFAL e a sua importância? Então continue a leitura e saiba mais sobre o assunto. Porém, antes de aprofundar o tema, vamos contextualizar e explicar o que é ICMS e para que serve, quais são os seus valores, e o que de fato significa a partilha do ICMS Difal. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-complementar-n-190-de-4-de-janeiro-de-2022-372154932 DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 5 2. O QUE É O ICMS E COMO ELE FUNCIONA? O ICMS é a sigla de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Regulamentado pela Lei Complementar 87/1996, a Lei Kandir, instituiu o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, mesmo que as operações e as prestações se iniciem no exterior. É de competência dos Estados e do Distrito Federal definir seus valores. A arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é direcionada para a receita dos estados. O valor costuma ser investido no manuseio da máquina pública e em serviços essenciais como saúde, segurança e educação. 2.1 - QUEM ESTÁ OBRIGADO AO ICMS? O ICMS é um imposto bem popular pois faz parte da vida de todos, tanto quem vende quanto quem compra. Ele incide sobre diversas operações comerciais, tais como: DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 6 • circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; • prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; • serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; • fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios • fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. • Na entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade. 2.2 - OPERAÇÕES QUE NÃO INCIDE O ICMS Existem também aquelas operações em que não haverá a incidência do ICMS, podemos citar alguns exemplos como: • operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; • operações e prestações destinadas ao exterior com mercadorias, DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 7 inclusive produtos primários e produtos industrializados semi- elaborados, ou serviços; • operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; • operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei complementar; • operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie; • operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor; • operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário; • operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras E ao se falar em ICMS, um conceito chave para o entendimento, é a definição de quem a legislação define como o contribuinte. Conforme define o artigo 4º da Lei Kandir, o contribuinte do ICMS é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 8 de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial realize atividades como: • importar mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade; • Seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; • adquirir em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; • adquirir lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização. Um conceito chave na definição de contribuinte do ICMS trazido pela Lei 190/2022 e está diretamente relacionado ao DIFAL é que nas operações ou prestações que destinem mercadorias, bens e serviços a consumidor final domiciliado ou estabelecido em outro Estado, o contribuinte será: • o remetente da mercadoria ou bem ou o prestador de serviço, quando o destinatário não for contribuinte do imposto; • caso o destinatário da mercadoria, bem ou serviço, seja contribuinte do imposto,nesta situação ele será o contribuinte. Vale destacar um ponto importante que é: nas operações que se https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-complementar-n-190-de-4-de-janeiro-de-2022-372154932 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-complementar-n-190-de-4-de-janeiro-de-2022-372154932 DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 9 destinem ao consumidor final domiciliado ou estabelecido em outro Estado, o conceito é no que tange a relação da diferença entre a alíquota interna do Estado de destino e a alíquota interestadual (Difal). Como falamos anteriormente, o ICMS é um imposto estadual, e os seus valores são definidos conforme regulamentação de cada estado. É importante entender que o tipo de operação, regime de tributação e produtos, também influenciam diretamente no cálculo. 2.3 - COMO É FEITO O CÁLCULO DO ICMS? O cálculo do ICMS é feito a partir da multiplicação do valor da mercadoria ou serviço pela alíquota. A alíquota do ICMS é definida com base no tipo de operação, regime de tributação e produtos, além da diferenciação para movimentações internas e externas. É importante mencionar que o esse cálculo não se aplica ao ICMS Antecipado, Substituição Tributária e Antecipação Tributária As empresas que são optantes pelo Simples Nacional, também contam com o pagamento de ICMS quando enquadradas no Anexo 1 ou no Anexo 2. Nesse caso, a Lei Complementar 123/2006 já garante a inclusão no ICMS no DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). Com isso, as indústrias e comércios que têm produtos tributados pelo ICMS, mas são optantes do Simples Nacional, pagam as alíquotas de acordo com sua faixa de receita bruta de acordo com seu http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 10 anexo. Vale destacar que existem as situações em que a empresa mesmo sendo Simples Nacional no âmbito federal, existem os casos em que a empresa excede o sublimite para faturamento no âmbito estadual e nesse caso, as empresas de comércio também passam a recolher o ICMS fora da DAS. Empresas não optantes pelo Simples Nacional, que não fazem parte desse regime tributário, podem chegar ao valor de recolhimento com a ajuda da seguinte tabela de ICMS. Para consultar a tabela do ICMS interestadual, siga o passo a passo abaixo. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 11 1. Na coluna vertical da tabela, busque pela sigla que representa o estado de origem da transação. 2. Em seguida, na linha horizontal, localize o estado de destino. 3. A intersecção dos dois representa a alíquota aplicada na operação interestadual. * Em destaque, temos as tributações internas de cada estado, onde temos a interseção entre origem e destino igual. Ou seja, operações dentro do mesmo estado. Exemplo prático Digamos que uma operação comercial teve origem no Paraná com destino ao estado do Ceará. Qual seria a alíquota do ICMS? DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 12 Ao analisarmos a tabela, notamos que a alíquota interestadual para essa situação seria de 7%. Veremos a seguir, no exemplo do cálculo, que além dessa alíquota precisaremos também mapear a alíquota interna do estado de destino. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 13 3. O QUE É O DIFAL - DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA E QUAL SUA RELAÇÃO COM O ICMS? Agora que entendemos o fluxo básico de cálculo do ICMS, vamos entender o que é o DIFAL. Já podemos adiantar que o Diferencial de Alíquota não é um recolhimento novo do ICMS. Acontece que em 2015, o recolhimento desse tributo (ICMS) em operações interestaduais passou a sofrer modificações, e um fato em especial ocasionou essas mudanças: o aumento crescente das vendas através de plataformas on-line. Um fator que passou a ser analisado, foi o fluxo de circulação de mercadorias pelo Brasil, mas a origem dessas operações em sua maior parte iniciava em São Paulo ou Rio de Janeiro, visto que muitos e-commerces e marketplaces estão localizados nesses dois estados. Dessa forma, os outros estados estavam sendo prejudicados. Diante disso, a arrecadação do ICMS, no caso de compras feitas por pessoas físicas nos e-commerces, era destinado apenas para o estado onde estava sendo vendida a mercadoria. Os demais estados acabavam por receber mais mercadorias, mas não era proporcional à arrecadação do imposto. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 14 Então, para resolver essa distorção, foi instituída por meio da Emenda Constitucional 87/2015 e do Convênio ICMS 93/2015 pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), a nova versão do Diferencial de Alíquota do ICMS que entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2016. Ficou instituído que, nas operações interestaduais, as diferenças entre alíquotas do ICMS deveriam ser divididas entre o estado de origem e o de destino, a fim de fornecer equilíbrio para a arrecadação do imposto daquela operação. 3.1 - QUEM DEVE RECOLHER O DIFAL? Agora que entendemos como funciona a sistemática de cobrança do DIFAL e porque ele foi criado, é importante entender quem é o responsável por seu recolhimento. A fim de definir o responsável por pagar o Diferencial, a norma separou os consumidores entre os que estão sujeitos ao ICMS e os que não recolhem o imposto, por exemplo, as pessoas físicas. De acordo com a norma, quando uma empresa contribuinte do ICMS consome um produto vindo de outra unidade da Federação, é ela quem deve pagar o diferencial de alíquota ao seu estado. Já no caso do consumidor pessoa física, o fornecedor do produto ou serviço é quem paga o diferencial. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 15 Para facilitar a compreensão, vamos simular algumas situações a fim de exemplificar. 1ª Situação: Uma empresa de São Paulo vendeu um refrigerador por R$2.000,00 (dois mil reais) a uma empresa paranaense. Como vimos anteriormente na tabela interestadual, teremos a alíquota interna do Paraná de 18% e a alíquota interestadual (Origem: São Paulo - Destino: Paraná) sobre o comércio entre os dois estados 12%. 2ª Situação: Em uma situação similar, porém agora temos a empresa de São Paulo vendendo o refrigerador para uma pessoa física que está no Paraná. Nessa situação, por envolver um consumidor final como destinatário, a diferença deve ser paga pelo próprio fornecedor ao governo do Paraná. • A empresa de São Paulo recolhe 12% para o governo paulista, • e a empresa do Paraná recolhendo ao governo paranaense 6% da diferença. • 18% da alíquota interna menos 12% da alíquota interestadual Nessa operação, temos então dois recolhimentos: DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 16 Ou seja, a empresa paulista que vendeu à pessoa física arcará sozinha com os valores destinando para São Paulo e para o Paraná. A partir dessa mudança, visto que impactava na arrecadação dos estados que realizavam grande volume de vendas via e-commerce, foi necessário a determinação de um período de transição para que os estados se adaptassem. O período de transição ocorreu entre 2016 e 2018 e abrangeu todos os estados do Brasil e o Distrito Federal. Antes Depois (A partir de 01/01/2016) Independente da UF de destino era aplicada a alíquota interna da UF de Origem. Exemplo: 17%,18% ou 19% Primordial a nálise da alíquota interestadual: • Operações com estados do sul e Sudeste (exceto ES): 12% • Operações com estado do Centro-Oeste, Norte, Nordeste e ES: 7% • Operações com produtos importados ou com conteúdo de importação superior a 40% (Resolução 12/2012): 4% DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 17 O processo ocorreu da seguinte maneira: Agora que ficou claro o responsável pelo recolhimento, é importante entender como realizar o cálculo.Pensando no contexto das vendas realizadas para o consumidor final, contribuinte ou não do imposto, é importante mencionar que com as novas regras trazidas pela Emenda Constitucional (EC) 87/2015, às operações passam a ter as mesmas alíquotas de ICMS aplicáveis, ou seja, não serão mais utilizadas as alíquotas internas da UF de origem nas operações com consumidor final não contribuinte, e sim as alíquotas interestaduais como em qualquer outra operação. Outra informação importante a ser mencionada é que apesar do Difal ter recebido o “apelido” de emenda do e-commerce, visto o seu impacto nestas operações de vendas pela internet e telefone, as novas regras serão aplicadas independente da operação ser via e-commerce ou presencial. 1º. passo. Determine a base de cálculo da operação: A base de cálculo é composta pelo valor do produto, seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição, frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. É importante mencionar que existe o cálculo simples, com base de DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 18 cálculo única, e as unidades federativas que adotam um cálculo diferenciado com uma base de cálculo dupla. Entre alguns desses estados, podemos citar como exemplo: BA, MG, PE, PI, AL e GO. 2º passo. Encontre as alíquotas dos estados envolvidos Utilize a tabela do ICMS para identificar a alíquota interestadual e a alíquota interna do estado de destino. As alíquotas interestaduais são divididas da seguinte forma: • Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e o Espírito Santo: 7% • Regiões Sul e Sudeste (exceto ES): 12% • Operações com produtos importados ou com conteúdo de importação superior a 40% (Resolução 12/2012): 4% 3º passo. Encontre a alíquota interna. Identifique a alíquota praticada internamente por cada estado. É preciso consultar a tabela utilizada por cada região. 4º passo. Calcule a diferença Com os valores das alíquotas, o próximo passo é calcular o valor de cada uma de acordo com a base de cálculo e encontrar a diferença para definir o Difal. Exemplo de cálculo sobre o Diferencial de Alíquota do ICMS: * No exemplo de cálculo abaixo não será levada em consideração a cobrança de Fundo de Combate à Pobreza. Valor do produto: R$ 1.000,00 UF de origem: Paraná (PR) DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 19 UF de destino: Minas Gerais (MG) Alíquota interestadual do ICMS na operação: 12% Alíquota interna do ICMS estado de destino: 18% - (sem o fundo de combate a pobreza) ICMS interestadual: R$ 1.000 x 12% = R$ 120 ICMS estado de destino: R$ 1.000 x 18% = R$ 180 Valor do Difal: R$ 180 - R$ 120 = R$ 60 Ao realizarmos o cálculo do Difal é importante considerar também que nesse cálculo pode incidir o valor pertencente ao Fundo de Combate à Pobreza. O Fundo de Combate à Pobreza (Fecop ou FECP) refere-se a um acréscimo que pode variar no percentual de 2% a 4% ao ICMS de alguns produtos. É importante entender que essa cobrança depende de cada Estado. Por isso, é sempre importante antes de realizar a aplicação da alíquota para cálculo do FCP analisar a legislação do Estado. A tabela que contém quais produtos sofrerão a adição no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços difere de estado para estado. Por isso, antes de calcular o Diferencial de Alíquota do ICMS e emitir a nota fiscal, é fundamental consultar o estado de destino. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 20 3.2 - COMO É FEITO O RECOLHIMENTO DO DIFAL? Agora que já realizamos o cálculo e encontramos o valor a ser pago referente ao imposto, é fundamental entender como ocorre o seu recolhimento. Como vimos, o ICMS incide no valor final da nota fiscal, no entanto, a emissão do valor a ser recolhido para fins de Difal é feita à parte desse documento fiscal, visto não haver campo para sua discriminação. Em termos gerais, deverá ser utilizada a GNRE (Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais) e a cada nota fiscal emitida, quando houver o recolhimento de DIFAL, a guia deverá ser emitida. No entanto, é importante avaliar de acordo com a logística da empresa, pensando em tornar o processo menos oneroso, que a empresas avalie com base em suas operações interestaduais se não seria mais indicado realizar a emissão por apuração, na qual a emissão da GNRE é feita mensalmente. Mas vale destacar que somente é possível para as empresas que também possuem Inscrição Estadual no estado de destino da mercadoria ou serviço. https://www.gnre.pe.gov.br:444/gnre/portal/GNRE_Principal.jsp https://www.gnre.pe.gov.br:444/gnre/portal/GNRE_Principal.jsp DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 21 Como a ideia é facilitar a emissão do Diferencial de Alíquota do ICMS, muitos estados já estão criando inscrições estaduais especiais para esse fim, com abertura menos burocrática e mais ágil. A decisão de realizar a guia por documento fiscal ou por apuração impacta no código de recolhimento. Como exemplo, podemos citar os códigos de receita do estado do CE: • 100102 - GNRE - ICMS Consumidor Final Não Contribuinte outra UF por Operação • 100110 - GNRE - ICMS Consumidor Final Não Contribuinte outra UF por Apuração Após a emissão da guia, e após tomada a decisão sobre qual opção será adotada, é importante entender que isso afetará também o momento de pagamento. • Ao adotar a opção de recolher por Operação, o pagamento é antecipado antes que o produto seja despachado, ou seja, o recolhimento é feito a cada emissão de nota fiscal. E para evitar transtornos durante o transporte, recomenda-se que uma cópia da Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais seja anexada ao Danfe (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica). • Ao adotar a opção de recolher por Apuração, o pagamento é realizado mensalmente, lembrando que essa opção só está disponível quando a empresa conta com inscrição estadual também no estado de destino e faz a substituição tributária de ICMS. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 22 Ainda sobre o recolhimento, vale mencionar que o pagamento pode ser realizado na maioria das instituições bancárias. E é sempre importante acrescentar o Fundo de Combate à Pobreza, caso haja incidência. Uma grande novidade criada no ano de 2021 por meio do Convênio ICMS 235/2021 para o Difal, foi o portal para facilitar a emissão de guias de recolhimento do Difal. O portal contém informações sobre a legislação aplicável à operação específica, incluindo soluções de consulta e decisões de processos administrativos com caráter vinculante; alíquotas; informações sobre benefícios fiscais que possam influir no tributo a pagar; e obrigações acessórias. • A Base Legal do ICMS em todos os Estados; • Alíquotas internas e interestaduais de cada UF; • Produtos e alíquotas sujeitos ao Fundo de Combate à Pobreza na UF de destino, inclusive com sua fundamentação legal; • Base Legal dos benefícios fiscais ou financeiros na UF de destino; • Obrigações acessórias com sua frequência e observações importantes para o seu cumprimento; • Emissão de guias de recolhimento da DIFAL devida à unidade federada de destino na respectiva operação ou prestação destinada a não contribuinte localizado em outra unidade federada. Dentre as informações que o Portal disponibiliza temos: Atualmente os estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, possuem portais próprios para DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 23 emissão das guias. Os demais estados usam um único portal. Para conhecer o portal, acesse o link: Portal DIFAL 3.3 - COMO FICOU O DIFAL NO SIMPLESNACIONAL? A cobrança do Difal sempre foi um assunto polêmico, principalmente quando relaciona o tema ao Simples Nacional. No entanto, em 2016, quando foi publicada a Liminar 5464 (ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade), as empresas do Simples Nacional foram excluídas da regra de obrigatoriedade da cobrança. O que ainda ocorre é que por ser um tema muitas vezes controverso, ainda acontecem situações que algumas empresas acabam sofrendo a cobrança. É sempre importante que nos casos em que ocorra essa cobrança indevida, a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) seja consultada para solicitar a reversão dessa cobrança, tendo sempre em mãos a liminar que trata sobre a não cobrança para empresas do Simples Nacional. 3.4 - QUAIS AS ÚLTIMAS MUDANÇAS EM RELAÇÃO AO DIFAL? E por falar em polêmica, o ano de 2022 começou com mais discussão https://difal.svrs.rs.gov.br/inicial DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 24 sobre o tema DIFAL. Vamos entender o que ocorreu! Como vimos anteriormente, o DIFAL surgiu a partir de uma Emenda Constitucional, no entanto caberia ao legislador editar lei complementar dispondo sobre as regras gerais para exigência do Difal do ICMS pelos estados. Acontece que mesmo antes de sua edição, os estados passaram a exigir o recolhimento do diferencial de alíquota em um novo formato. Aliado à edição do Convênio ICMS nº 93/2015, os estados editaram normas internas exigindo o Difal dos contribuintes. Com isso, muitos contribuintes iniciaram discussão judicial sobre a possibilidade de se exigir o Difal mesmo sem a edição de lei complementar. Eis que em 2021 o STF reconheceu que a “EC 87/2015 criou uma nova relação jurídico-tributária entre o remetente do bem ou serviço (contribuinte) e o estado de destino nas operações com bens e serviços destinados a consumidor final não contribuinte do ICMS” – (ADI 5469 e RE nº 1.287.019/DF). Desta forma, na época do julgamento, o STF acabou por modular os efeitos da decisão e assim, a vigência deveria ocorrer a partir de 2022, onde seria necessário que uma lei complementar prévia traria disposições sobre o tema. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 25 Ocorre que em janeiro deste ano, a Presidência da República sancionou o Projeto de Lei 32, que virou, assim, a Lei Complementar n° 190, alterando a Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996 e trazendo novamente a permissão para cobrança do Difal em compras interestaduais. Um detalhe importante, a norma complementar foi editada, conforme era necessário de acordo com decisões do STF, no entanto, a sanção aconteceu apenas em 2022. E, onde de acordo com os próprios termos da Lei Complementar nº 190, sua produção de efeitos valeria apenas para 90 dias após sua publicação, conforme o comando constitucional da anterioridade, conhecido como o “princípio da não surpresa”. A grande controvérsia ocorre, pois, de acordo com as regras constitucionais que regem o ICMS, sua anterioridade deve obedecer a dois comandos: a anterioridade plena (anual) e a nonagesimal. A própria Constituição já prevê expressamente quais são os tributos em que a anterioridade poderá ser mitigada, e o ICMS não tem sido enquadrado em qualquer daquelas hipóteses. Com base nessas análises, a produção de efeitos da LC 190/2022 no que se refere à exigência do Difal pelos estados e pelo Distrito Federal somente deveria valer para o ano de 2023. Ou seja, a polêmica agora DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 26 está nos prazos para a aplicação da cobrança, já que o início da vigência da lei não está definido e vem sendo o centro de debates e discussões. Como este é um tema que atinge todos os estados brasileiros, é de suma importância que as empresas estejam sempre atentas ao parecer de cada um dos estados. Como o posicionamento atual dos estados acerca do início da cobrança do ICMS DIFAL nas operações interestaduais com não-contribuintes não é uniforme e visando prevenir eventuais cobranças indevidas, nesse momento, recomenda-se prudência e análise do que está definido em cada estado. Vale mencionar que algumas empresas estão vendo como possibilidade, não discutirem com os Estados e já tomando decisões de ingressarem com medida judicial, a fim de não terem questionamentos futuros. Diante desse contexto, compilamos comunicados publicados pelos estados, bem como as legislações pertinentes, buscando trazer um breve panorama da cobrança do ICMS DIFAL no Brasil. Os estados que não editaram novas legislações, nem publicaram comunicados esclarecendo como se dará a cobrança, por prudência, que a cobrança está vigente, um caminho menos arriscado seria a utilização de liminar para evitar pagamentos indevidos. DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 27 UF ÍNICIO DA COBRANÇA FUNDAMENTO LINK SOBRE A LEI DF Em cobrança Art. 2º da Lei nº 5.546/2015 Acesse aqui GO Em cobrança Art. 5º da Lei nº 19.021/2015 Acesse aqui MS Em cobrança Art. 3º da Lei nº 4.743/2015 Acesse aqui MT Em cobrança Art. 12 da Lei nº 10.337/2015 Acesse aqui UF ÍNICIO DA COBRANÇA FUNDAMENTO LINK SOBRE A LEI AL Em cobrança Art. 6º da Lei nº 7.734/2015 Acesse aqui BA 01/04/2022 Art. 2º da Lei nº 14.415/2015 Acesse aqui CE Em cobrança Comunicado publicado no dia 04/01/2022 Acesse aqui MA Em cobrança Art. 2º da Lei nº 10.326/2015 Acesse aqui PB Em cobrança Art. 16 da Lei nº 10.507/2016 Acesse aqui PE Em cobrança Art. 2º da Lei nº 17.625/2021 Acesse aqui PI Em cobrança Art. 4º da Lei nº 7.706/2021 Acesse aqui RN 01/03/2022 Comunicado publicado no dia 05/01/2022 Link indisponível SE 31/03/2022 Art. 2º da Lei nº 10.337/2015 Acesse aqui CENTRO OESTE NORDESTE TABELA. ICMS DIFAL NAS OPERAÇÕES INTERESTADUAIS COM NÃO-CONTRIBUINTES EM 2022 http://www.sinj.df.gov.br/sinj/DetalhesDeNorma.aspx?id_norma=224e0e199abd44568e8b808f10e083cb https://appasp.economia.go.gov.br/legislacao/arquivos/Leis/L_19021.htm https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=304981 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=306492 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=303875 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425593 https://www.coad.com.br/home/noticias-detalhe/110600/sefaz-ce-divulga-comunicado-sobre-a-inconstitucionalidade-da-cobranca-do-difal https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=303871 https://www.sefaz.pb.gov.br/legislacao/65-leis/ipva/690-lei-n-10-507-de-18-de-setembro-de-2015 https://www.sefaz.pe.gov.br/Legislacao/Tributaria/Documents/legislacao/Leis_Tributarias/2021/Lei17625_2021.htm https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425172 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425519 DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 28 UF ÍNICIO DA COBRANÇA FUNDAMENTO LINK SOBRE A LEI AC Em cobrança Art. 5º da Lei Complementar nº 304/2015 Acesse aqui AM 01/04/2022 Nota publicada no dia 07/01/2022 Link indisponível AP Em cobrança Art. 8º da Lei nº 1.948/2015 Acesse aqui PA Em cobrança Art. 14º da Lei nº 8.315/2015 Acesse aqui RO Em cobrança Art. 6º da Lei nº 3.583/2015 Acesse aqui RR 31/03/2022 Art. 2º da Lei nº 1.608/2021 Acesse aqui TO 31/03/2022 Art. 2º da MP nº 29/2021 Acesse aqui UF ÍNICIO DA COBRANÇA FUNDAMENTO LINK SOBRE A LEI ES Em cobrança Art. 3º da Lei nº 10.446/2015 Acesse aqui MG 01/04/2022 Art. 7º do Decreto nº 48.343/2021 Acesse aqui RJ Em cobrança Art. 7º da Lei nº 7.071/2015 Acesse aqui SP 14/03/2022 Art. 4º da Lei nº 17.470/2021 Acesse aqui NORTE SUDESTE https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=304131 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=305624 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=310931 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=287029 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425761 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425703#:~:text=.%22%20(NR)-,Art.,o%20par%C3%A1grafo%20%C3%BAnico%20do%20art. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=310794#:~:text=%C2%A7%203%C2%BA%20Nas%20opera%C3%A7%C3%B5es%20e,se%2D%C3%A1%20a%20al%C3%ADquota%20interestadual.&text=NR)-,Art.,01%20de%20dezembro%20de%202015.https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425652 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=304254 https://legislacao.fazenda.sp.gov.br/Paginas/Lei-17470-de-2021.aspx DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 29 UF ÍNICIO DA COBRANÇA FUNDAMENTO LINK SOBRE A LEI PR 01/04/2022 Art. 9º da Lei nº 20.949/2021 Acesse aqui RS Em cobrança Art. 2º da Lei nº 14.804/2015 Acesse aqui SC 01/04/2022 Art. 8º, III da Lei nº 18.241/2021 Acesse aqui SUL É importante reforçar que seja buscado uma liminar, uma autorização judicial para garantir o direito a não recolher o diferencial de alíquota de ICMS, diante da violação à legislação tributária. É válido ressaltar que sem autorização judicial, a empresa pode posteriormente ter uma cobrança com incidência de juros e multas, caso a cobrança venha a ser regulamentada. Nesse tipo de situação, a orientação de um advogado especializado no tema é de suma importância para evitar riscos jurídicos e financeiros. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=425673 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=314751 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=422395 DIFAL: entendendo como funciona o Diferencial de Alíquota do ICMS 30 4. CONCLUSÃO Como vimos neste ebook, o DIFAL é, de modo bem abrangente, uma maneira de incentivar de forma justa a comercialização entre unidades federativas brasileiras. E junto de tudo isso contempla algumas polêmicas e incertezas para os próximos anos. Afinal, por se tratar de uma obrigação fiscal, as empresas acabam tendo que tomar cuidado, principalmente diante das possíveis mudanças. Vale reforçar que os cálculos e exemplos aplicados neste material, são situações simples. Porém, é preciso sempre tomar cuidado ao analisar tudo sobre a empresa e os produtos que estão sendo comercializados. Pois a base de cálculo que começa desde o ICMS depende de diversos pontos, como o tipo de empresa e o preço correto do produto que está sendo vendido. Assim como, se a venda está sendo para um pessoa jurídica ou pessoa física. E para finalizar, recomendamos que complemente os seus conhecimentos sobre o Fundo de Combate à Pobreza e as bases de cálculo única e dupla. Pois esses fatores contribuem para que haja variação no cálculo do DIFAL. Esperamos que tenha gostado do eBook e que ele possa te ajudar daqui pra frente em relação ao DIFAL ICMS. Observação importante: Esse material poderá sofrer alterações ao longo do tempo. SOBRE A FORTES TECNOLOGIA A Fortes Tecnologia, empresa do Grupo Fortes de Serviços, atua há 30 anos na área de Tecnologia da Informação. Desenvolve soluções para gestão empresarial e abrange as seguintes áreas: gestão contábil, gestão financeira, gestão de pessoas e gestão de transporte e logística. A empresa conta com uma carteira de milhares de clientes em todo o Brasil e uma rede de atendimento que inclui franquias e representações em vários estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. O objetivo é oferecer um serviço dinâmico, moderno, de alto padrão e simples, sempre contando com a experiência de profissionais que entendem as necessidades dos negócios.
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